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Nós Somos a Cidade foi meu segundo contato com a escrita de N.K. Jemisin, e eu achei que já sabia o que esperar, mas estava enganada.
O enredo da obra é maravilhoso e a forma como ela desenvolve os personagens (de uma diversidade enorme) e ao mesmo tempo conta a história de Nova York (sempre com todas as críticas necessárias) me ganhou de cara. O fato de o "Brasil" ter alguma relevância na narrativa também foi bem legal.
Em alguns momentos eu achei que a repetição de algumas críticas dentro da obra eram desnecessárias, e sentia como se ela estivesse explicando de novo e de novo por que algo era problemático. Mas, infelizmente, sei que nem todo mundo entende algumas dessas coisas de cara, e a repetição também reforçava o quanto alguns grupos sofrem frequentemente com certas situações, e a raiva com certeza nunca diminui.
A única coisa que me incomodou realmente tem mais a ver com a parte fantástica da obra. Eu adorei tudo em relação à construção do universo e sua relação com o nosso mundo, inclusive o fato de algumas coisas ainda estarem obscuras, deixando questões a serem respondidas na continuação. Porém, senti falta de um desafio real para os protagonistas. Em momento algum fica claro o que eles podem ou não fazer, qual o limite de seus poderes e conhecimentos. É como se eles só soubessem e sentissem que deviam fazer algo, fizessem e tudo certo. Isso contribuiu para uma resolução final que achei anticlimática.
Sem dúvida, a obra é uma declaração de amor (acompanhada de um baita puxão de orelha) a Nova York, e nesse sentido, ela atinge seu objetivo.
Acredito que para ser justa, preciso começar essa resenha deixado claro que “Nós somos a cidade” é o livro mais criativo e instigante que li nos últimos anos. A Fantasia é meu gênero literário favorito, mas às vezes sinto que o gênero está a beira da exaustão, o que me deixa triste – de verdade, e, por isso, toda novidade é bem-vinda. Mas aqui não temos somente “umma novidade”: temos uma narrativa completamente inovadora e criada do zero, construída de uma forma tão única e tão completa que no meio da trama me peguei transportada para dentro do enredo tão original e tão bem traçado que eu não consegui desapegar, e entendi o sucesso que este livro fez lá fora: indicado a vários prêmios e aclamado, “Nós somos a cidade” se passa na cidade de Nova York, que está ganhando vida. Se eu fosse resumir o livro em uma única linha, seria isso, mas ele é muito, muito mais do que isso.
Também preciso preparar você, caro leitor, que também está ansioso para ler esta obra, que é do estilo da autora deixar vários elementos sem resposta no começo da trama, e aqui não é diferente. No começo você irá sim, se sentir perdide e confuse a ponto de se questionar o bom e velho: “O que está acontecendo aqui mesmo?” porque a trama é complexa, mas não jeito que causa desinteresse no leitor, e sim justamente o contrário: faz com que não possamos deixar o livro de lado para que possamos entender tudo que está acontecer. E aqui a autora faz exatamente isso. Você só precisa ter fé e continuar sua leitura, mesmo que ainda se sinta um pouco perdide.
Logo no início da trama somos apresentados a quem acreditamos que será um dos personagens principais e que descobrimos ser Manny, ou melhor, o avatar de Manhattan, parte de Nova York. Sim, ele tem um apelido que aproxima o personagem da parte da cidade que ele representa, até para facilidade o contato inicial do leitor com a trama. Manny não tem todas suas lembranças e esse também é um ótimo recurso narrativo, já como estamos acompanhando-o e não sabemos realmente o que está acontecendo. Também somos apresentado a Paulo, um personagem que parece ser bastante misterioso e estar interligado a seu próprio nome – sim, outro personagem ligado ao nome. Pegaram a dica?
Manny logo se encontra sendo atacado por uma mulher que ele nem ao menos entende quem é ou o que faz, tudo isso no meio das ruas da cidade. New York aqui é uma personagem e vamos sendo apresentados tanto a sua diversidade cultural quanto aos seus problemas – e logo de cara temos uma cena que me impactou bastante com a xenofobia e racismo. Se há algo que eu também preciso enaltecer no livro é a forma como a autora inseriu tão, tão naturalmente problemas que vivemos todos os dias em nossa sociedade, com cenas que chegam a doer o coração de tão reais que são. Não é porque estamos no genêro da fantasia que podemos esconder nossos problemas como seres humanos, e entre eles temos o racismo, a homofobia, corrupção policial e muito mais. Essa naturalidade é toda crédito da autora N.K. Jemisin, que realmente é um dos maiores nomes atuais da fantasia e muito, muito merecidamente. Obviamente ao ver esses elementos, eu já estava mais do que vendida ao livro, mas ainda tinha bastante duvidas sobre a trama central do livro.
Temos múltiplos pontos de vistas e isso também vai ajudando a conhecermos melhor os outros avatares da cidade de New York: assim como Manny, que está representando Manhattan e o conhecemos previamente, somos apresentados também à Brooklyn Thomason, uma já aposentada rapper que aqui representa justamente o Brooklyn; Bronca Siwanoy, uma descendente indígena lésbica que trabalha em uma galeria de arte e representa o Bronx; Padmini Prakash, uma estudante de 25 anos que representa e mora no Queens e, completando o grupo, temos Aislyn Houlihan, uma mulher branca que viveu reprimida sua vida inteira por seu pai na ilha – sim, em Staten Island. Através dos olhos de Manny, que não se lembra de nada, e de Brooklyn, vamos vendo a dupla tentando reunir os 3 avatares que faltam, e vamos sendo apresentados a outros personagens, além da vilã (lembram da mulher que logo atacou Manny?) e voltamos a ver Paulo, que também conhece Manny. Cada um desses personagens tem um poder diferente, e não vou falar deles para vocês, deixando a deliciosa surpresa de descobrir a medida que a narrativa vai se desenrolando, mas já adianto que cada um dos poderes está completamente ligado as suas personalidades, tudo lindamente encaixado.
O grupo é claramente bastante diferente entre si, com personalidades completamente distintas, e aqui preciso assinalar a história de Aislyn, uma mulher que teve toda sua vida ditada pelo que seu pai, um policial racista e prepotente, tudo escolhido dele para ela. De longe foi minha personagem favorita e acho que quase todas as mulheres encontraram algo para se espelharem na personagem e o arco da personagem na narrativa foi muito, muito convincente e tocante. Além de suas personagens bastante diferentes, há também a diferença de raças, sexualidade e também de idade, coisa que me agradou demais. É um grupo completamente diverso e também temos só que agradecer a autora ao mostrar suas experiências de vida tão opostas e como, de alguma forma, eles se tornam uma espécie de família – disfuncional, mas uma família.
“Por que eles precisam se unir” é também uma grande questão, claro. Afinal, que mulher é essa que tentou atacar Manny no começo da narrativa e que tem poderes capazes de se espalharem como uma espécie de vírus entre as pessoas pela cidade, assim como o motivo pelo qual New York é composta por 5 avatares e o que aconteceu com o avatar único da cidade – como, por exemplo, São Paulo (sim, a nossa São Paulo é um personagem do livro e sim, estamos muito bem representados, prometo). As respostas começam a vir, mas não sem antes criamos outras perguntas e ficarmos bastante intrigados com a vilã, que é uma vilã que não é totalmente má, assim como os 5 personagens principais também não são completamente bons, coisa que torna toda a trama cada vez mais crível.
Ainda não há como não mencionar a parte de como cada personagem reflete tão bem o seu bairro e a forma como o representa. Houve muita, muita mesmo, construção de personagens e ambientação nesse livro, muito mais do que a maioria dos livros de fantasia que estamos acostumados, mesmo sendo no subgênero de “Fantasia Urbana” na qual ele se encaixa. Sinceramente, lendo esse livro e a forma como os personagens começam a correr para salvar sua cidade (e eles mesmo) me fez ir para New York e aprender mais sobre a cidade, tudo em um feito que não acredito que seria possível se tivesse sido escrito por outra mão. Eu estava em New York ontem à noite enquanto lia esse livro, e não posso agradecer o suficiente a N.K. Jemisin por isso.
Mas… Sim, há um “mas” que pode fazer alguns ansiosos perderem um pouco o ritmo de leitura: a falta de resposta nas primeiras páginas: o que já falei acima e não me fez desistir da leitura de forma nenhuma, e digo a você, leitor que decidiu dar uma chance a esse livro: continue lendo. Não espere uma solução para as primeiras páginas porque o melhor está para vir, eu prometo. Claro que o final que deixa várias perguntas em aberto – mas, claro, esse é o 1º livro de uma trilogia que se chama “Grandes Cidades”, então podemos esperar mais respostas nos próximos volumes, e algo com uma qualidade tão alta quanto esse livro.
A ideia de que somos parte da cidade que moramos, assim como ela é parte de quem somos, me pegou com bastante força, me fazendo pensar sobre os lugares que já morei e a forma como estes lugares impactaram minha vida e estão em mim até hoje. Lugares que visitamos, ruas pelas quais passamos, aquela mercado que passamos, aqueles vizinhos que sempre cumprimentamos com um singelo “Bom dia”, tudo isso faz parte do caminho que trilhamos até aqui. E sim, consigo entender a mensagem de problemas atuais e viscerais que vivemos (racismo, xenofobia, misoginia e muito, muito mais) misturado a uma fantasia que espelha todos esses problemas. No final, sim, nós somos a cidade que moramos, e parte dela fala por nós. Só precisamos escolher como e, principalmente, o que desejamos falar.
Resenha | Nós Somos a Cidade | N.K.Jemisin | @editorasuma | 4,2🌟/5🌟
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📄 Oi seguimores, como vocês estão? Hoje é dia de Resenha aqui no Cantinho.
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📝 Nós Somos a Cidade é o mais novo lançamento da autora N.K.Jemisin e abro essa resenha dizendo que foi o meu primeiro contato com a escrita dela e com uma narrativa leve, envolvente e encadeada de emoções, acabou me fisgando logo no início.
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📝 Aqui, nesta obra, o leitor embarca em uma trama que mostra que a cidade de Nova Iorque possui seus segredos, suas histórias e seus “monstros”. Tudo isso de forma ímpar que vai cativando ao longo da leitura. Preciso destacar que fui surpreendido por essa trama, pois foi a primeira vez que tive contato com uma “mitologia” desta maneira e sua construção me ganhou.
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📝 Além de uma boa narrativa, a obra me fez sair um pouco da “caixinha”, pois Nós Somos a Cidade vai muito além de uma fantasia urbana, ela trabalha elementos mais fantásticos e o leitor fica conectando as peças para entender o que os cinco heróis precisam enfrentar e evitar. Caro leitor, eu fiquei pasmo com a forma que tudo se desenrola, as tramas, as subtramas e também os plots, tudo foi bem pensado e bem executado.
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📝 Outra questão que destaco é a construção dos personagens. A autora trouxe personagens que possuem suas dores, suas cicatrizes, seus traumas e seus medos e que ao longo do livro conseguimos entender o que cada um vivencia e como isso afeta o seu presente. Essa realidade empregada foi uma imensa surpresa positiva, pois para quem me conhece, sabe que gosto bastante de personagens assim.
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📝 Ademais, temos uma dose de representatividade muito necessária e bem atual. Um ponto que me chamou a atenção, ainda mais da forma que foi empregada. Creio que cada leitor irá se identificar de alguma forma com os protagonistas desta história e isso, ao meu ver, ajudou muito ao longo da leitura, já que fica aquela sensação de: “o que vai acontecer na próxima página, no próximo capítulo”.
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📝 Tudo isso culminou em um final repleto de reviravoltas e de surpresas me deixando ainda mais ansioso para o próximo volume desta trilogia.
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📖 Livro cedido em parceria com a @editorasuma selo da @companhiadasletras.
Esse ano, conheci o trabalho da N.K. Jemisin através de A Quinta Estação e logo ela se tornou autora favorita pra vida! E com Nós Somos a Cidade não foi muito diferente. Afinal, um livro escrito pela única pessoa a ganhar três vezes consecutivas o Hugo Awards não pode ser ruim.
Toda cidade tem uma alma. Em algum momento ela "nasce" e se personifica em um avatar. Nova York, além de um avatar próprio da cidade, ela ainda possui mais cinco que personificam distritos que compõem a cidade: Manhattan, Brooklyn, Bronx, Queens e Staten Island. Mas algo está errado em Nova York e esses cinco distritos tem que correr contra o tempo para proteger o avatar primário e assim evitar a destruição da cidade.
O nível de criatividade dessa mulher, eu queria ter 1% dele na vida. O modo como ela cria todo um universo e através dele traz discussões pertinentes do nosso dia é simplesmente incrível. Durante todo o livro, temos discussões sobre racismo, preconceito, xenofobia e tantos outros assuntos importantes e que são um soco no estômago pelo modo como ela conecta com a vida e importância de cada avatar.
Outro ponto que achei genial foi a diversidade racial entre os avatares. Nova York é uma das cidades-símbolo dos EUA, um país que sempre foi conhecido por ter pensamentos vindos diretamente da caçama de lixo. Então, veja só... Dos seis avatares, cinco são não-brancos.
O próprio avatar de Nova York é um negro gay/bi/pan (não ficou bem definida sua sexualidade) morador de rua, Manhattan é de descendência afro-latina, Brooklyn é uma mulher negra ex-rapper, Bronx é descendente da tribo indígena lenape lésbica, Queens é uma mulher indiana gênia da matemática. Por último (e sim menos importante) Staten Island é uma mulher branca e submissa.
Os primeiros capítulos podem ser um pouco arrastados, mas justamente por sermos apresentados e familiarizados a cada avatar/distrito. Aos poucos eles vão se encontrando e aprendendo a trabalhar em equipe, principalmente tendo que superar suas animosidades. Exceto por Staten Island, já que sua avatar é a própria representação do americano retrógado. Jemisin até que dá um pano de fundo que rola você entender de onde vem todo o conservadorismo, medo e preconceito, mas a partir do momento que ela decide ficar na bolha, não tem como defender.
E nem só de avatar de NY vive Nós Somos a Cidade. Temos Paulo (avatar da cidade de São Paulo) em cena, tentando ajudar os novos a se familiarizar com toda situação. Fora que ele é protagonista de uma das melhores cenas desse livro e envolvendo um brigadeiro ainda por cima.
O vilão aqui é a própria personificação do "cidadão de bem". No caso aqui uma vilã, que utiliza dos preconceitos internos de vários cidadãos de NY para se fortalecer e tentar derrotar os avatares. Inclusive, toda a história tem um clima bem terror cósmico lovecraftiano, com lutas e monstros interdimensionais, e eu só espero que ele esteja se revirando nas suas catacumbas por ter seus elementos sendo utilizados por uma mulher negra, a fim de mostrar tudo que há de ruim na sociedade.
O livro também é cheio de ação, não lutas físicas, mas sim com situações desconfortáveis e até ameaçadoras para segurança dos avatares. Na reta final, Jemisin nos surpreende com um elemento novo, que eu adorei e só pude gritar.
Nessa fantasia com toques de ficção científica, as grandes cidades se tornam tão grandes, que podem chegar a ‘nascer’! E vamos acompanhar justamente o nascimento de Nova York, que se incorpora em seu avatar – um garoto de rua que sobrevive usando sua malícia e seu corpo, se necessário for. Mas tem a arte correndo nas veias e, ainda sem saber que ‘é’ Nova York, cético, vai sendo guiado por Paulo – também conhecido como São Paulo…
Entretanto, logo após seu nascimento, ele é atacado por uma entidade desconhecida e, mesmo vencendo o primeiro round, fica tão exaurido que entra em um sono profundo, deixando toda a cidade à mercê dessa entidade. Nesse momento, outros cinco avatares surgem, cada um deles representando os distritos que compõem a cidade: Manhattan (Manny) é arrogante e individualista, Bronx (Bronca) tem origem nativa e é lésbica, Brooklyn (Brooklyn) é uma ex-rapper que se voltou para a política, Queens (Padmini) é uma jovem indiana fazendo doutorado em matemática, e Staten Island (Aislyn) é uma jovem preconceituosa e controlada pelo pai. Eles terão de aprender rápido sua missão: encontrar e proteger o avatar primário. Afinal, todos são Nova York.
Vale avisar que a trama em alguns momentos se apresenta arrastada, já que há muitas reflexões, e os personagens/cidades se mostram aos poucos. Começa com uma ação frenética, e depois vai mais lento, até chegar à uma conclusão que achei rápida demais. Ainda assim, promete muito, já que esse é apenas o primeiro livro da trilogia.
Nós somos a cidade nos lembra que as cidades estão vivas, espelhos de seus habitantes, de todas as gerações e de todas as lutas. Ainda, é um livro para quem procura representatividade, laços familiares além do sangue. Arrisque-se…
Um surpresa, eu amei demais o livros a forma como foi abordados certos assuntos, pra quem gosta do gênero, um prato cheio, super indico, quero o físico também
O mais recente título da N.K. Jemisin aqui no Brasil chegou pela Editora Suma - que cedeu este exemplar em cortesia. Nós Somos a Cidade é um espetáculo em questão de fantasia e construção de universo criativo e, mais uma vez, outra história da Jemisin arrebatou minha atenção do começo ao fim.
As cidades estão vivas. Algumas delas, pelo menos. Algo de obscuro vem rondando Nova York, o que a força a despertar e convocar seus avatares - pessoas que pertencem e são Nova York, de um jeito ou de outro, e que vão lutar por ela e com ela e, principalmente, sendo ela.
A guerra tem um único Inimigo, e cabe aos representantes da cidade impedir que ele destrua tudo o que conheçam; como fazer isso? Esse é o grande mistério, entender quem são, por que foram escolhidos e como podem proteger sua cidade sendo essa cidade.
Nós Somos a Cidade entrou para a lista das fantasias mais criativas, inesperadas e bizarramente fabulosas que eu já li na vida. A narrativa da Jemisin é gradual, tomando seu tempo para explicar as coisas, personagens, suas vivências e o quanto elas importam para cada um deles.
Afinal de contas, temos cinco protagonistas; um para cada grande distrito de Nova York. Um para cada característica que faz desses distritos tão parte dessa cidade gigantesca e agora desperta. Enquanto o Inimigo age através daqueles que guardam preconceito e rancor e ódio e infinitos sentimentos ruins - as pessoas de bem, conservadoras, brancas, cis, em sua maioria - a cidade desperta naqueles que são alvo desses ataques. Pelo menos em 4 deles.
"Então, lição número um sobre Nova York: o que as pessoas pensam sobre nós não é o que somos de verdade."
Bronca, Brooklyn, Manny, Padmini são nossos protagonistas junto com Aislyn; eu gostei de como a autora recortou as vivências de cada um dos personagens através das suas características principal (de onde vieram, de quem descendem, quais são suas orientações sexuais e qual a maneira com que eles reagem ao mundo). Mesmo conhecendo pouco de Nova York, você se sente familiarizada com ela através desses protagonistas.
E Aislyn, diferente de todos eles, representa uma parcela alienada, (sinto dizer, burra) e facilmente manipulável. Uma garota branca que vive isolada do resto do mundo e encara as diferenças nele como o problema de tudo, tal qual foi ensinada a acreditar; quando encontra brechas para questionar, ela se recusa. É mais fácil permanecer na ignorância preconceituosa do que bater de frente com aquilo que está internalizado em você. É mais fácil olhar para um inimigo com o rosto de uma mulher branca e vê-la como salvadora do que olhar para pessoas diferentes de você e entender que são seus aliados tanto quanto você é deles.
Eu odeio tanto a Aislyn, cara. Ela é toda radfem, conservadora, branca, cis de mente fechada que não quer ouvir o mundo falar sobre problemas infinitamente maiores do que os dela.
E é certeiro o quanto a narrativa fisga a gente mesmo na revolta e na indignação. Seus personagens são tão complexos e interessantes e vivos quanto a cidade que representam.
Eu amei a Bronca; um senhora idosa lésbica de origem indígena que trabalha num centro de artes, que também é refúgio para quem foi abandonado por abraçar quem realmente é, que lutou na revolta de Stonewall e que não tem tempo para quem está começando. Ela é toda badass e turrona, mas tem um coração de ouro e muita gentileza em seus trejeitos.
Aliás, falando em representatividade queer, esse livro é um estouro muito bem feito em tudo.
Manny, Brooklyn e Padmini também foram excelentes personagens e trouxeram muito para a história. Manny e os mistérios envolvendo sua origem e quem ele é de verdade; Brooklyn e sua postura de quem lutou muito para chegar onde chegou e não vai deixar ninguém entrar no caminho de quem quer proteger; Padmini, apaixonada por matemática e que só queria ter um minuto de paz.
E São Paulo! Nossa querida e gigantesca e cinzenta cidade é representada por um cara cheio de si e determinado e eu não encontrei um defeito na maneira com que a Jemisin deu vida à sampa-city. É bem crível (e hilário em certos momentos). Tem até espaço para um cena memorável com brigadeiro.
Em relação à história, é fantasia da mais pura. E é uma fantasia crível porque mexe com o que a gente conhece; não há dragões, mas há monstros que poderiam aparecer nas ruas de uma cidade grande. Não há espadas e cavaleiros, mas há cidades dispostas a se erguer para uma batalha.
Todo o conceito do que compõe Nós Somos a Cidade vai aparecendo aos poucos e, conforme entendia o que está acontecendo, como está acontecendo, por que está acontecendo, grandes AHMEUDEUS me escaparam. O jeito como ela mescla outras fantasias ao seu universo é brilhante. Tem crítica para tudo que é lado e eu amo como a N.K. Jemisin entrelaçou debates sociais, de raça, de gênero, de sexualidade em meio à guerra interdimensional que está começando.
"- Essa cidade vai te comer vivo, sabe. Se você deixar. Não deixe."
Assim como foi com A Quinta Estação, eu fiquei babando pelas descrições e ambientações. Você viaja para Nova York, você atravessa as ruas de Manhattan, você vê monstros aparecendo em Staten Island. Tudo está ali, na maneira com que ela descreve vividamente e cheia de detalhes, dando o máximo de imersão para quem está lendo.
Toda a questão com quem é realmente a entidade maligna e o que ela quer e como essa revelação chega num momento chave pra deixar a gente ainda mais tensa: uau. Eu não esperava certa conexão com um universo conhecido, mas é claro que fazia muito sentido ser aquilo!
O livro tem um ritmo diferente das fantasias de sempre; até mais da metade dele, ainda estamos entendendo seus personagens e seus papéis. Depois da metade dele, é pura adrenalina e correria e desespero. Nunca enfadonho demais, nunca corrido demais, nunca confuso demais. Tem tudo na medida certa.
"- Quem diz que mudanças são impossíveis geralmente está muito satisfeito com as coisas como estão."
A edição da Suma está ótima. É um livro de tamanho mediano por causa da diagramação mais larga e espaçosa - de letras menores. Tem apenas um defeito nesse livro, e é o tamanho dos capítulos; mas isso é chatice minha porque eu prefiro capítulos menores, por fluírem melhor.
Nós Somos a Cidade é imensurável como a cidade que dá voz à história. É cheio de vida, de diversidade, de uma imensidão sem fim; dá para ouvir as buzinas dos táxis e as pessoas conversando nas ruas porque a cidade que nunca dorme quer viver, e vai garantir que todes saibam disso.
Alguém pode me explicar qual o sentido dessa história???????
Tipo, a proposta da autora é muito interessante: retratar um universo onde cidade tem suas personificações em moradores de cada distrito. O problema foi como a história foi desenvolvida. Temos basicamente 80% do livro apenas com EXPLICAÇÃO de como funciona todo o esquema de nascimento de cidades. Temos 5% de uma batalha tosca e sem sentido. Mais 5% de uma conclusão extremamente conveniente e vaga.
Por se tratar de uma fantasia urbana com muitos personagens, entendo do começo ser mais lendo, pois além de ser uma apresentação difícil de fazer, tem que explicar todos os pontos de vista. Achei que N. K. Jemisin perdeu um pouco a mão na hora de explicar. Ao invés de dividir o livro em partes, sendo cada uma delas a apresentação de um distrito de NYC, ela colocou capítulos misturados com essas apresentações e desenvolvimento de relação entre eles. Além de ficar bagunçado, deixou a leitura muito mais cansativa e confusa.
Esse livro é muito regionalizado. Algumas referências eu precisei pesquisar sobre, para entender do que estavam falando. Mas quero destacar que o trabalho de tradução desse livro está excelente, principalmente por apresentar coisas bem especificas da cidade, achei que conseguiram passar a essência, de tudo o que a autora escreveu no original, para o português de uma forma muito boa.
Um dos personagens que aparece aqui é a personificação da cidade de São Paulo. Achei muito legal colocar um personagem BR ali, mas a maneira como é tratada o estereótipo brasileiro chega a ser cômica. ~favela, brigadeiro~
O final, como disse, é muito rápido e conveniente. A autora tentou fazer um plot que deixasse algumas pessoas surpresas, mas me deixou zero impressionado. Antes disso tem um confronto com o vilão principal, totalmente sem pé nem cabeça, faltou mais explicação do lugar onde ela vem. (Sim, um livro que é mais da metade com explicação.... faltou explicação.)
Eu estava com expectativas muito altas para esse livro, mas me frustrei bastante. A escrita da N. K. Jemisin não é pra mim, se você gosta de outros livros da autora, você vai gostar desse. Só estou dando três estrelas, pois em alguns momentos eu realmente gostei da história e achei que ela iria para um caminho mais legal e dinâmico.. e porque a tradução está boa.
Resenha Sandra Martins
Já imaginou acordar, seguir sua rotina e se repente saber que você é literalmente parte da cidade onde mora e que precisa salvá-la de um Inimigo que quer destruí-la?
É assim que começa a incrível narrativa de “Nós somos a cidade”, de NK Jemisin.
A cidade de Nova York está sendo ameaçada por esse Inimigo e precisa que seu avatar e mais cinco avatares representantes dos distritos do Brooklyn, Bronx, Staten Island, Manhattan e Queens se unam para derrotar essa força maligna e salvar a grande maçã.
O que pode nos levar a pensar que é mais uma história de pessoas com super poderes cheia de lugares comuns, cai completamente por terra, pois a autora nos entrega uma história cheia de situações que passam pela xenofobia, racismo, lgbtfobia e corrupção.
Outro ponto interessante na história são os personagens. Eles são imigrantes, afro-americanos, indígenas e com orientação sexual diferente da imposta pela sociedade heteronormativa. Dessa mistura nasceu Nova York e são esses perfis distintos que vão dar o ritmo desse livro incrível.
O mais bacana disso tudo é que as diferenças (sejam lá quais forem) se unem para salvar a si mesmas e a cidade em que moram, já que ela é fruto de toda essa miscigenação.
E o chefe dessa operação de guerra é o avatar da cidade de São Paulo, que surge para ajudar e orientar os avatares nessa batalha.
Esse foi o primeiro livro de NK Jemisin que li e já se tornou um dos meus queridos. Agora vou descobrir mais sobre a escrita dela e esperar as duas continuações de “Nós somos a cidade”, que é uma trilogia ainda a ser completada por Jeminsin.
Partiu sofrer até os próximos livros?
Por Sandra Martins.
N. K. Jemisin já consegue nos deixar com uma pulga atrás da orelha de curiosidade pelo que está sendo contado, mesmo sem muitas informações - que vão aparecendo aos poucos ao longo da história. Mais uma fantasia da autora que captou minha atenção e não consegui largar até terminar a leitura.
O sistema de personificação das cidades é muito bem elaborado, apesar de às vezes não conseguir visualizar tudo que provavelmente a autora quis passar para o leitor. Em muitos momentos esses elementos fantásticos ficam de lado para dar foco à vida dos personagens, ao seu dia a dia e, mais importante, às críticas feitas a uma sociedade que não perde a primeira oportunidade de poder destilar seu preconceito.
Achei fantástica a caracterização da vilã da história, que vai de encontro a muito do que se lê em outras histórias, que mostram pessoas negras, que às vezes podem não estar impecavelmente vestidas e normalmente representadas com expressões de raiva ou "de poucos amigos" - como personagens a serem evitados e, mais além, como pessoas que devem ser evitadas na vida real.
Além da aparência de história fantástica, Nós Somos a Cidade traz muitas reflexões que vão deixar o leitor reflexivo por algum tempo além do final da história. Muito bom!
Se você está procurando um comentário crítico negativo sobre esse livro, você está lendo o texto errado. Este comentário foi escrito com o puro propósito de enaltecer essa história. "Nós somos a cidade" foi o meu primeiro contato com a autora N.K. Jemisin e agora sim eu entendo toda a sua fama e todos os comentários positivos sobre suas histórias!
O livro começou meio lento, até por que temos que entender toda a construção de mundo e os conceitos escolhidos pela autora, mas a partir da metade eu fui completamente arrebatada pelas personagens e pela narrativa <3. Toda a história pode ser meio complicada de entender, mas no fundo o maior conceito abordado é bem simples: o amor a Nova York que move todas as personagens e, é claro, um dos meus plots favoritos de todos os tempos, a 'chosen family' (a tal da família escolhida).
A verdade é que eu nem tenho muitas palavras para descrever o que senti lendo, apenas que aguardo ansiosamente pelos próximos volumes pois a cidade de Nova York (e suas amigas do mundo inteiro) conquistaram completamente o meu coração de leitora.
Leitura bem diferente do usual, dinâmica e divertida, com um ponto de vista de narração bem interessante e novo.
Agradeço ao NetGalley e à Suma pela cópia digital em troca de minha opinião honesta sobre o livro.
Até o momento em que peguei esse livro para ler, só havia lido um outro livro da autora. Achei a premissa de Nós Somos a Cidade muito curiosa e fiquei interessadíssima em ler.
Eu nunca li nada como este livro, achei a trama muito original, desde como as cidades nascem, o que acontece quando nascem e o objetivo do inimigo. O início é bem confuso e te deixa totalmente perdido, mas aos poucos as coisas vão fazendo sentido e sendo explicadas, não se assuste!
A ambientação é excepcional, me senti em Nova York (o que foi ótimo de ler nestes tempos de pandemia que não podemos viajar). Mesmo não conhecendo bem a geografia da cidade consegui visualisar bem o que estava acontecendo (com a ajuda do mapa que vem no livro e do google maps também). Me fez querer conhecer lugares da cidade que eu nunca havia ouvido falar (em especial a estação City Hall). Me vi pesquisando fotos dos lugares mencionados em vários momentos e fiquei encantada.
Os personagens são, em sua maioria, muito bem construidos. Consegui me importar e sofrer junto com eles. Até mesmo a vilã da história tem uma motivação que eu achei bem explicada e coerente, consegui entender bem o lado dela. Mas quem roubou meu coração foram alguns personagens mais secundários, como Madison (que eu queria ter visto mais) e principalmente Veneza (que é gente como a gente e ama brigadeiro. Amei ter o Brasil representado pelo Paulo (que eu não sei bem julgar se foi bem feito pois praticamente não conheço São Paulo). Queria saber um pouco mais do que aconteceu com a Aislyn pós climax da história.
Recomendo muito a leitura para quem quer uma leitura de fantasia original e quem gosta ou quer conhecer Nova York.
Para falar de Nós Somos a Cidade, preciso dizer que esse é um dos livros de fantasia/ficção científica mais diferentes e bonitos que já li na vida. Deixa eu tentar colocar em palavras tudo o que eu senti lendo a história…
Primeiro de tudo temos cidades ganhando vida, sendo personificadas pelos seus avatares, no caso do livro temos o nascer da cidade de Nova York e seus 5 distritos, cada um com suas características próprias. Existe uma ameaça iminente e ao acordar NY se vê em uma batalha para a qual não estava totalmente pronto. E aí começamos a conhecer os distritos que precisam se unir e salvar o avatar primário da grande cidade.
“Há cinco de vocês, entende, além do primário. Cinco aliados em potencial. Cinco fraquezas que eu posso explorar.”
Dado o tom da história preciso falar sobre os personagens, todos eles são precisamente bem escritos, suas personalidades e pontos de vistas são muito bem elaborados e desenvolvidos. Dentro dessa trama temos muitas criticas sociais, políticas, culturais e até econômicas. Fala-se aqui muito sobre o preconceito contra imigrantes dentro de diversos lugares e pessoas de Nova York. Temos também a presença importantíssima do avatar de São Paulo, isso mesmo, Brasil in da House! Além dos protagonistas e secundários, temos um inimigo que vai se materializando e sendo apresentado de forma gradativa e altamente envolvente fazendo você querer saber mais e mais dele.
“Pois venha, Cidade Que Nunca Dorme. Deixe-me mostrar a vocês o que espreita nos espaços vazios onde pesadelos não ousam pisar.”
Nós Somos A Cidade pode começar um pouco confuso, já que é criada toda uma atmosfera de cidades sendo pessoas vivas e pensantes, mas logo você se situa e quando isso acontece é como se um mundo totalmente novo e magnífico se apresentasse a você. Uma trama cheia de lutas, momentos de reflexões e até indignação, sem dúvidas um dos melhores livros que já li do gênero.
Nova York nasceu e agora 5 pessoas comuns se tornaram avatares de distritos da cidade com o pretexto de protegerem o avatar que simboliza a cidade, pois há uma entidade que quer acabar com a cidade e dizimar pessoas ou a realidade que vivem não é um problema.
Essa é a premissa básica do livro, que não dou conta de explicá-lo direito, então confia na sinopse que ela não dá spoilers relevantes, pois Nós Somos a Cidade vale 100% pela jornada. O livro pode ser considerado confuso, mas para mim é um confuso dos bons já que eu entendi o suficiente para ler sem problemas e aproveitar tudo. O funcionamento das coisas horrendas e o jeito que as realidades alternativas (seria esse o melhor termo?) se conversam é de forma bem intuitiva e sem limites, sendo que qualquer coisa pode ser uma abertura/janela entre elas.
A única coisa que eu queria durante a leitura era uma resposta mais concreta do que faria uma cidade ganhar vida, ou seja, ganhar avatares humanos, seria o auge ou declínio da cultura da cidade? Seria o auge das mudanças físicas? (como muitas desapropriações em bairros para fazerem condomínios, a gentrificação), um aumento de imigração ou emigração? Tudo isso e misturado e tiram no palitinho qual será a próxima cidade?
Sobre os avatares, eu gostei bastante da introdução da Padmini (Queens), já que por ser de exatas ela enxergou a forma de se tornar uma cidade de um jeito totalmente diferente dos outros personagens, e eu adorei a troca de coice da Bronca com a Brooklyn, um grupo de Whatsapp com esse povo deve ser o maior caos. Já a representante de Staten Island eu lia torcendo a cada página para ela tomar rumo, pois ô cabeça.
Eu adorei como foi usada as características de cada determinado distrito para virarem traços de personalidade dos personagens, pois uma das coisas que eu fico rindo mais fininho na internet são os choques de características de cidades/estados, como o lance de que curitibano não responde bom dia, garçom carioca que trata da pior forma possível, ou a eterna rinha de cidades vizinhas para ver qual tem mais motoristas que não dá a seta.
Além de que a personificação de um bairro não é necessariamente da forma que a cabeça pensa automaticamente, um representante de lá da Faria Lima em São Paulo pode ser o farialimer ou o tio do churrasco grego com suco sabor vermelho™ com as mesmas chances, ou seja: todo leitor pode ser o único representante possível da sua cidade. E outra, o avatar de São Paulo está presente em boa parte do livro e os meus pulmões terminaram a história pedindo socorro.
Nós Somos a Cidade tem inspiração lovecraftiana na construção da fantasia e o autor é referenciado mais de uma vez durante a história, mas esse é um ponto que não sou capaz de opinar, pois não li Lovecraft (e já que ele é racista, nem pretendo) e nem assisti Lovecraft Country, que aí já entra o meu coeficiente de cagaço. Só fui descobrir que o livro se trata de uma trilogia nos agradecimentos da autora, mas ele funciona muito bem como livro único.
“Eu canto a Cidade.
A porra dessa cidade. De pé, no alto de um prédio onde não moro, abro os braços e contraio o diafragma, uivando coisas sem sentido na direção de um canteiro de obras que bloqueia a vista. Meu canto, na verdade, é direcionado à paisagem urbana além das obras. A cidade vai entender”
Olá a todos os praticantes da livroterapia, aqui está uma resenhista escrevendo mais uma resenha empolgada um tiquinho a mais do que o já normal...
A resenha de hoje é do super lançamento da SUMA de agosto, que nós tivemos a oportunidade de ler com alguma antecedência: Nós Somos A Cidade daquela que talvez, vocês que já me acompanham por aqui é uma das minhas autoras favoritas e de quem eu sempre tô aqui empolgada e emocionada dividindo minhas impressões de leitura: Sim! Ela mesma NK Jemisin!
E em minha defesa, eu sei que posso estar surtando um pouco, mas é totalmente justificado! NK não é somente uma das autoras americanas de maior expressão e influencia atuais, como é premiada, e não uma vez como que por engano ou sorte, e sim várias vezes, só ela ganhou três vezes consecutivas o Hugo Awards, com a sua trilogia impecável: A Terra Partida.
Por onde começo?
Eu ainda não tive em mãos essa preciosidade, que está em pré-venda com brindes incrivéis, mas li antecipadamente a edição da SUMA, que gentilmente liberou aos parceiros, e eu amei a tradução, realente não encontrei nada que me desagrade, pelo contrário, gostei muito de como algumas partes foram traduzidas de formas muito poéticas e acertadas para o português.
A capa está belíssima combinou perfeitamente com a fantasia envolvente e impactante que Jemisin escreveu!
ADOREI
Nós Somos A Cidade é o primeiro livro da série Greats Cities, e é uma fantasia, mesclada com ficção incrivelmente bem escrita, o que não me surpreende em nada, já que Jemisin, tem um talento incrível para tecer histórias que nos envolvem e nos conectam com os personagens e emoções.
Aqui mais uma vez ela nos apresenta uma história aos poucos, já falei disso antes, do estilo de escrita da autora, mas vou citar novamente. Jemisin, não costuma começar seus livros com longas explicações sobre o mundo e sobre o que está acontecendo. Não! Ela nos joga na história e enquanto seus personagens vão vivendo tudo, aprendendo, sentindo, nós estamos, ali, juntos a eles, vivenciando a experiência deles. Aos poucos ela vai explicando o contexto e as tramas por trás das ações dos personagens, o que os leva a agir assim, o que os molda a ser quem são. Eu particularmente adoro isso, mas para quem ainda não está começando no mundo Jemisin, o inicio pode ser um pouco confuso, contudo, tudo aos poucos se encaixa. Sua escrita sempre está evoluindo e neste livro ela apresentou várias novas faces de seu talento para escrita que me deixaram imersas em sua trama.
O livro acompanha o nascimento de uma cidade. É, é isso mesmo que vocês estão lendo. Nova York nasceu, e aqui já tem a primeira explosão de mente do livro. As cidades são mais do que meros locais físicos, elas estão vivas, elas são um espelho de cada habitante, de cada ser que nasceu, vive, e sentem que pertencem a elas! Não tenho palavras como isso me impactou, mas não falarei mais porquê... Bom, por que vocês vão ler este livro e sentir isso também!
Voltando a trama em si. Com o nascimento da Cidade, algo não aconteceu como previsto, atacada por uma entidade, ela sofreu um grande impacto na hora do seu nascimento, e para proteger esse bebê recém-nascido, 5 avatares de Nova York, despertam, com a missão de mais do que se encontrarem e batalharem contra um inimigo, mas de se unirem, que jornada a deles.
“Cada dia que passa ali, ele se sente ao contrário, de ponta-cabeça. Um lar não é onde o coração está; é onde o vento é familiar.”
Isso nos leva a outra beleza da escrita da Jemisin, suas histórias falam profundamente sobre racismo, e ela ergue sua voz em criticas sociais que são verdadeiros socos no estomago e tiro nas têmporas. Porém, mais do que isso, ela cria histórias de amor, lealdade e conexões profundas, de uma forma que é impossível, não se conectar com seus personagens. E estes são complexos, os protagonistas independentes de serem taxados como vilões ou mocinhos, são nos apresentados de uma forma pura e cruel. Não existem pessoas perfeitas, não existem heróis imaculados, existem pessoas normais, como eu e vocês, que se erguem contra o mal e fazem o melhor. De tal forma que, mesmo você não gostando de um personagem por falhas ou defeitos, você não consegue deixar de ver a fagulha que o torna especial. Os que estão no lado “do mal”, você está ali apontando o dedo para cada ato cruel deles e mesmo assim, não consegui deixar de pensar: que personagem interessante (gostar não gostei, porque bem eu não sou neutra!)
“- Pois venha, Cidade Que Nunca Dorme. Deixe-me mostrar a vocês o que espreita nos espaços vazios onde pesadelos não ousam pisar...”
Bom, podem ver que não estou falando muito do livro em si, acho que ele deve ser lido com o mínimo de spoilers possíveis, e só a sinopse já entrega muito do livro, nós temos uma historia bem escrita, uma fantasia que tem leves toque de horror cósmico (Sim, isso mesmo... Cósmico! NK Jemisin, se supera sempre!), o toque fantástico que ela criou e a mitologia desse livro é riquíssima, temos personagens carismáticos, complexos e nem todos perfeitos ou legais, contudo se unem em uma jornada de aceitação de diferenças, forjando elos que vão além de qualquer separação que a sociedade impõem aos seres humanos os rotulando por cor, raça, credo, sexualidade. NK entrega mais um livro repleto de criticas sociais, contundentes, que expõem o pior da humanidade, ao mesmo tempo que mostra o quão podemos sermos melhores e quão pessoas incríveis existem e que juntas elas podem iluminar o mundo e o mudar.
“Você não precisa acreditar em algo para que isso possa foder com a sua vida.”
Para quem busca um livro que possui uma REAL REPRESENTATIVIDADE aqui está ele! PERSONAGENS PRINCIPAIS dentro de diversas etnias e alguns são LGBTQIA+
Recomendo demais esse livro para quem gosta de uma fantasia bem escrita, com toques de surrealismo, horror, drama, suspense e bem uma história que fala sobre amor, lealdade, sobre respeito e enfrentar seus medos para ser a melhor versão de si mesmo e ser uma pessoa que defende quem você é... Nós Somos A Cidade. E é apenas o começo de uma grande série!
“Eu canto a Cidade.
A porra dessa cidade. De pé, no alto de um prédio onde não moro, abro os braços e contraio o diafragma, uivando coisas sem sentido na direção de um canteiro de obras que bloqueia a vista. Meu canto, na verdade, é direcionado à paisagem urbana além das obras. A cidade vai entender”
Olá a todos os praticantes da livroterapia, aqui está uma resenhista escrevendo mais uma resenha empolgada um tiquinho a mais do que o já normal...
A resenha de hoje é do super lançamento da SUMA de agosto, que nós tivemos a oportunidade de ler com alguma antecedência: Nós Somos A Cidade daquela que talvez, vocês que já me acompanham por aqui é uma das minhas autoras favoritas e de quem eu sempre tô aqui empolgada e emocionada dividindo minhas impressões de leitura: Sim! Ela mesma NK Jemisin!
E em minha defesa, eu sei que posso estar surtando um pouco, mas é totalmente justificado! NK não é somente uma das autoras americanas de maior expressão e influencia atuais, como é premiada, e não uma vez como que por engano ou sorte, e sim várias vezes, só ela ganhou três vezes consecutivas o Hugo Awards, com a sua trilogia impecável: A Terra Partida.
Pausa na empolgação atual para panfletar a trilogia que TODOS devem ler e que já tem resenhas emocionadas aqui no blog, para ler basta clicar nas imagens abaixo:
Voltando ao surto atual:
Por onde começo?
Eu ainda não tive em mãos essa preciosidade, que está em pré-venda com brindes incrivéis, mas li antecipadamente a edição da SUMA, que gentilmente liberou aos parceiros, e eu amei a tradução, realente não encontrei nada que me desagrade, pelo contrário, gostei muito de como algumas partes foram traduzidas de formas muito poéticas e acertadas para o português.
A capa está belíssima combinou perfeitamente com a fantasia envolvente e impactante que Jemisin escreveu!
ADOREI
Nós Somos A Cidade é o primeiro livro da série Greats Cities, e é uma fantasia, mesclada com ficção incrivelmente bem escrita, o que não me surpreende em nada, já que Jemisin, tem um talento incrível para tecer histórias que nos envolvem e nos conectam com os personagens e emoções.
Aqui mais uma vez ela nos apresenta uma história aos poucos, já falei disso antes, do estilo de escrita da autora, mas vou citar novamente. Jemisin, não costuma começar seus livros com longas explicações sobre o mundo e sobre o que está acontecendo. Não! Ela nos joga na história e enquanto seus personagens vão vivendo tudo, aprendendo, sentindo, nós estamos, ali, juntos a eles, vivenciando a experiência deles. Aos poucos ela vai explicando o contexto e as tramas por trás das ações dos personagens, o que os leva a agir assim, o que os molda a ser quem são. Eu particularmente adoro isso, mas para quem ainda não está começando no mundo Jemisin, o inicio pode ser um pouco confuso, contudo, tudo aos poucos se encaixa. Sua escrita sempre está evoluindo e neste livro ela apresentou várias novas faces de seu talento para escrita que me deixaram imersas em sua trama.
O livro acompanha o nascimento de uma cidade. É, é isso mesmo que vocês estão lendo. Nova York nasceu, e aqui já tem a primeira explosão de mente do livro. As cidades são mais do que meros locais físicos, elas estão vivas, elas são um espelho de cada habitante, de cada ser que nasceu, vive, e sentem que pertencem a elas! Não tenho palavras como isso me impactou, mas não falarei mais porquê... Bom, por que vocês vão ler este livro e sentir isso também!
Voltando a trama em si. Com o nascimento da Cidade, algo não aconteceu como previsto, atacada por uma entidade, ela sofreu um grande impacto na hora do seu nascimento, e para proteger esse bebê recém-nascido, 5 avatares de Nova York, despertam, com a missão de mais do que se encontrarem e batalharem contra um inimigo, mas de se unirem, que jornada a deles.
“Cada dia que passa ali, ele se sente ao contrário, de ponta-cabeça. Um lar não é onde o coração está; é onde o vento é familiar.”
Isso nos leva a outra beleza da escrita da Jemisin, suas histórias falam profundamente sobre racismo, e ela ergue sua voz em criticas sociais que são verdadeiros socos no estomago e tiro nas têmporas. Porém, mais do que isso, ela cria histórias de amor, lealdade e conexões profundas, de uma forma que é impossível, não se conectar com seus personagens. E estes são complexos, os protagonistas independentes de serem taxados como vilões ou mocinhos, são nos apresentados de uma forma pura e cruel. Não existem pessoas perfeitas, não existem heróis imaculados, existem pessoas normais, como eu e vocês, que se erguem contra o mal e fazem o melhor. De tal forma que, mesmo você não gostando de um personagem por falhas ou defeitos, você não consegue deixar de ver a fagulha que o torna especial. Os que estão no lado “do mal”, você está ali apontando o dedo para cada ato cruel deles e mesmo assim, não consegui deixar de pensar: que personagem interessante (gostar não gostei, porque bem eu não sou neutra!)
“- Pois venha, Cidade Que Nunca Dorme. Deixe-me mostrar a vocês o que espreita nos espaços vazios onde pesadelos não ousam pisar...”
Bom, podem ver que não estou falando muito do livro em si, acho que ele deve ser lido com o mínimo de spoilers possíveis, e só a sinopse já entrega muito do livro, nós temos uma historia bem escrita, uma fantasia que tem leves toque de horror cósmico (Sim, isso mesmo... Cósmico! NK Jemisin, se supera sempre!), o toque fantástico que ela criou e a mitologia desse livro é riquíssima, temos personagens carismáticos, complexos e nem todos perfeitos ou legais, contudo se unem em uma jornada de aceitação de diferenças, forjando elos que vão além de qualquer separação que a sociedade impõem aos seres humanos os rotulando por cor, raça, credo, sexualidade. NK entrega mais um livro repleto de criticas sociais, contundentes, que expõem o pior da humanidade, ao mesmo tempo que mostra o quão podemos sermos melhores e quão pessoas incríveis existem e que juntas elas podem iluminar o mundo e o mudar.
“Você não precisa acreditar em algo para que isso possa foder com a sua vida.”
Para quem busca um livro que possui uma REAL REPRESENTATIVIDADE aqui está ele! PERSONAGENS PRINCIPAIS dentro de diversas etnias e alguns são LGBTQIA+
Recomendo demais esse livro para quem gosta de uma fantasia bem escrita, com toques de surrealismo, horror, drama, suspense e bem uma história que fala sobre amor, lealdade, sobre respeito e enfrentar seus medos para ser a melhor versão de si mesmo e ser uma pessoa que defende quem você é... Nós Somos A Cidade. E é apenas o começo de uma grande série!
Embora seja uma leitura bem emocionante e com personagens incríveis e diversos, senti que perdi muitos detalhes importantes por esse livro depender fortemente da geografia de Nova York. Além disso, senti que muito da caracterização dos personagens também dependia do conhecimento prévio do leitor de aspectos culturais e sociais de diferentes distritos nova-iorquinos, o que acredito que tenha funcionado melhor para o público norte-americano do que funcionará para o brasileiro.
Jemisin traz um mundo muito louco em que cidades têm avatares humanos e precisam lutar contra monstros sobrenaturais lovecraftianos. Parece incrível, esquisito e meio complexo, e é tudo isso e mais um pouco. O que ela faz com as palavras, com a escrita, com a estrutura das frases... É bem único. Consegui pirar e imaginar as batalhas interdimensionais depois de um tempo de leitura, mas confesso que os primeiros 10% foram um total "o que está rolando aqui? Eu não sei, eu não sei, mas tá até que legal". A tradução e o trabalho editorial como um todo estão impecáveis, e não deve ter sido nada fácil. Porém a cópia avançada tinha quebras de frase esquisitas e mal diagramadas e isso dificultou o entendimento em alguns pedaços. Imagino que não vá agradar muita gente, porque é bem diferente, e até mesmo estereotipado, mas com um uso dos estereótipos como "poder" — estereótipos por si só não são bons ou ruins, são uma simplificação de várias coisas, e às vezes essa simplificação, essa repetição de padrões, de pensamentos, de ações, se tornam poderosas (para o bem e para o mal, como Jemisin mostra em seu livro). Adorei que temos São Paulo no rolê, mas... Assim, não sei se poluição seria a coisa certa? Porém, não discordo... Complexo. Enfim, leiam.
Nós Somos a Cidade tem uma das premissas mais originais que eu já vi, adorei a ideia de cidades tendo almas e avatares humanos representando a essência desses locais. O livro transita entre fantasia e ficção científica, alternando entre cenas de ação e cenas de construção de personagens, o que deixou a história ainda mais interessante e dinâmica.
A construção de personagens é o ponto alto desse livro: Manhattan, Bronca, Brooklyn, Padmini e Aislinn são extremamente complexos e bem desenvolvidos, são personagens com muitas camadas e que poderiam facilmente ser pessoas que conhecemos na vida real.
N.K. Jemisin faz, ao longo do livro todo, críticas ao racismo, xenofobia, desigualdade social e preconceito, o que só contribuiu para que eu amasse mais ainda essa história. Todas as críticas que a autora levanta são pertinentes e condizentes com a realidade de muitas pessoas, não só em Nova York como no mundo todo. Além disso, a autora traz também outros temas pesados, como manipulação psicológica e emocional, e todos abordados com muita responsabilidade.
Por mais que a vilã desse livro não tenha a profundidade que os protagonistas têm, suas motivações são realistas e coerentes, o que serviu para que eu "comprasse" a história.
Espero ver, na continuação de Nós Somos a Cidade, mais sobre Padmini e o avatar de Nova York, que foram os personagens com menos destaque nesse. Além disso, também quero saber mais sobre a A Mulher Branca, essa vilã que ao mesmo tempo que apareceu muito, da vida dela nós sabemos pouco. E, após ler esse livro incrível, a única certeza que tenho é que preciso ler todas as obras dessa autora.
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