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Em "Latim em Pó", Caetano W. Galindo conduz o leitor por uma envolvente jornada pela formação da língua portuguesa, desvendando sua trajetória de maneira magistral.
Com uma prosa cativante, Galindo explora desde as origens na Europa e no latim, com destaque para Roma, até eventos como a Reconquista e o colonialismo na África e América Latina. O autor não apenas narra a história do idioma, mas também mergulha nos desvios muitas vezes considerados "erros", que moldam e enriquecem a língua ao longo do tempo.
A acessibilidade é uma das principais virtudes deste livro. Mesmo para leitores sem conhecimento linguístico aprofundado, Galindo torna a evolução da língua compreensível e fascinante. Sua habilidade em transformar um tema complexo em uma leitura envolvente destaca-se, tornando o livro atraente para um público diversificado.
Quero expressar minha gratidão ao NetGalley e à Companhia das Letras por proporcionarem uma cópia antecipada deste e-book. Essa oportunidade não apenas enriqueceu minha experiência de leitura, mas também permitiu um mergulho profundo nas origens do português sob a orientação cativante de Caetano W. Galindo.
Flor do Lácio, Sambódromo Lusamérica, latim em pó O que quer O que pode esta língua?
Caetano Veloso
Antes de discorrer sobre os tortuosos caminhos percorridos por nossa língua, Caetano Galindo apresenta este verso de seu xará Caetano Veloso que, na canção "Língua", lança o termo latim em pó, que dá titulo a este livro tão esclarecedor e, por vezes, tão surpreendente.
Quando recebi este lançamento da @companhiadasletras fiquei muito curiosa e, ao mesmo tempo, com receio de me deparar com uma escrita muito erudita e inacessível, já que não tenho nenhuma formação em Letras e conheço quase nada do Latim.
Mas o que tive em mãos foi uma obra leve, fluida que conta diversas histórias de interações linguísticas ocorridas ao longo dos séculos, e como estas interações, adaptações, acréscimos, supressões foram formando as diversas línguas hoje existentes.
Particularmente gostei muito das ponderações sobre preconceitos linguísticos que ainda insistem em menosprezar os modos de falar de populações periféricas em comparação aos hábitos linguísticos da elite cultural e/ou econômica.
"que poder tem o desejo conservador de uma pequena elite invasora diante do volume da voz de toda uma população? Essa elite, como veremos acontecer inúmeras vezes na história dos idiomas, há de espernear, lamentar , tentar conter a mudança (e, por algum tempo, até com certo sucesso), mas o passar das gerações via de regra vai dar razão à vox populi. Ou à voz do povo, para trocarmos de vez o latim pelo português."
Bem humorado, nada chato ou enfadonho é tipo aquele professor que amamos ouvir e que sabe ser didático sem perder o talento de um ótimo contador de histórias.
Recomendo a todos, estudantes, estudiosos ou apenas leigos e curiosos, como eu.