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O título e a sinopse desse livro me fisgaram de forma instantânea, e ao ser disponibilizado o e-book para os parceiros da Companhia das Letras, não tive dúvida e o solicitei para leitura. O título me chamou a atenção e havia visto alguns feedbacks bem positivos sobre o livro. Porém, leitura é algo realmente muito pessoal, que tem também muito a ver com identificação. “Pessoas Normais” tem sido um livro muito querido por muita gente, e respeito suas opiniões. Pelo que percebi, quem o amou se identificou muito com os personagens. Não vou dizer que não me identifiquei com nada; na verdade, há muitas passagens que eu grifei porque achei muito boas e já experimentei os mesmos sentimentos, mas a história simplesmente não me cativou.
Os personagens são muito bem trabalhados, a escrita de Sally Rooney é bem interessante (e achei o ponto forte do livro), mas eu sinceramente não curto enredos em que os personagens passam anos entre idas e voltas, empatando o tempo um do outro, tentando negar um sentimento recíproco.
Achei, assim, o livro apenas “OK”, com uma boa escrita, mas sem um grande evento, em que o tempo é um terceiro personagem inerte, realçando mais ainda a inércia dos protagonistas frente às próprias vidas. Se você acredita que o verdadeiro romance pode ser pintado nesse cenário de longo prazo numa ciranda infinita, provavelmente o livro irá cativá-lo e indico a leitura, já que Marianne e Connel são muito reais. Leia resenha completa no blog.
Connell e Marianne vivem em mundos diferentes. Ela é uma garota rica e excluída na escola, sem amigos e que causa repulsa em todos. Connell é o garoto popular, que joga no time de futebol da escola e sua mãe trabalha como diarista na casa de Marianne. Apesar de serem tão opostos, uma conexão estranha surge entre eles, o que os faz começar um tipo de relacionamento (no qual ninguém chama de relacionamento) do qual Marianne não pode contar para ninguém, e Connell quer esconder de todos seus amigos.
O livro vai narrando ao longo dos anos as mudanças no relacionamento dos dois, especialmente após eles saírem da pequena cidade em que vivem para estudar em Dublin e os papeis se invertem: Marianne passa a encontrar-se na vida, construindo novas amizades e desenvolvendo sua personalidade, enquanto Connell se sente à margem, inseguro, tímido e incapaz de se relacionar com outras pessoas.
Quando comecei a ler a história, eu tinha em mente que seria algo totalmente diferente. A escrita da autora me deixou bem desconfortável, a história é construída ao longo de alguns anos, mas dentro desses anos ela conta narrativas que vai e vem no tempo, sendo um pouco difícil se situar na ordem dos acontecimentos - e para completar a leitura é lenta. Mas quem me dera que essa fosse a única coisa que me incomodou no livro!
Os personagens são extremamente esquisitos para mim, Marianne vive se inferiorizando, se colocando em situações da qual não gosta, não se sente bem e não sabe nem mesmo se quer estar ali. Connell é insuportável, não sabendo o que quer e mesmo quando sabe, não tem coragem de dizer. Juntos, eles se tornam impossíveis - são incapazes de se comunicar e nem mesmo entendem um ao outro e nem a si mesmos.
Logo nos primeiros capítulos percebi que não gostaria dos personagens por eles terem essa personalidade quase blasé, metidos a cult. E em nenhum momento eu conseguir me identificar com nenhum personagem, nem mesmo consegui me colocar no lugar deles e isso incomodou muito ao longo da leitura.
O pior de tudo é que o livro segue em um ritmo totalmente linear, sem nenhuma reviravolta, sem nenhuma surpresa, apenas os anos passando enquanto Connell e Marianne se separam e voltam, se separam e namoram outras pessoas, aí voltam a ter um relacionamento-que-não-chamam-de-relacionamento e enquanto isso Connell nem mesmo consegue se decidir sobre o que sente por Marianne, e ela, sempre se coloca nas situações mais desconfortáveis o possível.
Sinceramente, para mim Pessoas Normais foi um dos livros mais estranhos que li, no qual não consegui entender nem um pouco nenhum dos personagens, suas escolhas, seus pensamentos, seus sentimentos... Nada. E, além disso, a história conta com vários gatilhos (como violência doméstica, bullying, suicídio...).
Pessoas Normais foi uma leitura extremamente desconfortável e confesso que não consigo entender o que as pessoas veem de tão lindo, incrível (o que me fez ficar perguntando para mim mesma: será que li esse livro da forma errada?). Creio eu que se fosse escrito de uma forma diferente, poderia até ter me envolvido mais, mas ainda assim não sei se conseguiria compreender os personagens e criar uma conexão com eles.
The story may seem like a cliché, like "comings and goings of love" but it touched me as deeply as a long time ago reading did not. Probably by the script, apparently simple, to bring the daily life of a love story with elements that most if we live, lived or will live one day. Pretty. Sad. Happy. Real.
Uma história atemporal, com personagens reaiss, reflexões sociais e é importante destacar os gatilhos. Achei a narrativa um pouco estranha pelos saltos temporais, mas ao todo é uma obra delicada e que merece reconhecimento, principalmente pela mensagem que deixa ao leitor mesmo quando chegamos ao final.
Foi meu primeiro contato com a autora, mas decidi que quero me arriscar em mais obras dela.
Esse é meu terceiro contato com essa história: eu assisti a minissérie duas vezes e já tinha lido em inglês. Eu solicitei o ARC para dar uma olhada em como ficou a edição em português e fiquei muito satisfeita. Esse é um livro muito difícil de traduzir exatamente porque ele trata de problemas de comunicação e a escrita é o ponto mais alto.
Pessoas Normais se trata de duas pessoas que moram no interior da Irlanda e se conhecem na escola. Marianne e Connell tem vidas sociais extremamente diferentes, mas eles possuem muitas características em comum, e por causa disso, acabam se apaixonando e vivendo um romance secreto.
Eu acho o jeito da Sally Rooney escrever muito original - o que eu sei que não vai agradar a muitas pessoas - e ela conseguiu construir personagens complexos, que cometem erros mas que tem suas motivações.
O único problema que eu tive com o livro foi que, dentro de um mesmo capítulo, tinham vários saltos no tempo, e isso me deixou um pouco desorientada. Muitas vezes acho que as mudanças na continuidade nem eram necessárias para a história.
Pessoas Normais conta sobre o relacionamento e a vida de Marianne e Connell desde o último ano escolar, até quase toda a vida universitária em Dublin, mostrando recortes de sua vida de meses a meses a cada capítulo, com algumas passagens não lineares para justificar o que teve de importante no meio do caminho para justificar as mudanças.
É um livro fácil de ser interpretado (ou sentido) de diversas maneiras, com altas chances de em uma releitura futura ser enxergado de maneira diferente, pois em Pessoas Normais há várias nuances no relacionamento dos protagonistas e tópicos que permeiam a vida dos dois, como questões de classe social e abuso.
Em um momento no relacionamento de Marianne e Connell é de se imaginar que o problema é a falta de comunicação, em outro é o preconceito e o medo de ser livre para fazer o que quiser sem se importar com opinião externa, mas também não pode se esquecer da bagagem que ambos trazem de seus ambientes familiares, de qualquer forma já no finzinho do livro há um quote que pode ajudar a clarear o que eles significam:
"Todos esses anos eles foram como duas plantinhas, dividindo o mesmo pedaço de terra, crescendo um ao redor do outro, se contorcendo para criar espaço, tomando certas atitudes improváveis."
Hoje o que eu acho que é o maior lixão no livro é o ambiente familiar da Marianne, pois o irmão dela é dos mais trastes que já li, mas a toxicidade dos grupos de amizades não ficam tão atrás, por conta de trazerem aos protagonistas um grande preconceito em suas ações. Um ponto negativo é que o livro deixa claro os diversos tipos de abusos mas não dá uma solução ou voz ativa para eles em boa parte do livro.
O ritmo da história é uma constante onda de altos e baixos na vida de ambos os protagonistas nesse período mostrado, e o final reflete isso, pois acabou e pronto. Pelo tanto de tópico sensível abordado, acho que seria bom ter uma notinha para buscar ajuda no CVV, que nem tem no livro Céu Sem Estrelas (que foi a minha resenha anterior), ou às vezes não tem por ser o e-book do Netgalley.....
O livro resultou em uma minissérie que é uma parceria da BBC Three com a Hulu, que eu assisti antes de ouvir falar do livro, enquanto na série houveram umas cenas que senti mais o que estava ocorrendo com os personagens, no livro há bem mais nuances do que estava ocorrendo com os dois, como por exemplo eu não lembro de ter sido abordado na série os problemas alimentícios da Marianne. Porém algo está bem garantido nas duas mídias: a sintonia de Marianne e Connell.
A história de Connell e Marianne começa na escola, na qual ele é um dos populares e ela o completo oposto. Mas ninguém sabe que a mãe dele é empregada na casa dela e é lá que eles desenvolvem melhor uma relação.
Já na faculdade, os papéis invertem. Marianne agora encontrou seu espaço e tem um círculo de amizade, enquanto Connell segue meio isolado. É fato que há uma atração forte entre os dois, entretanto, isso nem sempre é algo bom na vida de cada um.
Pessoas Normais não poderia ter um título melhor, ele expressa bem a trama desenvolvida pela Sally Rooney. Trama essa que traz dois interessantes personagens e uma relação um tanto quanto conturbada.
A narrativa da autora prende o leitor facilmente, sendo que durante a leitura o texto fluía sem que eu percebesse. E temos também uma construção interessante de tempo, no qual vamos passando por vários momentos dos dois e como essa passagem afeta ambos.
Eu ainda não havia tido contado com nenhuma obra da autora e devo dizer que no quesito escrita a autora me surpreendeu, sua narrativa é muito fluida e você se pega envolvido com a história e simplesmente não sente o tempo passar. Sally escreve o livro com espaços de tempo sempre focando nos momentos em que os protagonistas da história interagiram e eu achei essa forma de escrita bem interessante.
Eu criei uma empatia tão forte com os protagonistas da história e claro isso é mais uma parte do trabalho bem feito da autora, passei junto com eles todos por todas as montanhas russas de sentimentos. Eu amei conhecer Connell, ele inicia sendo um pouco babaca mas ele cresce e evolui demais durante toda a leitura, ele é tímido, inteligente e esforçado mesmo com todas as dificuldades. Marianne desde o começo é um impacto, inteligentíssima, sempre muito na dela, acho que o desenvolvimento dela real e ao mesmo tempo muito pesado, o que me fez amá-la ainda mais.
Nem tudo no livro são flores, a leitura grita gatilhos para todos os cantos, a autora abordou vários temas neste livro — suicídio, bullying, violência doméstica, relacionamento abusivo, depressão e ansiedade —, mas, sinceramente ela não conseguiu trabalhar bem nem metade desses temas e trazer as discussões que seriam interessantes sobre eles. Isso acaba por tornar a leitura pesada e ainda que eu tenha de fato gostado do livro, eu me senti completamente exausto e pesado ao terminá-lo.
Acho que a autora não poderia ter escolhido um título melhor e mais significativo passa esse livro, porque no fim, muito do que aconteceu na história é que realmente acontece com as pessoas de nosso cotidiano, principalmente nas questões de falha/falta de comunicação. O livro não é perfeito e sem dúvidas difícil de digerir, mas, ele é verdadeiro e por isso ele é tão impactante.
Pessoas Normais, de Sally Rooney, causou um burburinho entre o meio literário nos últimos dias e, por isso, fiquei curiosa para ler esta história e saber se era mesmo tão boa quanto as pessoas estavam falando.
Aqui nós vamos encontrar uma história de muitas idas e vindas e confesso que um pouco irritante em algumas vezes. Basicamente, em Pessoas Normais nós vamos encontrar a história de Marianne e Connel. Os dois são muito diferentes, literalmente, mas estão sempre juntos de certa forma. Ambos foram criados em uma pequena cidade do interior da Irlanda e estudaram na mesma escola a vida inteira. Entretanto, Marianne era a menina que sofria bullying e Connel era o cara popular da escola.
Contudo, as diferenças entre eles não param por ai. As famílias deles dois são completamente distintas entre si. Marianne vem de uma família rica, porém totalmente disfuncional. A de Connel é mais pobre, porém muito mais estruturada. Ambos se conhecem, principalmente, porque a mãe de Connel trabalha na casa de Marianne.
Quando os dois vão para a faculdade, as situações meio que se invertem. Connel passa a ter mais dificuldade para fazer novos amigos, enquanto Marianne passa a ser mais popular. Ao longo da narrativa, mesmo com tantas idas e vindas, percebemos que ambos sempre estão ali um para o outro. E percebemos, também, que como as pessoas acabam influenciando no rumo das nossas vidas, de acordo com as decisões que tomamos.
Em Pessoas Normais, nós vamos ter uma história de amor, mas, sobretudo, de amizade entre duas pessoas. Aliás, eles são pessoas normais, nada do que está descrito neste livro parece impossível de acontecer.
A escrita da autora é leve e fluida e o texto tem uma característica peculiar. Sally Rooney escreve um texto corrido e não separa diálogos por travessões ou aspas. Pode assustar em um primeiro momento e pode tornar o começo da leitura um pouco mais difícil. Mas, quando a gente percebe já está imerso naquela história e sente muito os sentimentos de cada personagem. Talvez, para mim, este fato tenha dito o que mais me chamou a atenção: como a autora consegue nos fazer sentir na pele tanto do Connel quanto da Marianne.
É isto, experiência incrível a leitura de Pessoas Normais. Recomendo.
Eu acabei o livro nesse minuto e eu sei que vou escrever uma resenha mais completa depois e postar no Instagram, mas ao mesmo tempo eu queria tentar escrever alguma coisa enquanto meus sentimentos sobre ele estão à flor da pele.
Eu acho que nunca me senti tão desconcertada com um livro. Tudo que acontece o tempo inteiro, os diálogos infernos, os relacionamentos, as emoções, tudo tão cru e real que mesmo não tendo passado por nada parecido deixam a sensação de que tudo aquilo aconteceu comigo. Vai ver aconteceu, vai ver enquanto os personagens viviam aquilo eu também vivia.
Eu costumo dizer que se alguns personagens falassem exatamente o que pensando e não o que os outros esperam que eles digam, nada de ruim aconteceria. Mas aí também não teríamos o livro. E como isso é real. Como as pessoas tem dificuldade em dizer o que de verdade passa pela cabeça delas e como a vida seria mais fácil, como os relacionamentos seriam mais felizes. Mas a vida é assim.
Não sei se fiz muito sentido, talvez precise de mais tempo pra digerir o que eu acabei de ler ou processar tudo que pensei e senti.
Gosto bastante de como a Sally Rooney narra seus livros e cria personagens que você ama odiar e odeia amar, você nunca tem muita certeza sobre como se sente a respeito deles - só sabe que a história causou algo. Acho que um resumo de Sally Rooney é que você fica um pouco confusa sobre como se sente a respeito do livro ou dos personagens ao concluir a história, então tem muito a processar sobre eles porque há alguns traços que refletem nossos próprios sentimentos.
“Pessoas Normais” conta a história de Marianne e Connell, que se conhecem porque a mãe dele trabalha fazendo limpeza na casa de Marianne e também por estudarem no mesmo colégio, mas eles não podiam parecer aos olhos de todos mais diferentes do que são. Marianne é rejeitada por todos no colégio, que tratam ela como se fosse uma garota esquisita e cometem bullying com ela, ao contrario de Connell, que todos parecem adorar muito, além de ser do time de futebol do colégio, o que garante um certo status a ele, apesar de não ser rico e de uma família importante como Marianne é.
Um dia os dois conversam na cozinha da casa dela e a partir daí, eles entram nesse relacionamento meio confuso. Porém, Connell tem vergonha de assumir um relacionamento com a garota, por medo do que os colegas pensariam deles, então ele convida uma outra menina para ir com ele até o baile do colégio, o que faz com que Marianne abandone a escola, só voltando lá para fazer as provas necessárias para que pudesse entrar na faculdade, além de passar a evitar Connell completamente.
E então meses se passam e as coisas tornam um caminho diferente: quando se esbarram novamente na faculdade, agora Marianne é popular enquanto Connell não consegue mais fazer amigos, o fazendo se sentir absurdamente solitário. E mais uma vez eles entram nessa relação confusa, enquanto o livro sempre vai passando no intervalo de meses, levando nesse tempo todo idas e vindas desse relacionamento e amor que eles dizem sentir um pelo outro – com muito mais idas do que vindas, se eu vou ser bem sincera.
[Continua em: https://idris.com.br/blog/2019/11/29/resenha-pessoas-normais-sally-rooney]
Connel e Marianne se conhecem desde a infância: ela vem de uma família rica e ele é filho da empregada dela. Ambos cursam o último ano do ensino médio na mesma escola, localizada numa cidade no interior da Irlanda, e mal se falam. Porém, inesperadamente, uma atração mútua surge e eles começam a se encontrar às escondidas. A partir daí, acompanhamos as idas e vindas desse relacionamento ao longo dos anos, principalmente após os dois se reencontrarem na universidade, em Dublin.
Eu já estava de olho em “Pessoas normais” há um tempo porque ele me lembrou “Um dia”, livro que é um dos meus favoritos da vida. De fato, a história é levemente parecida, mas aqui temos uma obra que retrata a juventude de maneira bastante verossímil para qualquer leitor que tenha entre 20-25 anos, afinal, o livro se passa na década atual (ao contrário do livro de David Nicholls, que mostra um período de 20 anos iniciado em 1985). A narrativa de Sally Rooney é exatamente o que eu esperava de uma autora com menos de 30 anos.
Apesar de o foco do livro ser nas relações entre os personagens, a autora aborda diversos outros assuntos que servem de pano de fundo, como diferenças sociais, abuso, transtornos mentais, bullying e slut shaming. Eu achei tudo bastante real e identificável; em vários momentos, me pegava pensando: “eu conheço uma pessoa exatamente assim!”.
Os protagonistas são pessoas do tipo que amamos odiar. Cheios de defeitos, mas, ao mesmo tempo, encantadores. Marianne foi a minha favorita, mas nos momentos em que ela se tornava uma pessoa bizarra, me identificava e gostava mais de Connel.
Recomendo a leitura para quem gosta de histórias simples, sem cliffhangers ou plot twists e que contam apenas com bons personagens para manter o leitor interessado. O único ponto negativo, pra mim, foi a quantidade de páginas; acho que se tivesse umas 100 a menos, seria uma experiência mais memorável. De qualquer forma, foi uma boa leitura!
Eu tô meio confusa sobre esse livro porque durante a maior parte da leitura eu ficava pensando se eu gosto dos protagonistas ou se eu tava com raiva deles por tudo o que acontecia. Aos poucos eu ia entendendo por que acontecia X ou Y e por que ele e ela agiam dessas formas. É uma história introspectiva sobre como tudo o que passamos vai moldando nossas identidades e nossas decisões.
Tem uma vibe meio Um Dia porque tem pulos de tempo nas vidas do Connell e da Marianne até eles se "reencontrarem". Um ponto que realmente não dá pra negar como positivo é a escrita da autora - mesmo quando a história me deixava com essas dúvidas, eu continuei lendo porque o jeito como ela conta histórias é muito interessante e não te faz querer largar o livro.
O final, especialmente, eu adorei. Achei natural e justo com a história inteira :)
Gatilhos: violência doméstica, assédio sexual, suicídio, depressão, bullying.
Pessoas Normais foi um lançamento que eu aguardei com empolgação, e assim que tive ele em mãos tratei de ler. E que leitura fluída! No começo estranhei os diálogos, que não são sinalizados com travessão ou aspas, são simplesmente (ou complexamente) misturados com o restante do texto. Você os identifica, sim, quando começa a lê-los.
O que é ser uma pessoa normal? Nossos personagens entram em diversos dilemas pessoais por não se encaixarem totalmente, seja uma questão social, romântica ou familiar. Marianne é a garota estranha do colégio, que não tem amigos, não fala com ninguém e se veste e se comporta excentricamente, pelo menos é isso o que falam dela. Também falam que ela é louca, que tem problemas mentais sérios e que é o tipo de pessoa que você tem que se manter longe. Algumas dessas agressões ela sofre em casa, num ambiente totalmente abusivo.
Connell é um garoto popular, e nem precisa se esforçar muito para ser bem visto ou quisto entre seus colegas. Ele é inteligente, bonito e se dá bem nos esportes. O que diriam seus amigos se o vissem ao lado de Marianne? Se soubessem que, escondidos, eles se encontram? Ele não pode arriscar. No colégio ele destrata a garota com toda a indiferença que consegue, e torce para que ninguém descubra o envolvimento depois.
Quanto tempo eles, cada vez mais frágeis com seus próprios traumas, vão aguentar as pressões que surgem de todos os lados? A relação deles passa por outras mudanças quando entram na universidade, com novas descobertas, pessoas e sentimentos envolvidos.
Essa é uma história de altos e baixos. Posso dizer que esse é o tipo de livro que ou você ama ou você fica como eu, sem saber muito bem o que acabou de acontecer aqui. A primeira metade foi incrível, e me envolvi com os personagens; a segunda já não me instigou tanto. Ficou confuso, e quase nenhum dos temas inseridos de última hora como a depressão foram bem desenvolvidos em minha opinião. Não houve tempo. Fiquei bem decepcionada com o desfecho e alguns pontos específicos, mas a ótima escrita da autora e seu estilo particular me encantaram. Certamente lerei mais dela em breve.
Desde Abril sem me recuperar da series finale de Fleabag, daí me aparece Sally Rooney pra desenterrar mais emocional enterrado. Ha!
Como seu sentimento por ela poderia jamais ser igual ao sentimento que tinha por outras pessoas?
Connell e Marianne vivem próximos, mas em realidades distintas. Ambos moram no interior da Irlanda, e estão se preparando para ingressar na faculdade e para todas as mudanças incluídas neste pacote. Inclusive, um novo lar. Connell tem muito que guardar de sua época colegial e em relação aos seus colegas de classe. Era um bom atleta, considerado popular, principalmente entre as garotas. Enquanto para Marianne será um novo começo, já que sempre era vista como a esquisita do rolê, sem amigos, e muitas vezes sofria bullying.
Desde que seu pai falecera, a garota se tornara ainda mais reclusa. A mãe de Connell, Lorraine, trabalha como empregada na casa de Marianne. Os dois sempre fizeram o possível para que o pessoal no colégio nunca desconfiasse. Fingiam ser dois estranhos frequentando o mesmo local por algumas horas. Só falavam-se ocasionalmente quando ele ia buscar a mãe. Até aquele fatídico dia de 2011. O simples "oi"tornou-se uma longa conversa, com estranhas confidências, e então, Marianne decidiu se entregar a Connell.
Antes de partirem para nova etapa de suas vidas, passaram boa parte do tempo juntos, mas ainda escondiam dos colegas o tipo de conexão que tinham. Connell, acreditando que Marianne prefere seguir desta maneira, decide não convidá-la para o baile. Marco do primeiro desencontro entre eles, pois só consegue rever Marianne tempos depois, na universidade. E encontros e desencontros é o que resume bastante o relacionamento entre eles. A autora apresenta os capítulos com passagens de tempo, às vezes mínimas; outras longas.
Na universidade o jogo vira. Marianne consegue todos os olhares para si, e está sempre rodeada de amigos. Todos querem estar ao seu lado, e apreciam sua presença em festas. O único amigo de Connell é seu colega de alojamento, Niall, e começa a nutrir estranhos sentimentos sobre aquele lugar. Muitas vezes sente que não se encaixa, ou que não é certo estar ali. Sempre que reencontra Marianne a atração entre eles acaba por renascer, mas por certo tempo. As amizades dela soam como de outro mundo pra ele.
Nessas indas e vindas, ambos iniciam relacionamentos amorosos com outras pessoas. Tentam ao máximo preservar a amizade, mas Marianne raramente esconde certos pontos que a incomoda nos relacionamentos dele. Enquanto Connell ama voltar para cidade natal, rever a mãe e seus amigos, a antiga vida de Marianne a corrói cada visita. Ainda mais com o péssimo tratamento que recebe da mãe meio negligente e do irmão, que se mostra tão abusivo quanto o pai era. E é quando a felicidade se torna uma máscara. Seus namoros não parecem tão saudáveis; sempre expondo-se a coisas doentias, como procurasse o terrível tratamento familiar em outros lugares. Marianne começa a acreditar que é uma pessoa ruim e só merece a dor.
Mais tarde o apego ao lar começa a cutucar a saúde mental de Connell, e também, sua vida acadêmica. Após um de seus amigos do colégio cometer suicídio, ele começa a questionar tudo naquele local, sua classe social, seus ideais, seu futuro... E conforme as páginas avançam, é nítido que qualquer tipo de amor que sintam um pelo outro, pode ser a única coisa válida para vencer suas dores.
Esta história inicia em 2011, que por coincidência, foi a época em que eu estava finalizando a faculdade. Naturalmente, me conectei com os dois protagonistas em diferentes pontos. Adicionando o fato que adoro coming of age, principalmente filmes indie neste estilo - ao ler Pessoas Normais me senti assistindo um deles. Sempre pegam na transição, não costuma ser aquele romance jovem de sempre; explora muito o lado emocional nessa fase. Alguns são mais amenos, outros nem tanto.
É incrível que, conforme as páginas avançam, o contraste na vida de Marianne e Connell se faça tão marcante. Começando pela diferença de classe, como ingressar numa faculdade renomada acaba por afetar ambos, a criação... Connell foi criado por mãe solteira. Ele e Lorraine são como melhores amigos, ele até a chama pelo nome em algumas ocasiões. Mas não interpretem Marianne como uma esnobe. Nada disso. Lembre-se que é uma personagem que acredita que não é pra "ser amada". Como viveu muito tempo sem relacionamentos saudáveis é como se tudo fosse novo pra ela, acaba por muitas vezes agir como ingênua, pois não consegue enxergar o desprezo que ronda a vida acadêmica de Connell.
Os dois são ótimos protagonistas. Sério, não consigo ter um favorito. Ambos são maduros e inteligentes, conversam sobre tudo. Amam ler sobre tudo. Política e filosofia são o ponto alto de boas trocas entre eles. E sabem como ser sarcásticos. O velho e bom humor irlandês. Marianne é super sincera, raramente esconde o que sente dele. Muitas vezes o deixa sem saber o que dizer. A virada emocional de Connell foi o que acabou me surpreendendo, em vista que já sabemos sobre parte de Marianne desde as primeiras páginas, então sua apresentação emana otimismo. E foi quando eu comecei achar que o livro teria um final desgracento. Mas acabou sendo um doce amargo.
A narrativa de Sally Rooney é meio diferentona. Ha! Os diálogos são a narrativa, entendem? Não há sinalização para eles. A conversa é crucial e é o que faz o romance. Acredito que seja a primeira vez que eu esbarro com esse tipo de construção. Não me incomodou, na verdade, a escrita dela dialoga perfeitamente com o estilo proposto. Sim, há narrativa a parte também, e ela nos leva para vários lugares pela Europa, preciso dizer.
Pessoas Normais está conquistando pessoas do mundo inteiro. Sally Rooney arranca elogios e prêmios por onde passa, e muitos aguardam ansiosos por suas próximas histórias. Acabo de me incluir nessa lista, pois é ótimo encontrar autores que dialogam perfeitamente com a gente, ainda mais emocionalmente. Como Connell, cheguei no meio da vida acadêmica com uma cria de saúde mental pra cuidar. Como Marianne, às vezes sinto que ficar longe mudará tudo, e também tenho uma certa frieza e sou pouco amável. E para completar, ela ainda me presenteia com o lance do foco na escrita nessa fase conturbada. E mais ou menos na época em que me interessei... AAAAA A SENHORA TÁ FALANDO COMIGO?
Como mencionado, o final é um doce amargo. É satisfatório. Não é triste, mas rola um tipo você decide os caminhos, porque a jornada da vida está sempre mudando, né? O carrossel adora nos colocar em outros testes quando tudo parece estar resolvido. Talvez ela dê uma mexida na adaptação, que será uma série com doze episódios. Ela vai roteirizar TODOS.
Edição lida em e-book, em parceria e cedido através da plataforma NetGalley. Não era a versão final, mas a leitura fluiu muito bem. Achei a ideia da capa interessante. Após a leitura dá pra interpretar de várias maneiras, e uma das minhas é que representa a sintonia perfeita entre eles, quando estão conectados. Não de uma maneira sexual - apesar de ter, ha - mas quando estão juntos.
3.5 stars
*Thanks Companhia das Letras and Netgalley for providing me with a copy of this book for review*
Trigger warnings-Violence, sexual assault, alcohol, drugs, anxiety, suicide, and toxic relationships
The author's writing was very interesting to read, I don't know yet whether I liked it or not, but it was definitely interesting to read, and made the book very quick read.
I loved the two main characters even with all their shortcomings I managed to hold on to them and what they were going through, I also just liked them (and Lorraine) the others are all kind of detestable characters.
I also enjoyed how the book describes and addresses issues related to all kinds of relationships, but the lack of communication between the main characters left me very frustrated during the book.
Some things in the book made me a little uncomfortable but nothing that might be offensive to anyone.
Plot-wise the book is no big a deal, its book you read more because of the characters and their relationships.
All the subjects that the book proposes and speak in my opinion were very well represented.
The open end made me very angry and I felt like I had read the whole book for nothing.
Eu simplesmente amei esse livro! Mas antes de falar sobre ele, eu quero agradecer a companhia das letras por disponibilizar uma cópia antecipada para que eu pudesse ler antes do lançamento.
Então, vamos falar sobre o livro. Confesso que eu não esperava nada desse livro, mas queria entrender o hype que estava sendo criado no exterior. Dessa forma, eu comecei a ler e MEU DEUS.
O livro conta a história de Connel e Marianne, Marianne é uma menina de alta classe que vive em uma mansão e podemos dizer que tímida. Já Connel é totalmente extrovertido e filho da empregada que trabalha na mansão de Marianne.
De cara parece algo bem clichê, pois você já espera que eles vão se apaixonar, mas as relações e aas vivências desses personagens quebram todos os clichês. Os problemas deles, a relação com a família, os dilemas da faculdade... Tudo isso fez eu me aproximar mais deles, pois apesar de tudo, eles são pessoas normais. Sim, a história fala sobre pessoas normais, vai ser fácil comparar os personagens com um conhecido ou até com você e isso é o ponto alto.
Outra coisa: a escrita da autora. No começo eu fiquei meio recatado, porque pensei que iria atrapalhar a leitura, porém foi totalmente o contrário, o livro fluiu muito rápido.
Então foi isso, minha nota final ficou um combo perfeito de 5 estrelinhas e um coração.