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5 estrelas favoritado com toda certeza!
Uma história divertida e inspiradora sobre duas adolescentes que descobrem o poder da amizade, do feminismo e de defender aquilo em que se acredita.
Conhecemos Malena Rosario que está em uma fase difícil em sua vida. Tudo começou com o furacão que destruiu sua casa em Porto Rico, fazendo com que ela e sua mãe ficassem presas na Flórida enquanto seu pai ficou trabalhando e tentando reestruturar a cidade.
E conhecemos Ruby McAllister que mora com sua vó, seus pais estão viajando pelo mundo, enquanto sua irmã se encontra em um momento bem importante em sua vida e receberá um prêmio. Ruby estuda na mesma escola em que Malena será transferida, as duas se encontraram em uma situação bem inusitada no banheiro e constrangedora, as duas nem faziam ideia que seria amigas justamente pela situação em que se conheceram.
Essa leitura me deixou tão indignada com algumas situações e comportamentos sendo colocado em prática por mulheres no mundo escolar. As mesmas pregavam um discurso de proteção que não era aplicado de maneira adequada na realidade dessa forma entrando em contradição várias vezes.
Me chamou muito a atenção a cumplicidade de Malena e Ruby por mais que houveram muitos percalços pelo caminho, entre idas e vindas, altos e baixos, como as duas se conectaram e se apoiaram por uma causa muito importante.
Óbvio que nem tudo é um mar de rosas, houveram erros das meninas de ambas as partes, houveram momentos felizes, momentos de raiva, e muitos acertos também, a sacada das autoras irem intercalando os capítulos com o ponto de vista de cada personagem foi muito divertido de ler e me deixava cada vez mais curiosa pela resolução da história, tivemos até um romance muito fofo. do começo do livro até o final tive muitas emoções afloradas e muito aprendizado com o livro, fazia tempo que não comentava tanto em uma história.
Esse livro me lembrou um pouco de Moxie, uma história sobre empoderamento e força feminina na escola.
As personagens são incríveis e os diálogos muito bem criados, a obra realmente dialoga com vivências femininas de uma forma extraordinária, além de procurar a discussão de temas importantes.
O livro nos mostra como é necessário que lutemos por nossos direitos, pelo que acreditamos e que podemos sempre desconstruir cosias que estão arraigadas em nós e não fazem bem, nem a nós e nem ao outro.
Malena não está tendo um bom dia – ou um bom tempo num geral faz algum tempo já. Depois de passar um dia no jardim e pegar sol, acabando com uma queimadura grande nas costas, ela fica sem ter como usar sutiã e vai assim mesmo para a escola. Durante quase todo o horário escolar, ela passa sem mais problemas, até ser chamada na direção. E lá ela fica surpresa de descobrir que está sendo chamada justamente por isso: por estar sem sutiã por baixo da blusa. A diretora indica que ela vá até a enfermaria cobrir os seios dela com absorvente e fita adesiva. E é lá na enfermaria que ela conhece Ruby.
Ruby, que estava lá para pegar um absorvente – e usar do modo que absorventes devem ser usados, vê quando Malena é basicamente humilhada com duas mulheres olhando e analisando os seios dela sobre como seria melhor para cobrir eles e depois encontra a garota chorando no banheiro, tentando fazer exatamente o que foi dito.
Ela não aceita muito bem a humilhação pela qual a colega está passando e por isso garante a Malena que não, ela não precisa ir de sutiã para o colégio porque não tem absolutamente nada no codigo de vestimenta do colégio que afirme que isso é uma regra a ser seguia. E Malena, acreditando nela (que ela não mentiu, aliás), segue o que a colega falou e apenas solta os cabelos para cobrir a frente do corpo.
Porém, ao verem que ela não fez o que foi mandado, Malena é chamada novamente na diretoria e com isso consegue uma detenção de castigo. Por isso, no dia seguinte, Ruby faz exatamente a mesma coisa: vai para o colégio sem sutiã nenhum por baixo da blusa e absolutamente ninguém se incomoda com isso pelo simples fato de Ruby não ter os seios avantajados como Malena.
Para provar seu ponto, ela arruma uma briga enorme com a diretora e com isso acaba na detenção também e é lá que ela e Malena começam a conversar mais e resolvem que não está nada bem o colégio ficar coordenando as roupas que elas usam com a desculpa de que “querem proteger elas” (as punindo) porque os rapazes não “tem nenhum controle”, rs.
Assim elas se juntam e começam a criar todo um plano para conseguir mudanças nas regras de roupas do colégio – e juntam todo um grande grupo para conseguir isso, tentando fazer uma revolução enorme no colégio.
Na primeira vez que vi a capa desse livro, eu preciso falar que eu pensei que se tratava meio que um livro de auto ajuda tanto pela capa quanto pelo nome, porém quando li a sinopse, eu me interessei por ele no mesmo minuto. Eu sempre falo quando leio livros que falam sobre os poderes das garotas que eu gostaria de ter livros mais assim quando eu era mais nova: sobre garotas que lutam pelos seus direitos e não tem medo ou pavor da palavra “feminista”.
Malena desde o inicio fala que sente como se tivesse perdido a propria voz: tendo que se mudar para um lugar longe de seus amigos, de seu pai, sem as suas coisas por causa de um furacão, ela que costumava ser mais ativa na antiga escola, se vê com medo de se abrir e se expor ali, principalmente por ser latina.
E Ruby está querendo descobrir quem ela realmente é. Depois de ter passado anos na sombra da irmã mais velha que é aparentemente perfeita e que faz tudo certo e recebe todos os prêmios possíveis por participar de causas sociais, ela não sabe como atingir o nível que os pais esperam dela, sempre sentindo como se estivesse decepcionando todos eles.
Lógico que a amizade delas é bem questionada no inicio porque Malena é uma garota latina e pobre e Ruby é uma garota branca rica, com seus vários privilégios, mas a luta das duas para conseguirem o reconhecimento de suas causas é mais forte do que qualquer duvida que possa surgir.
Uma coisa que eu gostei bastante durante o livro é o desenvolvimento que vai surgindo conforme as paginas passam em um ponto que nenhuma das duas, quando chega o final do livro, é da mesma forma que era quando o livro começou.
Além das pautas importantes sobre feminismo, o livro também levanta pautas bem importantes sobre racismo, sobre privilégios e sobre como reconhecer e admitir seus próprios privilégios não te faz uma pessoa ruim: te faz uma pessoa consciente e que pode assim aprender e melhorar.
Eu gostei muito de como tudo foi abordado, não somente os assuntos sérios, mas também a amizade delas e os pontos de diferenças e até mesmo o romance que é desenvolvido no livro (não entre as duas), que eu achei que ficou MEGA fofinho.
Uma coisa que me incomodava de tempos em tempos eram algumas atitudes que as personagens tinham, mas vale lembrar que elas são adolescentes e numa fase de descoberta, então eu entendia o ponto de que não podia cobrar uma certa coerência que nem eu tinha na idade delas ali no livro. Sei que muitas pessoas hateiam os livros porque não entendem que personagens jovens vão ter atitudes de jovens, mas eu entendia sim.
E isso, como eu falei acima, fica num ponto positivo: elas tem um desenvolvimento e amadurecimento conforme o livro passa, elas entendem os erros que acontecem e quando chega no final do livro, o que sobra é aquela sensação de coração quentinho de ter acabado de ler uma história tão boa e tão completa, que tudo que você quer é um pouco mais.
Inspirado nas vozes de protesto ao redor do mundo, onde meninas estão defendendo os diretos das mulheres e das comunidades historicamente marginalizadas. As autoras quiseram explorar nesta obra questão relacionadas ao que acontece depois, quando a atenção da mídia já mudou o foco.
Ao trazer uma protagonista latina que foge um pouco dos padrões que estamos acostumadas a ver por aí, em contraste com uma garota branca que geralmente é representa o perfil que é mais comum de ser representado na mídia, as autoras Mayra e Marie criaram uma história atual que através da jornada de Malena e Ruby nos convidam a refletir e nos aprofundarmos em temas como equidade, interseccionalidade, empatia, feminismo, racismo, patriarcado, inclusão social, violência sexual, assédio, manifestações estudantis, misoginia, machismo, privilégio branco, empoderamento e o complexo do salvador branco, comumente retratado em filmes e séries.
O livro é uma leitura fluí de forma rápida e que apresenta uma certa leveza ao abordar assuntos densos e que podem ser gatilhos para algumas pessoas, e mesmo tendo situações que causam indignação e um pouco de desconforto é um livro que quando chegamos ao fim temos uma sensação boa, algo como se a nossa esperança em dias melhores fosse renovada.
Meu Corpo te Ofende?, de Marie Marquardt e Mayra Cuevas, lançamento da Editora Seguinte, traz a história duas jovens, que revoltadas com a forma como as meninas são tratadas na escola, resolvem se rebelar contra o código de vestimenta da instituição e contra as regras absurdas que punem selecionando sexo, tipo físico, etnia... É um sistema preconceituoso, que faz com que as meninas tenham vergonha de seu corpo e acreditem que se violentadas, foram elas que provocaram.
Nessa jornada vamos sabendo mais sobre as garotas, seus sonhos, inseguranças que as cercam e o medo de perderem o direito ao domínio do próprio corpo. A trama vai mostrando uma série de atitudes que humilham a mulher, que tentam nos limitar e nos culpar quando na verdade só queremos existir.
Malena e Ruby encontram dificuldades de serem entendidas até mesmo dentro de suas famílias, onde uns as apoiam incondicionalmente e outros acham que elas estão exagerado.
E mesmo com tantos obstáculos, as duas seguem em frente, trazendo mais pessoas para seu lado e criando muita comoção. É claro que nem tudo sai como planejado, as duas vão levar vários tombos pelo caminho, vão elas mesmas meter os pés pelas mãos, fazer besteira e se magoar um bocado.
É uma excelente leitura para todos, mesmo sendo voltada para o público jovem adulto, o aprendizado que pode ser tirado serve para todos nós independente da idade.
A obra mostra a importância de ouvir, de sermos ouvidos, de estar aprendendo constantemente. Não é fácil se colocar na pele do outro. Julgamos sem mesmo saber a realidade daquele que acreditamos estar em melhor situação que a nossa. Mas será que está mesmo? O que faz o meu problema ser maior que o seu? Até mesmo Ruby e Malena que se tornam grandes amigas, em determinado momento acabam não tendo empatia uma com outra e se afastam.
A história fala sobre feminismo, racismo, equidade, patriarcado, inclusão social, violência sexual, fala sobre respeitar o ser humano. É atual e envolvente.
É uma leitura que recomendo!
Nota: 2.5 estrelas
"Meu corpo te ofende?" é a história de duas garotas que estão navegando a adolescência e descobrindo o que significa ser feminista. As duas possuem vivências diferentes, uma sendo nativa dos Estados Unidos e a outra de Porto Rico. As duas se unem com o que parece ser um objetivo comum a princípio, mas que revela-se ser muito mais.
A história em si é uma boa ideia e há sim um enredo que envolve e tem algo a dizer, porém o assunto é discutido a nível superficial. O feminismo retratado aqui é um feminismo sobre se empoderar, que aqui é tratado como sendo quem você é e almejando se tornar uma CEO. A realidade de pessoas de cor é bem diferente. O que se mostra é um movimento individual, onde você tem de lutar suas próprias lutas e ser dona de sua própria história, mas o feminismo em si é muito além disso; é um movimento coletivo.
Além do feminismo tratado aqui poder levar adolescentes a um caminho individualista, a questão de raça também não tem profundidade. Não se pensa na pluralidade dos latinos e outras pessoas de cor para além de Malena e sua família são deixadas de lado, sendo apenas citadas quando for conveniente. O mesmo acontece com pessoas LGBTQIA+.
A história também escolhe abordar de temas sensível como abuso e utiliza desse tema como dispositivo de enredo para impulsionar o desenvolvimento de uma das personagens, o que eu sou totalmente contra. Esse livro tenta conversar sobre tantas questões que acaba não fazendo jus a nenhuma.
Apesar da ideia inicial ser interessante e despertar interesse, o que eu encontrei foi um livro que parece mais inclinado a querer mostrar que é evoluído, do que uma história que vá ensinar jovens adolescentes sobre as lutas que lhe aguardam no futuro. Por esse motivo, eu recomendaria para aqueles que já tem uma noção básica de feminismo e talvez queiram conhecer outras vivências diferentes da sua.
Meu corpo te ofende?
Esta é uma das perguntas trazidas no movimento #Revolta Dos Mamilos, foco desse novo livro que traz protagonistas adolescentes encontrando sua voz.
Nossas protagonistas são Ruby e Malena, que, ao sofrerem restrições em relação ao vestuário permitido pela escola, iniciam uma luta que vai muito além do que é entendido por uma simples peça de roupa.
Trazendo temas que parte de uma amizade construída em ideais feministas, o livro vai se abrindo para assuntos polêmicos como violência sexual, preconceito e discriminação racial.
Os ideais de superação e enfrentamento também trazem uma positividade ao texto, que se torna uma ótima indicação de leitura nesse mês internacional da mulher ( e também em todos os outros ).
“Fico as observando se afastarem rumo à saída, tão confiantes consigo mesmas. Esses são os corpos em que nascemos. Os corpos que nossas mamis e nossas abuelas nos deram. O que tem de tão errado com eles?”