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Não é para mim.

O livro é escrito de uma forma bem desapegada (não sei se os outros livros da mesma autora são assim, pois esse foi o único que li). Eu senti como se ela estivesse descrevendo uma cena de um filme que ela não tinha ideia do que se tratava ou de quem eram os personagens, embora já estivéssemos na metade. A maneira como os personagens falam também parece muito artificial para mim.

Seria uma estrela, mas na verdade gostei dos dois últimos capítulos, principalmente por retratarem acontecimentos recentes da vida (embora não valha a pena ler o livro inteiro para chegar lá).

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Eu me apaixonei pela Sally Rooney quando li pessoas normais. É uma autora incrível e diferenciada. Belo mundo, onde você está é uma boa leitura, mas nada supera Normal People.

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Movida pela curiosidade despertada por tantos elogios a essa autora, resolvi me aventurar por um de seus livros. Escolhi este por não ser o seu mais aclamado, para acalmar um pouco as minhas expectativas sobre a leitura.
A narrativa gira em torno do cotidiano das relações entre quatro personagens. São dois núcleos que se interligam por meio de e-mails trocados por duas amigas, a Alice e a Eileen. Essa amizade se construiu durante os anos de faculdade e se estenderam para além desse período.
Após uma crise que a levou a ser internada, Alice, uma romancista de sucesso, resolve se afastar da vida corrida de Dublin para se amparar em uma cidade interiorana. Eileen, por sua vez, vive seus dias a se dedicar a seu trabalho em uma revista literária e tenta manter sua vida social o mais saldável possível.
Ambas as personagens têm questões mal resolvidas em seu passado que reverberam no dia-a-dia de cada uma delas. O cerne da história está voltado para o cotidiano das relações amorosas conturbadas que cada uma leva. Costurado por um narrador não tão imparcial a trama se desenrola cheia de conflitos e com poucas conclusões.
Apesar de adorar histórias sobre rotinas intimas, este livro não me cativou. O grande plote da história não foi tão desenvolvido quanto a narrativa merecia. A autora levanta, por vezes, temas mais profundos que são totalmente alheios aos acontecimentos, tornando estes apontamentos totalmente incoerentes, sem acrescentar nada de substancial.
Em suma, o romance se declina ao clichê. E apesar de fluido, a trajetórias dessas personagens é rasa e desinteressante. Enxergo os motivos do porquê de a autora ser tão aclamada, mas a meus olhos eles não foram suficientes para me instigar a ler seus demais livros.

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esse livro me surpreendeu muito! nas primeiras páginas eu fiquei bem surpresa com o estilo de escrita da autora (fazia um tempo que eu não lia "ficção" propriamente dita), mas depois eu acabei gostando bastante. é um livro muito focado nos personagens, e eles não necessariamente são pessoas legais, mas a maneira como lemos os pensamentos de cada um me fazia parar pra refletir e anotar minhas próprias opinões constantemente, e honestamente eu amo quando um livro me traz isso. não é um livro pra todo mundo, assim como essa autora também não é, mas eu particularmente curti muito.

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*Thank you Netgalley and the publisher for providing me with a copy of this book for review, all opinions are my own*

I still don't really know how I feel about this book, I started out not understanding then I didn't like it and in the end, I ended up liking it mainly because of the characters and the journey we followed them through.
I feel like Sally is like Taylor Jenkins her writing structure I don't like but the writing itself yes, their story plots I usually don't like I find them boring and poorly executed but the characters are always endearing somehow and well developed.
This story is no different, the plot itself does not exist, we only follow the lives of two friends over a period of time, but you end up getting so involved in their lives that in the end, you end up enjoying following their journey and their reflections about life and other sorts of things.

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Acredito que todo leitor deva ficar encantado quando se identifica profundamente com um livro. É como se aquelas palavras traduzissem o que se está sentindo em seu íntimo, e isto é de uma grandeza imensurável. É assim que me sinto com os livros da Sally Rooney, uma autora jovem que escreve sobre os anseios da juventude em um mundo tão ideologicamente e socialmente confuso. Neste livro não foi diferente.
Alice e Eileen são personagens que de certa forma se completam. Duas grande amigas que não se veem há anos, em posições completamente diferentes na vida, mas compartilhando de uma visão de mundo comum que às une. Elas conversam através de e-mails que mais parecem longas cartas, repletas de reflexões e anseios. Nascidas em Dublin, grande parte destes anseios coincidem com a realidade política e social da Irlanda.
A sensação é a de que, através destes e-mails e dos relatos das vidas das personagens, que aparecem em capítulos intercalados, a autora conseguiu encontrar um equilíbrio entre um romance jovem adulto e uma tese com discussões filosóficas. Elas escrevem como adultas letradas e cultas, mas por vezes se comportam como adolescentes, e eu adorei isto. Afinal, não é assim a vida do jovem na casa dos 20-30 anos? Muito se aprende na teoria, mas muito ainda se faz necessário aprender na prática. Daí tantas reflexões existenciais.
Em suma, o que tanto Eileen quanto Alice buscam é encontrar sentido. Nas coisas, no mundo. Não é isto que todos buscamos? Encontrar sentido no caos, beleza na destruição. Reflete-se sobre o capitalismo e seu consumo excessivo, sobre o papel da religião em nossas vidas, e sobretudo a respeito das relações humanas. Tentando, no fim das contas, encontrar algo que nos faça ver alguma beleza no mundo. Tudo isso a autora faz dentro de um enredo que envolve não só a amizade entre duas mulheres, mas também dois relacionamentos amorosos distintos e muito interessantes.
A escrita da Sally é de uma beleza de dar gosto. Aos poucos ela vai se consagrando como uma das maiores autoras do nosso tempo. Esta história me envolveu tanto que resolvi iniciar o hábito de trocar e-mails com uma grande amiga também. Tem sido uma ótima experiência, que também tem me ajudado a voltar a ver beleza na escrita, na comunicação e nas relações sociais. Obrigada, Sally Rooney.

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Uma leitura mais difícil porém necessária. Eu amei esse livro da Sally e fala de coisas incríveis! Uma boa dica deleitura

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“Belo mundo, onde você está” é o mais novo livro de Sally Rooney que segue a mesma linha dos seus anteriores: acompanhamos os personagens entre seus 20 e 30 anos navegando a vida adulta e cometendo erros no caminho. Como em “Pessoas normais” e “Conversas entre amigos”, Sally explora amizade, relacionamentos amorosos e sexual1dade do jeitinho cru que só ela sabe fazer e que representa toda uma geração.
Como nos livros anteriores, eu pude me identificar com parte das ansiedades e dificuldades que eles enfrentam (principalmente sobre o clima político e questões ambientais), e mesmo quando eu não podia me identificar, eu entendia as suas ações. A autora constrói personagens muito complexos e humanos, o que quer dizer que inevitavelmente você vai ficar com raiva deles em alguns momentos. Eu também gosto de como ela segue a regra de escrita que diz que você deve “mostrar, e não contar” (show, don't tell). Ela quase nunca descreve a personalidade dos personagens ou até mesmo seus pensamentos, tonalidade de voz ou expressões. Ela nos deixa deduzir suas motivações e seus sentimentos a partir dos diálogos. Ela também tem uma escrita rápida e direta que eu adoro, sem deixar de fazer reflexões que às vezes são um tapa na nossa cara. Eu fiquei viciada nesse livro e li super rápido.
Nessa história, acompanhamos 4 amigos: Alice e Eileen são melhores amigas desde a faculdade; Alice é uma autora bem-sucedida (inclusive é impossível não fazer ligações entre a carreira dela e a da Sally) e Eileen escreve para um jornal e mal consegue pagar as contas (ela é a minha personagem preferida). Eileen é amiga de infância de Simon, um homem profissional, sério e religioso. Os dois são apaixonados um pelo outro e por isso tem um relacionamento vai-e-volta (uma amizade com benefícios, digamos assim). Alice se muda para uma nova cidade e conhece Felix pelo Tinder, e os dois também desenvolvem um relacionamento conturbado (o Felix foi o personagem que eu menos gostei porque ele foi escroto com a Alice em muuitos momentos). É assim que esses quatro indivíduos se cruzam.
Se você gostou dos outros livros da autora, vai gostar desse. Ele se tornou o meu favorito da Sally.

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O livro é muito bom foi uma surpresa, super recomendo, agora quero um físico na estante. Se querer uma leitura rápida, esse é o livro.

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Belo mundo onde você está", escrito por Sally Rooney, foi o meu primeiro contato com a escrita da autora e tenho sentimentos mistos.

A história narra momentos da vida de duas amigas, Alice a Eileen, e seus encontros amorosos com Félix e Simon. Entre um encontro do Tinder que dá errado e uma amizade que tem algo a mais, temos trocar de e-mails entre as garotas, que estão sempre distante, mas querendo se encontrar.

A minha parte favorita foi, com certeza, a troca de e-mails, pois há muitas reflexões sobre a vida e sobre as situações que acompanhamos as personagens passando, é uma ótima forma de mergulhar mais na cabeça das personagens.

No entanto, preciso admitir que não queria mergulhar na cabeça do Simon e do Félix em muitos momentos, os dois conseguiram me irritam em um nível inimaginável, principalmente Félix que tem algumas questões complicadas com relacionamentos. Isso não tem a ver com esperar personagens perfeitos, mas encontrar um sentido naquilo que eles são e, infelizmente, não consegui encontrar em boa parte do livro, isso fez o final ficar com um gosto amargo, uma desconfiança daquilo que foi colocado.

A jornada, como um todo, foi bem interessante. Gosto de narrativas mais intimistas e que os personagens são vulneráveis. Fiquei interessada, também, nos outros livros da autora.

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É até difícil de construir uma sinopse, porque nesse livro não acontece nada, mas ele fala sobre tudo. A história se passa na Irlanda e relata, principalmente, a vida de três amigos: Alice, Eileen e Simon. Alice é uma romancista que se mudou de Dublin para uma cidadezinha irlandesa litorânea. Lá, por meio do Tinder, ela conhece Félix, com quem passa a se relacionar. Eillen e Simon, amigos de Alice, vivem em Dublin e se conhecem desde crianças. Eles nutrem fortes sentimentos um pelo outro, mas, por muito tempo, não têm coragem suficiente para deixá-los florescer (se você leu Pessoas normais, talvez veja um pouquinho de Marianne e Connell aqui).

O livro é isso: o cotidiano, as relações e os pensamentos dessas quatro pessoas. A beleza e a grandiosidade da história estão no fato de a autora conseguir universalizar esses personagens. É como se eles passassem pelos dilemas e questionamentos que atravessam quase todo ser humano contemporâneo na casa dos trinta anos. Talvez por isso eu tenha gostado tanto – porque eu me identifiquei muito.

Como Alice e Eileen não moram mais tão perto desde que a escritora se mudou de Dublin, as duas se comunicam bastante por e-mail – e eles são a melhor parte do romance. Nessas conversas, que são como monólogos, já que não há uma resposta imediata, elas refletem sobre amizade, sexo, religião, política, consumismo, relações de poder e de trabalho, mudanças climáticas e outras questões ambientais e o futuro do planeta de modo geral. Por meio desses e-mails, Sally Rooney consegue traduzir muitos dos nossos pensamentos a respeito do mundo (em diversos momentos eu me vi gritando "É ISSO" enquanto lia essas mensagens). A compreensão da autora sobre o universo que nos cerca na atualidade é o que mais me impressiona.

Mas a história fala, sobretudo, de relacionamentos. Convenhamos que, embora o ser humano seja um ser social, não é simples se relacionar com as pessoas. Uma boa relação demanda diálogo e transparência, o que às vezes falta na dinâmica desses personagens, acarretando mágoas, ressentimentos, arrependimentos e frustrações. Mas os relacionamentos também envolvem compreensão, parceria e amor, o que faz com que eles valham a pena. E eu gosto muito da mistura de melancolia e otimismo que esse livro proporciona.

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Um livro que traz toda a essencia da autora. A história de duas amigas que passam por momentos diferentes em suas vidas assim como a amizade possui altos e baixos e este livros traz toda a carga psicologica da amizade delas.
Um livro fantástico!!!

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O amadurecimento nem sempre é de uma maneira fácil e controlada. Muito pode acontecer no caminho, até mesmo nos perdermos no meio dele. E é esse o retrato em "Belo Mundo, Onde Você Está".

No livro, temos quatro personagens então buscado entender seus lugares no mundo. Há uma conexão entre eles e tudo é desenvolvido a partir daí. Outro detalhe destacável é a forma como a autora constrói cada um deles. Há uma proximidade enorme com a realidade, sendo que eles poderiam facilmente existir entre nós.

Cada um carrega os próprios dilemas e frustrações com a vida adulta. Nem tudo é perfeito e a autora traz então um retrato de como muitos de nós mesmos nos sentimos diante de tudo aquilo que está ao nosso redor. Me senti próximo desses sentimentos e ainda encontrei no texto importantes diálogos e reflexões, que de alguma forma, me fizeram ter novas percepções sobre minha própria vida.

Ainda na questão da minha experiência com a leitura, tive uma certa dificuldade em alguns momentos com a trama em si. Sentia que muito acontecia, mas sem um propósito definido. Não encontrei aqui grandes reviravoltas ou acontecimentos que me fizessem sentir instigado a seguir com a obra. Entendo, claro, que cada livro tem sua própria formula e propósito. Apenas pontuei, pois foi algo que surgiu durante minha leitura.

Não quero, porém, desestimular qualquer futura leitura. Muito pelo contrário, meu desejo é até o contrário. Espero que leiam e troquem suas experiências comigo, para assim saber como o livro toca em cada um.

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Alice e Eileen são amigas e vivem em cidades diferentes.
Elas possuem seus relacionamentos: Alice com Felix, que conheceu no Tinder e Eileen com Simon, um homem mais velho que conhece há anos.
Esses quatro jovens irlandeses fazem parte da geração Millennials e estão em processo de amadurecimento. Eles sentem a pressão da vida conforme os anos vão passando.
Ler sobre amadurecimento e pressão na sinopse me chamou atenção, mas infelizmente essa leitura não foi tão boa para mim.
Os personagens são complicados, mas até aí tudo bem, afinal pessoas reais são complicadas, mas infelizmente eles não me cativaram.
Será que eles estão perdidos? Será que se trata de uma pressão da sociedade? Este assunto poderia proporcionar discussões interessantes que não caberiam aqui.
Como ponto positivo, destaco os temas abordados nas trocas de e-mails entre Alice e Eileen, pois trazem muitas reflexões que me remetiam ao título do livro: onde está o tal do belo mundo?
São assuntos importantes, tais como, política, religião, meio ambiente, entre outros.

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Eu adoro como os livros da Sally Rooney podem ser adicionados na categoria, histórias comuns que poderiam facilmente acontecer com você no dia a dia. Isso é tão humano e paupável, é lógico que não dispenso uma alta fantasia, com tramas políticos, fadas, bruxas e dragões mas as vezes sinto falta de um romance pé no chão.

Eu só tenho elogios à escrita da Sally e somente não dei 5 estrelas por conta da minha irritação em relação à um personagem específico mas entendo a ideia de colocar uma pessoa que destoe dos outros 3 protagonistas.
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Se você gostou de Pessoas Normais vai adorar esse livro e se não gostou talvez também goste!
Resenha completa em: https://www.instagram.com/p/CVyXB1JLQP5/

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Gostei muito ! Foi a minha primeira experiência com a autora. Achei que fica um pouco confuso de início sem aspas duplas ou travessão, para entender que é um pensamento, mas aos poucos é possível se acostumar. Achei muito interessante toda a linha de pensamento que a autora construiu, algumas horas achei que ficou um pouco detalhista e estendeu demais, porém num geral, gostei bastante da leitura, abordando mais a amizade e a troca de cartas e conseguindo, mesmo assim, mostrar bastante da vida de cada uma. Bem atual!

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Alice e Eileen são amigas que estão em cidades diferentes e se correspondem através de longos e-mails, nos quais discorrem sobre a vida, política, religião e qualquer outro assunto que vier à mente. Essa parte do livro é excelente e traz boas reflexões. Em contrapartida, temos Felix e Simon representando tudo que há de ruim na terra. Sério!

As relações abusivas presentes no livro me fizeram pensar bastante, mas o incômodo causado não compensou o debate que elas podem levantar. Apesar de considerar o livro bom, isso se deve mais à escrita do que ao enredo.

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Para todos aqueles que desejam saber;

É o melhor livro dela até agora!

Isso mesmo.
Ninguém escreve sobre intimidade, inseguranças, amizade e desejo como Sally Rooney.

Eu gostei de seus livros anteriores, mas este, para mim, foi excelente, excelente, excelente.

A história é sobre quatro pessoas; Alice, Felix, Eileen e Simon, mas principalmente sobre Alice e Eileen que são amigas há muito tempo. Eles se correspondem por e-mail enquanto navegam em relacionamentos com Felix e Simon. Sei que esta é uma sinopse muito curta, mas acabei de terminá-la e estava tão concentrada nas últimas 100 páginas para descobrir o que acontece que me deixou inarticulada

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Embora os personagens sejam pouco carismáticos, esta parece ser mesmo a proposta de Rooney na presente obra: pessoas reais em suas vidas cotidianas tentando se embrenhar em relacionamentos conforme permanecem tentando se colocar e compreender na realidade circundante. Uma leitura interessante porquê simples, ambiciosa porquê tão próxima de uma realidade.

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Sally Rooney é um fenômeno. Entre as autoras dos tempos atuais, ela definitivamente é um nome que se destaca. Já tendo escrito vários títulos, os seus 3 últimos livros chamaram bastante a atenção da crítica mundial, todos vendendo milhares de exemplares nos países aonde foram publicados: “Conversas entre amigos” (de 2017, está se tornando uma série de TV com Joe Alwyn e Jemima Clarke na Hulu), “Pessoas normais” (de 2019 foi o maior sucesso da autora, com também uma minissérie de muito sucesso de mesmo nome no streaming Hulu estrelado por Daisy Edgar-Jones e Paul Mescal) e agora temos “Belo mundo, onde você está”, livro da autora que foi publicado dia 7 de setembro em inglês e simultaneamente aqui no Brasil.

Sally realmente tem uma legião de fãs e os elogios que lhe são dados em todos lugares são merecidos: ela escreve de uma forma quase descritiva, sem se prender a narração e sendo absurdamente nua e crua sobre intimidade, anseios e desejos das pessoas recém-chegada a idade que podem ser considerados “adultos”, mesmo que eles não tenha essa maturidade. E é exatamente isso que vemos nesses 3 livros que citei acima e por isso fiz isto: todos três impõe este ar de realidade em uma leitura que pode ser até mesmo dolorosa, mas que nem sempre os personagens acompanham o desenvolvimento emocional e a maturidade que a vida que desejam requer deles. É por ai que temos o começo da receita da autora.

Em “Belo mundo, onde você está” temos 4 personagens principais e por eles que vou começar a falar, já como fica claro e óbvio que a trama do livro é a vida e somente a vida acontecendo. Durante alguns anos, através de passagens contadas pelos personagens e também de cartas entre Alice e Eileen, vamos descobrindo o que aconteceu com aquelas pessoas e como eles se encontram em suas vidas, as mudanças que aconteceram e o que esperam que irá acontecer. O escopo do livro não se resume a somente falar do romance de 2 casais e sim toca também em religião, política, o mundo no qual vivemos – é literalmente a vida destas pessoas, com suas opiniões e escolhas que acompanhamos.

Vou começar falando sobre Eileen. Na casa dos vinte e tantos anos, ela acabou de sair de um relacionamento de anos com Aiden, o qual parecia não acreditar que fosse o amor de sua vida e nem sequer estava tão apaixonada assim – mas que, claro, está vivendo dolorosamente aquele término. Eileen é uma personagem bastante insegura e vamos tendo vislumbres de como sua personalidade começou a ser moldada desde a infância através do seu relacionamento disfuncional com sua irmã Lola. A mãe das garotas parece demonstrar preferência por Lola e isso vai sendo confirmado por diversas passagens da narrativa, o que causa um afastamento entre as irmãs desde que entraram na adolescência: enquanto Lola é popular e bastante egoísta, Eileen é introvertida e parece não saber se comportar socialmente entre amigos – há uma passagem bastante “interessante” com Eileen sofrendo bullying na escola e Lola, em vez de defender a irmã, fala que nada daquilo teria acontecido se Eileen não fingisse ser maluca, que responde placidamente que não está fingindo: ela é introspectiva, pra dentro, fechada. Eileen parece só começar a se sentir mais ela mesma quando vai para a capital Dublin estudar e lá conhece Alice – outra personagem principal da história. E ainda criança, as irmãs conhecem o vizinho Simon – um outro personagem principal da história, e você já entendeu como Simon e Alice se conhecem.

Temos Simon, o vizinho que as irmãs Eileen e Lola conhecem ainda crianças – Eileen tem 10 anos quando o conhece, e ele tem 5 anos a mais. Claro que durante essa fase o contato entre eles é bastante distante, mas com o tempo, nasce uma certa proximidade que se transforma em amizade entre Eileen e Simon. Quando ela enfim vai para a faculdade estudar, ela também passa a visitar Simon em outras cidades da Europa aonde ele estava morando e o sexo casual entre os personagens continua até ela começar a namorar Aiden. Simon, em contrapartida, é um personagem que parece bastante estável, por assim falar, apesar de ser profundamente cretino em diversas passagens do livro. Confesso que eu não me apaixonei pelo personagem como pensei quando ele apareceu na trama, e sua capacidade de não se apegar e querer sempre deixar um certo ar de mistério no ar me incomodou diversas vezes – em uma carta altura da trama, Eileen reclama que não sabe quase nada sobre o que ele pensa e ele responde que ela está parecendo a ex da qual ele acabou de se separar, tudo em tom jocoso, mas mostra claramente que ele tem problemas de se abrir e de falar mais sobre si próprio, de aceitar a intimidade e de se manter aberto.

Então temos Alice, a amiga que Eileen faz na faculdade, e confesso que ela é minha personagem favorita de toda trama. Alice quer ser escritora e gosta do que faz, tudo isso ficando bastante claro para quem lê, tanto enquanto ela e sua melhor amiga estão na faculdade quanto depois, arrumando um emprego para poder continuar fazendo o que queria: escrever – mas existe aquela antiga frase do: “Cuidado com o deseja”, certo? Porque Alice não estava preparada para quando o sucesso batesse à sua porta, e quando isso acontece, ela é internada em uma clínica para cuidar de sua saúde mental. Ela simplesmente some da vida de Eileen, sem responder mais e-mails, chamadas e deletou as redes sociais sem avisar que estava indo para a clinica, tudo decorrente da grande exposição que sofreu (alias, uma grande parte das melhores quotes do livro, na minha opinião, são dela). O leitor sabe pouco sobre o passado de Alice, mas entende que ela é a amiga que realmente se faz presente para Eileen enquanto moram juntas antes e depois da faculdade. Alice se apaixona por pessoas e deixa isso claro, demonstrando a sua bissexualidade com naturalidade, o que é ótimo, e você entende que ela é uma pessoa com grande bagagem emocional, quase que um flerte a um comportamento depressivo, mas não posso afirmar porque nada sobre ela fica muito claro na trama do livro – que justamente abre com ela tendo um encontro com Felix. E então chegamos no último protagonista do livro.

Felix é o cara que está tendo o encontro com Alice no começo do livro, e, sinceramente, é difícil para mim falar sobre ele porque eu detestei o personagem. Eu realmente o detestei. Provocativo, inquieto e bastante questionador, Felix poderia ser uma pessoa diferente, mas algo o faz sempre esperar e tentar arrancar o pior dos outros por algum motivo que me fugiu a compreensão em basicamente todos seus arcos. Não entendo o que o leva a se envolver realmente com Alice salvo ser a vontade que ele tem de ser desejado por alguém, e também não entendo porque ele questiona tanto Eileen em certa altura da trama simplesmente para demonstrar poder sobre algo que só precisa existir na cabeça dele – mas, no final das contas, isso valeu a pena porque rende a melhor cena do livro: o “confronto” entre Alice e Eileen sobre a amizade delas, que é mesmo a passagem que me fez grudar os olhos nas páginas e não saber como me sentir.

Os relacionamentos românticos entre os personagens são complexos demais a ponto de me deixar confusa do motivo pelo qual acontecem (acho que a única que encontro motivos para ser apaixonada é Eileen), mas isso foge da minha experiência de vida e do que eu entendo sobre relacionamentos, o que me fazia tentar entender os personagens – e ai comecei a pensar individualmente sobre cada um, e quanto mais eu me questionava sobre Felix, mais eu me dei conta de algo: não era só ele que me deixava confusa sobre os motivos pelos quais agia assim. Eu consigo entender que eles são assim porque algumas pessoas parecem não saber ser quem são (aquela coisa de não se sentir bem em sua própria pele), mas alguns comportamentos nocivos parecem existir somente para mostrar que as pessoas são difíceis – e, no fundo, a gente não precisa aceitar alguém tendo um comportamento merda conosco para entendermos que as pessoas são confusas, instáveis e carregam dentro de si muito mais do que mostram pra gente. Se essa era a intenção da Sally, eu aplaudo, mas eu não acho que era essa e foi ai que o livro me perdeu, justo a medida que se aproximava mais e mais do fim: as pessoas são difíceis. E falhas. E complicadas. E complexas. Mas eu quero entender o motivo, pelo menos na literatura.

Eu tive um grande problema pensando no final desse livro e já fazem uns 5 dias que terminei minha leitura. Sempre que eu termino de ler algo, eu penso sobre, principalmente em livros como “Belo mundo, onde você está” que tratam simplesmente da vida. Gosto de analisar onde eu me identifico com as personagens, gosto de imaginar o que eu faria no lugar delas, gosto de ver as falhas e os acertos da história porque é tudo isso que faz com que sejamos quem somos: leitores apaixonados. Mas, a medida que eu pensava sobre o livro, mais a sensação de falta de profundidade nos personagens eu sentia, e isso é tão, mas tão contraditório, porque se você me perguntar se esse livro é profundo, eu vou te responder um sonoro: “SIM”, mas eu senti muita, mas muita falta de saber mais sobre as experiências dos personagens que aconteceram fora da narrativa e que levou todos até o começo da trama. Parece que há tanto sobre os personagens que eu não sei, que se você me perguntar o que aconteceu com eles depois da última página, eu não sei te falar porque eles simplesmente são quem são e eu não sei como me sinto sobre isso.

E dai se você, que lê esta resenha, me perguntar se eu gostei ou não do livro, eu vou ser sincera e dizer que: Eu não sei. Talvez eu diga que não sei se eu adorei, que não sei se o achei brilhante, talvez eu até diga que eu achei que poderia ser bem melhor ou talvez eu simplesmente diga que sim, eu gostei. Não é o livro marcante do ano pra mim, mas me tirou vários momentos de ter de marcar quotes imensas, e, ao mesmo tempo, não chegou no meu fundo, não me deu aquela dor de ter de deixar o livro de lado ao terminar a leitura. Eu ainda estou confusa sobre ele pra ser sincera, e talvez, daqui um ano, se você me perguntar o que eu achei de “Belo mundo, onde você está”, talvez eu te diga que o livro cresceu em mim – ou talvez eu tenha passado a detestá-lo. Talvez eu esteja justamente no mesmo lugar que os personagens da narrativa: ainda um tanto quanto perdida, acreditando que já sou “adulta” e capaz de tomar minhas decisões enquanto na verdade eu ainda me escondo das minhas responsabilidades e do peso das minhas escolhas – mas hey, não é isso que é ser adulto? A conferir.

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