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King nunca decepciona! Mais um livro do autor que leio e fico totalmente imersa e presa no enredo já quero a próxima leitura!
Não consegui ler ainda essa obra, e acabei priorizando outros livros, devido as parcerias que estou em atraso. Um dia quem sabe ainda leia o mesmo, e outras obras do autor.
Mais outro livro maravilhoso do King em que vc mergulhas nas paginas e só quer soltar o livro quando a trama terminar.
Não à toa fopi escolhido para integrar a Biblioteca King.
Super recomendo até mesmo para quem não nunca leu Stephen King e quer começar.
Em Trocas Macabras, uma nova loja está prestes a inaugurar em Castle Rock, o que deixa os moradores muito curiosos. Assim que a Artigos Indispensáveis abre, vamos acompanhando as idas dos moradores até ela e o que cada um compra.
Agora imagine: uma loja que vende aquilo que você mais deseja, por um preço praticamente simbólico e, é claro, um pequeno favor. Você toparia essa troca?
Com muita confusão geral na cidade, batalhas épicas, muita intriga, personagens cativantes e outros detestáveis, o livro tem aquele combo que o King sabe fazer muito bem! E claro, levanta questionamentos. Algo que me peguei pensando durante boa parte da leitura foi se valia a pena ter algo que eu quisesse muito, se ter essa coisa me fizesse ficar com um medo paralisante de perdê-la a ponto de não a utilizar, como aconteceu com alguns dos personagens. Isso, é claro, ignorando a parte do “favorzinho inofensivo” que eles tinham que realizar.
Eu me diverti demais com esse livro! Ele tem cenas completamente grotescas, beeem nojentinhas, mas que eu me via rindo pelo inusitado da coisa. Foi mais uma leitura do autor que entrou pras minhas favoritas.
Trocas macabras foi uma releitura que eu queria refazer há anos!
Engraçado como algumas partes ficaram marcadas na minha memória por tanto tempo e algumas eu tinha esquecido completamente.
Obviamente eu lembrava de algumas referências a outros livros, mas eu não lembrava da presença do Ace Merrill ou da conclusão da história dos personagens de A metade sombria. Essas referências são um plus na história.
Eu lembro claramente de ter achado graça em muitas partes do livro. Não, ele não é um livro engraçado, mas algumas coisas são tão bizarras que risadas parecem uma reação natural ao horror apresentado nelas.
Trocas macabras segue sendo um dos meus preferidos e Leland Gaunt é um vilão feito no mesmo molde de Randall Flagg.
📚 Resenha de hoje: "Trocas Macabras", de Stephen King. Leitura de março do projeto #lendoKing.
🃏 Na pacata(?) cidade de Castle Rock, estado do Maine, uma loja nova é aberta: "Artigos Indispensáveis". O gentil Sr. Leland Gaunt é o dono, vendedor e estoquista. Cada morador consegue encontrar na lojinha, quase que por milagre, seu maior objeto de desejo e os preços são quase irrisórios - ou assim parece. Não demora muito pra gente perceber que o Sr. Gaunt chegou pra botar fogo no parquinho.
🤠 O xerife Alan Pangborn está de volta, ao lado de uma pletora de personagens. Aliás, esse pra mim é o único defeito do livro: personagens demais, histórias paralelas demais. De qualquer modo, o leitor percebe logo quais são as mais importantes e pode escolher focar nelas.
😈 O tom da história é sobrenatural sem adentrar a fantasia. O tema é recorrente nos livros do King: o Mal em sua missão de corromper as almas humanas. O desenvolvimento da história é ágil e há personagens cativantes, mas lembre-se de não se apegar muito.
↗️ Ler King em ordem cronológica é muito recompensador.Em "Trocas Macabras" o kingverso já está bem estabelecido. Castle Rock não é só uma cidade, mas um personagem. Há referências a Zona Morta, Cujo e A Metade Sombria.
🖖🏻 E, claro, sempre há uma referência a Star Trek.
✨ Estrelinhas do caderno: ⭐⭐⭐⭐ e meia.
" - Quando você negocia comigo - disse Gaunt, se preparando para arremessar -, é melhor se lembrar de duas coisas: o sr. Gaunt sabe mais... e a negociação só acaba quando o sr. Gaunt disser que acabou".
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📖 Há uma nova loja na cidade. ARTIGOS INDISPENSÁVEIS, diz a placa. Um nome curioso, que se torna tema de rumores e especulações entre os moradores de Castle Rock. Para cada cliente que entra na loja, Leland Gaunt tem algo perfeito ― um objeto há muito sonhado, desesperadamente desejado. O preço parece sempre razoável, mas vem acompanhado de pedidos estranhos. O que começa como brincadeiras e pegadinhas inocentes aos poucos sai do controle, transformando a cidade em palco de disputas caóticas e brutais.
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🗨️ Tenho que dizer que esse livro conseguiu me deixar abalado por vários dias, e olha que já li inúmeras histórias de Stephen King rs. Não sei se foi apenas comigo, mas acho a primeira parte do livro muito arrastada, fazendo com que eu levasse mais tempo do que de costume para lê-lo, mas, depois, a história começa a andar num ritmo muito bom, e surgindo fatos a todo instante. Nesse livro também podemos ver como uma simples fofoca ou uma brincadeira inocente pode causar a discórdia de uma cidade inteira, e que um simples objeto, por mais banal que seja, pode mudar a personalidade das pessoas. Então, se escutou algo sobre você, investigue bem antes de tomar atitudes que podem ter graves consequências.
Por @dangomesn
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📃 Ficha Técnica
🔹 Título: Trocas Macabras
🔹 Autor: Stephen King
🔹 Editora: Suma de Letras
🔹 Ano: 2020
🔹 Número de páginas: 656 (Edição Física)
🔹 Avaliação: ⭐⭐⭐⭐
A inauguração de uma nova loja está deixando os moradores de Castle Rock em polvorosa. Os rumores e especulações são por conta do nome curioso da loja, Artigos Indispensáveis. O que será que vem a ser isso? Para a mãe de Brian Rusk nada mais é do que mais uma loja de antiguidades com móveis antigos falsos e telefones à manivela mofados. Mas ela não poderia estar mais enganada e Brian soube disso em primeira mão ao passar em frente a loja um dia antes do previsto para a inauguração e, encontrar uma placa de aberto na porta. Brian não pretendia entrar, mas a curiosidade falou mais alto e quando percebeu já estava do lado de dentro da loja olhando para prateleiras praticamente vazias. E já estava indo embora quando o dono da loja apareceu.
Ele se apresenta como Leland Gaunt e diz que Brian tem a honra de ser seu primeiro cliente e por isso ela fará um preço bem camarada pelo que Brian escolher comprar. Brian que só tem noventa e um centavos no bolso não pretendia comprar nada, mas ao ser questionado sobre seu maior desejo no momento, ele diz sem hesitar: um card de beisebol de Sandy Koufax. E o Sr. Gaunt não só tem o card certo, como ele está autografado com uma dedicatória para Brian. E quando o Sr. Gaunt diz que vende o card por oitenta e cinco centavos, mais uma ação, Brian nem ouve mais nada e sai da loja com o card e sem nem saber com o que concordou em fazer para o Sr. Gaunt.
A segunda visita, dessa vez no dia da inauguração, é a Sra. Polly Chalmers, dona da loja de costuras que vai dar as boas vindas à cidade ao novo lojista. E depois dela parece que todas as pessoas da cidade passam por lá, e o Sr. Gaunt tem o que cada uma delas mais deseja por um preço acessível, e claro um favor, uma espécie de pegadinha inofensiva com alguém da cidade. Mas então a cidade parece ter virado de pernas para o ar e é como se todos tivessem usado a mesma droga, pois parecem todos hipnotizados e seus piores sentimentos vindo a tona. E o único que aparentemente pode resolver essa situação é o xerife Alan Pangborn, que pelo menos até o momento não parece ter sido enfeitiçado por nenhum artigo da loja.
"O Sr. Gaunt pensava em si mesmo como um eletricista da alma humana. Em uma cidade pequena como Castle Rock, todas as caixas de fusíveis estavam alinhadas. O que tinha que ser feito era abrir as caixas... e começar a cruzar os fios. (...) Depois era só ficar na moita disparando cargas pelos circuitos de vez em quando para manter as coisas interessantes. Para manter tudo aquecido. Mas em geral, você ficava na moita até que tudo estivesse feito... e aí você ligava a corrente elétrica de verdade."
Quem acompanha o blog sabe que apesar de já ter lido muitos livros do autor eu não sou exatamente fã por ele ser muito prolixo. Mas quando esse livro chegou aqui em casa eu não pude deixar de ler. Gente que edição perfeita é essa? Eu ainda não tinha visto nenhum livro da Bibloteca Stepehn King que está sendo publicado pela Suma, mas agora eu já preciso dos outros livros. A edição é sensacional, capa dura com esse tom de verde vibrante, nova tradução e material exclusivo que só deixam o leitor mais satisfeito com seu exemplar. Sem falar que o livro estava esgotado há anos no Brasil e agora todos os leitores e fãs do autor poderão conhecer essa história, que a meu ver é uma das melhores do autor.
Porque não basta termos uma edição perfeita se a história não for boa. E pela primeira vez, e olha que já li uns trinta livros do autor, eu fui fisgada nas primeiras páginas da história. Geralmente nas primeiras cem, duzentas páginas, o autor enrola tudo o que pode e só depois da primeira metade que a gente fica realmente envolvido, mas nesse eu já me vi vidrada na história logo que ela é apresentada. História essa que se passa em Castle Rock, cenário constante em alguns livros do autor como Cujo, A Zona Morta e A Metade Sombria, esse ultimo com o personagem Alan Pangborn. Claro que ainda temos sim aquela lentidão característica do autor, mas isso não me incomodou porque aqui no caso entendi como fundamental para o desenrolar da história.
E que história. A capa não poderia ser mais perfeita para explicar o que acontece na história. Os moradores de Castle Rock viram verdadeiras marionetes nas mãos do misterioso Sr. Gaunt. Aos poucos ele vai manipulando a cidade toda a fazer suas vontades. Mas se pensar bem ele só mexe com algo que já estava dentro das pessoas. As desavenças entre eles já existiam e a raiva e o ódio também, ele só intensifica esses sentimentos. E tudo vira uma verdadeira loucura. Quando a gente vê noticias de pessoas que se mataram por um motivo besta como discussões no trânsito ou por causa de algum barulho constante na casa do vizinho, a gente não quer acreditar que foi somente aquele o motivo. E nesse livro o autor mostrou como esses motivos bobos podem fazer uma pessoa virar um monstro.
A história é cansativa por toda lentidão da construção da mesma, só nas últimas duzentas páginas mais ou menos que a gente não consegue largar o livro, porque então sim começam as ações. Mas eu acabei vendo ela como uma partida de xadrez. No começo as peças vão se movendo lentamente, e então a coisa chega em um momento onde não existe mais uma forma de voltar atrás e acreditei piamente que não ia sobrar ninguém vivo para contar essa história. Dos livros que li do autor até agora, esse foi o que mais fiquei desesperada por uma saída que eu não conseguia ver de jeito nenhum. Por isso, por toda a construção e finalização, não poderia dar uma nota menos do que a máxima para o livro. Dizem que ele sempre estraga o final, mas eu particularmente gostei muito desse aqui. É por isso que indico o livro a todos os fãs do autor. E para quem quer se aventurar em sua escrita, mas que não gosta de livros de terror, pois nesse temos mais um suspense propriamente dito, apesar de termos um quê de sobrenatural na história.
Já conhecendo a escrita de Stephen King, foi uma historia bem detalhada, com muitos personagens e uma clássica cidadezinha, aonde coisas estranhas acontecem, foi bom poder reencontrar Allan, o xerife de A metade sombria aqui, mas agora como o protagonista.
Gostei do jeito em que o vilão foi desenvolvido, pois nunca tinha conhecido nem um vilão dessa forma, porém não me agradou muito o final da trama, achei que ficou um pouco corrido os acontecimentos finais, e poderia ter um epilogo maior. No mais foi um bom livro.
Resenha:
“Ah, eu daria qualquer coisa para ficar livre disso... qualquer coisa, qualquer coisa mesmo...”
Trocas Macabras é o lançamento mais aguardado da Coleção Biblioteca Stephen King da Editora SUMA nos últimos anos, e sem dúvidas valeu a espera. Após anos com edições esgotadas no Brasil, eu pude ter em minhas mãos esse livro.
Começarei falando da edição, como todos os livros da Coleção Biblioteca Stephen King, o livro é em capa dura e diagramação impecável e tem na capa uma das minhas cores favoritas. Verde. O livro simplesmente está lindo.
Com mais de 650 páginas, temos o mal humano em sua gloriosa e detestável personificação que King gosta tanto de abordar em seus livros, é claro, com um toque de sobrenatural tornando tudo ainda mais intenso.
A história se passa em Castle Rock, cidade já conhecida dos leitores de King, ela é palco de outros livros do autor como Cujo, A Metade Sombria, Zona Morta, Ascensão e outros.
Como uma tradicional cidade do Maine, Castle Rock possui um ritmo “pacato” de vida, porém a inauguração de uma nova loja irá mudar o dia a dia da cidade e de seus moradores.
“Artigos Indispensáveis
UM NOVO TIPO DE LOJA
Você não vai acreditar nos seus olhos!”
A loja é do forasteiro Leland Gaunt, que promete possui exatamente algo que todo cliente deseja ardorosamente, e que seria capaz de qualquer coisa para possuir. Exatamente isso, a loja vende uma variedade de objetos que ou são desejados ou são necessários para os habitantes da cidade, e melhor ainda, podem ser comprados por um preço muito barato ou justo... Com apenas um detalhe apimentando cada negociação entre Leland e seus clientes.
Em Trocas Macabras temos mais uma história do Mestre King no que ele mais gosta de escrever. O mal humano, a corrupção de cada pessoa, e como isso se reflete em toda a sociedade. Com uma trama onde o poder do livre arbítrio é muito bem explorado temos, um terror psicológico muito bem escrito. Com muitos personagens, o que já é habitual também nos livros do autor, os personagens são bem descritos e durante a narrativa passamos por uma imersão no dia a dia da vida deles, os conhecendo bem, tanto o seu melhor como o pior de cada um deles, e com isso podemos analisar bem o efeito de cada decisão deles nos momentos cruciais que podem redefinir toda a trama.
Leland é protagonista maligno da história e é ele que traz o toque sobrenatural e misterioso para a trama, suas maquinações e manipulações que a principio podem passar por negociações sem um grande impacto, vão aos pouco criando uma grande ameaça para Castle Rock e seus habitantes.
“- Para as coisas de que as pessoas realmente precisam, a carteira não é a resposta... E almas... Se eu ganhasse cinco centavos, para cada vez que ouvi alguém dizer eu venderia minha alma por tal e tal coisa...”
O livro é bem grande e em alguns momentos a trama se arrasta com muitas descrições que podemos pensar se é ou não necessárias. Porém, conforme a trama vai se aproximando do final o ritmo se torna bem fluido. E existe durante toda a leitura a vontade de saber para onde a história está indo, o que vai acontecer com cada personagem, saber como eles serão afetados... Preciso dizer que o final do livro é bem padrão King. E ele mesmo diz que não sabe escrever finais... Poderia ter mais algumas páginas! Eu só precisava ter uma resposta mais ampla de uma coisinha só... 🤣🤣🤣🤣
Não é ruim, mas não é maravilhoso.
Podem imaginar que não gostei do livro com todos esses, porém acima, só que não é verdade. Eu gosto muito do padrão de escrita do autor, seus personagens são repletos de luz e sombras, capazes de grandes atos de bondade e de maldade. E esse livro levanta a reflexão não somente de quem já está acostumado a ser mal e sim sobre o que pessoas boas estão dispostas a fazer de ruim para ter algo que precisam, ou acham que precisam e que até elas podem sobre a pressão correta ceder.
Sem contar que o modo como King escreve sobre alguns personagens desse livro foi extremamente real, que em alguns momentos quando eles sofrem pareceu para mim que era um amigo sofrendo.
“O choro foi sem drama, silencioso e exausto. Parecia que suas lágrimas tinham muito em comum com os bens dos entes queridos mortos; nunca se chegava ao fim. Havia muitos e quando você começava a relaxar e achar que tinha finalmente acabado, que o ambiente estava limpo, você encontrava outro. E outro. E mais outro”
Outro ponto muito legal para os fãs é que nesse livro temos várias referências diretas a outros livros do autor. Inclusive um dos protagonistas o xerife Alan Pangborn aparece em diversos outros livros com a cidade como pano de fundo. Sempre uma alegria encontras essas ligações.
Indicação de um livro de terror mais psicológico e com um lado sobrenatural leve, mas que mexe com a mente do leitor e convida a reflexão em alguns pontos.
Para quem não tem medo de histórias com muitos personagens e complexos relacionamentos entre eles.
Agora me digam estariam dispostos a qualquer coisa por algo que desejam mais do que tudo na vida?
O que mais gosto nos livros de Stephen King são suas personagens tão bem construídas que o leitor pode quase ver suas "almas". São quase pessoas reais, com traumas e vivências que as tornaram as pessoas que são. Podemos ver seus conflitos, dores e alegrias. E isso não só com as personagens principais. Até mesmo personagens secundárias, mesmo que de forma resumida, têm sua profundidade.
Em Trocas Macabras as pessoas encontram o que mais desejam na loja do Sr. Gaunt e acham que estão pagando quase nada por aquilo que tanto anseiam. Mas, o preço inclui pregar uma peça inocente em alguém que você mal conhece. E aí é que a coisa começa a esquentar. Leland Gaunt cria uma "teia" que enreda toda a cidade e transforma tudo em uma loucura a partir de mal entendidos. Mas enquanto assiste a tudo de camarote, ele tem segundas intenções!
Muitas pessoas que leem King reclamam que ele não sabe escrever finais. Concordo que muitas vezes eles são bem bizarros e posso dizer que esse é mais ou menos o caso de Trocas Macabras. Mas como disse, o que me encanta são as personagens e a empatia ou repulsa que causam a nós, leitores.
Não sou escritora, nem mesmo de fanfics ou textos para guardar para mim. Acho que não tenho a criatividade necessária. Por isso mesmo, não me vejo em posição de dizer qual poderia ser um final melhor nos finais controversos de King. Como leitora, eu os vejo como os finais de King. Foram uma escolha dele, são do jeito dele. É assim que enxergo a literatura. Talvez se fossem melhores e com a habilidade de construir personagens que ele tem, ele já teria até mesmo chegado a um Pulitzer. Quem sabe?
Meu primeiro King! O autor sabe atrair o leitor para seu universo, que é muito particular, criativo. A premissa é incrível e assustadoramente atual. Recomendo a leitura.
Vou começar aqui pela ordem inversa e vou já abrir esta resenha falando sobre o final: esse livro é de 1991 e era tido como “o último livro que falaria sobre Castle Rock”, mas estamos falando sobre Stephen King e seu “Kingverso”: ele é o Rei, literalmente, e ele faz o que quiser, então temos mais histórias com a cidade como cenário sim, além de termos a presença do xerife Alan Pangborn, que já tinha aparecido em “A Metade Sombria” (e eu já resenhei: leia clicando AQUI). Castle Rock, para quem está acostumado com o universo de King, já reconhece o nome: palco de grandes desastres e eventos sobrenaturais, também deu nome a série inspirada no universo de King, que misturou diversos elementos de diferentes livros e que durou apenas duas temporadas, sendo que cada uma contou uma história.
O livro estava esgotado aqui no Brasil e agora voltou com uma edição com material exclusivo (um mapa deliciosamente criado a partir das informações da cidade que, obviamente, não existe) e como parte da Coleção Biblioteca Stephen King da Editora Suma (que ainda conta com os títulos: “Cujo”, “O Iluminado”, “A hora do Lobisomem”, “A Metade Sombria” e “A Incendiária”). Eu sei que muitos acham o valor das edições caras, mas como uma fã, eu digo que vale a pena (sou tão fã que ganhei “Cujo” de presente da Natal da Ju <3). Você pode esperar um cupom em alguma loja ou uma promoção, mas cada centavo que você investe nessa coleção vale a pena: acabamento de primeira, capa dura, sem erros em nenhuma das páginas e tudo perfeitinho para quem é fã de carteirinha. Sério mesmo, vale a pena.
E agora chega de falar demais e vamos o que realmente importa: as trocas macabras – sim, eu fiz este trocadilho!
A cidade de Castle Rock, no Maine, é alterada com a chegada de Leland Gaunt e sua loja, que é deveras peculiar: ele oferece artigos indispensáveis. E então você se pergunta: “Mas o que seriam esses artigos indispensáveis?” e a resposta é justamente tudo que você acredita precisar. O lugar chega e traz bastante curiosidade para os moradores, que vivem como uma pequena tribo, cheios de costumes para qualquer situação, e a chegada de um novo morador e uma nova loja requer toda uma etiqueta comportamental, afinal, ninguém pode ir visitá-lo tão logo abra sua loja e as pessoas julgarão se o lugar irá vingar na cidade ou não já nas próximas semanas. Mas (sempre tem um “mas”, eu sei) Polly Chalmers, nativa da cidade e que passou anos morando fora, não segue as regras e vai até a loja levando um bolo ao senhor, que é charmoso em todos níveis, ela pensa – mas o leitor fica confuso porque a descrição dele não é lá tão charmosa assim.
Polly tem uma loja de costuras e um relacionamento com o agora viúvo xerife Alan Pangborn, que perdeu a esposa Annie e o filho caçula Todd em um acidente de carro. A mulher morou anos fora da cidade e isso traz muita, muita curiosidade entre os que ficaram morando na cidade, e ela ainda emprega Nettie Cobb em sua casa, que tem um passado trágico: passou 5 anos internada na Instituição Juniper Hill (um sanatório conhecido de outros livros do King) por matar seu marido, depois de aguentar anos de todos os tipos de abuso. Nettie é uma mulher bastante traumatizada e nervosa, ao contrário de Polly, que apesar de ter sofrido bastante na vida, é muito, muito orgulhosa e ciente de si mesma. Polly adora Nettie e deu a ela um cachorrinho, o qual Nettie chamou de Raider e o adora. Só que próximo a casa de Nettie mora Wilma Jerzyck, que não aceita os latidos de Raider e que já chamou a policia por causa disso. Alan, o namorado de Polly, trabalha com Norris Ridgewick, um bom policial magrelo que precisa multar Dan “Buster” Keeton, um dos figurões da cidade e o principal conselheiro, caso com Myrtle, uma mulher que está vendo seu casamento se deteriorar muito rápido diante de seus olhos e sem nem ao menos entender o motivo. Ainda temos Brian Rusk, um garotinho de 11 anos, filho de Cora, melhor amiga de Myra Evans – e aqui eu paro porque acredito que você já entendeu que por ser uma cidade pequena, os personagens todos terminam interligados entre si. Também preciso assinalar que há muitos, muitos outros personagens porque vamos ter uma cadeia de eventos capazes de ligar todos esses personagens de um jeito caoticamente sincronizados e devastador, porque, como você pode imaginar, cada uma dessas pessoas tem um desejo, seja ele necessário ou somente sua crença de que é necessário, e, como isso, todos vão parar eventualmente na loja de Leland, comprando o que querem. Só que, ao pagar, eles não entregam somente dinheiro: eles prometem pregar uma pequena peça em outra pessoa como parte do pagamento.
Brian, o menino de 11 anos, é o fio condutor do começo das trocas: colecionador de cartões de beisebol, ele deseja bastante um e logo se depara com o cartão tão desejado nas mãos do Sr. Gaunt. Claro que o garotinho o compra e claro que ele também promete pregar uma pequena pela em Wilma Jerzyck, a mulher que já não gosta de Nettie Cobb… Acho que nem preciso continuar porque você já deve ter entendido perfeitamente bem aonde que isso tudo vai dar porque todo mundo acha que é algo muito simples de se fazer para se ter algo que tanto se deseja.
Aqui temos King em uma história que deixa claro que a ganância das pessoas e a maldade que temos dentro de nós é capaz de sair rapidamente se acreditamos que vamos ter algo que podemos ter. Claro que Leland Gaunt é a personificação do sobrenatural, o fator fantástico da história do Rei do Terror, mas é a mistura da maldade humana com o empurrãozinho que precisamos para “atropelar” qualquer pessoa no caminho para enfim colocarmos a mão no que queremos que reina. Sempre fico bastante investida nos livros e contos de King justamente porque consigo ver esses elementos em cada um dos seus livros mais assustadores. Claro que temos sim, como já mencionou, o mal encarnado na figura de Leland, mas também fica a questão bem simples: se as pessoas conseguissem lidar com seus próprios desejos, alguns ali teriam realmente entrando nessa “troca”? E é isso que sempre me seduz e me faz voltar para o próximo livro de King.
Entendo completamente que “Trocas Macabras” não é o livro mais fácil de King ou indicado para ser a porta de entrada neste universo. A leitura é longa, mas, ao mesmo tempo (pode acreditar em mim), é hipnótica de uma forma que você PRECISA descobrir o que vai acontecer com determinado personagem porque tudo que pode dar errado está dando errado muito, muito rapidamente. Mortes detalhadas acontecem, e aqui temos a pior morte de todas do autor, pelo menos na minha opinião, então se prepare para ter seu estômago embrulhado em algumas cenas bastante gráficas.
Muito se fala também sobre como King não consegue fechar bens seus livros e aqui eu preciso falar duas coisas bastante distintas uma da outra: acho que depois de “O Cemitério”, este é o livro com melhor e maior desenvolvimento até uma conclusão muito, muito satisfatória, mas, ao mesmo tempo, eu fiquei com a sensação de que nem mesmo o próprio King conseguia mais lidar com não fechar a trama do livro e de Castle Rock, já como fica claro no final do livro que ele demorou 3 anos para fechar a trama. Isso não afetou realmente o final dos personagens (acredito que ele deu o final que queria sim), mas, em comparação ao ritmo descritivo e detalhista do começo da obra para a forma como as cenas se cortavam de um ponto de vista para o outro, fica claro que ele acelerou – e, por mim, ele teria acelerado assim em outras partes do livro, único motivo pelo qual este livro não ganhou uma redonda nota 5 estrelas e não se tornou meu livro favorito dele, justamente porque sinto que ele deu as mesmas informações em algumas partes e poderia sim, ter feito o que fez no final da trama.
Seja como for, eu realmente coloco “Trocas Macabras” entre meus livros favoritos de Stephen King agora. Parando para analisar, há 3 anos, eu não conseguia entender tanto o elemento humano nos livros dele como agora e nem pensava que o humano é sim, muito, mas muito mais mesmo, assustador do que qualquer monstro que o mestre do terror seja capaz de imaginar, nem mesmo com a maior troca macabra que seja possível.