Até o lançamento desse livro eu não conhecia o autor, mas foi poder conhecer seu estilo e poemas que conseguem transportar sensações tão fortes da vida da cidade, do proletariado, camponeses, pessoas em situação de rua, a prostituta, o bebado, em suas vivências e dramas diárias.

O que mais me agradou foi de fato perceber que o autor teve uma observação acentuada do cotidiano, do campo, da cidade, e trazer a tona essas figuras sociais marginalizadas, como os citados anteriormente, fazendo com que esses grupos ganhem vida, contornos, lugares e seus sentimentos sejam de alguma forma validado e alcancem o leitor.

Um livro imprescindível, sem dúvidas.

Achei a leitura um pouco arrastada, meio cansativa.
Mas não é uma obra que dê para ler num piscar de olhos. Algumas obras precisam ser degustadas aos poucos, essa é uma delas.

“trabalhar cansa” do italiano cesare pavese, lançamento recente da companhia, é uma coletânea de poesias. lançada em 1936, contudo, o livro só estaria definitivo apenas 7 anos depois. logo quando recebi o e-book, resolvi me aventurar em um estilo de escrita que não estou acostumada a ler e durante todo o mês de abril eu reservava algum momento do meu dia para ler um pouco de pavese.

esta é a primeira impressão de leitura que eu trago de uma obra poética por aqui e quis trazer justamente neste primeiro de maio, dia mundial do trabalhador devido ao título tão emblemático e devido ao teor social da obra. “trabalhar cansa”, essa invenção capitalista de que trabalhar engrandece e dignifica o homem, é um discurso para legitimar a exploração da classe trabalhadora, para esconder todas as mazelas que o proletariado sofre.

pavese tem uma aguda observação do cotidiano, tanto do campo como da cidade, e sua pena trás figuras sociais marginalizadas, como o operário, o camponês, a prostituta, o bêbado e a pessoa em situação de rua. com a sua pena, esses grupos ganham vida, contornos, lugares e seus sentimentos chegam até nós.

mesmo tratando de uma realidade crua e, por vezes, violenta, o seu estilo direto tem uma boniteza singular. temas como as frustrações, as descobertas da juventude, o passar do tempo, o envelhecimento, as rememorações, as paisagens ou a mera contemplação do mar são escritos de maneira profundamente meditativos e, ao mesmo tempo, tão materiais.

a concretude dos seus versos é tamanha que durante a leitura eu tive a sensação de estar olhando para uma fotografia antiga já amarelada pelo passar do tempo, mas que eterniza a beleza daquela fração de segundo capturado pela máquina. é o que ele denomina, nos textos no apêndice, como “relação imagética”. a sua narrativa descobre a imagem e a própria torna-se em imagem. é poder vislumbrar uma cidade italiana com seus prédios antigos, a imensidão do campo e as colinas ao fundo, o verão italiano com o seu mar azul e o sol refletindo nas águas.

ler cesare pavese é realmente uma experiência poética singular e, a partir da parceria com a cia, tive a oportunidade de conhecer e ler esse poeta e intelectual italiano essencial do século XX.

ótimo, nunca tinha lido nada desse poeta. gostei de conhecer. é um olhar poético bem diferente.
mas novamente, a formatação ficou bem ruim no kindle.