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Esse foi, sem nenhuma dúvida, o melhor livro do ano até agora. Escrita incrível, tema muito atual (e o livro foi escrito em 1952!), e me identifiquei muito com algumas situações vivenciadas pela Valeria, protagonista dessa história.
Valeria Cossati é uma mulher vivendo no automático, no meio do furacão. Aos 43 anos, vive entre os cuidados com a família, a casa e o emprego em um escritório, onde trabalha para complementar a renda familiar. Depois da jornada profissional, só ela lava, passa, faz a jnata e lava a louça, apesar de ter filhos adultos e um marido perfeitamente funcionais. Sobrecarregada e resignada com a situação, tudo vai mudar a partir do momento em que adquire um simples caderno numa tabacaria e começa um diário. A partir daí, Valeria vai tomando consciência da sua identidade e vontades, recalcadas para que ela desempenhe esse papel de maior responsável por todos na casa; dos seus desejos sexuais, já que não é uma velha como a sociedade a trata; da sua necessidade de afirmação, e do quanto sua própria família a diminui. Além disso, ela avalia as diferenças com a filha, uma jovem mulher que questiona os valores morais que cerceiam os direitos e vontades das mulheres da época.
Maravilhoso, imperdível.
“caderno proibido” da escritora italiana alba de céspedes é uma das joias italianas resgatadas pela cia no último ano. uma das influências para a escritora misteriosa elena ferrante, alba está sendo redescoberta pelos leitores brasileiros. o livro parte de uma falsa premissa básica, uma mulher compra um diário e passa a escrever sobre seus dias. contudo, o que se esconde nessa escrita íntima de uma mulher italiana da década de 50? um mundo de experiências, sentimentos e questões historicamente situadas.
valeria cossati, nos seus 40 anos, é uma mãe de dois filhos adultos, dona de casa, proletária e mulher. a condição de ser mulher já torna tudo político, mas ao existir a autopercepção do que decorre de ser mulher, tudo se torna mais violento e amplificado. valeria, inicialmente, não sabe o motivo de ter comprado o diário impulsivamente ou de estar escrevendo, mas ao longo do processo ela vai questionando ideias pré estabelecidas e construindo sua identidade de mulher, longe dos papéis sociais destinado para as mulheres que a sufocam.
pela sua escrita seca e poética, entre o fato e a consciência, valeria tem um instrumento de insubordinação, o seu diário proibido é um romance de autoanálise e de formação. é por meio desse que podemos refletir sobre gênero, classe, revisitar e dessacralizar espaços - o doméstico, o trabalho e o corpo. o processo de autodescoberta é angustiante pois retira as máscaras e as bases das suas relações sociais: o casamento não é mais aquele fim único, os filhos e o conflito geracional, a própria casa mostrando ser uma prisão e a desconstrução da própria identidade.
a história de valeria ecoa porque é a triste e silenciosa história de muitas mulheres. o que me afetou, foi o seu relato cru de solidão, de como nós mulheres podemos ser invisibilizadas em sociedade, relegadas a imagens pré-estabelecidas e que não abarcam completamente nossa subjetividade. o pior ainda, é quando nos deparamos com o fato de que vivemos em uma sociedade capitalista na qual o nosso corpo é uma força de trabalho mal remunerada, com o discurso que naturaliza a maternidade e o trabalho doméstico como algo natural da natureza feminina, somos exploradas dentro de nossas próprias casas. assim, nesse 8 de março, manifestemos uma luta histórica por melhores condições para todas, que tenhamos o direito ao grito e de ser forte, como também à ternura e tranquilidade.
Esse é mais um livro que entra para o (não tão) seleto grupo de leituras que fiz porque gostei da capa, achei o título curioso e perguntei para mim mesma “por que não?”. 🤭 E sendo bem sincera, eu não sei se tivesse olhado a sinopse antes, eu teria tido a curiosidade de ler esse, já que ele parece ser um livro “comum”.
Valéria, a protagonista, é uma mulher de meia idade, casada com Michele e mãe de dois filhos já crescidos, Mirella e Ricardo. Ela divide seu tempo entre as “tarefas” da casa e o emprego de secretária em um escritório.
Um belo domingo, eis que se sente atraída por um caderno de capa preta e resolve comprá-lo, mesmo que tal ato seja proibido no dia e precise insistir com o vendedor para que consiga comprar o bendito.
A história se passa na Itália da década de 50, e não era permitido comprar outras coisas que não fossem itens essenciais, como comida e cigarros, em pleno domingo! Sim, um absurdo!
Ela resolve, então, que esse caderno vai ser o seu diário, e começa a relatar coisas rotineiras e sem importância. Mas à medida que a narrativa progride, ela se expõe de uma maneira profunda e tocante.
Vejam, eu não sou mãe e muito menos tenho a mesma faixa etária da personagem, mas foi difícil ficar indiferente ao quão injustamente ela era tratada pelos seus familiares. É revoltante acompanhar que ela não tem identidade própria ela, e como a sua vida existe apenas em torno deles, que subestimam a mulher racional que existe ali.
Felizmente, a simples compra desse caderno passar a ser um catalisador de mudanças na mente de Valéria, que de mulher passiva passa a refletir sobre si mesma e a vida que leva, e começa a mudar sua forma de agir e pensar.
A escrita é como uma terapia para ela e o diário passa a ser o seu amigo mais íntimo. Eu não sei explicar muito bem as sensações que esse livro me causou, mas me senti profundamente viciada à mente dessa mulher. É uma narrativa tão pessoal, e tão bem escrita, que ao final senti como se eu tivesse conhecido Valéria a minha vida toda.
Caderno Proibido é um livro muito bem escrito. O que me levou a ele foi a divulgação atrelada a uma "influência de Elena Ferrante". Apresenta-nos a história de Valéria, dona do caderno proibido. Em tal caderno, ela narra sobre seu cotidiano monótono, o casamento, a relação complicada com a filha. Valéria, aos poucos, vai percebendo e revelando suas angústias, perpassadas por outras mulheres que cruzam seu caminho e, assim, a personagem vai questionando-se e questionando a própria vida. Leitura imperdível!
O livro é narrado através de entradas do diário que Valeria comprou e mantém escondido. Através deste diário acompanhamos suas angústias, seus pensamentos, seus conflitos internos e seus desejos. Valeria é uma mulher de mais ou menos 40 anos, mãe de dois filhos adultos e funcionária de um escritório. Ela leva uma vida tranquila e monótona, vivendo no "automático" até o momento em que começa a escrever escondida em seu diário e passa a refletir sobre sua vida e relacionamentos.
Esse é um livro sem grandes reviravoltas, no qual acompanhamos o dia a dia de Valeria. E foi exatamente isso o que me conectou a história. Valeria é uma mulher comum, vivendo dilemas que qualquer mulher pode enfrentar. Apesar de ser uma história que se passa na Itália da década de 1950, os assuntos abordados no livro continuam extremamente atuais: culpa feminina, desejo sexual reprimido, imposição de costumes, expectativas de como uma mulher deve agir e ser, entre outros.
A escrita e a narrativa da autora são incríveis. Ela consegue transportar o leitor para dentro da mente da personagem principal, fazendo com que o leitor se conecte com a personagem e entenda seus sentimentos. O final foi realista, mas bem triste. Mostra a realidade nua e crua da existência feminina. Vale muito a pena ler esse livro! Super recomendo a leitura.