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unca é tarde para embarcarmos nas páginas de autores que entraram para a história da Literatura mundial. Dessa vez, o escolhido foi Laurence Sterne, um dos mais aclamados autores de todos os tempos, precursor de um estilo de narrativa (fluxo de consciência) que serviu de inspiração para outros grandes autores, como Machado de Assis, por exemplo.
“A Vida e as Opiniões do Cavaleiro Tristam Shandy” foi publicado em nove volumes entre os anos de 1759 e 1767. Conseguiu um grande sucesso desde a publicação dos primeiros volumes, o que fez Sterne ganhar certa notoriedade em vida. E, não é pra menos, pois o autor caiu nas graças do público, devido ao estilo narrativo inovador para a época.
Confesso que ler essa obra foi, no mínimo, uma experiência peculiar, pois, ela possui algumas características que vão contra ao que aprecio nas tramas, principalmente ao que se refere a objetividade. Sim, a narrativa não segue um fluxo em linha reta. Ele segue um fluxo duplicado, triplicado, emaranhado, ramificado, enfim, um fluxo de pensamentos que acabou criando “zig-zags” na minha cabeça. São muitas divagações, parênteses, inserções de outras obras em meio a narrativa que me fez, muitas vezes, questionar se eu estava lendo aquilo mesmo. E, o pior é que eu gostei de ficar com essa sensação de desnorteamento (me internem, por favor! Risos).
“Solenemente declaro a toda humanidade que a dedicatória acima não foi feita para nenhum príncipe, prelado, papa ou potentado, - duque, marquês, conde, visconde ou barão, deste ou de qualquer outro Reino da Cristandade; ------- que tampouco foi apregoada nem pública ou privadamente oferecida, direta ou indiretamente, a qualquer pessoa ou personalidade, grande ou pequena; mas é que, honesta e verdadeiramente, uma Dedicatória-Virgem, jamais provada por qualquer ser vivente.” Posição 712
Outra característica interessante que posso citar é o humor. O autor carregou na ironia e no duplo sentido, o que acabou me tirando algumas risadas. Duas personagens também merecem destaque: O pai e o tio de nosso narrador Tristam. Aliás, as cenas dessa dupla são as mais interessantes, pois os diálogos entre eles são hilários.
“[-Cumpre-me interromper minha tradução por um momento; se não o fizesse, sei que nunca mais conseguiria pregar o olho, como não o pôde pregar a abadessa de Quedlinburg. - Interrompo-a para dizer ao leitor que meu pai jamais leu esta passagem de Slawkenbergius para o meu tio Toby sem pôr a voz uma nota de triunfo - não sobre o tio Toby, que nunca se lhe opunha - mas sobre o mundo inteiro.” Posição 3791
O ponto negativo fica por minha parte, por ter demorado a entender o estilo do autor, e tentar levar muito a sério o que estava lendo. A dica que dou a quem for se aventurar nessa obra é que se desprenda de todo o raciocínio lógico, e embarque na viagem proposta por Sterne.
Finalizo a leitura indicando aos amantes de clássicos da Literatura Mundial, e que gostam de tramas que não seguem um fluxo narrativo linear.
Eu amo clássicos e fiquei mega feliz quando a Companhia das Letras disponibilizou esse livro para leitura. Inclusive, em breve trarei uma resenha maior e mais completa sobre ele. Finalizei a leitura tem alguns dias e aproveitei para vir logo indicar para vocês.
Esse livro é uma obra-prima do humor e da sátira social, A vida e as opiniões do cavalheiro Tristram Shandy é o testamento literário de Laurence Sterne. Estruturada como uma sequência de conversas alimentadas por um anti-herói sempre disposto a mais dois dedos de prosa, ela é comparada a Dom Quixote de Cervantes e Tom Jones de Fielding.
Considerada uma “autobiografia”, essa obra foi publicada em nove volumes a partir de 1759, é povoada por alguns dos personagens mais espirituosos da ficção inglesa. Parte romance, parte digressão, ela envolve o leitor em um labirinto criativo que antecipa tendências até mesmo do pós-modernismo.
Esse livro é considerado um dos pilares do romance moderno por ter distanciado em definitivo este gênero da poesia e do teatro.
Fiquei encantada com a forma que o autor tem de descrever, de narrar a história e envolver o leitor. Engraçado que a gente sente que o romance não tem sentido, não entendemos nada e mesmo assim nos envolvemos. Queremos saber se vamos entender, se o desfecho será bom. E eu particularmente gostei bastante.
Obrigada, Cia das Letras e NetGalley
Apesar de ser um livro grande, em comparação aos que estou acostumada a ler, e também apesar de ler não muito o gênero, a obra conseguiu me prender logo no início, o que contribuiu para que eu continuasse a leitura.
O personagem traz uma trama confusa, mas em meio a sua confusão, ele consegue fazer sentido. É necessário um pouco de paciência, mas a poesia e o humor por trás da obra fazem essa confusão valer a pena.