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Linguagem da Destruição é um livro escrito por um filósofo, uma historiadora e um cientista político. Cada um deles escreve um capítulo do livro, que por sua vez tem subdivisões para tornar a leitura um pouco mais fluida e cadenciada. O objetivo da obra, em última instância, é analisar todo o mecanismo voltado à destruição que traduz o que é a “gestão” de Bolsonaro: um governo que, desde o início, prometeu destruir o status quo sem nenhum plano de reconstrução ou de futuro focado no desenvolvimento do país. Com a chegada da pandemia, esse projeto destruidor ganhou ainda mais força, transformando-se num governo que tem a morte como um dos seus pilares. [...]

Os autores buscam criar uma narrativa que, aos poucos, vá explicando diversos aspectos da conduta bolsonarista e, principalmente, o porquê dela ter encontrado um meio fértil para se propagar. Há todo um resgate histórico para nos conduzir até o momento presente, e não são feitas afirmações levianas sem um raciocínio construído previamente para defender a posição dos autores. Eles reconhecem que é difícil encaixar Bolsonaro numa única caixinha de conduta devido a sua aproximação com vários movimentos, e evitam colocar rótulos que o limitem a ser chamado unicamente de populista, fascista ou nazista, por exemplo. É como se Bolsonaro permeasse esses conceitos, flertasse com vários sem se encaixar 100% em nenhum e então os transformasse no bolsonarismo, um movimento muito particular para o qual os autores ainda não possuem total entendimento.

O livro cumpre seu papel de evidenciar que não é a primeira vez que temos governantes autoritários no poder, mas que é inédito vermos alguém eleito pelo povo ter um plano focado em destruir os alicerces democráticos de dentro pra fora. Fomentar crises econômicas e sociais não é algo que Bolsonaro fez “sem querer” ou por ser burro (como eu mesma tantas vezes acusei), mas sim parte de um plano proposital de enfraquecer a sociedade para que ele possa se colocar como o salvador messiânico da população ao mesmo tempo em que se isenta da responsabilidade de consertar as coisas, terceirizando a culpa. Bolsonaro abraça a ideia de que não existe uma visão de futuro para o país, mas sim a necessidade de destruição “de tudo que está errado” (segundo ele) no presente.

O mais marcante dessa leitura pra mim foi perceber que eu estava sendo reducionista em relação à capacidade estratégica do discurso de Bolsonaro. Para mim, era difícil ver suas palavras sem reagir com “como alguém acredita no que esse burro tá falando?” ou “como as pessoas não se revoltam com essa afronta?”. Depois de ler Linguagem da Destruição, percebi que (mesmo ele sendo burro em muitas instâncias sim) Bolsonaro construiu o caos perfeito para que ele pudesse se isentar da responsabilidade do que acontece (afinal, na sua visão a culpa da crise é da pandemia, não dele), minar a confiança das pessoas na democracia (vide suas declarações golpistas de que não aceitará ser derrotado nas eleições e incitações para as pessoas não confiarem na urna eletrônica) e destruir as bases democráticas que vinham sendo fortalecidas no nosso país desde que nos livramos da ditadura. Se eu tiver que resumir essa experiência, posso dizer que Linguagem da Destruição é um livro difícil, por vezes complexo e com passagens mais enfadonhas, mas foi um divisor de águas no meu entendimento político.

Resenha originalmente publicada no blog Infinitas Vidas. Te espero lá! =)

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Leitura essencial para aqueles que desejam entender o que está acontecendo no Brasil atualmente e como chegamos até esta situação. Escrito a seis mãos, esse livro é dividido em três partes, nas quais cada autor analisa diferentes aspectos do movimento bolsonarista.

A primeira parte, escrita por Miguel Lago, explora a dificuldade da oposição de enfrentar e entender Bolsonaro e suas estratégias políticas nada convencionais. Além disso, ele analisa como as redes sociais e o movimento neopentecostal tem auxiliado Bolsonaro a conseguir manter fiel uma base, consideravelmente grande, de apoiadores, mesmo depois do seu desastroso primeiro mandato como presidente.

A segunda parte, escrita por Heloisa Starling, explora o conceito de reacionarismo e como ele se conecta ao movimento bolsonarista. Ela explora o termo desde seu primórdio histórico até a atualidade para explicar o que ele significa e como ele se conecta aos movimentos de extrema direita que tem surgido recentemente no mundo e que no Brasil tem como seu representante Bolsonaro e seus seguidores.

A terceira parte, escrita por Newton Bignotto, explica termos utilizados exaustivamente para classificar Bolsonaro, mas que poucos realmente sabem seus significados: populismo e fascismo. O autor analisa como as principais características dessas ideologias são incorporadas pelo bolsonarismo, mas que apesar disso não podemos classificar esse movimento inteiramente como uma ou outra ideologia.

Gostei muito dessa leitura e dos argumentos levantados pelos autores. Eles buscaram trazer todo esse debate da forma mais acessível possível e por causa disso tive facilidade com a leitura, porém por se tratar de um assunto mais denso, que precisa de mais atenção do leitor, o li com calma para ter um melhor aproveitamento da leitura. Enfim, super recomendo a leitura!

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