Sabe aquele livro em que os sentimentos conseguem ultrapassar as páginas? Esse é um deles.

A Chimamanda conseguiu de uma forma linda e dolorosa expressar os sentimentos causados pela perda repentina do pai. E aqui deixo um spoiler da vida real: ela acabou perdendo a mãe também, em menos de um ano depois. 😢

Curtinho, mas lindo.

Adoro a Chimamanda e sempre achei as falas e discursos dela muito bonitos, diretos e coerentes.

Aqui não é diferente. Ela fala lindamente sobre a perda do pai dela, fala sobre a raiva, o desespero, a dificuldade e a falta de vontade de aceitar que aquilo era real e tantos detalhes que são super fáceis de se identificar porque luto é algo universal.

Gostei bastante da sinceridade dela ao levantar as questões sobre o luto, os rituais, as falas das pessoas ao redor, a saudade, a incapacidade de falar da pessoa no passado porque ela parece estar tão presente. E ela ainda levanta alguns detalhes sobre isolamento, já que o pai dela morreu no meio da pandemia.

Belo e triste.

“Pouco importa se eu quero ser mudada, porque estou mudada. Uma voz nova faz força para vir à luz na minha escrita, cheia da proximidade que sinto em relação à morte, da consciência da minha própria mortalidade, uma trama muito delicada, muito claramente presente. Uma urgência nova. Uma impermanência no ar.”

“Um dos muitos componentes notáveis do luto é a criação da dúvida.”

Esse é o tipo de livro que eu gostaria de ter lido há 7 meses. Mas entendo que tenha lido ele agora. Não dói menos, só dói diferente. É muito estranho falarmos sobre quem perdemos no passado, se ela está presente diariamente.

É extramente complicado escrever uma resenha sobre um livro tão pessoal e com um tema tão frágil e delicado como esse, mas as palavras da Chimamanda ganham mais poder nesse livro e dizem verdades subjetivas que por muito tempo eu só pensei e nunca imaginei que alguém compartilharia do mesmo pensamento em relação ao luto.