"Notas de um Filho Nativo" (originalmente "Notes of a Native Son") é uma obra seminal de James Baldwin, uma das vozes mais influentes da literatura afro-americana do século XX. Publicado em 1955, o livro é uma coleção de ensaios que combina memórias pessoais com comentários sociais incisivos, explorando questões de raça, identidade e alienação na sociedade americana.

Baldwin nos apresenta uma reflexão profundamente pessoal e política sobre a experiência negra nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que desafia os leitores a confrontarem as realidades do racismo institucionalizado. Um dos aspectos mais notáveis do livro é a maneira como Baldwin articula a complexidade de suas próprias emoções e pensamentos sobre sua identidade como homem negro na América. Ele não apenas relata suas experiências, mas também oferece uma análise perspicaz das dinâmicas raciais que moldaram sua vida e a sociedade ao seu redor.

O ensaio titular, "Notas de um Filho Nativo", é particularmente comovente. Nele, Baldwin aborda o falecimento de seu pai e os tumultos raciais em Harlem que ocorreram simultaneamente, tecendo uma narrativa que é ao mesmo tempo íntima e universal. A dor da perda pessoal é amplificada pelas injustiças sociais que Baldwin testemunha, criando um retrato poderoso da condição humana em face da opressão.

Baldwin também merece elogios por sua habilidade em capturar a dualidade de sua existência, sendo constantemente dividido entre o amor e a raiva, a esperança e o desespero. Sua escrita é ao mesmo tempo lírica e contundente, mostrando um domínio da linguagem que é ao mesmo tempo poético e direto.

Em "Notas de um Filho Nativo", Baldwin não apenas se afirma como um escritor extraordinário, mas também como um pensador cuja coragem moral e integridade intelectual o tornam um dos grandes ensaístas do século XX. Suas reflexões continuam a ressoar hoje, oferecendo insights que permanecem relevantes em um mundo ainda marcado por divisões raciais e injustiças sociais.

Um excelente livro de ensaios do grande James Baldwin. Os textos falam de sua vivência como homem negro e gay nos Estados Unidos, onde se sentia à margem, como não pertencente a um legado cultural predominantemente europeu. É muito interessante a percepção dele de mundo e como isso foi moldando sua escrita e sua caminhada nas artes. Fiquei ainda mais curioso pra ler os romances. Baldwin tem uma voz sensível e atenta que logo nos captura.