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O Assassino do Rei é a aguardada sequência da série iniciada em O Aprendiz de Assassino. Da autora Robin Hobb, essa história de alta fantasia mistura magia e política em um desenvolvimento épico. Agora, com o segundo volume em mãos, podemos retornar para o mundo de Fitz Chivarly.
Livro cedido em cortesia pela Editora Suma.
Fitz sobreviveu à sua primeira missão como assassino do rei. Mas teve um custo muito grande. Tentado a abandonar tudo e fugir da corte, ele é tragado de volta para as intrigas da corte por tramas sombrias e grandiosas que vem se erguendo sobre os Seis Ducados.
O rei adoeceu, e o príncipe-herdeiro está no comando. Os Seis Ducados são alvos de ataques dos Salteadores dos Navios Vermelhos, que vêm ganhando poder e aterrorizando as cidades costureiras com a crescente dele. Fitz é o único que parece atento a mais do que as políticas superficiais deixam transparecer; e talvez seja o único capaz de salvar o reino de um destino terrível.
O Assassino do Rei, em comparação ao volume anterior, O Aprendiz de Assassino, é bem grandioso. Em tensão, em reviravoltas e na crescente de que algo terrível se aproxima. É também bem mais enroscado e arrastado do que seu sucessor, o que foi um pouco difícil de aguentar dentro dos parágrafos incessantes na cabeça do Fitz.
Diferente do garotinho assustado e franzino do primeiro livro, Fitz agora tem mais ciência de onde está pisando. Ele conheceu muito da corte, e as sombras dela, crescendo ali; se fortificando ali. Depois da sua missão, Fitz com certeza sabe o que esperar dos nobres. Sabe em quem confiar, e em quem deve manter a atenção redobrada.
Seu amadurecimento como assassino do rei é notável. Ele é mais respeitado, passa de uma sombra na fortaleza para um garoto presente. Em relação à sua posição na corte, é notável que toda a sua história serviu de gancho para esse desenvolvimento de personagem. Fitz está mais velho, mais maduro, e posiciona suas opiniões e argumentos e conselhos no momento certo. Mostra que sabe o que está vivendo, e que sabe como sobreviver.
Em contraponto, a parte emocional dele me deu um pouco de sono. Fitz vive de amarguras por causa do seu coração durante muito tempo. Sua "relação" com Moli, que não chega a ser uma relação, é movida por essa amargura, pelo arrependimento dele, e isso se prolonga tanto que se torna chato em certo ponto.
Essa questão equilibrada entre coisas acontecendo e coisas demorando muito a acontecer foi o que me fez demorar com a leitura. Enquanto alguns momentos da história de O Assassino do Rei eram carregadas em ação e reviravolta e emoção, outras eram prolongadas ao extremo sem nada acontecendo.
Alguns capítulos, admito, eu terminei na força da raiva, porque queria chegar em algum lugar e eles não pareciam estar levando a nenhum. Por sorte, levavam; o problema era aguentar até o fim deles. A Robin Hobb tem uma mão pra escrever capítulos longos e parágrafos gigantescos e enfadonhos tanto quanto tem mão para escrever uma fantasia maravilhosa.
Burrich e Patiente tiveram participações excelentes no decorrer da história do Fitz. Em muito contribuíram para tornar as situações com ele mais emocionantes, mais reais e familiares. Oferecendo ao garoto o mais próximo de uma família que ele poderia ter. Bobo da corte, também, surge nos momentos chave para mostrar que é muito mais do que aparenta ser.
A questão com o Talento é bem mais desenvolvida aqui, e ganha novos ares de acordo com a maturidade do Fitz. A fantasia desse universo é aquela coisa intrínseca e discreta, mas que pode causar estragos quando bem usada.
Assim como o anterior, O Assassino do Rei não é um livro cheio de ação. Tem sim cenas épicas, mas o foco dele está no desenvolvimento lento do seu protagonista e do mundo ao seu redor. O nascimento dos conflitos, as crescentes intrigas na corte. Com esse segundo volume, Robin Hobb estabelece um problema maior a resolver; e, com seu final, deixa gancho para um final bombástico.
Minha segunda resenha de um livro sequência em um mês, agora com o livro “O Assassino do Rei”, segundo volume da série “A Saga do Assassino”, da consagrada autora Robin Hobb. Lembrando novamente, como vocês podem imaginar, será impossível falar da trama sem mencionar alguns pontos chaves do primeiro livro (e você pode ler nossa resenha SEM spoilers clicando AQUI) de uma trilogia que já está encerrada – foi publicada entre os anos 1995 à 1997 em inglês, e já tinham sido publicados aqui pela Editora Leya, mas agora tem uma casa nova: a Suma, que está publicando os livros com nova tradução e novas capas.
Em uma frase só, eu diria que “O Assassino do Rei” é majestoso. É uma continuação, um livro que fica entre o livro introdutor e o final, que sempre traz uma trama com bastante sofrimento para levantar a bola para o último livro terminar em um tom mais feliz/esperançoso, mas, nessa alta fantasia aqui, eu não consigo imaginar de jeito nenhum um mundo feliz, seja como for. Fitz parece estar destinado à tragedia, então podemos entender que o desastre se abate sobre ele de uma forma intensa neste livro – e não só sobre ele porque temos morte, corações partidos e muita, muita intriga aqui, nesta trama contada em flashback por um Fitz mais velho, em algum ponto de sua vida.
Diferente um pouco do primeiro livro, “O Assassino do Rei é um livro que não tem tanta ação quanto o primeiro, já como é maior em quantidade de páginas e tem uma primeira parte quase inteira com Fitz se recuperando do envenenamento sofrido, o que termina destoando um tanto da forma como o primeiro volume começa: basicamente um inverso de tom na trama caso se compare os 2 livros, fazendo um pequeno resumo em seu começo da trama do livro anterior – mas não se engane com o que falo aqui: a ação chega forte neste livro também, com direito a cenas intensas. Aqui temos um Fitz quebrado tanto psicologicamente quanto fisicamente, com bastante ênfase no físico, chegando até mesmo a assustar quem o encontra, mostrando bem o quão afetado o rapaz ficou.
Depois de um tempo, retornando a Torre do Cervo, Fitz tem em mente que não pode confiar em seu tio Regal, se aproximando e confiando plenamente em tio Verity, ao mesmo passo que se assusta ao entender que o seu avô e Rei Shrewd está definhando fisicamente. Doente e abatido, o Rei agora parece mais influenciado por seu filho mais novo, Regal, que continua odiando o bastardo do seu irmão falecido e mais do que disposto a continuar a sua trama para agora tomar a coroa de seu irmão do meio, que ascendeu à herdeiro depois da morte do pai de Fitz, Chivalry. Eu sei que muito está acontecendo ao redor de todos, mas o centro de todas as questões ainda continua o núcleo familiar real – e, dessa vez, somado a figura romântica de Fitz, na presença de Molly. Sim, o romance entre eles realmente acontece neste livro e confesso que me surpreendi com a calma e delicadeza com que aconteceu, porque desta trilogia só espero tiro, porrada e bomba sem parar.
Molly e Fitz funcionam muito bem como casal: duas pessoas rejeitadas que encontraram sentimentos que não acreditavam que seriam para eles. Inseguros, cada um a sua forma e motivação, os dois quase perdem a chance de viverem o que claramente sentem, seja ainda pela própria incapacidade de confiar no que seu par sente pelo outro, seja por pequenas intrigas na forma de “ajuda”. Molly tenta, implora e tenta se aproximar do “segredo” do que é realmente o trabalho de Fitz, mas ele acredita que ela não saberá lidar com a verdade, e sabemos bem que segredos são capazes de destruir relacionamentos. As cenas dos dois trouxeram bem mais levezas a trama e ao próprio Fitz, até… bem, o final, porque a gente sabe que o amor não basta para salvar o dia.
Enquanto nos outros livros eu desejei saber mais sobre Verity, tendo sido atendida neste volume, para o próximo desejo bem mais de Kettricken porque a personagem está se tornando mais e mais complexa: em uma corte estranha, prometida ao príncipe herdeiro, sem querer mudar sua personalidade, Kettricken definitivamente é uma das minhas personagens favoritas da trama, conseguindo se sair bem com a ajuda de Fitz de todas intrigas e ruídos que a corte lhe trazem. Mas, além de todas essas intrigas e desencontros, temos também um grande desenvolvimento na história de Burrich, que sempre foi um personagem que me deixava curiosa, já como ele parecia ter apego a Fitz, mas, ao mesmo tempo, sabe ser duro como sua posição requer. Não quero dar nenhum detalhe sobre o que acontece e o que é revelado sobre o personagem neste volume, mas confesso que tenho uma teoria do que acontecerá com ele no último volume, e confesso que desejo que isto aconteça. Já outro personagem que apareceu com destaque, foi Bobo – que de bobo não tem nada e foi capaz de carregar uma grande trama que me surpreendeu.
E claro que grande parte do enredo envolve as habilidades de Fitz com a Manha e o Talento, e aqui temos um relacionamento inteiro e complexo entre o jovem, que está começando a se tornar um adulto, com um lobo e que vem a se tornar muito mais importante do que imaginavamos. O lobo em questão, Lobinho, tem uma conexão forte com Fitz, desde que foi resgatado pelo rapaz, e é algo que vai crescendo a ponto do animal querer que Fitz fique entre seus pares – e aqui quero deixar claro que gosto muito desse tipo de magia, desejando ler bem mais de como tudo acontece neste universo tão bem construído. Ainda bem que temos mais um livro que promete mais pontos de vistos sobre. É interessante ver que as habilidades de Fitz estão se tornando cada vez mais parte de quem ele é, o ajudando em diversas situações e também o jogando para o perigo, já como seus antigos companheiros estudantes não estão muito felizes com Fitz e estão mais do que dispostos a invadirem a mente dele para descobrirem todos os segredos que este guarda. Parece que todos, de todos os lugares, estão atacando Fitz, que encontra consolo em seus aliados já esperados: Burrich, Molly e seu tio Verity. Mas, talvez, haja algumas surpresas nesse sentido neste livro.
Confesso que também me surpreendi com o tamanho que a trama dos Navios Vermelho foi tomando até o final do livro, e, por mais que eu deseje que determinados personagens morram porque são péssimas pessoas, eu também me peguei pensando que está tudo tão bem amarrado que o próximo livro (a conclusão da trilogia) será, definitivamente, muito, muito boa – sim, as expectativas estão nas alturas, ainda mais depois do final que tivemos tão cheio de… hm… infelicidade. E não, eu não procurei nenhum spoiler sobre porque estou esperando o livro final ser publicado pela Suma.
Consigo entender perfeitamente porque “A Saga do Assassino” é tida como uma das grandes sagas de alta fantasia. O primeiro volume já mostra a que veio, mas este segundo volume quase não tem defeitos – talvez peca um pouco pelo tamanho em descrições que às vezes se tornam repetitivas, mas, em momentos importantes, como o final, termina apressando as coisas e resumindo passagens que eu, como leitura, definitivamente queria saber mais e é este único fato que me incomodou na leitura. Enfim, se você está querendo entrar no mundo da alta fantasia, pode se dar a chance e começar esta saga, que não se prende aos assassinatos em si apesar de ter a palavra “Assassino” em seu título, apresentando um universo no qual a honra é testada diariamente e a forma como resolver as tramas de uma corte são tão importantes quanto as habilidades de empunhar uma espada.
Segundo volume da famosa Saga do assassino, esse livro ainda mais interessante que o primeiro volume. Ele segue uma linha temática simples, mas é muito bem estruturado e equilibra bem a luta interna do protagonista com as forças externas que afetam sua jornada.
Robin Hobb sabe bem com escrever uma boa fantasia épica.