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Me surpreendi positivamente com a leitura, não esperava que fosse tão bom e que me prendesse da forma que aconteceu! Com toda certeza irei indicar para todos!
É aquele tipo de livro cativante para se ler. Com uma narrativa viciante, a autora nos deixa vidrados do início do livro ao fim. Mas também tem muito sobre amizade, leveza.... um livro para comover o leitor
“[...] é assim, não chove nunca no deserto, mas quando chove é para provar que as coisas que você mais deseja destroem você.”
Quantas vezes não pensamos que tudo acontece justo quando não poderia acontecer, quando ainda não era tempo ou que nem deveria ser uma possibilidade? Ou que, ao menos, acontecesse da maneira como desejávamos? Porém, se fosse assim, a vida não seria vida, aquela que ama nos dar plot twists, cabendo a nós aceitar ou teimar até encontrar o real propósito de tudo.
Reviravoltas aconteceram na vida de Cecília, filha única que precisou lidar com o falecimento dos pais, que morreram com minutos de diferença um do outro, e toda a burocracia, o luto e o sentimento de não ter feito o suficiente. Reviravoltas aconteceram na vida de João, jovem veterinário que aceita sacrificar animais em troca do dinheiro necessário para os cuidados específicos de que o filho precisa, fazendo-o questionar até onde iria por esse amor, assim como o quanto seria mais fácil se tivesse uma vida “normal”.
Duas tramas distintas que são narradas (a dela em primeira pessoa e a dele, em terceira) com desenvoltura instigante por Fabiane Guimarães. Os dramas e dilemas dos personagens são reais e intensos. No caso de Cecília, identifiquei-me com seus questionamentos no luto, sobre a ilusória eternidade dos pais e o desejo de querer os agradar sem (supostamente) ter sucesso. Já com João, peguei-me a pensar sobre o jugo que a vida nos dá e como, por mais que neguemos, fazemos o impossível para carregá-lo da maneira correta.
O livro expõe a fragilidade humana diante da perda, seja de pessoas, seja de liberdade. Mas uma fragilidade que nem sempre queremos mostrar, por isso o ideal é chorar no escuro. Também nos faz refletir sobre a vida e o domínio que temos (ou não) sobre ela, e sobre ética, se realmente vale tudo para conseguirmos o que queremos. E, claro, há um plot twist envolvo em mistério que deixa o leitor bem pensativo no final.
Recomendo a leitura desta obra muito bem escrita a quem gosta de enredos envolventes e de refletir sobre os propósitos da nossa existência.
Nessa curta leitura vamos conhecer Cecília, uma jovem que acaba retornando a cidade natal dos pais devido ao falecimento dos mesmos, e também conhecemos João, um pai solo que tem um filho com paralisia cerebral.
Após algumas conversas com a vizinha, Cecília acaba supondo que os pais foram assassinados, no decorrer da leitura ela vai descobrindo coisas que nem imaginava sobre seus pais e aos poucos sua concepção de família perfeita vai ruindo diante de suas indagações.
João trabalha ceifando a vida de animais que não são adotados, ele está juntando dinheiro para investir em um tratamento experimental para o filho. Sua esposa o abandonou e João faz de tudo pelo filho, mas talvez seu "excesso de amor" o esteja deixando cego para as decisões que vem tomando em relação a criança.
Em capítulos alternados vamos conhecendo a história de cada um, apesar de João ter uma vida bem difícil não consegui sentir empatia por ele, na verdade não conseguir sentir muita coisa lendo essa história.
Cecília nos faz refletir sobre a concepção de certo e errado, vemos que ela romantizou os pais a ponto de vê-los como perfeitos, mas pais também são humanos e passiveis de erros, em alguns momentos achei Cecília um pouco confusa.
Essa é uma leitura curta e que começa muito bem, mas vai morrendo aos poucos. Não consegui me apegar a nada, entendi os questionamentos, mas não foi um livro que teve um impacto em mim, na verdade demorei muito para ler e refleti bastante sobre o que escreveria sobre essa leitura. É um livro sobre pessoas reais e com seus pensamentos mais íntimos sendo expostos, pensamentos e reflexões que chegam a incomodar, que são conflitantes, mas mostram que os personagem são seres humanos e as vezes "coisas acontecem".
As duas histórias vão se entrelaçando a medida que o leitor vai passando as páginas, foi algo que ao menos me surpreendeu quando finalmente entendi a situação. No mais não posso falar muito sem soltar spoiler.
“É assim, não chove nunca no deserto, mas quando chove é para provar que as coisas que você mais deseja destroem você.”
Apague a Luz se for Chorar, é o primeiro romance da autora brasileira Fabiane Guimarães, lançamento da editora Alfaguara, traz uma trama sensível que aborda os mistérios da vida e morte, dos elos familiares e dos segredos que temos e atingem a todos que compartilham nossas vidas.
A edição está bonita, gostei muito da capa e projeto gráfico é simples mas eficiente. A qualidade do livro está como sempre alta. Papel de qualidade e letras confortáveis para leitura.
No livro vamos acompanhar duas linhas narrativas que no final vão se entrelaçar de uma forma interessante.
Temos Cecília, uma veterinária que ainda não encontrou seu lugar no mundo, com uma carreira em dificuldade e um coração em pedaços. Ela largou sua vida em Brasília e fugiu para o Rio de Janeiro. Até que precisa voltar ao estado, agora indo para uma cidade perto de Brasília, onde seus pais resolveram viver a aposentadoria. E não é por um bom motivo, a noticia que seus pais morreram juntos a deixa a beira de um colapso, e quando sua mente é assolada com suspeitas sinistras, ela precisa enfrentar que seus pais tinham segredos, e um está a sua frente.
“Não lembro a última coisa que eles me disseram.”
De outro lado temos, João que também é um veterinário. Mas diferente de Cecília ele não pode se dar ao luxo de não ter se encontrado na vida. Com um filho com profundas dificuldades físicas e necessitando de um caro tratamento que pode lhe dar uma mínima qualidade de vida, ele trabalha na zoonose de Brasília, e afunda em um trabalho doloroso por fora e em dividas.
“Jurava que estava preparada, uma vida inteira para a morte, só para descobrir que não estava coisíssima nenhuma. Alguém está?”
Como duas tramas diferentes se unirão é algo que vocês devem ler para entender, só tenho a dizer que por ambas as tramas existem indícios e quando foi confirmado, eu apenas fiquei pensando: “sério? Me passou pela cabeça isso, mas... sério?”
Eu ao ler senti que faltou alguma coisa para me conectar com a história, ambos os protagonistas não me cativaram. As ações de Cecília, principalmente, não gostei em uns dois pontos, mas no final senti uma pena pela dor de João e por tudo o que ele passa e faz para sobreviver.
Porém, mesmo sem se tornar um favorito, a escrita do livro é bem fluida, eu li bem rápido. E todos os pontos da trama se fecharam muito bem. Existem vários temas interessantes sendo explorados nas entrelinhas desse livro, inclusive temas tabus.
O suspense a cercar da morte dos pais de Cecília e sobre os pesos dos segredos em uma família podem prender a atenção e manter os leitores atentos até o final.
Indico para quem gosta de literatura nacional, suspenses leves e dramas familiares.
Obra surpreendente e bela; perpassa momentos de dúvida importantes para a construção do desfecho, que é quase tão inesperado quanto necessário. Emocionante e rápido de ler, trazendo à tona muito mais do que aparenta à princípio.
Comecei essa leitura sem saber o que esperar, mas desde o início fui fisgada pela escrita da Fabiane e por seus personagens.
Os pais de Cecília morreram juntos, o que seria lindo, se não fosse a possibilidade de algo ter acontecido a ambos.
Vamos junto com a Cecília descobrir fatos sobre a vida dos pais que ela não fazia ideia, e foi muito bacana ir desvendando isso, ver a concepção de "família perfeita" dela ir se desfazendo.
Alguns fatos foram realmente surpreendentes e me fizeram sentir na pele as indagações da Cecília.
Enquanto a história da Cecília traz um lado emocional forte, a do João me fez ficar com um certo receio dele em alguns momentos.
Ele não se encaixa em um mocinho, acho que está longe disso, mas os pensamentos dele são bem reais, mesmo soando incômodos. Muitas vezes João enxerga o filho como um fardo pesado demais para ser carregado, no entanto, ele continua tentando formas de buscar um tratamento para ele.
É angustiante ver esses pensamentos conflitantes do João em relação ao filho.
Com um enredo que se entrelaça em um determinado momento, Apague a luz se for chorar nos traz certo mistério, ao mesmo tempo que nos permite reflexões e indagações a respeito do ser humano e do que ele esconde em seu íntimo. São apresentados personagens reais e uma narrativa que é, acima de tudo, leve, e que nos transporta para o que a Fabiane quer contar de forma natural.
Uma pitada de drama e uma pitada de mistério...
Após receber a notícia da morte dos pais, Cecília retorna ao lar para cuidar de toda burocracia enquanto se despede. Anos antes, a moça os deixou em um município de Goiás para se dedicar no trabalho como veterinária em Brasília. Ali começou a criar raízes para sua esperada independência. O amor enganou Cecília, traindo-a; ela já não enxergava prazer naqueles ares. Iludida, decidiu se mudar para o Rio de Janeiro e arriscar tudo para realizar suas ambições em relação a vida profissional. Infelizmente nem tudo se fez como esperado, deixando Cecília envergonhada a lidar com os pais em cada ocasião de contato.
O mistério da trama não demora se apresentar. Cecília descobre que, antes do falecimento, seus pais receberiam uma visita: um suposto primo. Suposto - Cecília sabe que não tem primos. Quem seria este rapaz? A visita não é nada agradável, pois desenterra segredos de família que ela preferia não saber. A perfeição do relacionamento de seus pais acaba por desvanecer diante de seus olhos, assim que o tal primo chega em Pirenópolis, no mesmo momento em que suas desconfianças sobre a morte dos dois começam a soar.
Em paralelo acompanhamos uma outra narrativa, que é focada no veterinário João. O rapaz, que mora em Brasília, está desesperado em busca de uma grana extra. O filho de João é uma criança com paralisia cerebral e necessita de um tratamento experimental fora do país. João não tem apoio da mãe da criança, que os abandonou na primeira oportunidade. Tudo se resume aos dois. Ao encontrar um folheto oferecendo uma grande quantia por um cachorro de raça desaparecido, seus olhos brilham com a grande oportunidade de lucro. Então João decide - ele mesmo - sumir com os cães de raça locais, fingindo que os encontrou para receber as recompensas. Será que tudo seguirá como planejado?
E sim, as duas narrativas irão se conectar entregando uma revelação surpreendente e, também, polêmica.
Como grande amante de um bom mistério, confesso que este foi o ponto principal para me aproximar desta leitura. É delicioso acompanhar como a trama se enlaça despretensiosamente, sem forçar nada, e enganando o leitor de uma maneira até divertida. Adorei as pistas falsas! O grande mistério é em torno da morte dos pais de Cecília - além de como a vida de João irá se conectar com a dela mais o suposto primo misterioso. A autora Fabiane Guimarães nos apresenta uma protagonista sem propósito, ou rumo, após apostar tudo em caminhos falsos. O retorno para os braços do lar, mesmo pelo motivo fúnebre, seguirá de tom reflexivo, preparando-a para o renascimento, até a última página.
A narrativa de João não é em primeira pessoa como a de Cecília. Uma escolha corajosa que apresenta a - talvez - injusta vida do personagem de maneira poderosa. É compreensível as escolhas de João. O filho sempre foi a prioridade, ele não tem lá muita liberdade ou - também - um rumo além do trabalho com os cães. Não é um personagem perfeito e a autora não tenta nos enganar. As pessoas ao redor pensam coisas ofensivas sobre o menino, como o próprio João em seus momentos de fúria. Um fato que talvez incomode, pois a escrita traça a realidade e pensamentos de uma maneira crua. O belo título deixa claro como os dois "protagonistas" reagem aos momentos de grandes emoções - literalmente ou não.
E os locais escolhidos para receber a narrativa casam bem com o tom da autora. Daqueles lugares que raramente se vê noticiado, os acontecimentos morrem ali mesmo e vida que segue; assim como a personalidade de alguns personagens que pra muitos é incomum. Eu moro em um lugar como esse, com os mesmos "personagens", e sei como é. Ha! A forma polêmica como se conectam as narrativas me fez refletir bastante em relação a isso. Quem está lendo certamente irá sentir algo, enquanto no drama de Fabiane é só mais um dia.
A autora apresenta um enredo ágil, de capítulos curtos, simples, com uma pitada de humor e um lado poético. As relações familiares se destacam, sejam pelos segredos ou pela dinâmica pais e filhos. No entanto, acredito que João merecia um final tão desenvolvido quanto o de Cecília, sobretudo em relação ao filho dele - já que todo desvio de conduta é por ele. Não senti a linha narrativa tão conclusiva como a dela e os vácuos são nítidos. E o tal primo, que acabei não comentando tanto por conter spoilers, não conseguiu cativar parte da minha empatia - apesar das infinitas forças em sua construção.
Entretanto, mesmo com as ressalvas, o livro se destaca pelo tom dramático e os caminhos que levam Cecília a verdade. A literatura brasileira não se resume a apenas um eixo, então dica mais que recomendada para diversificar sua lista. A fluidez entre os capítulos provavelmente levará o leitor a finalizar a leitura em poucas horas.
Edição lida em e-book. Agradeço a editora pela aprovação na plataforma NetGalley, em troca de uma resenha honesta. Geralmente são provas, antes da revisão final, mas o e-book que consegui por lá já estava diagramado e tudo; muito bem-feito e de ótima revisão. Adorei a ideia da capa e as cores. Aprecio capas assim, acabo de enxerimento verificando tudo para encontrar algum símbolo ligado à história.
Apague a luz se for chorar é uma historia interligada por duas narrativas, primeiro temos a Cecília que é uma médica veterinária que precisa retornar a cidade de Pirenópolis em Goiás após saber da morte de seus pais. Passamos acompanhar os pensamentos, o remorso que ela sente por não ter estado presente nesses últimos momentos de vida deles e também existe um mistério em torno dessas duas mortes. Vivian se questiona a veracidade dos acontecimentos e começa investigar, se existe alguma possibilidade dos dois terem sido assassinatos.
Segundo temos João, que é pai do Adam uma criança com paralisia cerebral, ele trabalha como veterinário e tenta arranjar uma grana extra pra conseguir pagar um tratamento experimental pro filho na China. Com poucas opções João cria um novo negócio, arriscado e diferente mas foi a única saída que encontrou.
Desde o momento que comecei a leitura me senti muito conectada com a narrativa principalmente pela história se passar numa cidadezinha do interior, reconheci algumas semelhanças com o interior que moro.
A autora soube inserir alguns elementos que deixa o leitor fisgado e curioso em saber qual a ligação dos dois personagens e quanto mais os capítulos se a avançam mais o mistério e as dúvidas crescem.
Não costumo ler livros que abordem a morte dessa forma e confesso que é um tema bastante delicado pra mim. O livro possuem alguns gatilhos pra quem é mais sensível, como suicídio e luto o final foi bem doloroso, então leia ciente!
Gostei bastante do livro e recomendo pra quem gosta de ficção com uma pitada de mistério.
Livro divido entre duas narrativas, por um lado temos Cecília e de outro João, ambos veterinários, mas com vidas completamente distintas.
João é pai de uma criança com paralisia cerebral e que fora abandonado pela esposa e mãe da criança. Ele se divide entre trabalho e cuidar do filho, que exige cuidados e tratamento que demandam tempo e dinheiro, este que é um problema para o pai. Trabalhando no setor de zoonoses não ganha o suficiente e decide fazer “trabalhos” por fora para conseguir dinheiro.
Cecília mora sozinha na cidade do Rio de Janeiro e não tem emprego fixo. Certo dia recebe a notícia da morte dos pais e retorna para o interior de Goiás para o enterro. Já na cidade ela começa a perceber algumas divergências na história da morte dos pais e começa a pensar que foram assassinatos. A partir daí vamos acompanhar Cecília na busca pela verdade, mergulhando em suas teorias que se complicam pelo aparecimento de um meio irmão, Caio, que só conheceu após o enterro dos pais.
Ao passo que temos a história de Cecília em primeira pessoa e bastante ativa com um tom investigativo muito forte, temos a história de João um tanto triste e melancólica e contada em terceira pessoa.
João a proporção que aparenta tentar de tudo e justifica seus atos ilícitos para o melhor tratamento de seu filho ele é de certa forma negligente no tocante ao afeto. Neste ponto as histórias de João e Cecília se contrastam, um permeado por dilemas sentimentais e éticos e outra cercada de culpa pela distância dos pais e certeza de que foi amada e amou bastante.
Durante a leitura diversas questões fui levantando como por exemplo o porque a narrativa circula entre duas pessoas que só tem em comum a profissão, mas no decorrer percebe-se que o ponto em comum é a família como centro de ambas histórias, cada uma a sua maneira, vivendo e se apoiando em sofrimentos e angústias para seguir ou fugir de sentimentos que são inevitáveis.
Uma narrativa forte e carregada de simbologia, a autora consegue, de maneira sensível e marcante, exprimir em nós leitores sensações diversas. Ressaltando que a vida é para ser vivida, sentida e valorizada, mas que também possui perdas e sofrimentos, que são inevitáveis apesar de por vezes querermos fugir e fingir.
Este livro nacional traz a história de duas tramas, aparentemente independentes, mas que se cruzam em determinado momento da história. Por meio de capítulos curtos e alternados, conhecemos Cecília e João, cada um protagonista de um drama.
Cecília acabou de descobrir que seus pais morreram. Ela cresceu rodeada de inseguranças e medo da morte, e isso porque seus pais eram mais velhos que os de seus colegas. Cresceu, formou-se veterinária, casou-se, separou-se. Não teve filhos e foi viver longe dos progenitores, buscando a própria vida, no Rio de Janeiro.
Ao voltar a Pirenópolis, para tratar dos trâmites funerários, ela começou a desconfiar que a morte dos pais não aparentava ser natural, como o laudo médico determinava. Era muita coincidência terem morrido ao mesmo tempo, e ver que a casa não estava trancada só aumentava a desconfiança. Mesmo sem ninguém acreditar nessa hipótese, ela decidiu começar a investigar.
João, por outro lado, é pai solo, vive em Brasília com Adam, seu filho que tem paralisia cerebral e foi abandonado pela mãe. Ele é veterinário, e descobriu um tratamento experimental na China que pode dar mais qualidade de vida. O único problema era levantar o dinheiro para o tratamento. Dona Faustina é a babá contratada por ele para tomar conta de Adam enquanto corre contra o tempo para conseguir dinheiro suficiente.
O tratamento custa cem mil reais, então João começa a fazer o que pode para conseguir o valor necessário. Qualquer coisa, ainda que não sejam coisas socialmente aceitáveis.
Com uma narrativa ágil, este é um livro que mostra personagens reais, com atitudes questionáveis e que são capazes de tomar decisões que podem não ser bem vistas. É um exercício de empatia, e também bastante reflexivo, capaz de mostrar que as nossas ações estão conectadas.
Cecília e João não se conhecem, mas suas vidas estarão ligadas para sempre. Em ambos os casos, a necessidade de se ver fazendo parte de uma família é crescente e necessária. É um enredo bem emotivo, com decisões difíceis a serem tomadas. Um livro que nos ensina a tentar entender as decisões dos outros, sem críticas ou soberbas morais.
❝Mas segui em frente, porque é o que a gente faz quando não sabe o que fazer.❞
Esse foi o primeiro livro que eu li como parte do desafio dos cinco livros nacionais, propostos pela @companhiadasletras, e preciso dizer que foi uma surpresa muito agradável. Aqui, vamos conhecer a história de João e Cecília em capítulos alternados entre os dois pontos de vista.
❝o mundo se acabava — é assim, não chove nunca no deserto, mas quando chove é para provar que as coisas que você mais deseja destroem você.❞
Cecília é filha única e acabou de receber uma das piores notícias da sua vida: seus pais estão mortos. Isso mesmo, os dois ao mesmo tempo partiram dessa para melhor, deixando ela sozinha e com tempo de sobra para criar paranóias.
Por outro lado temos João, que não está em uma situação muito melhor. Pai solo que precisa se desdobrar para cuidar de seu filho Adam, com paralisia cerebral, e de quebra juntar dinheiro para tentar levar ele para China para um tratamento experimental.
❝Às vezes tenho disso. Ideias que me ocorrem, e me convencem, mas viram pó algumas semanas depois.❞
Em uma narrativa envolvente, Fabiane interliga o destino desses dois de uma maneira inimaginável, eu mesmo estava completamente errada na minha teoria.
Um livro sobre relações familiares, perdas e crescimento, com personagens muito bem construídos que dá gosto de ler. Esse é um daqueles livros que quanto menos você souber do enredo melhor, mas se você está buscando conhecer mais livros nacionais escrito por mulher, essa é uma excelente pedida.
Alguns pontos me fizeram não amar esse livro, principalmente em relação ao filho do Adam e a maneira como falam dele, apesar de entender o motivo da autora querer chocar, mexeu comigo de um jeito que me deixou incomodada. Porém, mesmo com esse ponto eu recomendo que você leia e conheça, Fabiane Guimarães é uma das minhas apostas para se tornar um grande nome no cenário brasileiro.
Estamos participando do Desafio Literário da Companhia das Letras: 5 livros nacionais em 5 dias. Durante toda essa semana, postaremos nossas impressões dos livros aqui no site em nosso Instagram, Convidamos todos a participarem conosco – para todas as duvidas, basta ler nosso post completo sobre o desafio.
Eu precisava de mais tempo para digerir esse livro. É isso que eu sinto, acima de todas as outras emoções que senti.
O que temos aqui é uma trama narrada por dois pontos de vistas: Cecília e João, que são veterinários e possuem vidas bastante diferentes. João é um personagem que confesso que não senti muita empatia por ele, mesmo ele cuidando sozinho do filho com paralisia, já como a esposa o abandonou, morando em Brasília. Cecília, na outra mão, em uma personagem que te provoca muitos sentimentos confusos porque ela é confusa: em um lugar negro de sua vida, ela está desempregada, separada e morando sozinha no Rio de Janeiro, onde recebe a notícia da morte dos seus pais. Com isso, ela muda para Pirenópolis, no interior do Goiás.
A autora tenta enganar os leitores (e confesso que me enganou por uma parte do livro) tentando mostrar o papel de Cecilia e João um na vida do outro, porque é claro que as narrativas deles irão se colidir em algum ponto, se não, não teríamos as narrações de ambos. A trama do livro é muito, muito rápida e bastante resumida (algumas vezes até demais para mim), e muitos elementos que remetem aos bons e velhos segredos familiares. Seriam Raul e Margarete, os pais de Cecília, tão boas pessoas assim? Seria a moral de João sobrepujada pelo amor que ele sente por seu filho com paralisia cerebral a ponto de tomar decisões erradas para juntar dinheiro e levar seu filho para fazer um tratamento experimental na China? O que segredos são capazes de fazer?
Não quero falar mais do que isso porque se eu mencionar qualquer coisa além, vou entregar spoilers, mas eu errei logo no começo ao tentar imaginar o papel de Cecilia na vida de João. Quando enfim entendi o papel de João na vida de Cecilia, veio de uma pequena passagem que me fez parar a leitura por alguns minutos porque eu precisava digerir aquela informação. A revelação primeira chega nas entrelinhas, e, depois, escancarada, deixando a gente com um rombo no peito e a sensação de se questionar o que faríamos naquele lugar.
Não sei te responder.
Não sei dizer o que devo pensar. Não sei se chamo alguns personagens de egoístas ou se entendo e aceito suas decisões. Não sei se devia chorar ou ficar com raiva ao terminar o livro. Não sei se passei a gostar mais ou menos de Cecilia. Não sei bem se preciso dizer que este livro tem gatilhos porque não entendo muito bem se existiram realmente. O que eu sei é que, com toda certeza do mundo, eu indico esse livro para quem gosta de um livro que é capaz de te fazer ficar sentade no escuro. Chorando ou não.
Livro curtinho e gostoso de ler, me acompanhou por três dias dessa semana. Dá pra ler mais rápido, se você não tiver filhos e casa pra arrumar! Achei super bem escrito, com uma linguagem simples e ao mesmo tempo envolvente, e cada capítulo termina de forma que você fica muito curioso com os próximos acontecimentos.
Cecília está numa daquelas encruzilhadas da vida: se separou, está desempregada, morando longe dos pais porém ainda sustentada por eles. Não sabe o que quer fazer da vida. E de repente, recebe a notícia da morte dos dois ao mesmo tempo. Ao chegar a Pirenópolis, se depara com coisas estranhas, que levam a pensar que os pais foram assassinados, o que a deixa com a pulga atrás da orelha.
Por outro lado, João também está em apuros. Com um filho com necessidades especiais e que foi abandonado pela mãe, ele trabalha dobrado tentando juntar dinheiro, de forma a levá-lo para a China em busca de um tratamento caríssimo. E em busca dessa graninha extra, ele começa a fazer uns trabalhos não muito convencionais.
Apesar de falar de morte, a história é escrita de forma leve e divertida. Além disso, tem o suspense: será que os pais dela foram assassinados mesmo? Mas no final, me emocionei e apaguei a luz pra chorar um pouquinho sim.
O livro tem dois personagens principais, Cecilia e João. Quando acompanhamos Cecilia temos uma narração em primeira pessoa, já com João a narração é em terceira pessoa. Cecilia perdeu os pais em uma morte que lhe causa desconfianças, principalmente após o aparecimento de um suposto irmão e as visitas de um primo inexistente relatada pela vizinha de seus pais. Ela vive no Rio de Janeiro, bem longe da pequena cidade no interior de Goiás onde seus pais se escondem, por isso nunca teve tanto contato pessoalmente com eles nos últimos anos e por isso há coisas que ela não sabe sobre eles e se choca ao descobrir depois. João é veterinário que trabalha em algo que podemos chamar de canil, com vários animais abandonados onde alguns vão para adoção e outros são sacrificados. Ele tem essa missão e por fazer há tanto tempo ele perdeu qualquer tipo de remorso que isso poderia causar, "matar" os animais ali para ele é rotina. João tem um filho pequeno que nasceu com paralisia cerebral e ele é o único responsável pela criança, contando com a ajuda de uma babá. Ele descobriu sobre um tratamento experimental com células-tronco que é realizado no China e precisa arrumar dinheiro para conseguir ir com o jovem Adam.
Cecilia é uma personagem cativante. Uma mulher que sofreu grande decepção amorosa e precisou se reerguer sozinha em um novo lugar para tentar esquecer o passado. Apesar de pouco ver os pais ela os ama e sente falta deles, mas o medo de admitir que precisa deles é maior do que qualquer coisa, além da vergonha por ainda necessitar deles financeiramente, já que sua vida está um desastre e ela está desempregada. A história tenta criar uma trama de suspense quando ela começa a desconfiar da morte dos pais, por ter sido de um jeito que poucos acreditariam, e isso recai para Caio, seu suposto meio-irmão que está ali para reivindicar sua parte do testamento. Acho interessante a desconfiança nele, entretanto o livro é muito curto para conseguir desenvolver isso tão bem, de uma forma em que o leitor compre as paranoias dela para desconfiar dele. E sim, faz todo sentido desconfiar dele, mas só pelo menos que faz sentido, o livro não alimenta essa desconfiança por muito tempo e isso acaba acabando com o suspense muito rápido. Mas ainda acho que a melhor parte é Cecilia acabar conhecendo melhor seus pais após a morte deles e também se conhecendo, em alguns aspectos.
O tanto que eu gostei dela eu posso dizer que senti desprezo por João, isso porque apesar de tentar mostrar ser um pai preocupado ele não se importa de verdade com o filho dele e isso é perceptível por todas as vezes que ele mal deu atenção ao menino. Em relação a forma como o livro descreve Adam eu não gostei, na verdade eu não gostei nem um pouco. Como eu disse ele nasceu com paralisia cerebral e pelas descrições do personagem na obra ele é de nível 4, o mais critico de todos. Essas pessoas não tem nenhuma autonomia do seu corpo, não podem andar, não podem falar, algumas não podem nem comer e precisam usar sonda a vida inteira e sim, é triste uma pessoa ficar presa em seu próprio corpo, entretanto no caso de João ele descreve o filho como se ele fosse somente um "vegetal ambulante" (palavras do próprio personagem), um "moleque inútil" (também palavras do próprio personagem). Sério, é revoltante esse pensamento de um pai para com seu filho e pior ainda é pensar que existem pais, famílias, que pensam isso das crianças com paralisia cerebral. Mas no livro em si o que mais me revoltou é que a impressão que da é que todas as crianças com paralisia cerebral não expressam sentimentos, ou não sabem o que quer, a impressão que o livro passa é que essas crianças não tem um pingo de inteligência só porque estão em uma condição que muitas habilidades naturais do ser humano não serão desenvolvidas. Bom, nos últimos 3 anos eu convivo com uma criança com paralisia cerebral e posso dizer com toda certeza que está longe de ser como as descrições do Adam, e olha que eu também estou falando de uma criança nível 4 que os médicos já tiraram todas as esperanças dos pais de que um dia ela irá se alimentar com a própria boca ou irá conseguir falar alguma coisa. Não sei exatamente a intenção da autora com as descrições de Adam, e se foi para deixar o leitor com ranço de João eu até entendo, mas faltou um tato para explicar em uma nota de rodapé que paralisia cerebral tem diferentes níveis e que cada pessoa que tem essa condição se desenvolve de formas diferentes, de acordo com o acompanhamento médico que possui, as terapias que fazem e tudo mais.
O livro tem uma narração muito fácil e gostosa de acompanhar, mesmo não gostando de João eu ainda queria saber mais e mais sobre ele e principalmente Adam, e claro que Cecilia e sua busca por saber o que aconteceu com seus pais me deixaram bastante curiosa e torcendo muito para que ela encontrasse alguma paz com sua resposta. A forma como a vida desses dois personagens acabam se conectando é bastante interessante e, se não fosse spoiler, poderia até fazer um debate sobre isso, já que é um assunto bastante polêmico no Brasil apesar de ser comum em alguns países.
Fiquei em dúvida com relação a "com quantas estrelas avaliar" porque é sempre algo muito subjetivo, mas é um livro bom. Não gostei de alguns termos que foram usados no livro e não foram corrigidos ou "desditos" - podem ser tomados como corretos de serem ditos, com relação a pessoas no espectro do autismo, por alguns leitores. Isso pesou bastante na minha experiência de leitura, mas no geral gostei de como as histórias se intercalam e se ligam no fim, que pode ser um final sensível/emocionante para alguém. Apesar de ser um livro curto, as personagens (principalmente Cecília) são muito bem construídas e é possível ver várias camadas, especialmente no caso dela. Outro ponto que fiquei me questionando foi sobre o profissional de zoonoses, me pareceu que a única função deles é sacrificar animais domésticos. Não tenho conhecimento sobre a profissão, mas acredito que vá além disso com ações de educação social, se não estou enganado demais neste momento.
O livro tem uma história interessante, com uma proposta diferente que eu particularmente nunca tinha visto abordado em nenhuma outra leitura, porém para que esse tema fosse abordado (não vou especificar para evitar spoiler) a autora teve que trazer para história o trabalho de veterinários na zoonoses, onde faltou tato, onde faltou informações precisas e até mesmo conhecimento. O livro acaba somente propagando um preconceito maior da sociedade sobre o trabalho de profissionais na zoonoses, onde diariamente estão lutando para mudar, dar qualidade para os animais e não ser só um "abatedouro de cães sarnentos" como a autora retrata no livro. A zoonoses de Brasília mesmo, que foi a retratada no livro, tem um trabalho belíssimo onde voluntários incansavelmente lutam para dar dignidade aos animais e arrumar lares para eles, com amor e carinho.
E faltou empatia da autora também ao retratar um dos personagens que tem paralisia cerebral e a autora usou diversos nomes e termos preconceituosos para retrata-lo, entendo a intenção mas deixou apenas a imagem de preconceito e falta de empatia, carinho e até mesmo noção.
Tinha potencial, tinha uma história boa nas mãos. Mas pela má escolha das palavras, tornou a leitura arrastada, com certa repulsa por tantos preconceitos descritos.
O livro é curtinho, interessante, a autora escreve bem e aborda diversos temas importantes, mas, justamente pelo tamanho, eu acho que tratou tudo de uma forma muito rasa. Por isso, em alguns momentos, perde-se a oportunidade de realmente desenvolver um debate acerca dessas questões. Infelizmente, achei que acabou também recaindo em alguns preconceitos e estereótipos.
O mistério é interessante, a questão das histórias se entrelaçarem também. Por tudo isso, acho que tinha potencial demais, mas faltou uma leitura sensível.
A premissa parece muito interessante e ainda mais por se passar fora do eixo Rio-São Paulo, chamou minha atenção. Porém, a história se perde entre ser um mistério e um contemporâneo que o mercado gosta de chamar de "ficção literária". Cecília é uma personagem que tinha um potencial para ter um bom desenvolvimento e choque de realidade (já que regularmente lembra quem lê "o quanto foi mimada" e "teve privilégios"); os capítulos de João só me deixavam com raiva do nível de capacitismo do pai com o filho e, apesar de entender que é uma construção crítica da realidade que pais e filhes tem, acho que a autora pesou a mão na crítica em não tem um só momento de empatia com o filho. Na verdade, o único momento que ele tem é com o clichê de uma mulher negra mais velha sábia e bondosa.
Algo que me incomodou também foi a construção do Caio. Não sei se a ideia era construí-lo todo com a ignorância da irmã sobre a vida das pessoas além da sua bolha privilegiada, mas o que ficou foi uma visão muito estereotipada e pejorativa de pessoas da região do Amazonas – ou se a ideia era justamente fazer uma crítica a como essa visão existe aos montes no centro-oeste, sul e sudeste, não achei que foi eficiente.
Se o livro focasse no mistério da morte dos pais de Cecília e o aparecimento desse irmão misterioso, ou em discussões sobre os conflitos da vida, relação com morte e decepção etc, poderia ter sido uma história muito mais interessante.