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Livro surpreendente, narrativa cativante que prende o leitor. A história da Alice é ao mesmo tempo melancólica e introspectiva. Temos uma protagonista de meia idade que se encontra em um lugar que não lhe agrada. Ela foi obrigada pela filha a se mudar da cidade onde mora a anos, João Pessoa, para Porto alegre por conta da gravidez de sua filha. Alice deixa tudo para trás a contra gosto, e se encontra em um lugar que não a pertence e muito menos a representa. Após descobrir que ficará só nesta nova cidade, pois sua filha juntamente com o seu genro irão viajar a trabalho para o exterior por 6 meses. Esta é a gota d'água para Alice, e ela acaba andando a esmo pela cidade durante 40 dias. Tentando se perder e ao mesmo tempo se encontrar dentro de si. Tendo uma boa desculpa para sua peregrinação, o desaparecimento de um filho de uma vizinha que mal conhece, Alice entra em contato com a população marginal de Porto Alegre, pondo amostra as veias latentes das periferias e dos preconceitos que sofre por ser nordestina. O contato que temos com os acontecimentos desses 40 dias de aventura da Alice, é através de uma espécie de diário que ela decide escrever, em um velho caderno com a capa da Barbie, assim que volta de sua "quarentena" na rua. Dessa forma, a narrativa é extremamente íntima o que acaba ligando o leitor a protagonista. A história da Alice é tão interessante que, ao meu ver, renderia muito mais páginas do que temos no livro. O final não apresenta todas as respostas que esperamos e nem todas as conclusões que queremos. Contudo, é um final condizente que nos deixa com um gosto de "quero mais" ao fim da leitura.