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Comecei a ler A Assombração da Casa da Colina com muita expectativa.... Principalmente por ter inspirado uma série da Netflix, o livro me chamou a atenção!
Eu li, porém a leitura acabou um pouco arrastada, ao menos para mim. Contudo, durante toda a leitura me senti totalmente angustiada e me senti realmente dentro da Casa da Colina durante a leitura. Talvez tenha sido arrastando, porque eu li com uma pouco de meio.
Como não se entregar a combinação entre história de casa assombrada, histórias de fantasmas e horror psicológico? Essa combinação deixou a narrativa simplesmente irresistível.
“Nenhum organismo vivo pode existir muito tempo com sanidade sob condições de realidade absoluta; até cotovias e gafanhotos, supõem alguns, sonham. A Casa da Colina, desprovida de sanidade, se erguia solitária contra os montes, aprisionando as trevas em seu interior; estava desse jeito havia oitenta anos e talvez continuasse por mais oitenta. Lá dentro, paredes continuavam de pé, tijolos se juntavam com perfeição, assoalhos estavam firmes e portas estavam sensatamente fechadas; o silêncio se escorava com equilíbrio na madeira e nas pedras da Casa da Colina, e o que entrasse ali, entrava sozinho.”
Considerada uma das melhores histórias de terror de todos os tempos, a “A Assombração da Casa da Colina” teve sua primeira publicação no ano de 1959. O livro já foi adaptado anteriormente para o cinema duas vezes, em um filme de 1963, dirigido por Robert Wise, chamado Desafio do além e outro de 1999, de Jan de Bont, chamado de A casa amaldiçoada.
Apaixonada por livros de horror e tendo Stephen King como um dos grandes escritores desse gênero, não imaginei encontrar um livro que trouxesse algo novo, no entanto essa obra superou minhas expectativas e me vi cativada por suas páginas.
“A gente nunca sabe de onde está vindo a nossa coragem.”
O investigador de eventos sobrenaturais e doutor em filosofia John Montague, estava precisando de voluntários para passar um tempo na Casa da Colina. A casa não era uma construção qualquer, já que era famosa por suas manifestações fantasmagóricas. Ele escolheu com cuidado pessoas que poderiam entrar em “sintonia” com a casa, ou seja, pessoas que já tivessem passado por experiências de caráter sobrenatural, mas apenas duas pessoas apontaram interessadas.
“A Casa da Colina, sabe-se lá por qual motivo, é inadequada à habitação humana faz mais de vinte anos. Como era antes, se a sua personalidade foi moldada pelas pessoas que moravam aqui ou as coisas que faziam, ou se era maligna desde o começo são perguntas que não tenho como responder.”
Theodora é uma pessoa extrovertida, gosta de ser o centro das atenções e é uma artista. Gosta da boêmia e por ter brigado com sua companheira acaba aceitando o pedido de Montague; Eleanor Vance é uma mulher solitária e bastante tímida que passou boa parte da vida cuidando de sua mãe enferma. Com a morte da mãe, teve que vender a casa para dividir o dinheiro com a irmã e acabou ficando sem ter para onde ir. Revoltada com a situação e tendo passado boa parte de sua vida como uma pessoa invisível, ela pega o carro que tinha adquirido com a irmã e acaba fugindo para a casa e aceitando o convite de Montague. Além dessas duas mulheres tão antagônicas, Luke, o jovem herdeiro da Casa da Colina também faz parte desse experimento.
“‘O medo, disse o doutor, é a renúncia da lógica, a renúncia voluntária de padrões sensatos. Ou cedemos a ele ou lutamos contra, mas não nos é possível encontrar um meio-termo.”
A história então é narrada do ponto de vista de Eleanor que parece estar estranhamente aceita e desejada pela casa, que em contrapartida, parece nutrir uma simpatia especial por Eleanor. É através de seus olhos que experimentamos tudo o que acontece naquele local. No começo a narrativa é um pouco lenta, mas quando as atividades paranormais acontecem é simplesmente apavorante. Eleanor dar cor a casa e seus habitantes e sua perspectiva é envolvente.
"Quando estou com medo, vejo com perfeição o lado lógico, belo, destemido do mundo, vejo cadeiras e mesas e janelas que ficam do mesmo jeito, não são nem um pouco afetadas, e vejo coisas como a textura cuidadosa trançada do tapete, sem nem se mexer. Mas quando estou com medo deixo de existir em relação a essas coisas. Imagino que seja porque as coisas não têm medo".
Confesso que a narrativa é tão brilhante quanto os acontecimentos da casa. Mesmo Eleanor não sendo uma narradora confiável, e seus sentimentos sendo experimentados de maneira até certo ponto delirante, a escrita é dinâmica. Fica aquele questionamento: afinal o leitor pode confiar em suas experiências, a casa é realmente mal assombrada ou são apenas manifestações de uma mente delirante que está afetando todos ao seu redor?
Embora seja uma história de terror, a narrativa tem um frescor que torna a leitura fabulosa. Com certeza uma das melhores histórias que tive o prazer de ler, um clássico arrepiante que todo fã de terror obrigatoriamente tem que ler.
Para quem ainda não sabe A Assombração da Casa da Colina, está sendo adaptado para uma série produzida pela Netflix. O projeto é descrito como uma “reimaginação” da obra e sua primeira temporada tem 10 episódios e a trama dá destaque para a família Crane que passa por acontecimentos aterrorizantes em uma antiga mansão.