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Por um feminismo afro-latino-americano reúne quase toda a produção de Lélia Gonzalez entre anos 1975 e 1990, desde ensaios a diálogos, incluindo seu discurso na Constituinte de 1987, e, obviamente, o artigo que traz para o todo dessa obra seu título, evidenciando sua luta em firmar um feminismo indissociável da questão racial e da visão colonial.
Assim, sua produção critica muito o viés eurocêntrico das ciências sociais, mesmo no Brasil, e também traz para o debate a interseccionalidade, ao tratar da dominação sexual sob a perspectiva ainda da classe social e da raça, que coloca a mulher negra numa posição de opressão diferente das mulheres brancas.
Embora possa ter algumas passagens repetidas (ponto comum em obras que costumam compilar produções de determinado autor), é um livro cujo conteúdo agrega inúmeras informações para se refletir temas muito além do feminismo negro, como o mito da democracia racial e o racismo propriamente dito.
É um livro cujos textos deveriam ser adotados com mais frequência nas escolas e nos cursos superiores de Humanas em geral.
Por possuir uma linguagem bastante acessível (exceto o último texto sobre Lacan), os temas tornam-se atraentes e são de importante debate.
Foi uma leitura vagarosa por aqui, pelo tanto de aprendizado oferecido num só lugar, e que vou guardar minhas notas e destaques para posteriores consultas.