Member Reviews
Sobrevidas é uma obra literária emocionante que explora as complexidades do comércio de escravos na costa leste da África, abrangendo os séculos XIX e XX. Escrito por Abdulrazak Gurnah, um autor tanzaniano-britânico de renome, o livro é uma narrativa poderosa e cativante da vida dos escravos, suas lutas diárias pela sobrevivência, bem como suas histórias de amor e tragédia.
O livro se passa na ilha de Zanzibar, na costa da Tanzânia, onde as rotas do comércio de escravos eram frequentes. Gurnah é habilidoso em retratar a vida dos personagens principais, que lutam contra a opressão e buscam a liberdade. Ele usa uma prosa poética, rica em detalhes, que transporta o leitor para o mundo da história, fazendo com que nos sintamos parte dela.
Gurnah também aborda a complexidade cultural da região, onde a presença árabe, persa e européia se fazia sentir. Ele descreve de forma cativante as tradições, hábitos e costumes dos personagens, permitindo ao leitor uma maior compreensão da dinâmica cultural do local.
Sobrevidas é uma obra literária emocionante e profundamente comovente, que apresenta uma reflexão sobre questões de raça, classe e opressão, ainda tão presentes na sociedade atual. A escrita de Gurnah é habilidosa e emocionante, tornando o livro uma leitura imperdível para aqueles que buscam entender a história da escravidão e suas consequências duradouras.
Literatura mediana
Uma trama sobre nazismo praticado por um personagem negro nascido em território africano. Narrativa constante, desfecho com pretensa reviravolta, mas com pontas soltas ao longo da estória. Sabe-se que literatura não tem o compromisso de entreter, mas eu esperava mais. A meu ver, há uma trecho com teor homofóbico, o que me incomodou um pouco. Enfim, não atendeu às minhas expectativas.
Esse é um livro interessantíssimo do ganhador do prêmio Nobel. Ao mesmo tempo que traz uma aula de história de forma leve e inserida na história dos personagens, nos apresenta personagens extremamente humanos e carismáticos, que ocupam um espaço no coração do leitor e nos faz torcer por sua felicidade.
A forma como as guerras são descritas aqui são muito diferentes das visões europeia e americana que estamos acostumados a receber aqui no Brasil. Não temos vilões e mocinhos, mas uma narrativa sincera da raça humana, mostrando atos de bondade e maldade tanto dos dominadores quanto dos dominados.
Nos faz questionar o quanto não conhecer a própria história e o destino de pessoas de nossa própria família pode nos afetar de diferentes maneiras; e como a Europa explorou de todas as maneiras possíveis diversas etnias e hoje fecha suas portas para eles.
Em relação à edição brasileira, senti falta de notas de rodapé traduzindo e explicando mais sobre diversos termos que surgem no decorrer do livro. Espero que a editora traga outros livros do autor em breve!
Alguns trechos favoritos:
"Você nunca vai saber quanto tempo os bons momentos vão durar ou quando eles vão acontecer de novo. A vida é cheia de arrependimentos, e você precisa reconhecer os bons momentos e ser grato por eles e agir com convicção."
“Ninguém é dono do corpo e do espírito de ninguém."
"[...] e o mundo segue sempre em frente apesar de todo o caos e desolação."
"[...] alguém amou o tio Ilyas a ponto de ir com ele ao encontro da morte certa num campo de concentração só para lhe fazer companhia."