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Kazuo Ishiguro é um daqueles autores que você percebe que é um dos grandes nas primeiras linhas. Assim, logo de cara. E não é nem porque o nome dele geralmente vem acompanhado pelo subtítulo “ganhador do Nobel de literatura”. Embora eu deva admitir que trazer esse tipo de título atrelado ao nome seja, de fato, impressionante e traga uma áurea de “grande escritor”, o que é realmente impressionante é a forma como esse autor brinca com as palavras.

Ishiguro tem uma escrita muito própria, muito poética e muito dele e um jeito quase irritante de deixar as coisas no subentendido. Digo “quase irritante” porque metade da graça de ler Ishiguro é recolher as pistas que ele deixa sutilmente pelo caminho e ir montando aos poucos um quebra-cabeças.

Ishiguro não para explicar nada. Ele não tira um tempo na narrativa para te contar porque que seu mundo é como é, ou como a ciência evoluiu até aquele ponto, ou ainda que tipo de tecnologias existem ou de que tecnologias reais elas são derivadas. Não, Ishiguro segue tecendo sua narrativa poética e cuidadosamente, contando sua história com calma, sem pressa e revelando ao leitor apenas aquilo que é pertinente naquele momento específico… Ele não diz: então, nesse mundo aqui existem androides humanizados que servem de companhia para solitários adolescentes geneticamente aprimorados que estudam em casa.

Ao invés disso ele te apresenta à Klara e a curiosidade e poder de observação dela. É através dos olhos de Klara e de sua percepção subjetiva das coisas que vemos o mundo. É com Klara que aprendemos como as coisas funcionam. Mas Klara é ingênua e uma parte do sentindo real e brutal das coisas lhe escapa e ao leitor também, se não estiver atento pra enxergar nas entrelinhas aquilo que o autor apenas sugere.

Klara é uma AA, uma amiga artificial que passa a primeira parte do livro (ele é divido em 6 partes) observando o compreendendo o mundo pelas vitrines da loja na qual está. Klara é uma mercadoria, um “robô”, algo a ser exposto e, com sorte, vendido. E ela espera e observa, mesmo quando está nos fundos da loja, longe da vitrine que lhe serve de janela para o mundo, mesmo no escuro, mesmo sem nada mais pra fazer além de esperar e observar. Até ser escolhida e comprada para servir de companhia pra Josie, uma adolescente de saúde frágil que mora com a mãe numa propriedade no campo. O livro é sobre Klara e o modo como ela vê as coisas que a cercam, sobre sua inocência que culmina na tentativa quase fabulesca de conseguir a ajuda do Sol para curar Josie.

“Entendi que, apesar de toda a sua gentileza, o Sol estava bastante ocupado; que muitas pessoas além de Josie demandavam sua atenção; que era de se esperar que o sol esquecesse de casos individuais como o de Josie, ainda mais que ela parecesse bem cuidada por uma mãe uma empregada doméstica e uma AA”

Klara e o Sol é quase uma fábula infantil permeado com dilemas filosóficos profundos demais para uma criança. Assim como em Não Me Abandone Jamais (livro pelo qual ele ganhou o Nobel), Ishiguro não está preocupado em explicar as tecnologias e embasamentos científicos para sua construção de mundo, ao invés disso, ele está muito mais interessado em mostrar o lado humano de seus personagens.
Mesmo que sua personagem principal não seja um ser humano de fato.

Aos fãs do autor eu digo: vai na fé, que esse aqui é Ishiguro sendo Ishiguro, com todas as suas sutilezas e linguagem poética. Aos viajantes de primeira viagem, sugiro calma e parcimônia porque é assim que ele escreve. Ishiguro não é a leitura mais leve e fácil que você vai encontrar por aí, mas sem dúvidas, vale à pena.

Aos fãs do autor eu digo: vai na fé, que esse aqui é Ishiguro sendo Ishiguro, com todas as suas sutilezas e linguagem poética. Aos viajantes de primeira viagem, sugiro calma e parcimônia porque é assim que ele escreve. Ishiguro não é a leitura mais leve e fácil que você vai encontrar por aí, mas sem dúvidas, vale à pena.

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⠀⠀⠀Olá, leitores!
⠀⠀⠀Hoje vamos apresentar para vocês mais detalhes do livro "Klara e o Sol" escrito pelo ganhador do Nobel, Kazuo Ishiguro.
⠀⠀⠀Kazuo também é autor de outros livros de sucesso, como "Não me abandone jamais" e "O gigante enterrado". "Klara e o Sol" é um romance sobre o que significa ser humano.
⠀⠀⠀O livro fala sobre Klara, um amigo artificial com habilidades de observação impressionantes, estuda com cuidado o comportamento de todos que passam pela vitrine. Do lugar onde foi designada a ficar na loja, ela espera que uma dessas pessoas entre e a escolha como companheira.
⠀⠀⠀Contudo, quando surge a possibilidade de sua vida mudar para sempre, Klara é aconselhada a não apostar suas fichas na bondade humana.
⠀⠀⠀Neste novo livro, Kazuo Ishiguro examina o mundo moderno pelos olhos de uma narradora inesquecível. Com uma linguagem única e precisa, ele constrói um romance arrebatador sobre o significado do amor e do cuidado. Interessante, não é!?
⠀⠀⠀Separamos alguns trechos do livro para vocês:
⠀⠀⠀ "Deve ser ótimo. Não sentir falta das coisas. Não sonhar em ter algo de volta. Não viver no passado."
⠀⠀⠀ "Ao mesmo tempo, ficava cada vez mais claro para mim até que ponto os humanos, em seu anseio de fugir da solidão, faziam manobras muito complexas e difíceis de compreender."
⠀⠀⠀ "Tem um lado nosso que não quer abrir mão disso. O lado que quer seguir acreditando que existe alguma coisa inalcançável dentro de cada um de nós, algo que é único e impossível de transferir."
⠀⠀⠀"Você acredita no coração humano? Não estou falando do órgão em si, claro. Estou falando no sentido poético. O coração humano. Você acha que existe uma coisa assim? Uma coisa que faz com que cada um de nós seja especial, único? E digamos que exista."
⠀⠀⠀"Aqui devo confessar que, para mim, sempre houve outro motivo para querer ficar na vitrine, que nada tinha a ver com a nutrição do Sol ou com ser escolhida. Ao contrário da maior parte dos AAs, mesmo de Rosa, eu sempre quis ver mais do lado de fora - e com todos os detalhes."
⠀⠀⠀Lançado em 2021, a obra tem 336 páginas e foi lançada pela Companhia das Letras.
Se você curte ficção científica, vai curtir esse livro.

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A capa que embrulhou o livro disse: o último livro imperdível do Prêmio Nobel de Literatura.
Não tendo lido os livros anteriores deste escritor, deixei-me persuadir.
Eu também tinha ouvido um podcast dele descrevendo este livro, que achei interessante.
Bem, apesar de todas as minhas expectativas, devo dizer que achei o livro chato e decepcionante.
Tentei reler algumas partes, escolher vários momentos do dia para ler, tentei entender se talvez por trás dos personagens houvesse mensagens escondidas mas simplesmente não consegui fazer com que gostasse.

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Meu terceiro livro do autor, antes já tinha lido Vestígios do dia e Não me abandone jamais... Klara e o sol é belíssimo como os anteriores mas não tão bom na minha opinião.

Não me entendam mal, isso não quer dizer que o livro seja ruim ou que eu não tenha gostado, longe disso. Talvez eu tenha ido com muita sede ao pote e ele acabou não sendo exatamente o que eu esperava.

Até eu chegar ao final. Esse sim salvou a leitura! Que final!

Mas vale a pena a leitura? Claro que vale! Principalmente se você acha que não gosta de ficção científica. O Ishiguro sabe como escrever FC que não parece FC e que fala sobre a essência do ser humano (ou da humanidade de um ser artificial como é o caso de Klara e o sol).

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Ainda não sei bem o que sinto em relação a este livro. Sei que apesar de não ser um livro maravilhoso, mexeu um comigo e com a minha maneira de ver a inteligência artificial.
É muito fácil de ler e senti muita ternura pela personagem principal/ narradora.

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Você é insubstituível?

O livro mais recente de Kazuo Ishiguro, o primeiro depois de ganhar o Nobel de Literatura em 2017, traz uma série de questões éticas e existenciais para o debate.

Em uma sociedade futurista, crianças são transformadas geneticamente para serem melhores e treinadas em casa por professores particulares para atingirem um melhor nível de inteligência. Klara é um robô, ou uma amiga artificial, desenhada para fazer companhia a essas crianças e adolescentes. Não é o modelo mais recente, mas segundo a gerente da loja onde ela é vendida, possui muita empatia e capacidade de observação fora do comum. Josie é uma adolescente com muitos problemas de saúde, solitária, e que de certa forma se apaixonou quando viu Klara na vitrine. As duas desenvolvem uma relação muito bonita, mas a cada dia Josie fica mais doente. Enquanto procura uma maneira de salvar a menina, Klara descobre que na verdade a mãe pensa que ela pode substituir Josie caso a filha morra: bastaria transferir o HD da robô para um novo modelo, construído com as características da filha, o que aliás já está sendo providenciado.

Mas será que um robô consegue substituir um ser humano perfeitamente? Será que não temos nada que nos torne ímpares?

A história tem problemas: sendo um robô tão avançado e inteligente, Klara é muito ingênua e tem pensamentos muito simplistas. Mas mesmo assim eu gostei! Adoro o estilo do autor, que vai contando a história despretenciosamente e vai colocando pistas aqui e ali do que está acontecendo. Livro que fala de amor, solidão, e da ética do futuro - até onde os robôs são capazes de nos substituir?

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Depois de tanto tempo querendo ler Ishiguro e, por um motivo ou outro, acabar adiando, achei engraçado que dois livros dele tenham vindo parar no meu colo quase que ao mesmo tempo, e principalmente, dois livros que conversem tanto: "Klara e o sol" e "Não me abandone jamais".

A narração da obra, feita pela própria Klara, é muito delicada, e foi construída de forma a nos dar a mesma percepção de mundo da personagem. O autor utiliza o olhar desacostumado e forasteiro dela para nos mostrar as incongruências de uma sociedade diferente da nossa, mas na qual vemos (ou ficamos sabendo que existem) os mesmos problemas: segregação, violência e um uso meio distorcido e duvidoso da tecnologia.

Aqui, como em "Não me abandone jamais", Ishiguro reflete sobre os limites do uso da ciência para "melhorar" nossas vidas, sobre as questões éticas envolvidas no processo e a nossa dificuldade de lidar com a perda.

Foi uma ótima leitura, que me fez passar por muitos sentimentos. Com certeza cumpriu seu papel de me fazer sentir os conflitos dos personagens.

Obrigada à Cia das Letras e à NetGalley por disponibilizarem a cópia antecipada desta obra em troca de uma resenha sincera.

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Sutil e profundo!
Este é o primeiro livro de Kazuo Ishiguro desde seu prêmio Nobel de literatura em 2017.

O livro é divido em 6 partes e narrado por Klara. O início é um pouco lento, enquanto acompanhamos Klara e suas observações do mundo através da vitrine da loja onde ela está exposta.
Mais tarde, ela é adquirida por Josie, após uma avaliação cuidadosa da Sra. Arthur, a mãe de Josie. E Klara tem uma noção bem nítida de qual seu papel como Amiga Artificial de Josie e está sempre ao lado da menina, atenta para atender suas necessidades.
E quando Josie fica doente, Klara faz tudo o que está ao seu alcance para ajudá-la.
Achei muito interessante o fato de que Klara é como uma criança/adolescente em desenvolvimento que está aprendendo a entender o mundo, a bondade e a maldade.
Outro ponto interessante é a fé que move Klara. Não estou falando de religião. Estou falando em acreditar do fundo da alma (mais interessante ainda porque estamos falando de Inteligência Artificial).
O primeiro livro que li do autor foi Não me abandone jamais (resenha aqui) no qual ele fala de clones criados para atenderem necessidades específicas dos humanos. Em Klara e o Sol ele nos mostra uma vez o homem criando uma “forma de vida” para atendê-lo em suas necessidades.

De uma forma poderosa ele explora questões importantes sobre a humanidade: o que faz uma pessoa? O que faz a vida valer a pena? O que faz com que os outros se lembrem de nós quando partimos? Como nossas crenças mudam as situações ao nosso redor e como o que nos cerca influencia nossa fé?
E tudo isso a partir de uma narradora que teoricamente não tem emoções humanas!
É complicado tentar explicar isso sem dar um monte de spoilers e contar a história toda. Mas o que posso dizer é que é uma leitura sensível e tocante que, no meu ponto de vista, valeu cada página.

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Estamos nos EUA, mas em um futuro onde encontramos Klara, que passa os dias alternando lugares na loja em que mora, observando o comportamento dos humanos que passam diante de sua vitrine e dos seus amigos AA como ela e sonhando em ter uma boa criança a quem fará companhia.

Mas porque a necessidade de Amigos Artificiais? Nesse futuro, crianças e adolescentes vivem quase que em total isolamento (sentiu algo familiar???), assistem aula por videochamada e os encontros entre amigos são feitos em um ambiente controlado, onde os pais estejam separados apenas por um parede. Ah, e todos são manipulados geneticamente, ou não são vistos com bons olhos pela sociedade que não acredita em apostar apenas na natureza. E mesmo entre os adultos você não encontra um nível de interação muito maior.

Klara se torna AA de Josie, uma garota meiga e frágil, com uma doença grave que pode levá-la a morte. E nesse ponto temos uma discussão muito interessante que questiona o quanto do ser humano pode ser modificado, replicado ou substituído pela tecnologia. Um debate ético filosófico que questiona a aceitação da finitude da vida humana e mexe com o leitor.

Apesar de observadora, Klara não é capaz de entender todas as camadas do ser humano e sua capacidade para a maldade. Alimentada por energia solar, Klara vê o Sol como um ser todo poderoso que é capaz de nutrir AAs e humanos, considerando sua existência vital e a falta dela, um dos motivos para Josie não se recuperar. Pegando o gancho, Ishiguro aproveita para falar de meio ambiente, já que Klara acredita que o sol estaria zangado por conta das fábricas que estão poluindo o céu com suas grandes chaminés, empreendendo uma luta pessoal para acabar com a poluição.

Klara e o Sol é uma narrativa lenta, mas no ritmo certo para levar o leitor a caminhar junto com a protagonista, embarcando nessa descoberta de mundo que Klara faz onde a observação é a principal ferramenta para entender o mundo em que se vive e o questionamento de tudo ao seu redor é essencial para fazer escolhas.

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A escrita do Ishiguro é algo que consegue me provocar sentimentos. Sejam bons ou angustiantes. A obra consegue me fazer pensar através de uma nova ótica sobre ideias que passam batidas pelo meu cotidiano. Mesmo que alguns momentos a sensação seja de estar confuso e perdido na narrativa, vale a jornada.

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📚 Resenha de hoje: Klara e o Sol, de Kazuo Ishiguro.

❓ Klara é uma AA que tenta compreender o mundo enquanto espera por uma criança para chamar de sua. A história se passa em um futuro incerto, nos quais a tecnologia e a ciência avançaram. E mais não digo, para não estragar o prazer das descobertas durante a leitura.

⭐🧩 O que me encanta na escrita do Ishiguro é justamente o jogo de esconde-e-mostra que ele constrói. Inicialmente, o leitor está perdido e várias perguntas surgem logo nas primeiras páginas. Aos poucos, as respostas aparecem, nunca por meio de grandes explicações (que poderiam soar forçadas ou enfadonhas), mas por pistas, peças que vão formando um quebra-cabeças.

💔 Em "Klara e o Sol", Ishiguro explora a solidão, tema recorrente em sua obra. Também fala de amor e morte. Há semelhanças com "Não me abandone jamais" (um dos meus livros favoritos de todos os tempos) e em dados momentos dá pra pensar que "Klara e o Sol" se passa na mesma realidade daquele livro, inclusive em razão de alguns dilemas éticos colocados. A escrita é delicada e brumosa, como nos outros livros do autor.

😊 "Não me abandone jamais" continua sendo meu favorito, mas "Klara e o Sol" é imperdível.

✨ Estrelinhas no caderno: ⭐⭐⭐⭐

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Esperança, fé e distopia.
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Em um futuro onde as pessoas são divididas em elevadas ou não, as crianças sofrem tanto quanto os adultos ou ainda mais. Vivem isoladas em suas casas, com professores particulares em aulas online, enquanto seus pais trabalham incessantemente para lhes garantir um futuro. Por isso, foram criados os AA, Amigos Artificiais, vendidos em lojas, com o único objetivo de fazer uma criança feliz. E Klara é uma AA excepcional.
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"Às vezes não ter sentimentos deve ser bom. Eu te invejo."
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Klara vê o mundo com uma clareza e ingenuidade que nos tiram o fôlego. Para ela, tudo tem uma explicação e um motivo. Mesmo que bastante distantes da realidade. E o Sol é o seu maior protetor. Fonte de uma “nutrição especial” para os AA, mas também para humanos. Capaz, ainda, de oferecer graças especiais em troca de promessas e sacrifícios.
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"'Esperança'", ele disse, 'Essa desgraça nunca deixa a gente em paz.'"
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Um livro sobre solidão, esperança e fé. Uma humanidade destroçada, vivendo dividida entre os elevados, com empregos e casas confortáveis, e os demais, que se isolam em comunidades, onde há violência e luta pela sobrevivência. Neste caos tão pouco futurístico, Klara é uma inteligência artificial capaz de ter fé e esperança, sentimentos já esquecidos pelos humanos.
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"Até pouco tempo, eu não achava que os humanos fossem capazes de escolher a solidão. Que havia, em algumas ocasiões, forças mais poderosas do que o desejo de evitar a solidão.”
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Uma narrativa diferente e acolhedora. Você se sente ali, vivendo com Klara naquele mundo que ela mal conhece e compreende. Consegue sentir suas preocupações e angústias e a sua fé no Sol é algo quente e caloroso.
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Adorei! Recomendo!

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Klara é uma AA (amigo Artificial) e encontra-se em uma loja a espera de um cliente que a leve para sua casa. Enquanto espera, Klara fica observando a rua através da vitrine as pessoas passando e seus comportamentos. O dia da sua compra finalmente chega e Josie uma garota que mora com sua mãe, a leva para ser sua AA. Josie é uma menina doente e Klara vai ser sua companheira fiel e ajuda-la a ficar boa. Uma linda história de companheirismo e ajuda ao próximo. Amei o livro

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Esse é um livro muito ligado a parte fantástica do Ishiguro. É pra todo o público? Não necessariamente pois é um livro de ficção científica mesmo ou seja ele fala muito com o nicho, assim como Não me abandone Jamais, então vejo muitos públicos: os leitores usuais do ishiguro, aqueles que gostam de um realismo fantástico (ainda que não seja, conversa com o público), e os de ficção científica/geek que estranhamente serão os mais difíceis uma vez que a aura do autor não aponta para esse gênero apesar de dever.
Sobre a escrita e história eu gostei bastante, acho que o twist final define bastante o quanto o leitor vai gostar do livro ou não, é um 8/80. achei surpreendente sair do fc tradicional e se tornar algo mais.... eu gostei muito, sam posso enxergar quem não vai gostar. Também Acho muito importante ter uma personagem-robô-feminina que não seja colocada na trama de exploração sexual, o que costuma acontecer com uma irritante frequência em narrativas de fc, e isso com certeza outro ponto de venda bom para o livro.

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Livro sensível e de escrita fluida. Provocou muitas reflexões por abordar assuntos bem relevantes, como: solidão, evolução, amor, abandono, etc. Foi meu primeiro contato com a escrita do autor e me deixou curiosa pra conhecer mais os livros dele. Recomendo.

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Klara e o Sol foi meu primeiro contato com o autor Kazuo Ishiguro. Já tinha vontade de ler outras obras dele, mas resolvi começar por aqui, onde a expectativa estava mais baixa, pois é um livro mais recente.

Klara é uma Amiga artificial (AA). Ela é muito doce e otimista, é bonito ver como ela enxerga o mundo e tem esperança. Ela aceita de forma subserviente o que pedem dela, por mais absurdo que seja. A relação dela como sol é muito interessante, como ela é nutrida por ele e tem grande fé no seu poder

A trama segue por rumos que eu não imaginava que seguiria, que me levou a refletir sobre o avanço da tecnologia, da genética e o que nos define como "eu". Achei (e queria) que a relação dela com Josie seria melhor deselvolvida.

Recomendo para quem quer começar a ler a obra do autor, acho que foi uma boa porta de entrada (pelo menos funcionou bem comigo).

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“Klara e o Sol” foi minha primeira experiência com Kazuo Ishiguro. Estou encantada com a delicadeza com a qual ele conta sua história construindo uma ficção cientifica muito peculiar. Geralmente quando pensamos ficção cientifica envolvendo robôs e derivativos nossa expectativa se ligar mais a naves espaciais, explosões, tecnologias mirabolantes e coisas do gênero. A leitura do Ishiguro divergente totalmente dessa expectativa.
Klara, protagonista/narradora da história, é uma AA (Amiga Artificial) alimentada por energia sola. Ela faz parte de uma série de robôs criada para acompanhar adolescentes até o momento da entrada na universidade. Apesar de ser a protagonista do livro, ela é coadjuvante na vida de todos os personagens da história. Como coadjuvante, ela observa, registra e nos conta sobre um futuro no qual a humanidade apostou em um projeto eugenista onde crianças, com o consentimento de seus responsáveis, são expostas a processos que elevam sua capacidade intelectual, mas adoecem seu corpo podendo levar a morte. A tecnologia dos AA é desenvolvida para ajudar as famílias a cuidar dos adolescentes que pelo processo de elevação, pois estes vivem isolados, estudam remotamente além de em constante estado de debilidade física.
Na qualidade de inteligência artificial não importa quão absurda, incomoda, abusiva ou brutal seja a situação, Klara passa por ela como se tudo fosse muito natural, sem questionamento. Assim ela vive sua experiência nesse mundo eugenista, hierarquizado, desigual, brutal, extremamente fascista, e nos apresenta a ele sem arroubos, arcos dramáticos ou conflito de interesses. O impacto da história é todo nosso, a narradora não pisca ou vacila enquanto nos conta as coisas mais absurdas. Klara leu Kafka, tenho certeza!
Para mim, essas histórias brutais contadas de forma tão natural e terna são as mais difíceis de digerir. Não por acaso, leia o livro e você vai entender, estou agora debaixo da roseira plantada pelo meu irmão, kindle na mão, absorvendo os raios de sol, chorosa, digerindo essa história e sentindo medo.

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Primeiro livro do autor depois do recebimento do Nobel, neste enredo, desenvolvido num futuro próximo, conhecemos Klara, um robô humanoide que tem a função de ser um amigo artificial. Não confunda, ela não é uma criada, ou uma babá; sua função é de amiga e companheira de vida dos jovens, cuja missão é ajudar a passar pelos anos até chegar a época da faculdade.

Na história, as crianças são educadas em casa, e há "reuniões de interação", quando se encontram. Klara, assim como muitos outros, fica numa loja, à disposição de compradores, em exibição. Ela não é um dos modelos de última geração de AA, capaz de fazer acrobacias, e precisa de constante absorção da luz solar.

Porém, ela tem um diferencial; perspicaz e curiosa, consegue observar tudo o que diz respeito aos humanos.

Num de seus dias de exibição na vitrine da loja, Klara vê Josie, uma garota de 14 anos. Ambas ficam interessadas uma na outra. Josie tem alguma doença grave, que não é muito explicada no enredo (e é dispensável saber a respeito). Após um tempo de incertezas, Klara é escolhida para ser a AA de Josie, e passa a morar na casa da família.

Toda a obra é contada sob a perspectiva de Klara e, por isso, algumas passagens são descritas por cima, para que tenhamos a mesma sensação de falta de informação e dúvidas que a robô. Ela é uma personagem que observa toda a realidade à sua volta, como a poluição e a forma de construção da sociedade, cada vez mais adepta à inteligência artificial.

A premissa da obra é incrível. Hoje, somos cada vez mais adeptos aos autômatos incorporados à nossa vida: alexa e aplicativos, como waze, são apenas alguns exemplos. Imagine então que, num futuro, esses autômatos possam ser ainda mais humanizados, e passemos a conviver com eles como quase iguais. No mundo de Klara, isso acontece, e os robôs aceitam tudo como dentro dos padrões da realidade. Então, ouvir coisas do tipo: "não sei como me dirigir a você, como uma pessoa ou um aspirador de pó" é algo aceitável para a personagem.

Apesar disso, Klara é apaixonada pelo mundo dos humanos (mesmo não querendo ser uma, pois sabe bem seu lugar no mundo). Quer aprender mais sobre eles, entender seus sentimentos e estar sempre à disposição para o que for necessário, ainda que isso signifique anular a si mesma.

É um enredo bastante sensível, e somos apresentados a temas como luto, altruísmo, sacrifício, empatia e, acima de tudo, o poder do amor. Uma obra emocionante, que trata da natureza humana e nos deixa estarrecidos com nossas ações enquanto seres humanos.

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Uma narrativa delicada e cheia de detalhes bonitos. A Klara é fofa e carismática, mesmo sendo uma inteligência artificial (ou talvez por isso?). Os outros personagens não me cativaram tanto, entendi seus conflitos e dramas, principalmente o da menina Josie, mas esperava mais da interação deles com a Klara e mais atitude de todos.

A questão da Klara com o sol é fofinha e a fé e esperança dela é a melhor coisa desse livro, é lindo e triste acompanhar a narrativa de uma inteligência artificial que se importa mais que muitos humanos. O livro ainda tem reflexões sobre o que nos torna humanos, sobre amor, família e viver. Tem cenas muito bacanas.

Esse livro é ótimo pra quem ama uma narrativa melancólica contemplativa, que gira em torno do protagonista, sem grandes explicações sobre o universo construído e sobre os temas sociais abordados e que fala de tecnologias super avançadas de um jeito mais leve.

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