Member Reviews
Foi uma leitura interessante,
Consegui ter uma noção ali da relação com o autor e o trabalho, a importância ou a maneira como ele levou o trabalho por tanto tempo.
Mas, ao mesmo tempo, não sei se é uma escrita realmente agradável. Não sei se é pela tradução, se é pelo original em si, se é porque de fato são as memórias do autor com talvez um ou mais toques de fantasia (óbvio que considerando o sigilo e pessoas que ele precisaria proteger, muito deve ter sido alterado, o que estaria bem ok em vários sentidos, se a gente se apegasse ao que ele passou). Embora ele fale de assuntos delicadíssimos e dê pra sentir que se preocupa, ou passou a se preocupar conforme o tempo passou, com o que faz, a sequência com que tudo é apresentado não me fez me apegar a ele. Ao personagem dele. Nesse mix de "revelo tudo, escondo nada" e quase um livro de confissões pelos erros do passado, eu não me importei tanto com ele quanto ele intenciona. É um recorte interessante sobre uma época e um cenário bem violento, com ritmo de trabalho bem abusivo, sobre temas que ainda reverberam hoje, e mesmo assim, mesmo com tudo isso, eu não consegui deixar de lado o ego do autor (um ego que incomodou mesmo sendo um livro de memórias, então já estava esperando ali uma quantidade considerável do mesmo). Ele tenta trazer o leitor para ficar do lado dele, como se a gente fosse um amigo, uma fonte, alguém sentado num bar com ele e ele contando as tretas todas, abrindo o coração. Mas não sei se isso realmente funcionou. Pelo menos não pra mim. Em alguns momentos me senti duvidando de tudo, sem entender se eram fatos mudados para proteger alguém, ou se para servir à construção da imagem idealizada do autor construída por ele mesmo.
O que tornou a leitura interessante, como comecei na resenha acima, foram os momentos em que ela realmente traz fatos jornalísticos, e trazem retratos e recortes dos cenários a que ele se propôs. Porque o resto pareceu apenas uma grande fantasia de alguém que não me cativou.
Mesmo assim, o modo como ele descreve as pessoas que o cercam, os amigos, a família, as pessoas que cercam ele, é muito bom. Você sente que aquelas pessoas realmente existem e que aqueles laços foram muito reais. E nisso o livro brilha bastante. Você se importa com aquelas pessoas, sentem com as que se foram, sente ali a gravidade dos casos e do que foi apresentado. Quando o assunto não é ele, o autor conseguiu me convencer.
Sentimentos mistos com esse livro. Eu adorei a história e fui interessado na leitura pela série da HBO Max e infelizmente tomei um banho de água fria ao ler. É uma abordagem bem diferente, o que não significa que seja ruim, ela não é, porém, também fica longe de ser cativante de continuar.
Não é um livro curto e com uma narrativa muito inconsistente de ganchos cativantes fica complicado manter as esperanças durante a leitura e me peguei diversas vezes forçando a ler juntando forças da minha curiosidade com a história para ler mais um capítulo.
Jake Adelstein pode ser um ótimo jornalista, porém está longe de ser um ótimo contador de histórias. Parece desconexo uma pessoa fazer de um jornalismo notável e ao mesmo tempo ter uma narração tão abaixo do esperado. Ao adentrar na cultura japonesa, cultura essa que não é explorada de forma satisfatória, sentimos um baque grande cultural, afinal é uma cultura jornalística, por exemplo, totalmente diferente da nossa. Essas são as melhores partes da leitura, o adentrar em uma cultura diferente da nossa e absorver sua diferença e entender seus motivos. O resto é apenas um devagar de um jornalista.