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Acabei lendo Os Sussurros antes de O Impulso, e me apaixonei pela escrita da autora, então logo tive que conferir o livro que deu à autora tanta notoriedade.

O tema da maternidade é bem proeminente. Em teoria tudo é lindo, mas nem sempre é assim que as coisas fluem. É um momento que pode ser muito bonito, mas também traz várias dificuldades.

Em certos momentos me lembrou bastante de Precisamos falar sobre o Kevin (de Lionel Shriver), o que definitivamente é um elogio.

O final deixa um gostinho de quero mais, mas gostei bastante. A personagem toma algumas decisões um tanto quanto equivocadas, mas é instigante acompanhar sua jornada através da maternidade.

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O Impulso é um livro de drama psicológico que te deixa tenso o tempo inteiro! O livro utiliza um recurso de ir e voltar no tempo que particularmente gosto muito, pois faz com que aos poucos você vai descobrindo o que aconteceu e quais as consequências disso. O que mais me interessou no livro, como alguém que não pretende ter filhos é que ele apresenta uma visão não romantizada da maternidade, algo que é quase um tabu na sociedade. O final não me surpreendeu, mas mesmo assim foi bem satisfatório.

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Sempre que possível, dou um jeito de recomendar esse livro. Amei a história porque não esperava que nada acontecesse e no fim um monte de coisa acontecia. Acho que oferece tanta coisa pra discussões e reflexões que só ler por ler pode fazer perder oportunidades incríveis.
Quem quiser um livro que naturalmente leve inúmeros tópicos pra uma discussão em leitura conjunta, pode pegar esse livro.
Uso sempre com alunos.
Uso nos clubes de leituras.
Uso na pesquisa.
Uso como exemplos em várias circunstâncias.
Porém também sei que não é um livro pra todo mundo.

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Na época que lançou eu via esse livro por todos os lados e as resenhas foram bem controversas. Eu vi gente que amou e gente que odiou. Eu fiquei no meio termo. O livro é bem bom para quem não está acostumado a ler livros do gênero. Porque quem lê muito já viu essa história várias vezes. Em nenhum momento fui surpreendida e já sabia como tudo ia terminar. Aliás vi algumas pessoas reclamando do final aberto. Mas não é daqueles finais abertos que a gente fica sem resposta, do jeito que terminou dá para entender muito bem o que aconteceu. Meu problema com o livro foi o começo que achei muito confuso porque a protagonista/narradora mistura a história dela com a da mãe e da avó. E por outro lado vemos uma abordagem bem interessante sobre a maternidade.

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Uma história que ultrapassa três gerações de mulheres que traz como bagagem traumas que as perpassam e deixam como herança. Os relacionamentos são pauta tanto quanto a maternidade, desmistifica essa aura blindada que a sociedade coloca sobre o patamar de ser mãe, e expõe a ferida da dureza que está no oficio. Quando uma mulher tem um filho sem o de fato querer, quanto isso reflete na criança?
Blythe se vê nesse complexo momento, depois do casamento se viu pressionada a ter um filho e que na verdade isso sempre foi uma grande questão para ela. Pois suas referências não foram as mais ideais, e ela teme que isso reflita nesse seu novo papel. Depois de Violet, algo estranho circunda a casa, a conexão que todos apontam não acontece entre mãe e filha. É um relacionamento difícil e conturbado, Blythe não entende o motivo de que com ela as coisas parecem muito pior que com as demais. Violet e o pai demonstram uma sincronia sem igual e isso machuca ainda mais Blythe.
Seu marido tenta sempre colocar panos quentes sobre essa zona de guerra maternal. Isso vai desgastando aos poucos o seu casamento. Para Blythe o comportamento de Violet é duvidoso e tragédias começam a acontecer quando ela está por perto.
A suspeita sobre essa garota é uma crescente significativa no livro. A dúvida corrói não só a protagonista, mas também o leitor. A narrativa não se torna totalmente confiável, pois estamos lendo uma declaração direcionada dela ao marido. E, desta forma, a leitura é muito dinâmica, com a intromissão do passado a dúvida sobre a perspectiva da Blythe cresce ainda mais, tantos traumas e maus tratos coloca a personagem em um campo mais tridimensional.
Esta foi uma leitura surpreendente, não estava com muitas expectativas sobre o livro e me surpreendi com a narrativa. O livro é escrito em segunda pessoa, apesar de inusitado, foi para mim muito familiar. É um suspense não convencional que coloca o leitor a prova, fazendo-o refletir sobres as perspectivas da vida.

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Eu não sei nem explicar uma parte da complexidade que é essa história, mas na minha tentativa, é sobre mulheres e maternidade, sobre saúde mental e culpa, sobre psicopatia ou apenas comportamentos questionáveis.

Em O Impulso, acompanhamos quatro mulheres de uma mesma família. Bisavó, avó, mãe e filha. E quem nos narra é a "mãe", Blythe, uma mulher com um histórico familiar um tanto conturbado e que se depara com a maternidade de uma forma nada convencional, a começar pela vontade de ser completamente diferente do que traz sua história familiar; além de traços um tanto problemáticos observados em sua "filha" (as aspas são apenas para situá-las na ordem genealógica), a Violet.

Um thriller psicológico daqueles em que a cada página a perturbação vem mais intensamente.

Me peguei completamente envolta ao longo dessa história que é narrada com maestria e uma fluidez que até me chocou, em razão das suas mais de 300 páginas.

Não vou abrir questões pessoais nessa resenha, mas me deixou questionando tanta coisa na vida. Mas tanta...

O que me fez tirar meia estrela dessa história que tanto elogio? A falta de uma atitude mais enérgica, talvez, de alguns personagens. Poderia ter rolado algo com maiores proporções, sabe?

E quanto ao final, que tanto é falado, pra mim ele foi perfeito. Existem livros que pedem um final dessa forma, e O Impulso foi um deles.

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Supõe-se que uma mulher QUER ser mãe. ⠀

Ela vai se apaixonar à primeira vista por aquele bebê, apesar da dor lancinante do parto e da recuperação do mesmo. Ela SABERÁ instintivamente o que fazer e se sentirá realizada ao fazê-lo. ⠀

MAS, e SE você não teve amor e carinho quando criança? ⠀

O que acontecerá se ESSA criança crescer para ser mãe e a maternidade para ela acabar sendo nada do que ela esperava e tudo o que ela temia? E se ela não se relacionar com seu filho da mesma forma que sua própria mãe não se vinculou a ela? ⠀

Esteja preparado para mergulhar profundamente na psique de Blythe.
Ela é ESSA criança. ⠀

E, este mergulho profundo é cru e doloroso, de todos os lados. ⠀

E, então, há sua filha VIOLET. ⠀
Um bebê difícil. ⠀
Uma criança com traços mesquinhos. ⠀
Uma criança que ela pode amar, mas não necessariamente gosta. ⠀

Ela observa as outras mulheres que encontra. ⠀
Perplexa com os laços mãe-bebê. ⠀
Até ela dar à luz a Sam. ⠀
E, sua vida ganha sentido. ⠀

Natureza versus Nutrir. ⠀

Este livro provavelmente deixará muitas mães desconfortáveis. Elas podem recusar a ideia de que uma mãe pode se sentir assim em relação a qualquer um de seus filhos - além do estágio de depressão pós-parto que muitas mulheres experimentam. ⠀

Elas podem. Algumas fazem. ⠀

Eu sou mãe, ⠀
E sou filha.. ⠀
E, eu conheço mulheres como Blythe! ⠀

Esteja preparado pra entrar nesse universo. Onde a maternidade vai além daquilo que parece ser! ⠀

Mantenha a mente aberta!

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Mulheres que não puderam desejar...

Blythe e Fox se conheceram durante a jornada universitária e da maneira mais romântica o possível: na biblioteca. Comentários de que ele era o homem perfeito não eram raros. Parte de Blythe pulsava para que apostasse tudo neste relacionamento. Os traumas familiares seriam trancados por um tempo, pois ela tentaria ser - finalmente - feliz.

Blythe e Fox casaram. Cerimônia digna de contos de fadas. O rapaz de boas posses faria de tudo para tornar seus dias inesquecíveis. Então Fox quis um filho, os traumas encontraram a chave do baú assim que uma afirmação não tão espontânea se fez. Blythe lutaria para ser uma mãe perfeita. Logo os dois se tornariam pais de Violet.

Desde o nascimento da filha, Blythe sabia que algo estava errado. Tanto a avó quanto a mãe não foram exemplos maternos, daí partiu a decisão de que se dedicaria para fazer tudo diferente. Ela se esforça mas, conforme os meses passam, a conexão com a filha se torna cada vez distante. Violet demonstra preferência pela companhia do pai e as horas sem a presença dele soam sempre infernais ou angustiantes. Brigas entre o casal são inevitáveis. A suposta felicidade maternal dá espaço para um desmonte emocional sem fim.

Todos diziam que era apenas uma fase; anos passam e nada muda. Blythe coleciona gestos de ódio da própria filha, que nem faz questão de medir o quê diz a mãe. As desconfianças em relação ao comportamento de Violet não anulam - sendo alimentadas constantemente. A menina está sempre envolvida em relatos perturbadores no ambiente escolar. O pai? Segue afirmando que não há nada de errado. Então, numa nova tentativa de formar uma família feliz, Blythe decide ter outro filho.

Sam foi muito desejado - por Blythe. Ela passa horas admirando cada pedacinho dele e tudo mais que o interessa. As belezas maternais instigam Violet, que está sempre atenta a toda troca entre os dois. Fox começa a dar sinais de sua distância. O bichinho da destruição insiste em rondar a família: em um momento a felicidade soa plena, no outro é dilacerada após um terrível acidente. Aos poucos, a guinada enterra o acalento que ainda resta em sua vida. Mas Blythe só precisa escutar a verdade: de Violet e, também, de Fox. E, enfim, reerguer-se para contar seu lado da história.

Uau! Ainda desacreditada que este foi o primeiro livro publicado da autora Ashley Audrain. Eu tenho certa implicância com narrativas em primeira pessoa, mas a moça conseguiu me laçar em cada linha deste suspense. A própria fofoqueira, eu mesma! Ha! A narrativa testa esse nosso lado, quer que o leitor aprofunde e compreenda. Cada parágrafo é um desabafo doloroso de Blythe a Fox - logo no início somos informados que ela entregará as folhas para ele.

Em dores paralelas, a protagonista nos permite conhecer suas antepassadas. Etta, a avó, perdera o único homem que amara num terrível acidente. Ela nunca mais foi a mesma. O novo marido aceitou sua filha, tratando-a com respeito e era o suficiente. Cecilia, mãe de Blythe, nunca recebeu o amor maternal e muito menos sabia como repassá-lo. A gravidez a fez sacrificar parte de seus sonhos. Blythe foi desejada pelo pai, mesmo assim o lar não era um recanto. O mais próximo de uma figura maternal que conhecera foi a vizinha. As oscilações perambulam entre as três personagens e, de fato, é um dos grandes destaques na construção delas. As três são movidas por impulsos emocionais - de mais ou de menos - que as levam traçar diferentes caminhos. A maternidade dói no antes e depois. A autora não deseja que o leitor a romantize.

Para a protagonista sobra o 'fazer diferente'. Quantas vezes não falamos que teríamos ações diferentes de nossos pais? E quando Violet nasce o jogo inverte: antes as filhas que almejavam a conexão, agora é a mãe. Fato que não torna nada mais fácil. Nenhum parente, amigas, curso ou livro ensinou Blythe como encarar tudo sozinha, ser ouvida e compreendida - desde as instabilidades emocionais até o estranho comportamento da filha. A sogra repete frases clichês de modo robótico, sabe que tem algo errado mas se cala, enquanto Fox - o marido - segue a cartilha do: sou pai sim, coloco comida em casa, atenção por três minutos e basta. O homem perfeito até conviver...

Fox é um personagem detestável. Não consigo pensar em nada que o salve nesta relação. A ação dele é sempre a fuga, que piora ainda mais após o nascimento do segundo filho. Foge pelos olhos, pela mente, desviando de conversas e de qualquer outra forma que se imagine. Próximo à conclusão há uma cena em que ele tenta ser bacana, engatando uma conversa amigável com Blythe, mas só despertou o revirar dos meus olhos. Triste é que nada na construção dele espanta. Toda mulher já cruzou com um Fox durante a vida, testemunhou na família ou em relacionamento com outras conhecidas. Da minha parte, observar/acompanhar/conviver ao longo dos meus 31 anos se tornou o próprio filme de terror.

E não, não tenho nenhuma vontade em ser mãe. Acredito que minhas reações com as atitudes capirotas da Violet - além das ações verossímeis de Fox - justificam e muito. Ha! A narrativa segue da infância até a pré-adolescência da menina. Blythe guarda tanta coisa dentro de si, protegendo as sombras, e Violet retribui com humilhação. É uma mãe que persiste para absorver uma única gota, um suspiro, de que a filha se importa. Ainda estou horrorizada com o ato do passeio escolar.

O suspense de Ashley Audrain entrega uma narrativa ágil, dominada por capítulos curtos que sabem como segurar o leitor com pontos instigantes. A escrita apresenta momentos realistas, frios e cruéis. Uma ficção - não tão ficção - adulta que não tem medo de delinear o lado mais sombrio da maternidade. Tudo que desejamos é um final feliz para Blythe, mas sua escolha é o que a faz realmente feliz naquele momento. E sabem o que me deixou mais triste? Nenhuma delas, das três mães, têm uma amizade próxima.

O Impulso é perfeito para leitores que gostam do tom incômodo. Será que estou erradx em pensar isso de Violet? Pode ter certeza que é o tipo de pergunta que mais perturba a mente durante a leitura. Dizer que eu gostaria muito de um futuro livro do ponto de vista dessa menina. É inevitável não comparar com Precisamos Falar Sobre Kevin - então se você curte um, dê chance ao outro.

Adoro os livrinhos de porte médio da Paralela. Eles são ótimos para carregar na bolsa e assim não interromper as leituras na melhor parte, né? A fonte está num tamanho ideal e, unida aos curtos capítulos, certamente farão as páginas voarem. A ideia da capa é excelente, bem criativa. De todas as versões que vi acho que supera, ein?

Bom, preciso dizer que estou ansiosa para o novo livro da autora que sai em 2022.

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Esse é um drama psicológico que prende o leitor do início ao fim. Dentro da cabeça da Blythe, vamos acompanhar todas as fases da mulher, que viveu momentos conturbados com a gravidez de Violet, mas se encontrou com a chegada de Sam.

Além de acompanharmos toda essa fase da maternidade e das relações que a Blythe constrói com os filhos e o marido, também vamos ter flashes do passado dela, que mostra o abandono da mãe que ela sofreu na adolescência. Na verdade, as mulheres da família materna de Blythe não foram bons exemplos ou boas mães. Blythe foi abandonada por Cecilia, enquanto Cecilia viu a mãe, Etta, se suicidar.

Analisar as ações e pensamentos de Blythe nos deixa cheios de dúvidas, pois em momento algum sabemos se a mulher está delirando ou se de fato tudo que ela está narrando é real. Não ter um narrador confiante deixa aquele clima de suspense na narrativa, algo que amo.

Os temas abordados são bem intensos, mostrando a depressão pós-parto, traumas familiares, o cansaço das mães e muitas outras coisas.
A Ashley não narra o lado bonito da maternidade, não romantiza situações. Ela é certeira e crua ao mostrar para o leitor como ser mãe pode ser exaustivo e nada feliz em alguns casos. Perceber que uma mãe pode não amar o filho é chocante em um primeiro momento, mas, para mim, acima de tudo, foi algo que gostei de ver sendo abordado.

O desfecho desse livro me fez surtar. Temos um final que nem todos vão gostar, porém foi algo que me fez terminar a leitura e ficar refletindo ainda mais sobre tudo que tinha lido. É claro que gostaria de mais respostas, porém não foi um final que me desagradou.

O Impulso é uma leitura viciante e um drama psicológico bem escrito. Mostrando um lado sombrio da maternidade, temos uma mulher lidando com sentimentos conflitantes e com relações desafiadoras. Blythe não tem a vida que imaginou e ela não sabe se tudo que viu foi, de fato, real...

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✍🏽Blythe não teve um relacionamento fácil com sua mãe e isso a tornou traumatizada com assuntos familiares e maternos. Quando Blythe conhece Fox na faculdade ela acha que está vivendo a melhor coisa da sua vida, até o momento que eles decidem ter um filho e a vida dela muda radicalmente.

✍🏽Após o nascimento de Violet ela decide que vai ser a melhor mãe possível e que não vai cometer os mesmos erros de sua mãe, só que ela não imaginava que a maternidade pudesse mudar tanto a vida dela sendo tão desafiador, o relacionamento dela com sua filha é complicado desde sempre e isso fica cada dia mais difícil, já que todos os questionamentos que ela faz com Fox ele não ajuda e ainda a coloca como errada.

✍🏽Antes de eu falar sobre Blythe e sua relação com a maternidade no livro, quero deixar bem claro que eu desde o começo do livro não gostei do seu marido Fox (insira o meme da Rafa Kalhiman aqui), e isso afetou Blythe muito, porque um dos motivos dela decidir engravidar é por insistência dele também.

✍🏽Então o livro além de abordar muito o tema maternidade, joga por terra a lenda de família perfeita e feliz, principalmente deixa bem claro o quanto Fox é um marido e pai de rede social, aquele que só quer a parte boa da foto e culpa sempre a mulher por qualquer coisa. Escroto que chama, né?

✍🏽O livro traz diversos temas de extrema importância e ótimo para debates, mas preciso comentar sobre a escrita, como esse livro foi escrito como uma espécie de carta da Blythe, ele se tornou lento e uma leitura cansativa, os poucos diálogos deixou isso ainda mais arrastado, tornando a leitura pouco dinâmica e por isso dei 3,5 estrelas.
O livro traz temas impactantes e isso pode se tornar gatilho para muitas mulheres.

Resenha completa no blog Malucas por Romances ❤️

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“O Impulso” foi o título escolhido pela editora Paralela para iniciar o ano de 2021! Lançado em janeiro desse ano, o livro de estreia de Ashley Audrain traz uma proposta inovadora, misturando thriller com uma imensa carga familiar e emocional. Em uma narrativa repleta de flashbacks, acompanhamos Blythe, uma mulher carregada de traumas, que acaba se tornando mãe sem esse ser seu grande sonho de vida. Alerta, este livro possui gatilhos a respeito da maternidade, de traumas familiares e abandono.

Blythe e Fox se conheceram ainda na faculdade e desenvolveram um sólido e confortável relacionamento. Juntos há vários anos, chegaram a um momento decisivo: ter filhos. Este nunca foi o desejo de Blythe, mas ela acaba cedendo e embarcando nesta jornada para deixar seu marido feliz. No entanto, seus temores sobre a maternidade foram confirmados. Após o nascimento de sua primeira filha, Violet, ela percebe que não consegue estabelecer uma forte ligação com a garota. Por mais que se esforce, ela não parece ser aceita pela criança como sua mãe.

“Eu me lembro de um dia me dar conta de como meu corpo era importante para nossa família. Não meu intelecto, não minhas ambições de uma carreira literária. Não a pessoa construída ao longo de trinta e cinco anos. Só meu corpo.”

Vivenciamos junto a ela então, todas as inúmeras tentativas vazias de entender o porquê não consegue se conectar a Violet, enquanto a garota esbanja carinho e afeto para seu pai e sua avó (a mãe de seu pai), que está presente ali pra mostrar a Blythe como uma mãe deve agir. Neste intervalo, em meio ao relato desta mãe iniciante, somos também apresentados a fatos do passado, que mostram que a maternidade nunca foi algo muito bem desenvolvido em sua família. Sua mãe não soube ser uma boa mãe… Nem a sua avó…

Mas Blythe decide se dar uma nova chance e ter um outro filho. Tirar a prova de que realmente o problema está nela e não especificamente em sua relação com Violet. E assim nasce Sam! Sua ligação com o garotinho é imediata, um amor imenso que a arrebata e a faz sentir sua ausência dolorosa sempre que se afastam. Violet também parece mudar bastante pelo carinho com o irmãozinho, ficar mais acessível. Ainda assim, neste novo cenário algo muito grave acontece e muda de vez a vida e a dinâmica dessa família.

“Todos temos o direito de alimentar certas expectativas em relação aos outros e a nós mesmos. Com a maternidade não é diferente. Todos esperamos ter uma boa mãe, nos casar com uma boa mãe, ser uma boa mãe.”

Não é possível e nem aconselhável que eu diga mais nada além disso. É um thriller, lembre-se disso. Será necessário que você mergulhe na história para sentir suas reviravoltas, então quanto menos souber, melhor. Na primeira página, antes de Blythe começar seu relato, vemos que ela está olhando pela janela de uma casa onde uma família comemora o Natal. Esta família consiste em seu marido Fox, sua filha Violet que beija o rosto de um garotinho mais novo, e uma esposa que não é ela. O que aconteceu para chegarem a esse ponto? O que vai fazer com que a mulher sinta a necessidade de contar seu lado da história?

Eu confesso que tive muita facilidade em me identificar com as incertezas e dores de Blythe. Ela não esconde a pessoa cheia de cicatrizes que é, porém acaba aceitando ser silenciada em diversas situações. Pelo marido, pela sogra, pela filha… Ela carrega resignada mais culpa do que deveria, e isso chega a doer. Embora ela não seja uma narradora confiável em vários momentos, é impossível não identificar sua luta interna em meio às situações que está vivendo.

Vi muita gente relatando ter se decepcionado com “O Impulso”, o que, admito, me deixou um pouco receosa quando comecei a leitura. Mas agora, o que eu posso dizer sobre a minha experiência é que não achei, de forma alguma, o relato de Blythe arrastado ou cansativo. Muito pelo contrário, para mim a personagem narra a história com muita verdade e precisão. Não existe maquiagens ou romantização a respeito dos desafios da maternidade, ela mostra que as vezes nem tudo “vai ficar bem” e tenta lidar com isso.

“Mães não deveriam ter filhos que sofrem. Não deveríamos ter filhos que morrem. E não deveríamos gerar pessoas ruins.”

Acredito, no entanto, que talvez “O impulso” não seja uma leitura para todos. Como eu disse, traz gatilhos e aborda temas delicados. O final não é necessariamente uma surpresa, e posso dizer, inclusive, que achei bem previsível. No entanto, é a jornada de abdicação e inseguranças da personagem principal que fazem com que esta história seja construída de forma tão especial. Ao trabalhar com a ideia de que “nem toda mulher nasceu para a maternidade”, é possível, trabalhar conceitos e estigmas que sufocam várias mulheres.

Enfim, na minha opinião foi um acerto da editora a escolha desta história. Necessária e atual, nos faz transitar por conceitos e emoções bem tradicionais e delicadas, tudo isso com um suave suspense de plano de fundo. Indico a leitura para todos aqueles fãs do gênero com um teor mais psicológico, mas que, no entanto, não inicie a leitura com tantas cobranças e expectativas. É necessário deixar que a história leve você!

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“Ela se esforçou muito para ser a mulher que esperavam que fosse. Uma boa esposa. Uma boa mãe. Parecia que tudo ia ficar bem.”

O Impulso é um drama psicológico lançamento da editora Paralela para 2021, e é o primeiro livro da autora Ashley Audrain, com uma excelente recepção em seu lançamento no exterior, o livro já teve os direitos comprados para outras mídias como: TV e cinema.

O livro está para sair esse mês de janeiro e a Paralela nos convidou para ler a prova antecipada do livro e discutir os temas abordados nele. Eu li assim que chegou e trago aqui um pouco da minha experiência de leitura.

O romance nos leva a conhecer Blythe Connor uma jovem escritora, cujo principal relacionamento em sua vida é o casamento feliz com Fox. Por toda a sua vida, ela vivenciou relacionamentos familiares complicados. Que deixaram marcas profundas em sua personalidade e que a impulsionam a determinados sonhos.

Ela deseja mais do que ninguém ter uma família exemplar, atender as expectativas de seu marido e da família perfeita e amorosa dele. Ela quer ser uma mãe perfeita.

Esse desejo obviamente possui amplas camadas complexas por de trás e muitos medos e inseguranças.

“Eu olho para trás e me admiro com a confiança que eu tinha na época. Não me sentia mais filha da minha mãe. Eu me sentia sua esposa. Fazia anos quebrou vinha fingindo que era perfeita para você. Eu queria que você continuasse feliz. Queria ser qualquer outra pessoa que não a mãe que me deu à luz. E então queria um bebê também.”

Ao “decidirem” ter o primeiro filho, Blythe tem uma gravidez “normal” até a hora do parto, com uma experiência marcante e intensa, nem tudo foi como ela sonhou.

E tudo se tornou ainda mais complicado durante o período de pós parto.

As complexas emoções que a envolvem são muito reais e dolorosas, foi ao mesmo tempo interessante ler, porque estamos apenas lendo, porém, vivenciar realmente tudo o que ela passa eu não desejaria nem a uma inimiga.

No decorrer dos difíceis primeiros meses da pequena Violet, Blythe nos narra medos, desconfianças e solidão. A chegada do segundo filho é como um colete salva vidas em uma tempestade a mãe aberto, e um processo de cura... Até que não é mais...

A trama principal acompanha Blythe, porém temos mais duas linhas temporais de narrativa: Etta e Cecília, vó e mãe de Blythe, essas narrativas vai trazendo uma profundidade a trama quando nos mostram os fundamentos da criação de Blythe, podemos perceber quão as angústias dessas duas gerações trouxeram a ela.

“Um dia você vai entender, Blythe. As mulheres desta família... nós somos diferentes.”

Ela deseja ter um vínculo perfeito com a sua filha, mas nada parece tão simples e a falta de apoio e até mesmo descrença que ela sofre a fazem duvidar de si mesma.

Deixo o restante da trama densa e emocional para vocês lerem com calma!

A trama possui uma escrita muito limpa e direta. Audrain que antes de se dedicar a escrita e a família em tempo integral, trabalhava em uma editora, mostra que possui um estilo de narrativa fluido. E escolheu um tema muito importante a ser debatido que é a romantização da maternidade, a maternidade compulsória, depressão pós-parto, o abandono afetivo e o trauma que isso causa nas pessoas. Existe além disso o uso de forma inteligente de uma subtrama catalisadora de muitos debates: O que fazer quando precisamos encarar que nossos filhos podem não ser o que sempre desejamos para o mundo?

Pelos temas acima, deixarei o aviso de possíveis gatilhos sensíveis: depressão, violência envolvendo crianças, crianças sociopatas, trauma familiar, Síndrome do Esgotamento Materno (mommy burnout) são os principais que encontrei na narrativa.

É um drama e thriller psicológico, a narrativa e constante e foca totalmente nas mulheres e nos sofrimentos que elas passam para atenderem às pressões da sociedade e família. Merece uma leitura, até porque o debate dos temas abordados nos livros ainda são muito recentes e precisam serem debatidos.

O esgotamento materno é uma realidade, a romantização da maternidade deve ser combatida, assim como a valorização das mulheres que desejam serem mães e compreensão, aceitação e valorização também das que não desejam.

Gostei do livro, no geral muito bem escrito, não me surpreendeu e nem se tornou um favorito, contudo duas cenas me impactaram muito, não gostei particularmente do final do livro, mas foi porque idealizei algo mentalmente e me sentiria vingada por Blythe se fosse como eu queria!

O livro chamou a minha atenção, pretendo ler os próximos livros da autora. Gostei do estilo da escrita dela.

Recomendo a todos que gostam de uma leitura com doses de thriller, de drama psicológico e temas polêmicos. Leitura recomendada a todos que desejam ter uma visão realista da problemática do esgotamento materno.

Uma boa leitura e até a próxima.

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Melhor livro do ano sim ou claro?????
Eu amei tudo, enredo, estrutura de personagens, cenário...

Vale super a pena ler, obrigada Netgalley.

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Achei essa leitura muito incômoda. Como será que é para uma mãe descobrir que sua primeira filhinha apresenta sinais de sociopatia? Em uma trama que lembra muito o livro Precisamos falar sobre Kevin, a autora nos conta a história de Blythe, uma mulher que quer ser a mãe perfeita, diferente de sua própria mãe. Mas a maternidade não é algo que acontece como a gente planeja, e quando Violet nasce ela enfrenta uma depressão pós-parto. Quando as coisas melhoram, ela percebe que a filhinha não tem aquela conexão com a mãe que as outras crianças têm, e passa a se culpar.
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Quantas mães passam por isso? A gente se culpa muito por coisas que não estão no nosso controle, que não dependem da gente. As pessoas esquecem que mães são humanas e têm muitas inseguranças. E as crianças têm personalidade própria, apesar de muita gente achar que são o reflexo dos pais. É até engraçado ver aquele bebezinho que não fala nem anda, mas tem opinião e não quer fazer o que você deseja. E no caso de Blythe, além dessa culpa, ela tem um passado com mães que não foram boas nesse papel, e um marido que não a incentiva, não acredita nas coisas que ela conta.
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Só que essa falta de conexão começa a ficar mais perigosa, e Blythe percebe coisas que sua filhinha tão pequenininha faz de propósito, para irritar os outros, machucar, prejudicar, sempre de forma dissimulada. Mas só ela acha isso - o marido acha que ela está inventando coisas. Será que ela está ficando louca? Como aquela fofurinha pode fazer essas coisas horríveis?
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Um livro que você devora, porque não dá pra largar antes de saber o final, uma leitura viciante mesmo. É incômoda porque a gente não quer enfrentar esses assuntos, não quer pensar que seus filhos podem não ser o que a gente espera e que não temos controle de tudo. Achei muito bom!

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O Impulso é um drama psicológico que narra a maternidade de Blythe, mas mosrra também as questões de sua mãe e avó, que não tiveram uma maternidade fácil e que resultou em traumas. Blythe tem uma relação difícil com a filha Violet, desde que ela nasceu parece rejeitar a mãe, o que a faz pensar que a filha não gosta dela. Ela idealizou sua maternidade, esperando que fosse diferente do que teve com a mãe, mas nada saiu como esperado, apenas com a vinda do segundo filho que Blythe conseguiu sentir essa ligação que esperava ter com a filha desde o início. Uma tragédia muda sua vida, e a faz se sentir mais perdida e cansada do que nunca e mais certa de que Violet a odeia. Blythe não é uma narradora confiável e nos faz questionar várias vezes se Violet é realmente tão ruim quanto ela diz. É uma leitura forte, mas muito necessária para vermos como a maternidade não é apenas flores.

Gatilhos: maternidade compulsória, depressão pós-parto, ambivalência materna, natureza vs. criação, abandono afetivo e trauma familiar

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Como seguir em frente quando você tem certeza de que todos os seus maiores medos vão se concretizar?

Blythe não teve a experiência espetacular e incondicional esperada ao se tornar mãe. Nesse caso, foi totalmente oposto ao que ela poderia imaginar.

Até o nascimento de seu segundo filho, ela teve que viver carregando o medo e a culpa de sentir que está fazendo tudo errado: sua pequena Violet não a aprecia e, conforme a garotinha vai crescendo, o comportamento dela se mostra cada vez mais sinistro e de gelar a espinha.

Uma criança não seria capaz de tamanha maldade. Ela não a havia criado assim… certo? Precisa ter uma explicação lógica para tudo isso.

O livro me fez refletir muito sobre como a nossa criação pode nos impactar ao longo da vida: em nosso comportamento, nossas escolhas e, principalmente, nossas inseguranças.

“Uma parte de mim sabia que nunca mais existiríamos do mesmo modo”.

O Impulso é a leitura ideal para quem procura por uma história fluida, eletrizante e desconfortável, capaz de te deixar tão curioso e desconfiado quanto a personagem principal, lutando com todos os dilemas e demônios de sua mente.

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Melhor livro lido nos últimos tempos... Que história envolvente! Uma mãe que não confia na própria filha. Tem de tudo nesse livro, romance, drama, alegrias, tristezas... Uma jovem que casa com o homem da sua vida e ao ter filhos mostra o sofrimento de ser mãe. Todo o drama de ser mãe é revelado nesse livro, Não conseguia parar de ler. Maravilhoso.

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Lançado em janeiro de 2021, através da Editora Paralela, O Impulso, de Ashley Audrian, é um thriller psicológico que vai fazer o leitor surtar. A obra tem uma carga familiar bastante intensa e é repleta de gatilhos. Contudo, é a aposta da editora para este ano e tem causado muito burburinho pela internet.

Mas, uma coisa é certa: em seu romance de estreia, Ashley Audrian conseguiu criar uma obra que vai deixar o leitor intrigado. Não é à toa que O Impulso foi o livro escolhido para ser a leitura de janeiro do Good Morning America Book Club.

Um fato que deve ser levado em consideração é a narrativa desde livro, que é diferente da maioria dos livros que são publicados por aí. Ashley Audrian escolheu narrar O Impulso em segunda pessoa. Isto é, temos Blythe, a nossa personagem principal contando uma história para alguém. É algo que o leitor pode estranhar no começo, mas vai melhorando assim que vamos conhecendo a história mais a fundo.

Além disso, conhecemos a história somente pelo ponto de vista da Blythe, que não é uma narradora nada confiável, em virtude de todo o histórico de vida dela. E aí é que a autora consegue deixar aquela pulga atrás da orelha do leitor: será que tudo o que está acontecendo aqui é verdade ou será tudo invenção da cabeça da Blythe?

Não é possível contar muito da história sem contar spoilers. Então aqui vou tomar muito cuidado para não estragar a experiência de leitura de vocês.

Em O Impulso, Ashley Audrain traz ao leitor uma história sobre maternidade e sobre família. Porém, ela mostra uma outra face, o lado de mulheres que não se deram tão bem assim com os próprios seus filhos. Blythe vem de uma geração de mulheres que tiveram problemas com a maternidade e que, inclusive, abandonam suas filhas. Mas, ela quer ser diferente e tentar ser uma boa mãe. É então que nasce a Violet, fruto do relacionamento da Blythe com Fox.

Porém, as coisas não acontecem como Blythe espera e ela não consegue criar uma conexão com a filha desde o nascimento de Violet, a primeira filha do casal.

Não posso me estender muito mais do que isso, para não revelar detalhes importantes da história. Por isso, seguirei contanto um pouco mais sobre os personagens e meus sentimentos em relação ao andamento da história.

Como falei, a narrativa é contada em segunda pessoa e confesso que demorou um pouco para eu me conectar à história. Apenas consegui ficar imersa e fisgada neste livro após os 50%. A partir deste ponto eu não conseguia mais largar a história.

Quanto aos personagens, o leitor vai sentir um mix de emoções. Eu particularmente gosto muito quando uma narrativa faz isto comigo. Quando um livro me faz ter sentimentos em relação aos personagens, faz eles parecerem mais críveis e a história acaba me marcando de alguma forma.

Quanto ao final, achei previsível e como leitora de suspenses saquei o desfecho da história na metade do livro. A minha dica ao ler O Impulso é: vá sem muitas expectativas, pois embora o final não seja surpreendente, a narrativa vai te fazer criar conexões com os personagens, você vai conhecer uma história incrível e um suspense que vai te fisgar!

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O Impulso, livro de estreia de Ashley Audrain, mal foi lançado e já está fazendo burburinho na internet. O thriller psicológico gira em torno de Blythe Connor, uma mulher que teve a infância marcada pela negligência da mãe. Apesar de ter medo da maternidade — e de nem ter certeza se quer isso para sua vida —, a mulher decide que vai fazer tudo diferente, que vai ser a mãe que nunca teve. Porém, assim que Violet nasce, ela percebe que a filha não tem o comportamento semelhante com o de nenhuma outra criança.

Se o enredo já não foi suficiente para deixar vocês com um comichão de curiosidade, listei três motivos imperdíveis para impulsionar (hehehe) de vez essa vontade.

1. Narrativa extremamente fluida

É óbvio que uma das coisas que faz com que a gente goste de um livro é a fluidez da narrativa, e essa característica é muito presente em O Impulso. Em primeiro lugar, os capítulos são curtos, o que dá uma turbinada na leitura. Depois, a narrativa é em primeira pessoa pela visão de Blythe. No livro, ela conta para o ex-marido — nas primeiras páginas já somos informados que ela não é mais casada — a versão dela da história envolvendo a filha, Violet, e as diversas coisas que aconteciam que provavam, no ponto de vista dela, que havia alguma coisa errada com a menina.

Além do mais, eu gosto muito quando um livro tem narradores não confiáveis. Tudo que acontece na história nos é apresentado pelo ponto de vista de uma mulher psicologicamente instável, e todo mundo parece duvidar das coisas que ela fala. Eu particularmente gosto dessa sensação de acreditar em tudo o que li mesmo sabendo que a personagem possa ter enxergado inúmeras situações da forma como quis enxergar, se é que vocês me entendem.

2. Fala sobre a maternidade sob um prisma diferente

Sabemos muito bem como a sociedade exige que sejam as mães: perfeitas, sempre cuidadosas, não podem se permitir errar e, principalmente, devem abdicar de todos os desejos para estarem sempre à disposição dos filhos. Aliás, mais do que isso, a sociedade exige que as mulheres sejam mães, né? A questão aqui é que Blythe não queria verdadeiramente ser mãe, mas seu marido a pressionava tanto que ela sentiu que tinha que dar isso para ele.

Quando finalmente aconteceu, ela não conseguia se conectar direito com a filha. O parto foi um sacrilégio e desde recém nascida a criança demonstrava que não era apegada à mãe, por mais que ela tentasse. A medida que ia crescendo, Violet demonstrava que era diferente, mas só Blythe enxergava isso. Pior, sempre que comentava alguma coisa, era taxada de louca por achar que a filha tinha algum problema e era amplamente criticada pelo marido "perfeito".

Mas aí acontece uma coisa deveras interessante: Blythe tem um segundo filho, Sam, e sente exatamente tudo aquela magia que não sentiu com Violet. Então só com a história de uma mulher a gente consegue ver as diversas facetas da maternidade e entende que são experiências completamente diferentes. Foi muito excitante acompanhar as formas totalmente opostas da protagonista enquanto mãe a partir de duas gestações, mas apenas uma que ela realmente desejou.

3. Traz inúmeros questionamentos sobre até que ponto sua criação pode te influenciar no futuro

Um dos motivos de Blythe não ser uma narradora confiável é que ela justifica toda a situação e sentimentos em relação à Violet com os seus problemas do passado. Sua avó tentou matar sua mãe inúmeras vezes; sua mãe carregava tanto sofrimento do que passou que não conseguiu arcar com o peso dela mesma gerar uma vida e ter que cuidar dela... Então acho que, no fundo, Blythe acreditava que herdou essas características de alguma forma.

Imagino que deva ser uma situação muito angustiante e que justifique todos os medos... O que me faz ter certeza que Blythe precisava urgentemente de um tratamento psicológico para tratar as dores do seu passado. Aliás, todo mundo nesse livro precisa de terapia, acredito que isso já resolveria metade dos problemas dos personagens, rs. A questão é que todas as situações me fizeram pensar muito sobre o desenvolvimento da nossa personalidade. Será que se minha mãe tivesse tomado decisões diferentes eu seria diferente? Será que se eu não tivesse saído de casa para estudar aos 14 anos me pareceria mais com os meus pais? Muita coisa para se pensar...

Recebi a prova antecipada para divulgação, mas O Impulso acabou de ser lançado e já está disponível para compra na Amazon. Se você gostou de Precisamos Falar Sobre o Kevin e não tiver problemas com gatilhos relacionados à maternidade, depressão, ansiedade e pensamentos homicidas, esse livro é para você.

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Uma visão não romantizada da maternidade e seus desafios.

“O impulso” de Ashley Audrain é diferente de muitos livros que retratam as dificuldades da maternidade que eu já tive a oportunidade de ler. Mesmo se tratando de uma ficção, a autora destaca diferentes pontos de como uma mulher é esmagada pela sociedade desde cedo e possuí uma série de assuntos sérios que deveriam ser tratados com mais honestidade e discutidos com mais frequência.

Estamos em 2021, e muito já vem sendo desconstruindo sobre o que é gerar uma vida, o tema da maternidade e papel da mulher na sociedade. Só vale o aviso: o livro possuí diversos assuntos que podem ser um gatilho para o leitor. Entre eles eu destaco maternidade compulsória, abandono afetivo/parental, depressão pós-parto.

Com uma narrativa propositalmente lenta, conhecemos várias gerações de mulheres e o impacto da vivência da maternidade em cada uma delas. Blythe vive uma vida feliz com o seu marido Fox, e está disposta a ser a melhor mãe do mundo, daquelas que estamos acostumadas a ver em propagandas de margarina, não só por ser um desejo dele, mas por acreditar que isso é possível, pois com ele, ela conquistou muitas coisas que não imaginava que se quer poderia ter. No ato da concepção de Violet, ela já sente grandes mudanças em sua vida.

É muito interessante ver tudo por seus olhos e arrepiante se sentir em sua pele em diversos momentos. A pequena Violet não está agindo como uma criança “normal” deveria agir? Seu marido é seu companheiro nessa jornada de gerar e criar uma criança, ou só joga suas expectativas e achismos para cima dela? Instinto materno é real, ou Blythe é apenas diferente? A nossa criação realmente influencia tanto assim em quem nos tornamos, ou quando adultos, podemos trilhar um caminho de nossa plena escolha?

Não é uma leitura fácil de digerir, mas certamente te prende até a última página pela riqueza de detalhes em alguns momentos e o ponto de vista limitado, que não te dá a chance de observar o cenário como um todo te deixando super curioso o tempo todo. O livro todo é um grande desabafo e levanta pontos para discussão muito necessários e dolorosos. Desde a gravidez em si, a recuperação pós parto, a ausência paterna e a ausência de perguntas simples como “o que posso fazer para te ajudar?” ou “como você está se sentindo?” e o obvio papel da mulher na sociedade, enquanto mulher, esposa, mãe.

“O impulso” é uma leitura que pode chocar alguns leitores, mas será que esse é o motivo de seu grande sucesso? Por chocar? Ou apenas não estamos escutando de verdade o que as mulheres e mães têm para nos dizer?

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