Member Reviews
Exatamente o tipo de livro que gosto: apresente uma nova cultura, apresenta uma história que poderia ser real e que emociona, é cheia de gatilhos SIM, mas trata-se de um dos livros mais marcantes que li esse ano e é claro que isso é o resultado de um bom enredo, uma boa construção de narrativa e de personagens tridimensionais.
Herdeiras do Mar é o romance de estreia de Mary Lynn Bracht, autora de ascendência coreana que conheceu o vilarejo de infância de sua mãe em 2002 e, por lá, a história das mulheres de consolo, escravas sexuais que eram sequestradas e obrigadas a se prostituir em em bordéis japoneses durante a Segunda Guerra Mundial.
O livro foi publicado no Brasil em 2020 pela Editora Paralela e, em formato de ficção histórica, narra sobre uma mulher que não existiu de verdade, mas cuja história representa a dor de todas as mulheres de consolo e daqueles que ficaram para trás, como amigos e familiares.
Hana é a nossa protagonista. Hana significa um, em coreano, mas também é uma palavra existente na língua japonesa, flor. Ela nasceu quando a ocupação japonesa já acontecia na Coreia, mas cresceu orgulhosa de poder seguir os passos de sua mãe como uma haenyeo, mulheres mergulhadoras que levam sustento para casa.
A vida na Ilha de Jeju era divertida, ao lado da mãe e de sua irmã mais nova, mas um dia de trabalho se transforma em desespero quando Hana, para salvar a pequena Emi, se vê capturada por um soldado japonês e levada para a Manchúria, onde com apenas 16 anos seria obrigada a se tornar uma mulher de consolo.
Suas condições de vida são péssimas e são inúmeras as atrocidades com ela cometidas, transformando Herdeiras do Mar em uma leitura extremamente forte e difícil, mas igualmente necessária e realista sobre essas vítimas da Segunda Guerra Mundial que não são lembradas nas aulas de história.
O livro se passa em dois tempos: no passado, conhecemos a resiliente Hana e o seu dia a dia de medo e de dor, mas principalmente de luta pela sobrevivência e de vontade de voltar para a casa. No presente conhecemos Emi, aquela que foi salva e ainda hoje, na terceira idade, sonha em rever sua unnie — irmã mais velha, em coreano.
As duas narrativas são intercaladas pelos capítulos do livro, apresentando visões extremamente tocantes de uma história que, a princípio, pode ser ficcional, mas que se assemelha em muito a realidade de inúmeras famílias coreanas que até hoje convivem com as feridas — físicas e emocionais — da Guerra e da ocupação japonesa. Como retrato histórico e extremamente político, o livro nos ajuda ainda a compreender um pouco mais sobre o porquê das relações entre a Coreia e o Japão serem, até hoje, tão frágeis.
E mesmo não sendo um livro de entretenimento, Herdeiras do Mar faz o leitor se aproximar de seus personagens e de sua luta. Você torce por Hana, você chora com Hana, você tem esperanças como Emi, sentimentos empáticos provocados por uma leitura tão delicada, ainda que violenta e, sobretudo, necessária.
Esse não é um livro fácil de ler ele tem vários momentos pesados e eu terminei o livro com uma sensação terrível. No entanto, esse é um livro importante para conhecer alguns fatos que não são conhecidos e comentados da nossa história.
Um dos melhores livros lidos em 2020. Que história linda das irmãs coreanas. A mais velha foi sequestrada pelos japoneses e a fizeram escrava sexual deles e a mais nova passa a vida toda procurando a irmã. Linda. Amei!!
Coréia, 1943. Hana e Emi viveram a vida inteira sob ocupação japonesa; seus nomes coreanos, literatura e práticas culturais são reprimidos e tornados ilegais. Morando na ilha de Jeju, Hana é uma Haenyeo, uma mergulhadora do mar. Tanto ela como a mãe, assim como outras mulheres, desfrutam de uma independência que poucos coreanos podem desfrutar. Emi é muito jovem e, portanto, tem que esperar na praia enquanto observa e espera que sua mãe e irmã terminem o mergulho e a captura de criaturas marinhas.
Um dia, Hana vê um soldado japonês na praia em direção a sua irmã. Com toda a sua força, ela segue em direção à costa, salvando sua irmã mais nova, mas no processo é capturada e transportada para se tornar uma ‘mulher de conforto’.
Mudando para 2011, somos informados da história de Emi e de sua vida tentando reprimir a infelicidade de seu passado, incluindo o sacrifício que sua irmã fez. No entanto, para descobrir a paz, ela deve enfrentar seu passado e procurar valentemente por sua amada irmã.
O livro muda de ótica entre os anos, sob o ponto de vista de Hana para 2011 do ponto de vista de Emi. Enquanto o ponto de vista de Hana descreve o horror absoluto de ser traficada, estuprada e abusada repetidamente enquanto sendo uma ‘mulher de conforto’, a história de Emi mostra os efeitos posteriores do desaparecimento de sua irmã, o Massacre de Jeju e seu casamento forçado.
Este livro destacou um pedaço da história sobre o qual eu mal sabia. Eu tinha ouvido falar da ocupação japonesa na Coréia, mas não muito mais. Acredita-se que até 200.000 mulheres e meninas coreanas foram roubadas, enganadas e vendidas como escravas sexuais militares para e pelos militares japoneses durante a colonização japonesa na Coréia. Muitas dessas mulheres e meninas não voltaram para casa e ainda estão desaparecidas - suas famílias nunca encontraram respostas para o paradeiro ou souberam o que aconteceu com elas. Suas histórias trágicas desconhecidas.
Inacreditavelmente, foi apenas em 1993, quando o Japão reconheceu a existência de mulheres de conforto, que depois foram retiradas. Parece que não há reparação para essas mulheres, nenhum pedido de desculpas ou reconhecimento governamental substancial de suas histórias. Há um silenciamento dessas vozes.
A verdadeira história das 'mulheres de conforto' coreanas, isto é, escravas sexuais raptadas pelo exército japonês para o 'serviço' de tropas, sem dúvida merece ser contada, mas este não é um romance particularmente realizado ou sofisticado. De fato, seria ótimo se ele contasse toda a história dessa garota escravizada, mas ele passa mais tempo falando de outras coisas do que dentro do bordel onde ela está inserida.
Recomendo a leitura se você gosta do contexto e pretende saber mais a respeito do que acontece em algumas situações na Coréia. Acredito que todos os livros que lemos, nos ensinam de alguma forma, este por exemplo me fez buscar mais de um história que eu não conhecia a fundo.
Herdeiras do Mar é um livro tocante e muito sofrido de ler, durante toda a leitura foi impossível não chorar com todo o sofrimento das personagens. Confesso que não é o tipo de livro que gosto de ler, mas é realmente uma leitura necessária, pelo fundo histórico real, pelas injustiças e pela falta de reparação, servindo também como um alerta, porque tratamentos hediondos e desumanos contra as mulheres ainda continuam acontecendo em países em guerra.
A história é narrada pelas personagens Hana e Emi em tempos diferentes. Hanna é uma jovem de 16 anos que foi sequestrada por soldados japoneses durante a segunda guerra mundial e a ocupação da Coreia pelo Japão. Hana é levada para um bordel militar onde é presa e obrigada a servir como “mulher do consolo” aos soldados.
A personagem passa pelos momentos mais terríveis, cruéis e desumanos de sua vida, a esperança de voltar para casa rever a família e, principalmente, a irmã são as âncoras que a mantém viva nessa realidade desoladora.
A personagem Emi sobreviveu a duas grande guerras, 06 décadas se passaram desde então, mas Emi escondeu da família o passado de dor, sofrimento, perdas, traição e vergonha, como também a saudade sufocante que sente da irmã mais velha.
Acompanhamos a jornada das duas personagens, torcendo por reencontros e um final de paz.
Em Herdeiras do Mar além de contexto histórico envolvendo as guerras que a Coreia teve que passar, você também conhece um pouco da cultura do país e uma geração de mulheres fortes, as haenyeo, que arriscaram as suas vidas no mar em busca de prover a subsistência da família, elas eram matriarcas de seus lares.
Muitas mulheres que sobreviveram à escradivão sexual quando voltaram para suas comunidades não encontraram o apoio necessário, a Coreia que era uma sociedade patriarcal, e a pureza sexual de mulheres era muito importante. Mesmo livre de todas as atrocidades, muitas mulheres tiveram finais tristes.
As “mulheres de consolo” ainda aguardam um pedido de perdão do Japão, mas o país segue tentando apagar a história hedionda.
Como eu disse é um livro comovente e muito triste, não vou mentir, mas sim é uma leitura necessária, precisamos saber os que essas mulheres sofreram e como essa situação ainda perdura em guerras.
É sempre muito bom conhecer novas culturas e a forma como as mulheres são vistas e retratadas dentro delas. Herdeiras do mar é uma viagem linda e dolorosa, recomendo a todos que gostam desse tipo e também aos leitores de "Todas as cores do céu". Realmente muito bom.
Hana é uma garota de 16 anos que se orgulha em ser haenyeo, uma mulher do mar, que mergulha nas profundezas do oceano para tirar o sustento da família junto com sua mãe. Sua irmã Emi ainda é muito nova para o trabalho e fica na praia tomando conta da pesca.
A segunda guerra está em curso e a Coréia está sob domínio do Japão e seus cidadãos são todos considerados de classe inferior e estão sempre sendo submetidos a humilhações e privações. Hana ama demais sua irmã Emi, sete anos mais nova e é para defendê-la que ela ao ver um soldado japonês se aproximar esconde a irmã chamando atenção para si e selando um destino cruel ao ser levada por ele.
Eu já li muitos relatos sobre a segunda guerra, e, quando penso que já li todo tipo de crueldade descubro que estou enganada e que tem muito mais.
A autora traz a realidade das “mulheres de consolo” jovens que eram raptadas de suas cidades pelos japoneses e levadas a lugares distantes, para bordéis, sem direito a nada além de uma porção mínima de comida e uma vida de escrava sexual para dezenas de militares por dia.
O destino de Hana foi a distante Manchuria, e, apesar do sofrimento inimaginável a que é submetida diariamente, não perde a esperança de reencontrar sua família e principalmente sua irmã.
Em contrapartida sua irmã Emi também sofre com o destino de Hana e passa a vida pensando num possível reencontro.
Muitas passagens são bem cruas e me embrulharam o estômago e foi preciso parar, respirar e dar um tempo pra retomar a leitura que se torna fluída porque a gente quer saber onde e se esse tormento vai ter fim.
Uma leitura que mostra o sofrimento que uma guerra traz além do campo de batalha. Os desdobramentos longe do front são até mais cruéis porque a desigualdade entre os inimigos é gritante: meninas indefesas e soldados brutais. Jamais pode ser esquecido para que não se permita a repetição.
Fazia muito tempo que eu não me sentia tão desconfortável com o conteúdo de um livro, mas geralmente acontece ficções históricas baseadas em fatos reais.
Herdeiras do Mar tem duas narradoras em tempos diferentes: Hana (em 1943) e Emiko (em 2011). Ambas são haenyeo, mulheres mergulhadoras da Ilha de Jeju. A história se concentra nos impactos da Segunda Guerra Mundial e da Guerra da Coreia nos cidadães comuns do país, mas não é o tipo de coisa que se ensina na escola: o livro foca no psicológico das mulheres durante guerras, e como a bestialidade dos homens recai sobre elas. Também demonstra como algumas tragédias são "varridas para debaixo do tapete" e muitos nunca encontram a justiça que merecem, tudo escrito de um jeito muito bonito e impactante, trazendo muita perspectiva do cenário ao leitor.
Um dos livros mais imersivos e necessários que li nos últimos tempos.
Uma parte da historia, que não pode ser esquecida!
Um breve resumo da historia.
Hana vive com a sua família em uma ilha chamada Jeju, a tradição vem de família, ao completar a idade suficiente, vai virar uma Haeyeo, uma mulher do mar.
Ser uma Haeyeo, garante o sustento da família, mas é uma ativada perigosa, mergulhar até o fundo do oceano e achar coisas para vender no mercado. Assim é que as mulheres Haeyeo sustentam suas famílias.
Hana, tem uma irmã chamada Emiko, mas conhecia como Emi, ela ficou muito feliz quando ela nasceu, por que assim teria mais um companhia para mergulhar.
Mas tudo isso muda, quando um dia na praia, um soldado japonês aparece, e as irmãs já foram instruídas a ficar longe deles, pois a Coreia está sob ocupação japonesa, e eles são perigosos, principalmente quando se trata de mulheres, mas Hana, está no mar e quando volta com o corpo para a superfície, ela vê o soldado Morimoto pela primeira vez.
Ela nada rápido para tentar impedir que ele não veja a sua irmã, que está atrás de uma pedra, e quando chega na praia, ela a sequestra, e a leva embora, Emi fica sozinha.
Anos se passam, e tudo que Emi quer, e saber aonde está sua irmã, aquele dia na praia deixou marcas inesquecíveis na vida dela.
Hana, foi levada para um bordel na Manchúria, e lá é forcada a virar uma “mulher de consolo” para os soldados japoneses, e tudo que Hana quer, é voltar para casa e para sua irmã, que fica feliz em ter salvado ela, não medir esforços para voltar para a sua família se conseguir.
MINHA VISÃO SOBRE A OBRA:
Mary Lynn, escreve com maestria uma parte da história da segunda guerra mundial, que hoje está esquecida por muitos, durante a ocupação japonesa na Coreia, não só mulheres sofreram nas mãos de soldados japoneses como também suas famílias, que eram acusadas de ser comunistas e traidores do imperador japonês.⠀
⠀
Mas está obra magnífica, foca mais nas mulheres, que foram as grandes vítimas dessa guerra e ocupação no seu país. Em um cenário a onde mulheres ainda crianças e também adultas, eram enganadas e raptadas de suas casas e famílias, para ser uma escrava sexual nos bordeis desumanos japoneses, onde estima-se hoje que mais de 200 mil mulheres Sul coreanas, tenham sofrido e morridos nestes bordeis, sem que suas famílias saibam que fim as suas vidas tomaram.⠀
⠀
Durante esta ocupação que durou 14 anos, a língua nativa coreana foi banida, assim se tornando ilegal em 1938 após um programa de assimilação ativa de coreanos colonizados, a onde a prática de costumes coreanos, como os cultos, artes músicas e sua língua nativa, era tudo proibido.⠀
⠀
Em uma época que os coreanos foram oprimidos, os japoneses destruíram a vida de muitas famílias, levando para a escuridão vidas de mulheres que jamais seriam ouvidas novamente. Confesso que é um livro pesado, emocionante e muito necessário, quanto mais pessoas saber que isso aconteceu, e manter vivo essa lembrança, vamos estar fazendo a nossa parte para ajudar a humanidade não deixar que isso ocorra novamente.⠀
⠀
O amor e a esperança em dias difíceis move o coração de Hana e Emi, o poder da escolha dos sentimentos, as emoções que nós queremos viver, importa sim e nos direciona para um futuro melhor, e as vezes incerto. Eu chorei sim, e achei o final excelente, e muito realista.⠀
⠀
É impossível não se emocionar, com uma história tão formidável, e torcer para que essa parte da história alcance muitas pessoas pelo mundo. Eu favoritei o livro para vida, as lições impostas aqui dentro é de valor inimaginável.⠀
⠀
Além do tema pesado, a narrativa é fluida e viciante, intercalando com a visão de Hana e Emi, temos duas linha temporal, onde tudo que queremos é saber o desfecho final.⠀
⠀
O livro aborta temos como, luto, perdão, amor, esperança e guerras políticas, mostrando como isso pode acabar com o mundo de forma devastadora, deixando marcas irreparáveis em milhares de vidas.
Durante a segunda guerra mundial, é se suma importância que nós lembramos que países como, Filipinas. Tailândia. Vietnã, Malásia, Taiwan e Indonésia, milhares de mulheres também foram tiradas de seus lares para servir ao exército japonês, como “ Mulheres de Consolo” que era o termo usado pelos japoneses naquela época, aonde os bordeis eram chamados de “estações de conforto” a onde as vítimas da escravidão sexual eram obrigadas a viver em locais desumanos, com pouca alimentação e higiene, e ainda sim serem agradeças fisicamente e verbalmente, diariamente pelas tropas militares japonesas.⠀
Um número inimaginável ao certo, de vítimas morreram, sozinhas e abandonadas após o fim da segunda guerra mundial, e poucas conseguiram sobreviver, uma delas foi Lee Ok-seon, que sobreviveu com marcas de doenças, humilhações físicas e psicológicas.⠀
E em uma entrevista de 2017 a BBC ela, Lee Ok-seon questionou o uso do termo “ mulheres de consolo” que faz referência a escravidão sexual das mulheres naquela época, dizendo então” Não fomos por vontade própria, fomos sequestradas e nos obrigavam a ter relações com muitos homens todos os dias!” Ela foi raptada aos 15 anos, e levada até um bordel na China, a onde foi escravizada durante 3 anos, e perdeu a maioria dos seus dentes e parte da audição. ⠀
Além disso, muitas das que sobreviveram, não tiveram liberdade de contar a sua história, para os familiares quando voltaram para casa, porque a Coreia era uma sociedade patriarcal, baseada na ideologia confuciana, e a pureza sexual das mulheres era de suma importância, muitas sofreram em silêncio, e tiveram que viver com os traumas e transtornos pós traumáticos.⠀
A autora também fez um trabalho para saber mais sobre as Haenyeo, que são mulheres que mergulham no fundo do oceano para sustentar suas famílias, uma coisa que gera orgulho em suas vidas como mulheres na sociedade, um trabalho sem magnífico, que nós dá prazer de acompanhar.⠀
⠀Trechos da Autora:
“A guerra é terrível, brutal e injusta e, quando termina, é necessário que haja pedidos de perdão, reparações, e que a experiência dos sobreviventes seja lembrada.” ⠀
“É nosso dever educar as futuras gerações a respeito das terríveis e reais verdades cometidas durante a guerra, não escondê-las ou fingir que nunca aconteceram. Devemos lembrá-las para que os erros do passado não se repitam.
Atenciosamente, Letícia Dapieve.
Lançado esse mês, Herdeiras do Mar se passa na Coréia do Sul durante a 2ª Guerra Mundial, período no qual o país estava sob um regime militar japonês. Esse regime foi extremamente violento e opressor, pois acreditava-se que a Coréia do Sul poderia estar sofrendo influência pelo movimento comunista da Coréia do Norte, apoiada pela China. Dessa forma, a “ameaça comunista” se torna uma desculpa para a censura da cultura sul coreana, proibindo a população de falar a própria língua mãe e praticar suas tradições, além de uma justificativa para a violência. Com esse respaldo, o exército japonês recrutava à força homens e garotos sul coreanos para a guerra, além de levar mulheres e, principalmente, garotas para trabalhar no campo ou em fábricas, mas também as tornando escravas sexuais de seus militares, passando a serem conhecidas como “mulheres de consolo”.
Nesse ambiente historicamente verídico, a obra de ficção nos apresenta duas irmãs: Emi e Hana, que sente uma grande responsabilidade de proteger sua irmãzinha 7 anos mais nova. As irmãs são haenyeo, mulheres que por tradição são mergulhadoras e obtém seu sustento e alimento no mar. Numa tarde de 1943 na ilha de Jeju, Hana já pratica o ofício com sua mãe, enquanto Emi brinca na praia, pois ainda não tem idade para os profundos mergulhos das haenyeo. Do mar, Hana percebe um soldado japonês se aproximando do local em que Emi brinca e, para proteger sua irmãzinha, ela nada em direção a ele para chamar sua atenção. Assustada, Emi assiste três soldados japoneses levarem sua irmã, sem saber se um dia voltaria a vê-la.
A narrativa de Mary Lynn Bracht possui duas linhas temporais, nas quais os capítulos se alternam. A primeira se passa em 1943, com Hana relatando desde o momento de seu sequestro até tudo ao que foi submetida no bordel na Manchúria. Já a segunda ocorre em 2011, pelo ponto de vista de Emi.
Esse livro choca e machuca, principalmente se nos atermos ao fato de que essa pode ter sido a história de várias garotas que viveram em meio a conflitos, mas traz uma percepção muito válida e necessária de ao que jovens inocentes são expostos durante uma guerra. É o tipo de ficção que provoca empatia para além das páginas, gerando preocupação com pessoas que não compõem nossa bolha social. Lhes apresento, então, o meu novo favorito do momento: “Herdeiras do Mar”.
Herdeiras do Mar vai contar uma história não muito contada (principalmente no Ocidente) sobre os impactos que as guerras tiveram na vida das mulheres coreanas.
Embora a Segunda Guerra Mundial seja a principal ambientação da obra, ainda podemos ver mais sobre a Segunda Guerra Sino-Japonesa, a Revolta de Jeju e a Guerra da Coreia.
E é sobre esse panorama bélico que é contada a história de Hana, uma haenyeo, uma jovem mulher do mar, tendo como ponto de partida seu sequestro enquanto tentava salvar sua irmã. Hana é raptada por soldados japoneses, em meio à Segunda Guerra Mundial, para "servir" em bordeis militares.
E é em busca de respostas que Emi, agora uma idosa haenyeo, vive.
Mas não só de Hana e Emi vive a obra, e os personagens secundários causam vários tipos de emoções, desde boas e esperançosas até puro asco.
O livro é uma jornada em busca da libertação, seja ela física ou emocional. E acompanhamos as personagens em seus percursos.
A obra é narrada em terceira pessoa alternando pontos de vista e anos. Hana em 1943, Emi em 2011.
E por vezes narra de uma forma que choca, que dói não só na alma, mas no corpo também. Que é necessário uma pausa. Que é preciso digerir tamanhas atrocidades.
O meu desejo é que todo mundo pudesse ler e se encantar e conhecer mais sobre essa história. E forte, não posso esquecer disso.
Just wonderful. Perfect. The narrative of two sisters separated by the Japanese occupation in Korea and the Korean War at the beginning of the last century is punctuated by the role of women in wars. A story based on true facts, cruel, shocking and very moving. I read it almost 4 hours straight
Herdeiras do Mar, de Mary Lynn Bracht, é o lançamento de junho do 2020 da Editora Paralela e, por enquanto está apenas disponível no formato digital. O livro, que é o primeiro romance da autora, foge do convencional e nos conta a história de duas irmãs, a Hana e a Emi, que foram separadas durante o período da Segunda Guerra Mundial.
O livro nos é narrado em dois períodos. Conhecemos a história na década de 1940 através da visão de Hana e, no período atual, quem nos narra é Emi. Todo o enredo é emocionante, mas pode despertar vários gatilhos por conter temas de violência e crimes contra mulheres. Contudo, conhecemos de forma romantizada, um período da história da Coréia, entre a ocupação do Japão e a guerra de separação das Coréias do Sul e do Norte.
Hana e Emi vivem na ilha de Jeju, na Coréia, e são de uma família de pescadores. Todas as mulheres da família delas são Haenyeo. Mergulham apenas com o próprio ar nas profundezas do oceano para pescar e ajudar no sustento da família.
A vida de ambas era tranquila, porém, viviam com medo da ocupação japonesa. Pois muitas meninas eram raptadas, mantidas em cativeiro e até mesmo violentadas. Hana acaba se sacrificando para salvar a vida da irmã deste terrível destino e acaba fadada a ter que se separar da própria família sem nem mesmo se despedir.
E é assim que a história flui… Mary Lynn Bracht nos traz as histórias de vida, bastante difícil destas irmãs e é uma história muito tocante. É dando vida a Hana e Emi que a autora retrata um pouco da história de Coréia e nos mostra o quão difícil foi um período em que todos os costumes e inclusive o idioma coreano foi banido daquele país durante o tempo de ocupação do Japão.
É uma história tocante e muito mais que válida e que nos leva a um mundo em que muitas vezes não vemos retratados nos livros que lemos.