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Resenha Sandra Martins

Não foi à toa que Sérgio Sant’anna é considerado o mestre dos contos. A COVID-19 pode o ter levado, fazendo com que ele se tornasse uma vítima desse despreparo do governo facista como ele mesmo chamava, mas sua acidez, sarcasmo, autenticidade e texto afiado ficaram para a eternidade. E para nosso deguste literário.

A Dama de Branco é um livro póstumo composto por dezessete contos que foram organizados por Gustavo Pacheco.

Os contos são de uma maestria enorme e acabam prendendo a gente de uma forma que não se consegue largar. Eu aqui passei uma parte do dia e outra da noite agarrada com ele sem conseguir largar. Ele consegue falar sobre coisas cotidianas e o humano sem cair no clichê ou lugar comum. Até mesmo quando relata comportamentos desagradáveis dos homens cis para com suas esposas, ele o faz de forma que o próprio personagem pense no que fez. E mais louco e que poucas pessoas aceitam: o ser humano é guiado pelo instinto.

Noites, a moça de óculos e o conto título são arrebatadores. Aliás, o livro todo é. E nessa mistura, ele fala sobre machismo, a morte em vários aspectos (relacionamento, sexo, a morte natural), a vida em si, os encontros casuais e a liberdade sexual da mulher.
Essa foi minha primeira experiência com as palavras de Sérgio e me vi presa ao seu estilo cru de contar contos. Realmente uma leitura pra lá de frutífera e e verdadeira.

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