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Obrigada a Companhia das Letras por me enviar o arc de Ensaio sobre a cegueira em troca de uma resenha honesta.
"Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem."
Esse livro foi uma grata surpresa. Sempre me senti intimidada a ler José Saramago, o que percebo agora que foi uma grande besteira e perda de tempo, porque poderia ter lido esta obra prima bem antes. Me disseram que o estilo de escrita era difícil, que havia muitas vírgulas e poucos pontos finais, muitas frases corridas e parágrafos longos, e nenhuma marcação de diálogo. Mas foi justamente esse estilo de escrita que me fez dar 5 estrelas para esse livro e se tornar um dos favoritos da minha vida. Essa forma de narrar me fez devorar o livro. Justamente o estilo corrido faz com que você leia as cenas muito rápido - só não tão rápido porque o conteúdo e as situações pelas quais os cegos passam é totalmente indigesta - e fui cativada do princípio. Quanto aos diálogos, é tudo muito natural, orgânico e é fácil deduzir quem está falando, então não foi um problema.
Muitos autores já falaram sobre a maldade e a bondade do ser humano na literatura, mas José Saramago aborda isso de uma maneira única e particular, não à toa recebe o título de um dos maiores nomes da literatura portuguesa. Neste livro, quando uma súbita pandemia de cegueira atinge as pessoas, a primeira solução do governo é colocar os primeiros afetados em um hospício abandonado e negligenciar completamente suas necessidades. Se este não é um ótimo retrato dos nossos governantes, eu não sei o que é. Além disso, o ser humano, em toda a sua podridão, começa a se aproveitar uns dos outros, em vez de se ajudar. De novo, isso é algo que com certeza aconteceria nessa situação, porque é de fato algo que acontece na vida real - é só lembrar das tentativas de cobrar preços exorbitantes por testes e vacinas de COVID. Não à toa, os personagens e a cidade não recebem nomes próprios, causando assim a impressão de que essa história poderia se passar em qualquer lugar (porque ela poderia).
Eu assisti a adaptação quando estava na escola graças a um professor de sociologia e, apesar de não me lembrar de muita coisa, as cenas dos cegos "malvados" foram as que mais me marcaram. Mas, lendo o livro, o que mais me marcou foram os personagens, em especial a mulher do médico e a mulher de óculos escuros. Duas mulheres fortes que passam por muita coisa, principalmente a mulher do médico, que é a única que pode ver e tem que guiar e ajudar o grupo a sobreviver. As cenas em que ela desejava estar cega para não ter essa responsabilidade e ser a única a não apenas sentir, mas também presenciar os horrores que a pandemia desencadeou nas pessoas foram impactantes. José Saramago não poupa nenhum detalhe nas dificuldades que pessoas subitamente cegas enfrentam, como fazer necessidades fisiológicas, e nisso ele é bem realista e intencionalmente grotesco.
O que faz esse livro incrível e atemporal é que infinitos debates, reflexões e interpretações podem surgir dele. Por exemplo, seria a cegueira uma metáfora para a ignorância humana, que sempre esteve presente, e que é revelada por essa pandemia? Vou pensar nesse livro por muito tempo, e com certeza planejo ler mais livros do autor.
Ensaio sobre a cegueira é uma distopia escrito pelo autor José Saramago, corresponde a Companhia das Letras, sendo um autor português de Portugal. Eu li na LC Quarto dos Gêmeos uma Leitura Coletiva do Catarse do Nifrido que é o Daniel e do Evezel que é o Eduardo. Eu consegui esse ebook em parceria com a editora por meio da plataforma chamada Netgalley. E é minha primeira leitura que faço com esse autor que é indicado esse livro nada menos nada mais que pela Thalita Rebouças.
"Nessa noite o cego sonhou que estava cego."
Esse livro acontece uma epidemia onde as pessoas passam a ficar cegas, não é uma cegueira comum é uma branca, num trânsito de repente acontece com um cara ele se desespera, sai do carro dele ele fica desesperado, as pessoas que ele tem contato vai passando essa cegueira para outras pessoas, começa ele indo ao oftalmologista, ele o ofltamologista acaba se infectando também, acaba sendo um dos protagonistas do livro.
"Primeiro percebeu que tinha deixado de ver as mãos, depois soube que estava cego."
As coisas saem do controle e o caos é instaurado fora desse lugar também, a epidemia de cegueira acaba atingindo todo mundo menos a mulher do médico. E atenção esse livro tem muitas cenas pesadas e fortes nessa incrível obra premiada pelo Prêmio Nobel da Literatura em 1998. Tem cenas de abus0 de mulheres e m0rtes portanto muito cuidado. Quem acha que não é o momento certo de ler devido a pandemia que tivemos tudo bem em aguardar a ler esse livro.
"A mulher, calmamente, respondeu, Tem de me levar também a mim, ceguei agora mesmo."
Portanto é um ótimo livro mas também bem forte para leitores sensíveis, eu recomendo se quiser realmente ler e se tudo bem que eu falei acima. Nele encontramos diversas reflexões e esse livro após terminar faz pensar muito sobre ele. Nós vemos essa leitura pelos olhos dela, o livro não entrega todas as respostas. Os personagens não tem nomes mas como profissões ou a mulher do tal assim. Se quiser ler essa obra, eu indico.
"Os outros começaram a andar ao longo da corda."
"Ensaio sobre a cegueira" é uma obra-prima do escritor português José Saramago, que aborda de forma intensa e perturbadora a perda da visão e suas consequências sociais e humanas. Através de uma narrativa envolvente e inquietante, o livro é uma reflexão profunda sobre a condição humana e suas fragilidades, mostrando como as pessoas podem mudar radicalmente em situações extremas e como a sociedade pode colapsar diante de uma crise como essa. Além disso, o autor também discute temas como a empatia, a solidariedade e a relação entre o indivíduo e o Estado.
Um clássico que tive a oportunidade de reler, graças a essa linda edição de aniversário.
E que experiencia incrível foi relembrar as pequenas surpresas no ritmo e no estilo de Saramago ! Não é à toa que o autor está no patamar que se encontra hoje.
Obrigada, Cia das letras, por esse ebook.
Finalmente chegou a grande oportunidade de conhecer o tão falado/aclamado Saramago. E, ao finalizar a leitura, fiquei me perguntando o motivo de ter demorado tanto para embarcar nessa experiência.
“Ensaio Sobre a Cegueira” é, sem dúvidas, o livro mais intrigante que li até hoje. Foi o que mais sensações diferentes me causaram a cada página virada. Amor, dor, esperança, desespero, felicidade, tristeza, ódio, aflição, luz, trevas, incertezas, agonia, ansiedade, vão misturando-se e infiltrando-se em nossas mentes, e a única coisa que nós, leitores almejamos é avançar na leitura, para obtermos respostas e alívio para nossas mentes, que já estão quase explodindo de tantas reflexões profundas que essa trama nos causa.
O que posso garantir é que ninguém finaliza da mesma maneira que iniciou. Caso isso não aconteça, sinto te informar, mas você leu errado (risos). É o tipo de obra em que não existe o meio termo. Ou você gosta, ou odeia.
“A insolência atingiu o médico como uma bofetada. Só passados alguns minutos teve serenidade bastante para repetir à mulher a grosseria com que fora tratado. Depois, como se acabasse de descobrir algo que estivesse obrigado a saber desde muito antes, murmurou, triste, É desta massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade.” Posição 485
A partir de uma determinada parte da trama, passei a fazer um paralelo entre ficção e a nossa realidade atual. Foi impossível não associar o que estava lendo com esse período tenebroso de pandemia ao qual ainda estamos passando, infelizmente. E não falo apenas em relação as situações narradas, falo também em relação as personalidades marcantes das personagens. Aliás, quanta potência na criação de cada uma delas. Todas despertam algum sentimento, seja ele bom ou ruim. Perdi as contas de quantas vezes desejei ter o poder de entrar na história e abraçar aquela personagem, ou simplesmente entrar e esganar tantas outras. Sim! Esse livro causa tudo isso.
“então a mulher do médico compreendeu que não tinha qualquer sentido, se o havia tido alguma vez, continuar com o fingimento de ser cega, está visto que aqui já ninguém se pode salvar, a cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança.” Posição 2726
Como foi o primeiro contato com o autor, o ponto negativo, pelo menos para mim, fica por conta da característica narrativa que ele usa. Não existe uma construção textual convencional. Pontuação, diálogos, narração, misturam-se no mesmo parágrafo, como se fosse um fluxo de pensamento que só para no ponto final do parágrafo. Passado essa dificuldade inicial, essa característica deixa de ser prejudicial, e passa a ser o diferencial.
Não é uma leitura fácil, e nem para qualquer leitor. É bastante densa, e aconselho apenas para quem está com seu estado de espírito em dias (risos). Confesso que essa trama mexeu tanto comigo, que acabei ficando com uma bela ressaca literária. Precisei de uns dias para digerir tudo, e o que desejo agora é embarcar em uma leitura bem água com açúcar para recuperar as energias. O bom é que o final me causou um alívio na sensação de aflição que me acompanhou durante uma boa parte das páginas. Enfim, só digo uma coisa: “LEIAM, vocês não se arrependerão”.
“Tinha sangue nas mãos e na roupa, e subitamente o corpo exausto avisou-a de que estava velha, Velha e assassina, pensou, mas sabia que se fosse necessário tornaria a matar, E quando é que é necessário matar, perguntou-se a si mesma enquanto ia andando na direção do átrio, e a si mesma respondeu, Quando já está morto o que ainda é vivo.” Posição 2500”
Finalizo a resenha indicando para os amantes de tramas densas, com personagens marcantes e reflexões de tirar o sono de qualquer um.
Saramago dispensa apresentações. Já havia lido "As intermitências da morte" e estava bem empolgado para esse. Novamente, foi uma experiência de leitura maravilhosa. Sentimentos se misturam; é um livro "claustrofóbico", um livro que agoniza e indigna. E, por isso mesmo, assusta, porque o humano e o repugnante estão o tempo todo lado a lado. A história é amplamente conhecida: uma epidemia de "cegueira branca" que ocasiona todo tipo de problema e caos. A escrita do Saramago, a princípio, pode assustar, mas siga, porque ela é viciante e, além disso, muito profunda e inquietante.