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“Pessoas Normais” tem uma premissa de romance bem clichê. Marianne é uma adolescente, pouco popular e bem deslocada na escola. Do outro lado temos Connell, a estrela do time de futebol do colégio. Os dois são completamente apaixonados um pelo outro, mas por inúmeros motivos um deles preferem manter o relacionamento em segredo. Parece ser um romance bem simples, mas ainda na adolescência desses dois acompanharemos as dores, angústias, erros e acertos durante o primeiro relacionamento.
“Quando conversa com Marianne, ele tem uma sensação de completa privacidade. Poderia contar qualquer coisa a seu respeito, até as coisas estranhas, e ela jamais as repetiria, ele sabe. Estar sozinho com ela é como abrir uma porta para fora da vida normal e fechá-la depois de passar.”
Um ano depois ambos vão par a faculdade e o papel s inverte. Agora Marianne encontra o seu lugar no mundo, enquanto Connell se torna um rapaz tímido e cada vez mais recluso. Os anos vão se passando e apesar da proximidade, e dos sentimentos que sentem um pelo outro eles tem um relacionamento completamente conturbado e tóxico.
O melhor para esses dois seria ficar distante, mas ao mesmo tempo essa distância machuca de uma forma imensurável. Esse romance é construído em meio a encontros e desencontros, erros, acertos e de uma forma bem crua e dolorosa.
Sem dúvidas esse foi um dos livros que mais mexeu comigo no ano passado. Nessa história não temos uma pessoa que seja melhor do que outra. Connell e Marianne são personagens completamente problemáticos e que por não conseguir externar os seus sentimentos fazem com que o relacionamento dos dois vá piorando cada vez mais.
Não espere por um livro com grandes acontecimentos e reviravoltas, e sim um livro com personagens muito humanos e que erram constantemente. Torci muito para um final feliz, mas no caso dos dois, o que seria um final feliz?
“Havia francamente desejado morrer, mas nunca havia sinceramente desejado que Marianne se esquecesse dele. Essa é a única parte de si que almeja proteger, a parte que existe dentro dela.”
Confesso que “Pessoas Normais” não é um livro que vai agradar a qualquer leitor, seja pela forma que ele é escrito, pela personalidade de cada um dos personagens, por ser uma narrativa mais lenta, porém cheia de significados.
Sem dúvidas foi um livro que me tirou da zona de conforto, mas que me trouxe uma experiência bem positiva e agora não vejo a hora de ler o outro livro da autora que já foi lançado aqui no Brasil.
“Pessoas Normais” conta com uma adaptação em formato de série que está disponível no Brasil na plataforma Starzplay.
Por Bia Sousa
Peguei Pessoas Normais para ler por causa do hype envolvendo a adaptação da obra para a série televisiva: Normal People. Mas, Sally Rooney me surpreendeu de forma positiva pela forma como conseguiu criar personagens tangíveis e que ressoam tanto no eu do leitor. Quer seja Marianne com sua baixa estima que lhe faz achar que tudo o que lhe acontece de ruim ela merece, ou Connell que por falta de crença em seu potencial, não acredita que algo de bom possa lhe acontecer. Dois mundos, de classes sociais distintas, que se entrechocam no ensino médio e seguem se esbarrando na vida adulta. Uma história de amor conturbada, fragmentada pelas inseguranças e pelas espirais de autodestruição em que ambos se jogam.
Pessoas Normais tem uma narrativa ágil em terceira pessoa, focada principalmente nos diálogos dos dois protagonistas, Marianne e Connell, cobrindo um período de tempo que vai do final do ensino médio até o final da faculdade. A mãe de Connell trabalha como faxineira para a família de Marianne, e as interações entre os dois ficam restritas a quando ele passa para buscá-la. Enquanto a jovem não é aceita socialmente na escola e tampouco tem amigos, Connell faz parte do grupo dos populares, fingindo inclusive não conhecer Marianne para manter as aparências. Um dia, porém, os dois se beijam e começam a sair juntos às escondidas, e essa dinâmica sexual se mantém por anos a fio, cheia de idas e vindas.
A primeira coisa que eu preciso dizer sobre Pessoas Normais é que ele é um livro que parece nunca sair do lugar, e a culpa é exclusiva da falta de diálogo entre os protagonistas. Gente, eu tenho 27 anos, não tenho mais paciência pra adulto agindo feito adolescente. Por isso, esse aspecto do livro foi enervante pra mim. Marianne e Connell (especialmente Connell) causaram mágoas um no outro ao longo dos anos, mas eles funcionam como ímãs que não conseguem se afastar completamente. A química sexual é o que os une em primeiro lugar, mas também existe uma segunda camada nesse relacionamento, que é encontrar compreensão, adequação e aceitação em alguém.
No ensino médio, Marianne era a excluída, mas na faculdade os papéis se invertem. Agora é ela quem brilha, enquanto Connell se sente desajustado ao conviver com pessoas que não parecem aceitá-lo por quem ele é, e o abismo de classes sociais também o intimida. Na época da escola, Connell interpretava um papel fácil e consolidado que funcionava, não se permitindo ser vulnerável. Marianne, por outro lado, com sua sinceridade implacável e jeito blasé, se encaixou no novo meio – um meio muitas vezes permeado por arrogância intelectual. Quem nunca foi presunçoso aos 20 e poucos anos em uma conversa com outros colegas universitários que atire a primeira pedra.
Apesar de ser um livro muito bom em abordar o sentimento de se sentir perdido e em um lugar ao qual você não pertence, ele também me deixou muito nervosa e irritada, especialmente por causa de Connell. A maneira como ele usa Marianne ao longo dos anos me enojou. Transar com ela às escondidas no ensino médio e, na faculdade, se beneficiar dos confortos que ela poderia proporcionar (como um apartamento no qual ele poderia ficar) foram atitudes horríveis que Marianne não merecia. Connell sabe que gosta dela e ainda assim não expõe seus verdadeiros sentimentos, e ao mesmo tempo ele tem plena consciência do poder que exerce sobre ela, se aproveitando disso. Marianne, por outro lado, vem de uma família desestruturada: ela aprendeu desde cedo que violência é a forma de lidar com as relações, já que presenciou seu falecido pai agredindo sua mãe, e ela própria foi vítima disso. No presente, seu irmão também a trata de forma violenta, tanto física quanto verbal, e Marianne não encontra forças para se defender. Sua autoestima é comprometida e ela acredita não ser digna de amor, o que explica toda a dinâmica autodestrutiva de passividade e permissividade que ela tem não apenas com Connell como também com todos os homens (problemáticos) com quem se relaciona ao longo dos anos.
O terço final do livro é um pouco decepcionante, porque a autora entra no território da saúde mental de forma abrupta e sai dele de forma tão abrupta quanto. O leitor não tem tempo pra absorver a nova condição e as consequências que isso causa na vida dos personagens, e o capítulo final faz com que isso tudo seja ainda pior. Ele é repentino e causa uma sensação de que faltaram páginas pra construir aquela mudança tão representativa na forma de pensar e agir de Connell e Marianne.
Pessoas Normais é um bom livro, mas nem de longe entrou para a minha lista de favoritos. Como ponto positivo ressalto principalmente o foco em assuntos que dialogam com as nossas experiências de jovens adultos, mas infelizmente a dinâmica da narrativa é cíclica de um jeito cansativo. Você passa páginas e mais páginas e não sente que ninguém ali está amadurecendo de verdade, e o final da história é tão repetitivo quanto seu começo. Agora pretendo conferir a série pra ver se nela eu me sinto menos desconfortável com essa relação conturbada e confusa. Vou torcer para que sim.
MANIFESTO DOS RECUSADOS
Marianne e Connell não poderiam ser mais opostos: ela, a garota rica, isolada e abominada por todos como uma aberração; ele, o garoto mais popular do colégio, excelente aluno e estrela do futebol. No entanto, tamanha diferença não impede que ambos se sintam conectados pela única coisa que parecem ter em comum: a sensação intensa de não pertencerem a lugar nenhum, exceto um ao outro. Quando estão juntos, finalmente podem ser quem são. É assim que, no último ano do ensino médio, eles começam uma relação secreta.
Essa ligação, que de início parecia coisa da adolescência, cheia de inseguranças e sentimentos elevados à última potência, acaba se provando uma conexão difícil de se romper. Ao longo dos quatro anos seguintes, vamos assistir a seus encontros e desencontros enquanto buscam desesperadamente se achar em um mundo que parece recusá-los de todas as formas. Acima de tudo isso, vamos acompanhá-los se apoiar desesperadamente um no outro, não importando quão destruídos ambos estejam – e o quanto são capazes de destruir um ao outro.
Nada na obra de Sally Rooney é amigável à primeira vista. Sua escrita gera um estranhamento de cara, uma vez que ela não demarca os diálogos com aspas ou travessão. Eles são simplesmente mais uma parte da narrativa, a qual, aliás, não tem nada de linear. Embora, olhando os capítulos no sumário, tenhamos a impressão de que seguem a cronologia clássica, os acontecimentos dentro deles são narrados a partir de uma espécie de fluxo de consciência que parece acompanhar os pensamentos dos personagens. Em um momento, estamos no agora; depois, estamos no passado, quando algo importante aconteceu e merece ser lembrado.
Contudo, conforme mergulhamos mais fundo em Pessoas Normais, percebemos que a aparente hostilidade da narrativa é apenas um complemento de todo o enredo, pois a obra de Rooney é, por si só, um perfeito manifesto dos recusados. Qualquer um que já tenha se sentido rejeitado pelo mundo vai receber as palavras da autora como chumbo nos ossos.
No que toca ao relacionamento entre Connell e Marianne, a principal coisa que precisa ser dita é: essa não é uma história romântica convencional, o relacionamento deles não é saudável e (com certeza absoluta) não é feliz. Duas pessoas que não amam a si mesmas não seriam nunca capazes de se envolver de forma saudável com alguém; em vez de gerar felicidade genuína, acabam apenas projetando suas próprias insuficiências e problemas psicológicos um no outro.
No entanto, isso posto, preciso acrescentar algo que poderá parecer contraditório: essa é uma história de amor. Marianne e Connell realmente acham que amam um ao outro – e, de uma forma deturpada, dependente e problemática, amam. Digo isso porque, apesar de estarem destruídos individualmente e muitas vezes priorizarem desejos egoístas, eles cuidam e torcem pela felicidade um do outro. A verdade é que o problema dos dois não está propriamente no relacionamento que têm, mas sim na posição que assumem diante de si mesmos e do mundo. Quando a rejeição é o estranhamento estão tão profundamente entranhados, é quase impossível que isso não resvale nas coisas e pessoas ao redor.
No entanto, o relacionamento dos dois acaba se tornando pano de fundo para discussões muito mais complexas, profundas e atuais. Através de Marianne, podemos pensar a questão do abuso familiar e das sequelas que isso deixa na psique de quem o sofre, um pressuposto de rejeição enraizado a tal ponto que impede qualquer coisa positiva de florescer; através de Connell e seus amigos da escola, conseguimos pensar a questão das aparências e do quanto nos subtraímos para mantê-las. Insegurança, depressão, ansiedade, violência doméstica, abuso de drogas, suicídio e até mesmo discussões políticas acaloradas – todos esses pontos aparecem em maior ou menor medida, diluídos no enredo assim como se apresentam diluídos em nosso cotidiano. Sem grandes bandeiras, apenas o que são: parte da nossa realidade.
Exceto o ciclo familiar (Lorraine merecendo todos os destaques, flores e amor do mundo) e as pessoas realmente mais próximas, os personagens secundários não ganham contornos muito definidos, o que, para mim, fez total sentido. Isso porque todos são vistos pela perspectiva de Marianne e Connell, ambos bastante autocentrados. O mundo e as pessoas se pintam de acordo com o que os dois sentem em relação a eles e do que desejam obter de cada um. Considerando a quantidade de transtornos psicológicos que ambos enfrentam, acho bastante plausível que eles se fechem em si mesmos.
Por fim, acho necessário dizer que o livro não termina muito mais saudável do que começou. Mais agradável aos olhos, talvez, porém não menos doente. Termina como a vida: algumas pessoas melhoram e outras não, o que não as impede de conviver uma com a outra – ainda que, talvez, devesse. Como eu disse, esse não é um livro sobre uma linda, feliz e saudável história de amor.
É um livro sobre o desejo de pertencer: a algo, a alguém, a algum lugar. É, também, sobre a pesada consciência de que não existem pessoas normais: a individualidade de cada um é feia, adoecida e dolorosa. Porque a sociedade, as outras pessoas, todo mundo é assim e nos faz ser assim também – como num ciclo vicioso e infinito.
Em um mundo de aparências, Rooney expõe com suas palavras o que, em maior ou menor medida, todos somos: anormais afogados na piscina dos adultos, querendo pertencer a uma piscina rasa de normalidade que, na verdade, nunca existiu.
Marianne e Connell frequentam o mesmo espaço, mas não pertencem ao mesmo mundo. Apesar de serem colegas de classe de um colégio em Sligo, cidade da Irlanda, eles parecem viver em universos diferentes e paradoxais: ela é rica, mas excluída; ele pertence a uma classe social mais baixa, mas é popular. Há, porém, um fio que os conecta: a mãe de Connell trabalha como faxineira na mansão da família de Marianne.
Em uma das idas à mansão para buscar a mãe, Connell adentra o mundo de Marianne. Entre conversas e olhares, surge um desejo mútuo de ficar junto. Entretanto, como Marianne é vista como esquisita pelos alunos, Connell propõe que eles mantenham o relacionamento em segredo. Temos aí o primeiro conflito dessa história, causado muito mais por uma questão de poder social do que econômico.
A partir de então, acompanhamos a vida e a dinâmica dos dois ao longo de quatro anos – do fim do ensino médio ao período da graduação. À primeira vista, esse parece o roteiro de um romance clichê que se passa entre jovens que estão entrando na vida adulta, mas essa é uma história muito mais densa do que se imagina, sobretudo pelos assuntos tratados. Entre outros temas, o livro aborda conflitos familiares, abuso psicológico, suicídio, depressão e diversos níveis de insegurança.
Com uma trama repleta de encontros e desencontros, o livro me fez lembrar bastante de Um dia, do autor David Nicholls, mas acredito que a linguagem usada por Sally Rooney atrapalhou um pouco a minha imersão na história.
Assim como Nicholls, Sally adota a narrativa em terceira pessoa para que seja capaz de nos dar uma visão ampla e, talvez, imparcial dos personagens. No entanto, sua escrita foge do convencional e a autora insere diálogos sem nenhuma diferenciação, como travessões ou aspas, e às vezes os coloca no meio dos parágrafos, o que pode causar confusão ao menor sinal de distração do leitor. Por isso, é importante estar concentrado na leitura para não se perder em relação ao momento do diálogo e a quem está falando.
No entanto, ainda assim, achei incrível a construção dos personagens, que nos são apresentados de maneira tão crua. É como se a autora os revirasse do avesso e nos mostrasse tudo o que eles têm escondido lá dentro – e que, muitas vezes, escondemos também. Por isso, é fácil nos identificarmos com diversos sentimentos e situações apresentados no livro. Sally Rooney criou uma história simples, sem muitas reviravoltas, sobre “pessoas normais” e, ao mesmo tempo, extremamente complexas.
"Pessoas normais" é um livro que eu só posso descrever como estar em uma canoa, sem ver terra por perto, mas só depende de você sobreviver.
No principio foi um livro que me causou estranhamento pois é uma ficção muito perto do que já foi minha realidade em um relacionamento., mas é um livro que acaba instigando a leitura curiosa a saber mais do casal. "Pessoas normais" é um livro que inquieta e toca na ferida de qualquer coração partido e inseguro.
E vamos de mais um livro na lista dos livros hypados que não entendi o hype.
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Nesse livro conhecemos dois jovens, Connell e Marianne, eles são colegas de classe e a mãe de Connell trabalha na casa de Marianne porém os dois fingem não se conhecer na escola porque Marianne tem uma fama de ser “esquisita” pelos colegas de escola.
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O livro mostra o relacionamento dos dois ao longo da vida deles, desde a escola até a faculdade e a vida adulta. O livro não necessariamente foca no romance em si eu diria que mostra como os relacionamentos podem evoluir numa vida normal.
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“A vida propicia esses momentos de alegria, apesar de tudo.”
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Em muitos momentos eu achei a relação dos dois extremamente tóxica, parecia que eles continuavam juntos somente pela conveniência de já se conhecerem e terem uma história. Os personagens secundários são realmente secundários e não tive nenhum apego especial, exceto pela mãe de Connell.
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Acho que esse é o tipo do livro que absolutamente todos os problemas ali mostrados poderiam ser facilmente resolvidos com alguma sessões de terapia. O plot do livro é praticamente inexistente, passa muito despercebido e acredito que o livro todo foi exatamente feito para relatar a vida de pessoas normais.
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Eu não sei para quem exatamente recomendaria esse livro mas com certeza não recomendaria para pessoas com problemas de ansiedade e depressão por conta dos gatilhos ao longo da história.
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Faz alguns anos que ouço um burburinho em torno do nome da autora, opiniões que variam entre amor e desgosto. Percebi que minhas expectativas estavam aumentando e isso poderia prejudicar a experiencia de leitura, decidi esperar antes de me jogar na escrita da autora. O tempo passou, minha ânsia diminuiu e chegou a hora de finalmente conhecer Sally Rooney.
Primeira impressão: Que narrativa envolvente! PQP! Que livro viciante.
Terminei o livro: OK, não sei muito bem o que estou sentindo. E agora? Eu gostei ou não?
Respira. Pensa. Ok.
Mixed feelings. Gostei, mas não amei.
Vamos lá.
O que mais chamou atenção, para mim, foi a falta de comunicação entre as pessoas.
Aí você vai me dizer, então é fácil resolver: é só conversar!
É fácil mesmo?
Se coloque na situação dos personagens, você consegue(ia) simplesmente conversar - na idade deles - sobre seus medos e inseguranças com pessoas que ama e tem/tinha medo de perder?
A diferença em como a base do amor/carinho foi experimentado desde a primeira infância por Marianne e Connell fazem muita diferença na personalidade dos dois conforme eles amadurecem.
Por isso eu queria ter visto um pouco mais da relação da Marianne com sua família, principalmente com sua mãe e acho que foi por isso que eu não amei tanto assim o livro, mas talvez essa tenha sido a intenção da autora, esse não era para ser um livro sobre Marianne eu que sou curiosa demais rsrs.
Connell também é um personagem bem complexo, longe de mim querer passar pano pro boy, mas fiquei com a impressão de que ele realmente amava Marianne, mas era covarde demais para algumas decisões que exigiam que ele olhasse além do seu umbigo.
Enfim, foi uma leitura triste, reflexiva, conflitante, mas que eu gostaria de ter visto um pouco mais de aprofundamento em alguns temas. Com certeza lerei outros livros da autora.
Realidades diferentes, Connell e Marianne possuem ciclos sociais distintos, ela com baixa autoestima é sempre vista como a “esquisita”, que sofre bullying, e excluída socialmente na escola - até mesmo em casa, ele o garoto popular, atleta e “requisitado” pelas garotas.
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“Fisicamente, aquilo parecia certo, e então ele entendeu por que as pessoas faziam insanidades por sexo”.
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A narrativa é iniciada em Janeiro de 2011, onde vamos conhecer os dois personagens e suas peculiaridades mas principalmente a interação entre ambos, que acontece na casa dos pais de Marianne, visto que Connell é filho da diarista da família - Lorraine, escondendo de todos essa relação, eles irão enfrentar encontros e desencontros ocasionados pela vida.
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A estrutura do livro é apresentado em saltos de tempos, onde os personagens tem os encontros e desencontros, o que torna a proposta de Rooney extremamente única e envolvente, focada principalmente na relação e construção de seus personagens, a autora mostra camadas de um relacionamento ora permitido, ora vetado pela “sociedade”, mas principalmente entre eles, visto que em cada momento da vida, os personagens se encontram em situações completamente distintas mas apresentando ainda uma ligação inevitável.
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É acima de tudo um livro “normal” que não nos revela muito além do que a “vida”, pessoas que chegam e partem, em um ciclo viciante que prende o leitor para descobrir o desfecho da proposta. Há momentos que o jogo vira, e Marianne se torna a “popular”, ora Connell demonstra sentimentos e ora Marianne, trazendo um contraste de mundos completamente opostos se chocando, e a brincadeira do livro é trazer e relatar as consequências nas vidas dessas pessoas quando isto ocorre.
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Pessoas Normais se torna assim um favorito, por se estruturar em algo tão comum, mas se destacar de forma única, em uma escrita apurada e bem desenvolvida, o livro passa as emoções até mesmo no silencio de palavras, sendo ainda completamente dependente dos diálogos, que apenas acontecem, tendo ainda uma ambientação bem construída.
Um livro para amadurecer personagem e leitor, juntos.
Marianne e Connell estudam em uma escola no interior da Irlanda. Ambos fingem que não se conhecem, mas a mãe de Connell trabalha como empregada na casa de Marianne. Os dois passam a se relacionar romanticamente, porém Connell é a estrela do time de futebol. Enquanto que Marianne é a menina esquisita e rejeitada do colégio.
Quando eles se formam depois de 1 ano e vão para a faculdade, os papéis passam a se inverter. De repente, Marianne é a garota popular e cheia de amigos. Enquanto Connell fica a margem de Marianne. Tímido, inseguro e insatisfeito.
Esse livro foi um dos mais frustrantes e humanizados que já li em toda a minha vida. A sensação que tive ao ler o livro foi de exaustão, mas talvez essa poderia ter sido a intenção da autora.
Além disso, me incomodou o fato de o livro não apresentar aspas ou travessões durante os diálogos. Oque tornou os diálogos difíceis e confusos de decifrar. Assim como o livro apresenta “pessoas normais”, que vivem vidas normais, pode ser bastante cansativas.
A narrativa possui enormes saltos na linha do tempo e com muito reyrocesso, o que tornou difícil me concentrar na escrita. As mudanças na vida dos personagens foram chocantes, o que poderia ser visto como um exemplo da noção de que as pessoas mudam com o tempo e as amizades estão fadadas a mudar também.
E apesar do livro não ter funcionado pra mim, a autora trouxe vários temas abordados que pra mim possui muita relevância, como: violência doméstica, relacionamento tóxico, depressão, etc. Acho que o final do livro não poderia ter sido menos do que perfeito pra mim. O livro é uma obra de gênio que adiciona profundidade a narrativa. Acho que realmente depende da interpretação e do humor dos leitores.
Confesso que comecei a ler esse livro sem muitas expectativas, e sabia apenas que é uma história aclamada pela crítica, e que tem uma série de TV baseada no livro, mas, ao começar a ler, passei a entender o sucesso dessa história. Apesar dos capítulos serem separados por períodos de tempo, a história tem um ritmo muito bom, e pode ser lida rapidamente. É muito difícil explicar a história de Marianne e Connell, pois ambos tem problemas que acabam interferindo no outro, sendo uma relação muito conflituosa e com elementos que estão presentes nas nossas vidas, fazendo com que o título "Pessoas Normais" faça todo o sentido.
Danilo Gomes
Leituras S.A.
Pessoas Normais (Sally Rooney)
É notável o destaque que a autora irlandesa Sally Rooney tem recebido nos últimos anos, com suas obras que retratam problemáticas contemporâneas que contemplam muito do que nós, millennials, sentimos. Já estava curiosa para conhecer a escrita dela, e tive a chance de receber o e-book de Pessoas Normais em parceria com a Companhia das Letras. Este é o seu segundo romance, publicado em 2018 e traduzido por Débora Landsberg.
Marianne é uma garota inteligente e excluída socialmente, considerada feia pela maioria dos colegas da escola. Ela assume uma postura um tanto blasé quanto a isso, e sofre bem mais com a realidade abusiva que permeia a sua abastada família.
Connell é filho de Lorraine, a empregada da casa de Marianne, e ao contrário da garota ele é bem popular. Jogador de futebol e repleto de amigos, ele também é inteligente e bom aluno. Nas suas visitas para buscar a mãe, ele e Marianne acabam se aproximando, descobrindo afinidades, até que começam a ficar em segredo. Essa relação um tanto conturbada acaba durando até quase o final do ensino médio, quando uma atitude de Connell decepciona imensamente Marianne.
Na faculdade os jovens se reencontram numa situação quase que inteiramente oposta - Marianne se tornou popular enquanto Connell não consegue encontrar seu lugar no mundo. Entre idas e vindas do casal, que enfrenta diversos problemas internos, vamos descobrindo mais sobre seus sentimentos. A trama retrata bem os impasses da vida de um jovem adulto, permeados por problemáticas sociais que servem de pano de fundo no livro.
Os capítulos são construídos em uma linha temporal que parte de janeiro de 2011, e eles são iniciados registrando quanto tempo se passou desde o capítulo anterior (ex: 3 dias depois, 6 meses depois...). Os personagens são complexos, mas ao mesmo tempo reúnem o que há de mais comum na geração atual: a busca por aprovação, pela própria identidade e a falta de diálogo. O que gostei é de como o livro retrata essa complexidade, mostrando como em certos casos é preciso buscar aconselhamento profissional.
A ambientação da obra foi para mim bastante interessante, pois nunca havia lido uma história que se passasse na Irlanda. Amei o período dos personagens na Trinity College, com o cenário de Dublin, e também da vibe de interior da cidade de origem deles. Além disso, várias opiniões construídas pelos personagens se alinharam com as minhas.
LEIA MAIS EM: https://www.janelaliteraria.com.br/2020/09/pessoas-normais-sally-rooney.html
O livro conta a história de Marianne e Connell, que iniciam um relacionamento amoroso no final do que, para nós, seria o Ensino Médio, e se reencontram na faculdade, retomando o “namoro”. E é basicamente isso o que acontece, uma série de idas e vindas de um casal que claramente se gosta, mas que não consegue ficar junto por falta de diálogo e problemas psicológicos não tratados de ambos os lados. Problemas esses que me fazem querer gritar a plenos pulmões: “FAÇAM TERAPIA!”
A primeira coisa que me incomodou no livro foi a escrita. Em alguns momentos, eu senti que estava lendo uma espécie de script, cheio de “ela disse” e “eu disse”. Em outros momentos, parecia haver uma tentativa da autora de fazer algo hot, mas que não funcionou e chegou a ficar estranho. Isso, talvez, case com algumas questões internas das personagens que são colocadas no decorrer do livro, mas ainda senti que essa parte poderia ter sido construída de outra maneira.
O segundo aspecto que me incomodou é a forma como os problemas são tratados na trama, tanto os psicológicos, quanto os familiares e sociais. A autora traz muitos assuntos pertinentes e urgentes, como a violência doméstica, o bullying nas escolas e diferenças entre classes sociais, para citar alguns exemplos. Porém, a forma como ela coloca os assuntos me pareceu displicente, como se eles fossem jogados no nosso colo apenas para justificar o comportamento dos protagonistas, mas sem realmente serem trabalhados. E nem falo sobre rotular problemas, pois, fazendo apenas uma breve comparação, Por Lugares Incríveis, de Jennifer Niver utiliza temas semelhantes e sem diagnósticos, mas trabalha-os de forma espetacular!
Por fim, eu fiquei com a sensação de que a história não chegou a lugar nenhum, principalmente por causa do relacionamento ioiô dos protagonistas. Talvez, a maior parte da minha implicância com o livro seja mesmo o relacionamento que vai e volta, algo que vi acontecer com pessoas a meu redor e que nunca foi agradável. Relacionamentos tão tóxicos, que nem conseguimos saber de onde está vindo a toxicidade.
O livro ganhou uma adaptação na forma de série, no Starzplay, com o roteiro produzido em conjunto com a própria autora. Eu não assisti, mas, pelo que andei conversando com colegas que assistiram, a série acaba revelando alguns pontos que não ficaram tão claros na obra escrita, servindo como um complemento dela. De qualquer maneira, também é uma opção para quem estiver em dúvida sobre a leitura: se gostar da série, há uma boa chance de gostar do livro!
Pessoas Normais não foi um livro que me cativou e sei que ele tem divido muito as opiniões por aí (depois que comecei a leitura, surgiram algumas resenhas negativas). Claro que a leitura é algo muito pessoal e você pode ter uma visão completamente diferente da minha. Na dúvida, dê uma olhada em outras resenhas e veja alguns episódios da série.
Terminei esse livro na terça-feira passada, mas ainda não sei como redigir uma opinião coesa sobre ele. O livro traz temas importantes em sua narrativa, como as diferenças e dificuldades entre classes sociais, doenças mentais e psicológicas, traumas, e outras mais, e por isso torna-se um excelente livro, pois aborda temas importantes e necessários e faz isso de forma crua, verdadeira.
O romance é outra parte do livro que também traz muita verdade em si, pois os próprios personagens são críveis. Eles erram, eles se submetem aos erros e depois erram de novo. O envolvimento romântico do casal principal é cheio de altos e baixos, idas e voltas, mas nisso é possível observar o quanto um é tóxico ao outro e apenas eles não percebem isso, um fato bastante perceptível nos romances dos dias atuais.
Porém muita coisa também me incomodou no livro, principalmente o Connell, um dos protagonistas, que aproveita da submissão de Marianne para usá-la e escondê-la. Achei-o abusivo em várias partes e isso criou uma barreira entre mim e ele. Contrapondo a isso, eu adorei a Marianne, mesmo que às vezes ela tenha me irritado demais; ela lembrou-me de mim mais nova, a garota estranha, que não fala com ninguém e que se fecha em si mesma, porém com problemas pessoais totalmente diferentes dos meus.
O desenvolvimento, seja para o bem ou para o mal, dos protagonistas é perceptível. Eles crescem ao decorrer dos meses que se passam, mas sendo isso nem sempre uma coisa boa. A narração é bem diferente de tudo que eu já tinha lido, mas não me atrapalhou, pelo contrário, eu gostei. Foi fácil para mim adaptar-me a ela, o que pode não acontecer com outras pessoas, mas que deve ser dado mais de uma chance e um tempo para se acostumar.
Ainda tenho sentimentos muito conflitantes com o livro, os personagens e a história, muitas críticas, mas também muitos elogios. Ainda sinto-me dividida, partida. Eu senti todas as dores de Marianne, quis abraçá-la e apoiá-la de uma forma como só outra mulher faria; quis sacudi-la e tirá-la daquele sufoco, daquela submissão, pois, para mim, era inacreditável que uma mulher feminista, cheia de opiniões políticas tão fortes, poderia se submeter a um amor tão passivo. Estranhei, mas tentei entendê-la, e no final eu só queria que os dois não ficassem juntos, que se encontrassem separadamente.
Foi um livro que me trouxe muitas reflexões e que ainda me faz pensar um pouco, de vez em quando me pego pensando sobre ele e sobre seu final. Não sei se indico para todo mundo, mas para quem der uma chance eu espero que a história toque o seu coração, assim como, agora eu percebo, tocou o meu.
Esta é uma leitura desafiadora. Marianne e Connell possuem personalidades distintas e cada um tem seus próprios dilemas para lidar. Marianne não tem uma boa relação familiar e durante anos foi (e continua sendo) subjugada pela família. Ela é uma personagem extremamente intensa, que está em uma bolha de autodestruição latente, o que causa comiseração por parte do leitor.
Connell, por sua vez, foi criado apenas pela mãe. É um garoto inteligente, que no colégio era popular e que terá que lidar com uma realidade diferente na universidade. Connell é calmo, mas deixa o julgamento alheio afetar suas escolhas. Essa foi uma das coisas que me irritou nele, o medo de se abrir e ser julgado por isso.
O livro se passa durante o período de 5 anos, iniciando no último ano escolar deles e terminando quando estão prestes a acabar a universidade.
A Sally nos conduz por um mar melancólico e aborda questões bem relevantes. Marianne tem uma personalidade submissa, que a faz aceitar o que o outro tem a oferecer, mesmo que isso seja insuficiente ou a deixe mal. Ela não conhece o amor-próprio, não é bem resolvida em relação aos seus sentimentos, e isso acaba levando-a a tomar decisões bem erradas durante o livro. Marianne é o reflexo de muitas pessoas que não se sentem suficientes pelo mundo.
A questão da diferença das classes sociais também é levantada durante o livro, já que a família de Marianne é rica, enquanto Connell é pobre. É interessante perceber como essa questão apenas martiriza o Connell, que tem que lidar com possíveis julgamentos. Connell é o retrato da pessoa que não deseja ser julgada pela sociedade e por isso se abstém de momentos que poderiam mudar sua história.
O relacionamento de Marianne e Connell é muitas vezes conduzido de forma errada. Eles, claramente, não estão prontos para viver uma relação saudável, já que falta diálogo e principalmente que ambos se libertem de algumas amarras sociais.
Com personagens bem construídos, Pessoas Normais é de fato uma obra sobre pessoas normais. Aqui vamos encontrar jovens passando pela fase do medo, não se permitindo ser feliz por causa do julgamento alheio e se reclusando para fazer o outro feliz. São pessoas que erram, acertam e se magoam.
A narrativa é conduzida por uma linha melancólica e deixa um gosto agridoce ao final. Ao terminar este livro fiquei um tempo pensando na Marianne e no Connell, torcendo para que eles finalmente pudessem se entender, se aceitar e viver da forma como desejam. Um livro cheio de reflexões em suas entrelinhas...
É um bom livro, fácil de ler, pois a escrita da autora colabora muito.... mas senti falta de algo mais na leitura, fraco perto de outros que são bem menos falado como esse se encontra no momento.
O interesse nesse livro surgiu por conta do hype na série (Normal People) e de bastante gente elogiando a história desenvolvida em ambas as mídias. E o livro atendeu as minhas expectativas.
Não foi só uma vez que vi compararam 'Pessoas Normais' com 'Um Dia', e até mesmo com a trilogia de filmes 'Antes do Amanhecer', 'Antes do Por do Sol' e 'Antes da Meia Noite'. E mesmo com essas comparações, eu não estava preparada para o que iria ler. QUE HISTÓRIA! O retrato fiel do que é ser jovem na contemporaneidade. 'Um Dia' e a trilogia do 'Antes' (em especial o primeiro filme) nos mostram o que é ser jovem, cada um em sua época. E é exatamente nesse ponto que essas obras se assemelham com Pessoas Normais, mas seguem rumos distintos quando pintam esse retrato do jovem. Connell e Marianne são o exemplo perfeito do jovem do século 21 - irlandeses principalmente. Mais de uma vez quis entrar no livro, sacudir os protagonistas e falar umas verdades - apesar de saber que é exatamente assim, do jeito que os dois agem, que muitas pessoas são na vida real. O livro é bom, sabe narrar o clichê sem ser clichê, e te deixa na ânsia de saber o desenrolar da história.
✨ Pessoas Normais - Sally Rooney ✨
❝Não sei o que há de errado comigo. Não sei por que não consigo ser que nem as pessoas normais❞.
O livro nos leva em uma jornada ambientada na Irlanda acompanhando Marianne e Connell. Eles estudam na mesma escola mas são de mundos totalmente diferentes.
Marianne é uma garota rica, quieta e muito inteligente, porém solitária. Seu jeito chama a atenção dos alunos da escola, mas de maneira negativa. Ela não se abala com isso, já que está acostumada aos insultos vindos também de sua família.
Ao contrário de Marianne, Connell não vem de família rica, e foi criado apenas por sua mãe. Lorraine trabalha na casa de Marianne como faxineira e é assim que o mundo deles se cruza.
Aos poucos, eles criam uma desestabilizada relação, na qual um deles quer total segredo sobre seus encontros e o outro simplesmente não se importa de esconder.
Na faculdade, as posições se invertem e Connell se encontra no papel de socialmente excluído enquanto Marianne parece finalmente ter achado sua tribo.
Em Pessoas Normais acompanhamos a jornada conturbada dos dois ao longo dos anos e as dificuldades que encontram no caminho pela vida adulta.
📝 A escrita da autora foi uma grande surpresa para mim. No início pensei que fosse me incomodar, mas na verdade passou a ser algo muito fluido e agradável.
💬 Pessoas normais tinha tudo para ser mais um grande clichê, mas não é. É profundo e extremamente incômodo. A autora consegue expressar bem todos os sentimentos dos personagens de maneira verdadeira e que tocam fundo no coração.
📝Esse livro me trouxe inúmeras sensações e no fim foi algo bem agridoce e, mesmo assim, não consigo explicar, mas me agradou demais. É angustiante, traz desconfortos e é provocativo. Abordando também temas sociais e econômicos em diversos momentos enquanto narra os encontros encontros e desencontros de Marianne e Connell.
Desde que eu li "Conversas entre amigos", em 2018, fiquei com muita vontade de conhecer outros livros dessa autora. Quando soube que "Pessoas Normais" ganharia uma adaptação para série fiquei ainda mais interessada. Desde então, espero uma oportunidade para conhecer essa obra. E isso aconteceu no finalzinho de maio.
Mesmo com grande expectativa pelo livro, não achei que eu fosse gostar TANTO como aconteceu!
Sally me cativou desde as primeiras páginas, com uma narrativa extremamente peculiar onde os personagens interagem entre si sem a estrutura dos diálogos divididos com as pontuações habituais.
Em "Pessoas Normais" vamos acompanhar a vida de Marianne e Connell. Ela, de uma família rica, porém, completamente desestruturada emocionalmente. E ele, filho da diarista da casa dela e com uma vivência familiar bastante diferente.
Os dois começam a se relacionar ainda na escola, em uma fase em que Marianne é completamente invisível entre os colegas, enquanto Connell é o popular. Mais por decisão dele, os dois mantêm essa "relação" às escondidas, fingindo não se conhecerem na escola.
Logo vão para a faculdade e os papéis acabam se invertendo.
Mas, o livro não trata apenas de um romance jovem-adulto e suas nuances. A relação dos dois dá base para que diversos assuntos sejam tratados com muita delicadeza, porém, extrema realidade.
Conflitos familiares, relações abusivas, sejam elas familiares ou amorosas, a forma como passamos a nos ver a partir de como os outros nos vêem, a dificuldade de encontrarmos nosso lugar no meio social, bullying, assédio, amizade, amor, escolhas que fazemos na vida por nós e por alguém... Esses são só alguns dos temas que Sally Rooney aborda com perfeição nesse livro.
Tudo aqui é muito bem construído.
É um livro sobre vida real. Não tem conto de fadas.
E já é um dos meus favoritos do ano!
Inicialmente a forma que a autora escolheu contar a história pode causar um pouco de estranheza, mas logo você se acostuma e percebe que a maneira escolhida combina perfeitamente com a trama.
Pessoais Normal é aquele livre 8 ou 80, tem que vá amar assim como outros que não curtirão tanto, porém, independente disso é uma história que vale a pena ser lida, mas com ressalva que há alguns gatilhos na obra. Sally Rooney através de Connell e Marianne retrata bem como é a transição da adolescência para vida adulta, e ainda que a história se passe na Irlanda conversa bem com a geração millennial em qualquer lugar do mundo.
Ao longo dos encontros e desencontros dos protagonistas nos vemos em situações de desconforto e estranheza ao mesmo tempo que tem algo reconfortante e acolhedor. É uma leitura simples, sem grandes artifícios, mas que é carregada de sentimentos e que sem dúvidas vai causar algum impacto na vida de quem lê.