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"Solitária" da autora Eliana Alves Cruz foi um livro que me chamou muito a atenção desde seu lançamento, desde lá tenho muita vontade de fazer essa leitura, mas só agora tive a oportunidade, e sinto que ela veio no momento certo.

Minhas expectativas foram totalmente superadas, essa é uma leitura extremamente forte, tocante, real. Já ouvi várias histórias de mulheres que trabalham ou já trabalharam nesse tipo de ambiente e fui me lembrando de cada uma delas durante essa leitura.

É tão revoltante ver como a situação econômica e principalmente a cor da pele fazem com que as pessoas se sintam superiores umas às outras, e a autora conseguiu passar isso de forma tão crua e direta que cheguei a sentir o estômago embrulhado em vários momentos.

A escrita da Eliana é tão potente e fluida e ela descreve tudo, desde personagens a ambientações, de maneira tão vivida que senti como se eu estivesse inserida na história a todo momento, o que deixou tudo ainda mais perturbador para mim.

Mas apesar de tão pesado, o livro traz também várias mensagens de força, amor e principalmente de busca por uma vida melhor e realização dos nossos sonhos. Adorei essa experiência.

Sinto que essa história precisa ser lida por todes mas ela possui muitos gatilhos, então aconselho que procurem saber a respeito deles antes de darem início a ela.

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Esse é um livro muito muito bom mas muito triste. Eu ouvi o audiobook dele também é nossa que sofrimento mas eu adorei!

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Narrativa que acompanha a história de mãe e filha, dona Eunice e Mabel. A primeira parte é contada do ponto de vista de Mabel, que relata parte de sua infância e juventude vivendo na casa dos patrões de d. Eunice. Trata-se de gente rica que mora em um apartamento enorme e sofisticado, e Dona Eunice é empregada doméstica dessa família. Mabel e sua mãe passam por diversas situações que incluem várias violências: abusos laborais, racismo, elitismo classista, humilhações, desvalorização. A moça é consciente dessas injustiças sofridas, e carrega em si uma indignação não apenas pessoal, mas também uma revolta por uma exploração que atravessa gerações sem que se vislumbre uma melhoria efetiva na vida da família. A segunda parte traz o ponto de vista de d. Eunice sobre muitos dos acontecimentos já narrados por Mabel - e alguns mais. A terceira parte é contada por alguns espaços ocupados pelas duas protagonistas, como o quartinho de empregada, e remetem aos nomes dos capítulos também: "Quintal", "Cozinha", "Portaria", "Banheirinho", "Área de serviço". A escolha da autora aqui foi muito assertiva (e acertada): são os cenários onde se passa a ação daquele capítulo, mas também são os lugares que aquelas mulheres estão "autorizadas" a ocupar, de acordo com a sociedade. Apesar das temáticas difíceis de serem digeridas, a escrita de Eliana Alves Cruz é direta e elegante, o que torna a leitura fluida e rápida. É muito bom ver que atualmente podemos ler ótimos livros de pontos de vista que, até há pouco tempo, não tinham espaço.

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A obra acompanha os anos de vida de duas mulheres negras, mãe e filha, que têm suas vidas marcadas pelas consequências de um país que coloca corpos negros em posição de servidão. Mabel, a filha, sabe desde cedo que não quer traçar os mesmos passos da mãe, almejando um futuro melhor e conquistando sua tão sonhada vaga no curso de Medicina; Eunice, a mãe, trabalhou como empregada doméstica a vida toda e tem um conflito interno muito forte sobre os sentimentos em relação à família de classe média alta que por tantos anos a empregou. Um acontecimento trágico é um catalisador para que Mabel pressione a mãe a se libertar desse vínculo, ao mesmo tempo em que Eunice tenta entender como lidar com o que aconteceu. Os capítulos são (quase) todos narrados em primeira pessoa por essas personagens e trazem experiências de anos, o que permite que o leitor mergulhe a fundo em suas vidas.

Uma alegoria importantíssima ao longo da obra é o conceito do quartinho – não apenas como cômodo, mas como espaço metafórico para o corpo negro. Eliana Alves Cruz não teme expor as fragilidades raciais da nossa sociedade, tendo um texto pungente e, ao mesmo tempo, de grande fluidez (o que torna o livro ágil). Mabel observa desde criança sua mãe sendo obrigada a limpar, cuidar, organizar e fazer tudo para seus empregadores brancos, que adoram dizer que “ela é praticamente da família” ao mesmo tempo em que a relegam a um espaço apertado e apartado dos demais. A própria Mabel, diferente das crianças que ela vê crescer na casa dos patrões (como a filha do casal, Camila, e outros amigos do prédio), também não recebe o mesmo tratamento: enquanto a infância de uns é preservada, a de outros é destinada a ajudar “na lida”, fazendo o possível para se tornar invisível e não atrapalhar o dia a dia da branquitude que frequenta aquele apartamento.

[...] Solitária é um livro excelente, que toca em diversas feridas abertas em relação ao racismo no Brasil. Com uma narrativa leve, mas firme, Eliana Alves Cruz faz um passeio por diversas desigualdades que assolam com muito mais força a camada mais vulnerável da população: de subempregos a gravidez indesejada, de escravidão moderna (mas sem a espetacularização de A Mulher da Casa Abandonada) até a maior vulnerabilidade frente à Covid-19. São temas pesados, que impactam, mas trabalhados de forma tão didática que as páginas fluem e você sente a revolta no fundo do coração por saber que nada do que está escrito ali é tão ficcional assim. Pra mim, Solitária entrou pro hall de livros que todo mundo deveria ler.

A resenha completa está publicada no blog Infinitas Vidas. Te espero lá!

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“Acontece que existem prisões e prisões, mas existe uma que não tem nenhuma grade e nenhuma parede”.

O grito por liberdade é incessante. A luta pela liberdade é constante. Na teoria, essa tal liberdade é um direito de todos, conquistada a suor e sangue de vozes que não se calaram. Na teoria, no nosso país, todo mundo é livre. Mas, será?

Eunice era uma mulher livre, que trabalhou como empregada doméstica a vida toda, fazendo as vontades da patroa que a tinha como “alguém da família”, mas de quem os espaços familiares eram privados. Mabel, sua filha, também uma mulher livre, cresceu morando no quartinho de empregada com a mãe, como uma auxiliar mirim a custo zero. Mulheres livres, necessárias, mas só se permanecessem invisíveis, presas às paredes do quartinho e à suposta gratidão devida aos patrões.

Solitária. Este é o nome do livro de Eliana Alves Cruz. Solitárias são as personagens que a autora nos apresenta, estas que raramente figuram o protagonismo, as chamadas empregadas domésticas. Tão solitárias vivendo seus dilemas complexos, na solitária da residência de luxo, que é como se não existissem de fato, mas encontram solidariedade em outros tão sós quanto elas.

A escritora não poupa palavras ao dar voz a essas duas mulheres, cada qual com seu ponto de vista a partir de um acontecimento criminoso na cobertura do edifício Golden Plate. Mulheres que são tantas pelo Brasil, em residências que têm aos montes no país, relatando uma realidade dura, que está na nossa cara, mas que só enxergamos quando ganha grandes proporções, como racismo, desigualdade social, trabalho análogo à escravidão, permissão à irresponsabilidade para a elite branca.

Poderia dizer que é um livro duro, que nos dá um tapa na cara, e realmente é. Porém, também nos dá um alento ao falar da importância da educação, do apoio familiar, do reconhecimento do próprio valor, tudo embalado pela escrita cativante de Eliana e com a surpresa dos narradores da terceira parte do livro, um elemento especial.

Leiam este livro. Tenho certeza de que vocês já conheceram alguma Mabel, alguma Eunice. Talvez você seja uma delas.

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Nos últimos dias me dediquei ao livro novo da Eliana Alves Cruz, Solitária, que eu achei simplesmente maravilhoso. Meu primeiro contato com a autora foi no início do ano passado, quando li Nada digo de ti que em ti não veja, e fiquei encantada. Um livro ousado, com uma linguagem fluida e intimista, expõe para o leitor de forma clara e objetiva o que quer passar. Seus outros dois livros, Água de Barrela (que eu li na mesma época) e Crime do Cais do Valongo, tratam do mesmo tema - a escravidão.

No livro mais recente, o assunto é o mesmo, só que transportado para o momento atual. Eunice e sua filha Mabel moram na casa da patroa, naquele quartinho dos fundos com banheirinho minúsculo. Eunice trabalha muito mais que 40h semanais, mas os patrões esperam dela gratidão: por ter um lugar pra morar, comida na mesa, poder ficar com a filha ali. E Eunice se apaga e se curva porque sempre aprendeu a ser assim. Com tantos problemas na vida, tanta dificuldade, ela até se sente realmente grata. E impossível não ter afeto depois de tanto tempo ali, mesmo com a exploração. Mabel não. Ela quer estudar e ser médica, principalmente depois que o patrão disse que ela nunca ia conseguir. Algo muito sério vai acontecer e essa gratidão vai ser solicitada pela patroa. Vão pedir pra Eunice mentir em nome desse tempo em que ela "foi da família" - será que vai colar?

Pra terminar, na semana passada o caso de uma senhora negra, Madalena, que viveu mais de 50 anos em regime análogo à escravidão, sem salário, sem férias, e que a patroa disse que não pagava porque "considerava da família". Só pra mostrar que o livro não poderia ser mais atual, e que o Brasil é um país racista demais.

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eu já tinha ouvido falar sobre a Eliana e tinha ficado bastante interessado em ler alguma coisa dela. em Solitária, a gente tem a oportunidade de ler a realidade de muitos brasileiros: empregadas domésticas vivendo como serviçais eternas de pessoas brancas com dinheiro.

essa foi uma leitura que, apesar de muito boa, não funcionou tão bem comigo por motivos pessoais. a história que a gente vai encontrar por aqui é mt parecida com a história de minha avó e todas as coisas com as quais eu me identifiquei não foram exatamente positivas. ter que me deparar com essas coisas, enfrentar esses demônios novamente e ter que lidar com toda essa avalanche de sentimentos negativos não foi exatamente "legal", entendem?

no mais, a escrita da Eliana é incrível e a história é bastante crível (esse é um tipo de livro que gosto de chamar de "expositivo"). leiam e amem essa autora comigo. animado demais pra ler mais dela, visto que esse foi incrível ❤

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Uma leitura rápida mas muito profunda, que me provocou um turbilhão de sentimentos diferentes. É impressionante como em menos de 200 páginas a Eliana consegue mexer tanto com a gente.

Em Solitária entramos em um condomínio de alto padrão para acompanhar a vida da trabalhadora doméstica Dona Eunice e sua filha Mabel. Duas personagens muito interessantes e muito fortes. Nesse prédio também nos é apresentado outros diversos personagens secundários que são tão interessantes quanto as principais, o que me fez gostar muito mais do livro. Todos os núcleos foram muito bem escritos e apresentados, fazendo com que as histórias secundárias sejam tão impactantes quanto a principal.

Eliana nos apresenta uma triste e revoltante realidade do nosso país, trabalhadores domésticos vivendo como serviçais e trabalhando em regimes inaceitáveis. Infelizmente, ao ler esse livro, você vai se recordar o tempo todo de casos verídicos e recentes de situações similares as quais a autora descreve.

Apesar do ambiente e situações difíceis, é muito gratificante ver Eunice e Mabel se desprenderem de algumas amarras e encontrarem sua liberdade. Esse foi meu primeiro contato a autora e gostei muito do que encontrei, estou ansiosa para ler outras obras dela.

Sobre a edição: Acredito que versão do e-book disponibilizado não é a versão finalizada, pois me pareceu bem mal formatado. A capa também deixou MUITO a desejar, ilustração e fonte feias, bem fora do padrão da editora. Um livro bom desses merecia uma capa bem melhor!

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