Não tem nem o que falar dos escritos do Caio Fernando Abreu, um dos melhores escritores brasileiros.

Já conhecia os contos do autor e sempre fui fã, então finalmente poder esse romance dele foi extremamente gratificante e especial.

O livro é simplesmente incrível! A estética da obra é fantástica e temas como memória, juventude, sentimentos podem ser notados nessa trama instigante e bem construída.

Enfim, Caio Fernando Abreu é excelente em tudo que escreveu, sem palavras para isso.

Acredito que o ser humano está sempre no limbo da melancolia adolescente, que nunca consegue ultrapassar completamente a fronteira da maturidade adulta. Talvez seja esse o "limite branco" que Caio Fernando Abreu quis usar como analogia. Quem pode se auto denominar consciente do propósito da vida diante do arbitrário destino?

As reflexões de Maurício fala muito sobre o íntimo que é muito comum a todos, aos dezenove anos de idade o personagem se questiona sobre toda a complexidade do ato de viver, de ser parte de algo, de se sentir coerente em meio as pessoas que convive...

São os relatos pessoais de seu diário que transbordam a magnitude de seus pensamentos controversos, a melancolia intrínseca da adolescência aflorada pela solidão constrói a sua personalidade distinta. Outro ponto alto da narrativa é o drama familiar. A relação com o seus pais e outros parentes próximos durante a infância formam um misto de nostalgia e desengano.

A escolha narrativa de Caio Fernando Abreu foi muito assertiva nessa narrativa, é até difícil de acreditar que este seja o seu primeiro romance. Essa história em particular conversou muito comigo, foi um livro que me leu mais do que eu a ele. Parecia que estava eu a divagar sobre a vida e não o Maurício.

Durante a leitura tive a sensação de não estar sozinha junto ao desalento da vida, o que me fez lembrar de outras leituras que trago na bagagem, como por exemplo, Os sofrimentos do jovem Werther de Goethe, O livro do desassossego do Fernando Pessoa e, até mesmo, As vantagens de ser invisível de Stephen Chbosky. O que há em comum em todos esses livros é a reflexão sobre os acontecimentos cotidiano e como isso influência na nossa percepção da vida e até mesmo da realidade. E este, assim como os demais citados, se tornou um favorito. Se para o autor este livro não se enquadra na perfeição de sua escrita, então estou ansiosa para conhecer suas outras obras,

Adoro a forma que o Caio tem de escrever e nos tocar.

Ele sabe ser sutil, ser profundo e usar poucas palavras para dizer muito.