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Tem história que demora a conquistar a gente. Foi o caso desse livro. Talvez o momento (eu comecei enquanto lia outro que me fascinou), ou talvez eu estivesse distraída (um mal que tem me assolado nos últimos meses).
Mas pra mim começou morno, mas curioso. Eu esperava algo mais assustador, mas Até os ossos não é um livro de terror, mesmo que sua personagem principal seja uma canibal.
Até os ossos é mais uma história de amadurecimento (e de certa forma uma história de despertar sexual).
No final eu gostei bastante, mas me decepcionei com o fato de que quando ele realmente fica bom, ele acaba.

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Fui com muita sede ao pote e fiquei com sede.

Com uma premissa original e um enredo que de cara nos atrai, devo dizer que estava cheio de expectativas para que essa leitura fosse maravilhosa, mas infelizmente a autora esqueceu de desenvolver a parte principal da narrativa: a vontade incontinência de comer carne humana. Muita coisa sem ligação ou inconsistente demais, deixou a desejar em muitos aspectos.

Uma história com todo potencial do mundo, mas pessimamente construída.

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Fui fisgada para dentro do livro logo no primeiro capítulo, em uma cena visceral entre uma bebê e sua babá. A partir dali, me envolvi com a busca de Maren, me senti próxima dela e até protetora, me vi ao seu lado nas caronas e quis que ela tirasse todo um peso de suas costas.

É difícil falar sobre essa história porque uma grande parte não parece ser verídica (mesmo sabendo que é ficção) e, por isso, o plot principal pode não ser tragável para alguns, mas eu não liguei. Consumi cada página como se minha vida de leitora dependesse disso e comprei profundamente a ideia da autora. Eu me empolguei, me entristeci, me senti enganada e, no final, devastada.

Acredito que o livro é mais sobre a jornada de vida de Maren, sua relação com as pessoas que demonstram um mínimo de afeto e sua autodescoberta do que sobre o canibalismo em si. Aqui, vemos uma garota de 16 anos ter que se virar sozinha e não se deixar ter nenhuma relação mais profunda com ninguém porque isso desperta a coisa ruim dentro de si. É um livro muito bonito, afinal. E eu adorei acompanhar o desenvolvimento da Maren, mesmo que, às vezes, eu quisesse dar uns bons tapas na cara dela (por que adolescente tem que ser tão dramático e infantil?).

Eu curti demais essa viagem, essa caminhada, e juro que teria lido mais páginas se tivesse. Amei, amei e amei, e espero que você dê uma chance ao livro e consiga desfrutar de todos esses sentimentos também, principalmente da sua própria autodescoberta e de apreciar a própria companhia, sem precisar de mais ninguém para gerar a sua felicidade, autoconhecimento e liberdade.

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"Até os Ossos", da autora Camille DeAngelis, mergulha corajosamente em territórios sombrios e inexplorados, trazendo consigo uma narrativa que é ao mesmo tempo perturbadora e reflexiva. A protagonista, Maren Yearly, é uma figura complexa cujas tendências canibais a conduzem por uma jornada em busca de seu pai e, mais fundamentalmente, de si mesma.
A história, vencedora do Alex Award em 2016 e adaptada para o cinema por Luca Guadagnino, explora temas de amor, isolamento e identidade. A narrativa, por vezes, se desenrola de maneira chocante, apresentando uma perspectiva única sobre o amadurecimento e os desafios enfrentados por Maren.
No entanto, confesso que a intensidade do livro me causou desconforto. A abordagem macabra e os elementos de terror não se alinharam totalmente com minhas preferências literárias, o que reflete na minha avaliação de 3 estrelas em 5. A autora, no entanto, demonstra habilidade ao criar uma obra genuinamente original que, sem dúvida, deixará os leitores com uma experiência única e inesquecível.
Agradeço ao NetGalley e à editora Companhia das Letras por me providenciarem uma cópia antecipada deste ebook, possibilitando a oportunidade de explorar esta obra intrigante antes de seu lançamento oficial.

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Até os ossos, foi escrito por Camille DeAngelis e lançado no Brasil em 2022 pela Editora Suma, que me enviou o livro de parceria.

Aqui teremos a Maren, uma jovem canibal. Mas essa questão do “canibal” não é estilo o que vemos em histórias criminais. Neste livro, é como se fosse uma raça que eles chamam de “comedores”. Alimentar-se de carne humana é uma necessidade dessa espécie.

Só que, obviamente por conta disso, Maren e a mãe passam a vida se mudando para conseguir esconder essa condição. Algo que limita muito a vida das duas. Até que, no aniversário de 16 anos da Maren, a mãe, por não aguentar mais esconder os crimes da filha, decide abandoná-la. Vendo-se completamente sozinha e desamparada, Maren inicia a busca pelo pai, que nunca conheceu, para possa saber mais sobre si mesma.
Nessa jornada, ela acaba encontrando outras pessoas como ela e se vê diante de inimigos e de uma perspectiva de amor.

Durante a leitura, é nítido que a autora tinha a intenção de fazer desse livro uma história sobre amadurecimento, auto aceitação e trazer até uma reflexão sobre a sexualidade feminina. Ela também utiliza de alguns elementos de terror e romance. Sendo uma história que tem o objetivo de ser muito intimista e que, provavelmente, o leitor precisará estabelecer uma conexão com a personagem. Algo totalmente emocional e que pode acontecer ou não. Infelizmente, não aconteceu para mim. Já que, para mim, essa reflexões não se aprofundam o suficiente. A protagonista não me cativou e, consequentemente, não me preocupei com os problemas que ela precisava enfrentar.

O que me motivou a continuar lendo o livro até o final foi o fato de ser um texto simples, rápido de ler e o personagem Lee, outro comedor. Ele parecia ter mais presença nas cenas e uma história mais interessante do que a própria protagonista. Entretanto, a finalização que o Lee recebeu me deixou muito decepcionada.

Sobre o filme, ele é um adaptação com poucas alterações em relação a história original. E apesar de não me empolgar assistindo, senti que pude aproveitar a história um pouco melhor. As técnicas de filmagens, fotografia, o esforço dos atores e músicas ajudam bastante na transmissão de emoção.

Apesar dessa não ser uma história que tenha cativado, com certeza recomendo a leitura. Afinal é um livro vencedor de prêmios e é importante que vocês tirem as suas próprias conclusões. E para quem já gostou do livro, provavelmente vai adorar assistir ao filme já que foi um trabalho competente no que se propõe.

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Logo no início do livro, somos apresentados a uma cena forte e impactante que estabelece a atmosfera sombria e desconcertante da história. A partir daí, seguimos a jornada de Maren enquanto ela tenta lidar com seus desejos e encontrar uma maneira de superá-los. Conhecemos personagens cativantes e complexos que, de certa forma, ajudam Maren a lidar com seus problemas e a se descobrir como pessoa. É um livro que, sem dúvida, mexe com os nossos sentimentos e nos faz refletir sobre a natureza humana e seus conflitos internos. Recomendo a leitura para aqueles que gostam de histórias profundas e emocionantes, que tratam de temas delicados de uma forma sensível e cuidadosa.

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Um dos livros mais interessantes que li recentemente e que me surpreendeu de diversas formas pelo simples fato de me apresentar uma realidade que eu não esperava. Até os Ossos traz a história de Maren, uma adolescente canibal que precisa lidar com o dilema de tentar entender sua própria realidade em um mundo que não aceitaria sua real condição. Enquanto busca pela sua mãe, ela conhece pessoas igualmente canibais e realidades diferentes enquanto enfrenta os perigos do mundo durante sua tentativa de sobrevivência.

É interessante que apesar de o livro tratar de canibalismo, as páginas não descrevem como os atos acontecem (o que eu particularmente gostei), e sim como a personagem reage à sensação de ter cometido tal ato.

Essa perspectiva de como lidar com os sentimentos e a realidade enquanto mergulhamos nos pensamentos conturbados de Maren é um dos pontos altos desse livro.

Além disso, ele consegue construir os personagens de maneira a nos permitir entender como cada um age, para então apresentar um clímax surpreendente e triste. Entretanto, senti falta de certo dinamismo na leitura até chegar nesse ponto, mas nada que atrapalhe a leitura. É realmente uma viagem pela mente da personagem durante sua rotina de autodescobrimento.

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O livro é bastante interessante enquanto explora os terrores de se sentir uma impostora no meio de pessoas comuns.

Mas existe algo de mais impressionante na história, conforme ela progride.
Maren apenas consome as pessoas que queriam algo dela, meio que uma retribuição a forma como nós como sociedade estamos acostumados a tomar o que queremos de outros sem se importar com o que esse outro quer ou pode fazer.

O livro passa um pouco do ponto com o último capítulo, teria encerrado melhor no penúltimo, deixando no ar a questão de "será que ela foi capaz de controlar seus impulsos?" Mas ainda é uma boa leitura.

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Este livro é muito mais do que foi representado por sua adaptação cinematográfica. Existe canibalismo, com certeza, mas tudo acontece fora da página, e sem romantização. Não, não é um romance adolescente e o foco não é o canibalismo. Não tem aquele gore gráfico, e sangue menos ainda. Nenhum fator nojento, mas tem alguns ossinhos. E o mais surpreendente de tudo é que eu realmente não esperava que leria ele em apenas um dia.

"O rélogio. Minha sobrinha diz que o barulho é tão alto que mal consegue ouvir os próprios pensamentos. Já eu acho reconfortante. Afinal de contas, a passagem do tempo é a única garantia que a gente tem na vida."

Após um choque inicial e a aceitação das primeiras páginas, o leitor é brevemente convidado a conhecer a triste existência da pobre Maren, que durante toda a sua vida teve o amor maternal negado, devido a sua condição. Sim, ela tem uma fome diferente e desejos maiores do que pizza. E devido a tudo isso, ela viaja sem ter para onde ir, na esperança de encontrar amor, aceitação e a si mesma.

Mas, não se engane. Esse livro não é para qualquer um. Acredito que o fato dele deixar em aberto algumas partes pode levar a diversas interpretações. Particularmente, amo livros assim, pois cada leitor tira algo diferente da mesma leitura...mas, como o canibalismo virou um assunto em alta nesses últimos meses, temos que tomar um cuidado maior com o que consumimos e o que levamos dele. Se atentando a isso, e aos gatilhos de abandono familiar, você está pronto para essa leitura peculiar.

Eu simplesmente fiquei obcecada com a escrita absolutamente deslumbrante da autora Camille DeAngelis. Ela trouxe, com pouca delicadeza, a real reflexão de que quando não somos aceitos por quem somos, começamos a sentir vergonha, arrependimento e, eventualmente, a odiar nós mesmos. Neste livro, isso é o canibalismo, mas na realidade, pode ser qualquer coisa. E acaba sendo muito, muito triste que isso, às vezes, leve apenas a mais solidão. Além dessa reflexão, temos questionamentos sobre família, relacionamentos, tempo e amadurecimento.

Como eu mencionei no começo, não espere um romance desleixado e/ou clichê porque não tem. A história, de fato, tem um ar, um elemento romântico, mas está longe de ser...romântico. O leitor vai torcer pelos personagens, sim, mas o rumo dos acontecimentos vai surpreender, de uma maneira inesquecível. Fiquei entre o horror e a tristeza, pois realmente mexeu com minhas emoções e exatamente por isso, dentre outras coisas, que achei este livro tão incrível. Um romance aterrorizante, mas significativo. Ao final da última página, tive a impressão de que esse livro não é sobre canibalismo at all. Minha opinião foi que o canibalismo é, na verdade, uma metáfora para a conexão humana.

Título: Até os ossos (exemplar cedido pela editora)
Autora: Camille DeAngelis
Editora: Suma
Páginas: 296
Ano: 2023

By Giovanna para o Revelando Sentimentos
http://www.revelandosentimentos.com.br/2023/02/livro-ate-os-ossos.html

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Sim: “Até os ossos” é o material de origem no qual o filme homônimo que estava nos cinemas se inspira. Do diretor Luca Guadagnino (que também dirigiu “Me chame pelo seu nome”) e estrelado por Taylor Russell e Timothée Chalamet, parte da mesma premissa: a história da jovem Maren que é uma canibal – não há outra forma de se descrever o que ela é. Ainda não vi o filme, mas pretendo e vou explicar o motivo durante esta resenha do livro. Já sobre o livro, foi lançado originalmente em inglês em 2015 e chega agora ao Brasil pela Editora Suma, e é vencedor do Alex Awards de 2016.

O livro já foi lançado em sua versão digital e se encontra disponível para download imediato no link no final da resenha. Já a edição física do livro será somente publicada em 31 de Janeiro e terá uma tiragem exclusiva com a capa tie-in com o pôster do filme, o qual achei esteticamente muito bonito (os perfis dos personagens estão com as testas encostadas mutuamente, dando a impressão de um coração – veja clicando AQUI). Como vocês podem imaginar, li a versão digital do livro gentilmente cedida pela Editora, tudo com a qualidade Suma que vocês já conhecem e me fez tão fã da Editora. Agora vamos a história de Maren porque fiquei com mais dúvidas do que respostas na narração.

Maren é uma jovem de 16 anos que no dia seguinte ao seu aniversário que marcou esta idade, descobre que sua mãe simplesmente foi embora e a deixou sozinha. A situação já é ruim suficiente para qualquer pessoa passando por um abandono assim, mas Maren ainda esconde um segredo assustador com a ajuda de sua mãe: ela come pessoas desde que era apenas um bebê. A primeira pessoa foi sua babá, com quem estava enquanto a mãe estava no trabalhando, e quando Janelle volta, somente encontra a neném suja de sangue e pouco da babá. Pulando alguns anos, nos quais Janelle até mesmo creditou aquele sinistro episódio a uma seita satânica que entrou em sua casa, matou a babá e banhou sua filhinha em sangue (não dá pra culpar a mulher aqui porque vamos ser sinceros: sempre temos a tendência a racionalizar o que não compreendemos), vemos Maren com 8 anos em um acampamento conhecendo Luke, um garotinho que decidiu fazer amizade com ela e termina também sendo comido.

A vida das duas é uma constante variavél, já como cada vez que Maren comete um das chamadas “coisa feia”, mãe e filha se mudam de cidade imediatamente, tentando fugir do fantasma das consequências, já como seria difícil a policia (ou qualquer autoridade) acreditar que uma bebê, depois criança e, por fim, uma adolescente, seja capaz de comer alguém a ponto de não sobrar quase nada. Parece ser brutal, mas muito verdadeiro o que Janelle deixou no bilhete para a filha: “Sou sua mãe e te amo, mas não consigo mais fazer isso.”

Sem nunca ter revelado a filha quem era o pai biológico, agora, depois de ir embora, Janelle deixa para ela a certidão de nascimento, que enfim encontra um nome que ela há muito queria saber: Francis Yearly. Para a jovem, parece ser natural para onde a mãe foi: para a casa dos pais, os quais sempre deixou bastante longe de Maren. O casal ainda mandava alguns presentes para a neta, que sabiamente guardou o endereço. Confusa e magoada, a adolescente começa a seguir para a casa dos avós – até chegar lá e não ter coragem de enfrentar a mãe. Decidida a tentar entender porque é como é, Maren parte em busca do quem pode ter alguma resposta: seu pai.

Em uma jornada para descobrir quem ela é realmente e entender seus pensamentos, Maren conhece outras pessoas iguais a ela – e chega de dar spoilers sobre o livro porque não é meu intuito estragar a experiência de ninguém, mas o universo no qual estamos inseridos aqui parece ser, de todas as formas, bastante rico, já como há diversos tipos de carniceiros – sim, há também esta diferença aqui, já como há uma certa “experiência” de se comer carne humana, mas de pessoas mortas, o que cai neste último conceito. A procura de Maren por seu pai se torna um dos pontos altos do livro porque é quando vemos um vislumbre deste universo que fica perdido na escrita da autora.

O livro não entra, em momento algum, em descrições sobre as cenas de canibalismo, se atendo ao antes e os sentidos de Maren se aguçando a medida que vai tomando ciência de sua “presa”, principalmente dos cheiros exalados. Não há nada gráfico realmente, mas há muita dúvida da garota sobre o motivo pelo qual ela é assim e, principalmente, porque ela continua comendo pessoas que são minimamente decentes e gentis com ela. Sim, Maren não sai na rua e escolhe comer uma pessoa que passa pela rua: ela sente o impulso incontrolável de comer quem termina tendo atitudes boas com ela. E é ai o ponto que, pra mim, é mais interessante na narrativa.

Infelizmente, como já falei acima, o livro não se prende a desbravar muito sobre os tipos de “comedores” (como eles próprios se chamam) e deixa de lado o que poderia ser uma grande metáfora para como não aceitamos ser bem tratados e terminamos “devorando” quem tenta ser bom com o outro, seja da forma que seja, o que fica bastante claro no relacionamento crescente entre Maren e Lee, garoto de 19 anos que encontra a protagonista em sua viagem e compaça a acompanhá-la. Fiquei tão investida nessa parte que a medida que o fim da trama foi se aproximando e eu fui entendendo o que iria acontecer, a frustração tomou conta de mim e ainda está aqui.

Não posso dizer que “Até os ossos” é um livro ruim ou que falta uma escrita envolvente: Camille De Angelis tem uma escrita rápida e a voz de Maren é muito fácil de se acompanhar e se apegar, mas, assim como pessoas, alguns livros não são para nós e talvez isso tenha acontecido comigo aqui. Não deixo de indicar o livro, mas a falta de profundidade na mitologia me frustrou bastante e por isso quero ver o filme – sabemos que o livro é sempre melhor do que o filme, mas estou mais do que disposta a ver se o filme abriu mais o leque e apresentou mais respostas sobre o que eu tanto queria saber. Indicado para quem deseja um livro com pontos sobrenaturais que não trata o leitor como criança e é capaz de apresentar personagens complexos em um mundo que parece não caber em um único livro.

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Esse livro me surpreendeu enormemente. Uma espécie totalmente nova de humanos (ou seja o que se pode chamar eles), que devoram literalmente outro seres? Adorei!
Eu simplesmente nao consegui desgrudar os olhos do livro até finalizar, apesar de algumas coisas serem pesadas demais para assimilar numa leitura só, tal como esses seres, então devorei a obra.
Há também uma adaptação em filme e gostaria muito de ter visto como retrataram algumas cenas nele, é uma curiosidade pois o livro, apesar de falar o que acontece, nao é narrado de forma tao gráfica – mas ainda sim, algumas coisas ficam na mente de quem tem imaginação mais fértil.
Em todo caso, o livro nao é apenas terror por terror, mas um livro onde a protagonista também quer encontrar seu espaço.

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“Tem algumas coisas que nunca vou te contar, por mais que você pergunte”.

E com essa frase, somos levados ao universo dos comedores. Sim, ao mundo dos canibais ( carniçais, mais especificamente, como diz a autora vegana nos agradecimentos), que são assim desde bebês!

A protagonista Maren; que confirmando essa descrição, faz como sua primeira vítima a babá; inicia a narrativa sendo deixada pela mãe após seu aniversário de 16 anos. O que ela precisa fazer agora é se encontrar. Como jovem, como mulher, como comedora, e buscar suas origens.

A autora nos traz aqui o amadurecimento pela visão do monstro, a adolescente canibal que precisa encontrar seu lugar no mundo. O leitor sofre e sente repulsa com ela e por ela, num processo de aceitação que se torna cada vez mais difícil.

O horror é presente não só na descrição de cheiros e visões ( muito bem feitos, por sinal), mas também em todos os relacionamentos cruéis ou mal acabados.

Um horror/ terror de de encher os olhos e a boca. E, perdoando mais um trocadilho, para ser devorado de uma vez só.

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Nota: 4.5

Maren acabou de fazer 16 anos e seu aniversário foi incrível, mas no dia seguinte as coisas saíram um pouco dos eixos. Sua mãe a abandonou, deixou um pouco de dinheiro e a certidão de nascimento, pois Maren pode finalmente procurar o pai e quem sabe ter algumas respostas.
Ela sempre quis ser uma garota comum, mas quando a fome vem ela não consegue controlar e acaba devorando outros seres humanos. Maren é uma comedora e não sabe muito o porque disso, as outras garotas nem conseguem ficar perto dela direito, talvez no fundo saibam que ela é uma predadora.

Maren parte em uma jornada de descoberta e acaba encontrando outras pessoas iguais a ela em seu caminho, alguns podem virar potenciais inimigos, outros quem sabe amigos ou até mesmo mais que isso. Maren não está apenas procurando seu pai, mas também deseja se encontrar um pouco nesse mundo caótico.
A única pessoa do sexo feminino que Maren devorou foi sua babá, demorei um pouco para assimilar fisicamente como ela fez tal feito, pois era apenas uma criança. O livro não é muito descritivo nesse ponto, as cenas são rápidas e simples, isso dificultou um pouco meu entendimento de como funciona a coisa num geral, mas aos poucos fui entendendo.

A autora não descreve muitas coisas, o livro é mais focado na descoberta e na percepção de Maren sobre o mundo e seu lugar nele. Então o leitor que não gosta muito de coisas sangrentas não precisa se preocupar, o foco da leitura não é esse.
Fiquei muito envolvida com a leitura do começo ao fim, o livro possui personagens complexos e o leitor entende que toda aquela situação está em uma grande zona cinza. Eles não devoram as pessoas porque são malvados e coisas do tipo, apenas nasceram assim e são assim, mas as vezes alguns resolvem devorar pessoas ruins.

Gostei muito em como a trama foi sendo desenvolvida, o romance inclusive é bem interessante. O livro deixa algumas coisas em aberto, mas nada que tenha me incomodado, a única coisa que foi um pouco sem graça foi uma parte do final quando a Maren descobre algumas verdades e a situação toda se desenrola, achei uma grande quebra de clima. Mas, isso é mais um gosto pessoal mesmo, realmente não é um problema na trama. Inclusive se não fosse essa parte eu teria dado nota máxima para o livro.

Foi um livro que me pegou de surpresa e com certeza pretendo ler outros livros da autora, a escrita é bastante envolvente e interessante. Vale a pena dar uma chance para essa leitura!
Li o ebook através da plataforma netgalley, então não irei comentar sobre a edição física!

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Que viagem estranha, diferente, absurda e maravilhosa! Isso aqui é entretenimento excelente purinho, é bem o que eu precisava,

Eu sei que ele pode não ser um livro pra todo mundo, ele não dá muitas respostas, algumas coisas ficam em aberto, mas eu fiquei muito satisfeita com o todo. Fora que a protagonista é muito complexa, tem moral cinza, assim como todos os personagens desse livro e eu sei que isso não agrada todo mundo, mas me agrada demais. Maren é meu tipo favorito de personagem, eu amei como ela foi desenvolvida.

Maren é uma comedora que faz 16 anos e é abandonada pela mãe, então ela parte em uma jornada em busca do pai, mas acaba encontrando muitas outras coisas pelo caminho, inclusive coisas sobre ela mesma e o que ela quer pra viver.

O jeito como a Camille DeAngelis descreve as cenas é muito inteligente, ela não explica demais, nem fica usando a palavra canibal e colocando descrições óbvias, ela descreve apenas o necessário e algumas vezes de um jeito muito bonito. Me surpreendeu muito ter esse estilo em um livro sobre pessoas que comem pessoas literalmente, eu adorei.

Até o romance que eu sempre detesto e eu achei que a autora fosse pra um caminho de romantizar demais algumas questões, mas ela não faz isso!!!! Ô glória!! Pra mim ela fez tudo de um jeito sombrio, interessante e realista dentro do contexto da vida desses personagens.

Uma ou outra atitude dos personagens eu fiquei pensando "como que eles fizeram isso com tanta facilidade assim?" e nem tô falando de devorar pessoas, mas isso foi pequeno perto das alegrias que esse livro me deu, resolvi passar um pano, afinal, muita coisa terrível já aconteceu e muitas vezes passou despercebido pelos que estavam ao redor e pelas autoridades.

Pra quem não gosta de gore e cenas sangrentas, não precisa se preocupar, Até os ossos é mais focado na jornada de amadurecimento diferentona da protagonista, esse livro não tem gore e tem pouco sangue, nada de cenas explícitas por aqui. Eu amo um terrorzão, mas consegui amar o estilo dessa história também.

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