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Joel está tão especializado em fracassar que até mesmo sua tentativa de suicídio dá errado.
Apesar da seriedade do ato, a descrição de sua tentativa frustrada nos faz gargalhar já nas primeiras páginas.

Martha Batalha novamente se mostra uma especialista na crônica carioca, com personagens que parecem medíocres, parecem rasos, comuns, alguns até um pouquinho detestáveis, mas que nas mãos desta incrível contadora de estórias, mostram uma humanidade que é familiar a todos nós.
Joel, um repórter machista, "cascudo", dedicou a vida a transformar em manchete as piores mazelas, com direito a muito sensacionalismo. Iniciou carreira nos anos 1960, ainda menino, como foca do jornal Luta Democrática, conhecido por ser daqueles jornais que "se espremer, escorre sangue", acompanhou os desmandos e repressão da ditadura, o surgimento do Esquadrão da Morte, precursor das milícias e chegou a trabalhar em outros grandes jornais.

Recentemente aposentado, com problemas de alcoolismo, sozinho depois de vários casamentos desfeitos, de onde sempre saiu de mãos abanando, Joel tem de seu apenas uma pequena mala, uma caixa e um abajur... E não vê mais nenhum motivo para permanecer vivo.

Sem dinheiro e sem ter para onde ir, conta apenas com a ajuda de Leandro, um jovem estagiário do jornal, que convence sua tia Glória a hospedar o suicida convalescente.

Glória é uma senhorinha que parece estacionada no tempo, cercada de bibelôs e lembranças de tempos idos.
Uma improvável amizade vai surgir da convivência destes dois velhos rabugentos e teimosos.

Outros personagens vão surgir, como o porteiro Rodinei, a vizinha Aracy com seus dois chiuauas grisalhos, Letícia e Bernardo, além de familiares, ex colegas. Tudo muito tocante e real, personagens tão humanamente cheios de defeitos e qualidades, assim como nós.

Eu já tinha adorado A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, da autora, que tem resenha aqui no feed, e agora posso dizer, sem medo de errar, que já é uma das melhores leituras do ano.
Leia!
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Chuva de Papel
Martha Batalha
224 p
Companhia das Letras, 2023

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Apesar de conhecer a autora desde o seu primeiro romance, esse foi o primeiro livro dela que li e não poderia ter curtido mais essa experiência!

Martha consegue mesclar as memórias de seu personagem Joel com a própria história do Rio de Janeiro, além de trazer uma narrativa que sabe os momentos de variar os sentimentos na medida certa, bem como as doses de realidade.

Um livro extremamente bem escrito que nos faz pensar em nossas próprias condições.

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𝗣𝗮𝗿𝘁𝗲 𝟭 - Iniciamos a história conhecendo 𝗝𝗼𝗲𝗹, carioca, jornalista decadente, que teve muitas mulheres, alguns filhos e até netos, muitas pensões e dívidas a pagar e que não vê mais nenhum sentido em viver.

Quando sua primeira tentativa de acabar com a própria vida é frustrada, se vê obrigado a morar com a tia de um conhecido. 𝗚𝗹𝗼𝗿𝗶𝗮 diz as coisas na cara de Joel, não o trata com melindres, pelo contrário, e isso faz com que a convivência entre eles seja uma eterna troca de farpas.

No período da pandemia o relacionamento deles parece não melhorar, até que um acontecimento muda tudo.

𝗣𝗮𝗿𝘁𝗲 𝟮 - O protagonista passa a enxergar as coisas de uma forma diferente, mesmo na monotonia de seu cotidiano no apartamento de Glória, agora tem um novo objetivo a realizar antes de morrer.

Outros personagens aparecem no enredo em ambas as partes do livro: a vizinha Aracy e seus cachorros, o colega de trabalho chamado Leandro, as muitas mulheres que Joel teve e a família da própria Glória.

Vamos tendo uma ideia das mudanças pelas quais o Rio de Janeiro passou, permeando fatos jornalísticos no decorrer de quase sessenta anos nos quais Joel se dedicou com sua profissão.

No decorrer dos 34 capítulos que compõem essa reflexiva obra vamos percebendo o valor da vida por meio das palavras da também jornalista Martha Batalha.

Gostei muito da leitura e encerro ela extremamente pensativa sobre quantas pessoas ao nosso redor estão assim como Joel, desgostosas de suas rotinas, desacostumadas de atenção e afeto.

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🗞️ Joel é um jornalista septuagenário aposentador, amargurado, conservador e misógino que se revela incapaz de tirar a própria vida. Como ninguém o tolera, acaba precisando contar com a caridade da tia idosa de um antigo pupilo, e sequer consegue ser grato no início.

📺 O cara é insuportável e eu não estava interessada na vida dele, mas aos poucos essa senhora idosa, a Glória, começa a ganhar espaço na história, junto com sua vizinha Aracy. As reminiscências dos protagonistas se misturam ao tempo presente, o cotidiano mesquinho se entrelaça com grandes tragédias e essa colcha de retalhos se torna mais interessante a cada página.

🏚️ Martha Batalha sabe narrar com maestria as vidas da classe média e, embora seus livros se situem no subúrbio do Rio de Janeiro (ao menos os dois que já li), os dramas são mais amplos que a geografia.

❗ Recomendo para quem gostou de "A vida invisível de Eurídice Gusmão" ou para quem busca uma escritora brasileira contemporânea e madura.

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Foi uma leitura que saiu totalmente da minha zona de conforto. Mas foi uma experiência e tanto.
Foi meu primeiro contato com a escrita de Martha Batalha. Gostei muito dos assuntos abordados e da forma como foram abordados. Vemos como alguns jornais podem ser sensacionalistas e criarem matérias com fake news.
Chuva de papel é um romance bem humorado e triste. Narra as diversas formas que uma tragédia pode afetar as pessoas. Como a ditadura afetou um jornalista ou uma dona de casa? Ou como a pandemia se mostrou para cada pessoa? E o que mais me chamou a atenção, como as mulheres de diferentes gerações e classes sociais são atravessadas pelo machismo e as estruturas patriarcais.

"...porque tantas outras, a maioria, eu me dei conta, passariam pelo mundo sem saber dessa voz, ou com uma vaga noção de que existia, mas sem poder experimentá-la, como um bem. Não é a coisa mais triste que pode acontecer a uma pessoa?"

Dona Glória foi minha personagem favorita. Ela foi quem fez toda diferença na vida do personagem principal, Joel.
Chuva de papel é uma leitura que vale muito a pena. Recomendo.

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Queria muito ter gostado desse livro mas não rolou pra mim. Não sei se o estilo do livro não é pra mim ou se foi outra coisa mas não deu

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Joel é um jornalista que já está aposentado e que, por sentir que não tem mais lugar pra ele no mundo, ele decide que não quer mais continuar vivendo. É por isso que ele prepara todas as coisas certinhas apenas para poder terminar logo com isso.

Porém o seu plano de tirar a própria vida não dá certo e ele acaba preso em uma vida que ele não queria mais e parece que tudo que podia piorar, piorou: não tem mais onde morar, tem a ex-esposa que fica cobrando que ele dê coisas ao filho e mais o dono da kombi onde ele caiu de onde ele se jogou na janela cobrando que ele pague o conserto do carro.


Resenha: Chuva de Papel – Martha Batalha
20.06

Sinopse: Em Chuva de papel, acompanhamos a trajetória de um repórter policial decadente que precisa encontrar forças para lidar com o dia a dia depois de uma situação inesperada. Nesse percurso, ele descobrirá uma história memorável que o fará escrever novamente. Terceiro livro da autora de A vida invisível de Eurídice Gusmão, este é um romance tragicômico, intenso e sensível.

Joel Nascimento é repórter, arquivo vivo das transformações do Rio de Janeiro. Ele passou meio século nas redações noticiando o lado B da Cidade Maravilhosa, e agora enfrenta dificuldades financeiras, problemas familiares e alcoolismo. Após uma peculiar tentativa de suicídio, sua vida toma um rumo inesperado quando ele é obrigado a morar de favor com a tia de um amigo. Glória é uma senhora energética, que exige mais interações e boas maneiras do que ele está disposto a dar. A esse arranjo junta-se a falante vizinha Aracy e seus dois chiuauas grisalhos.

Da convivência inesperada e pontuada por atritos corriqueiros emerge um companheirismo que preencherá o vagar das horas. À medida que Joel se ambienta à nova rotina, ele se verá diante de uma última história formidável, e sabe que deve contá-la. Passado e presente se alternam neste romance entremeado da crueza da vida marginal e de dissabores afetivos.

Joel é um jornalista que já está aposentado e que, por sentir que não tem mais lugar pra ele no mundo, ele decide que não quer mais continuar vivendo. É por isso que ele prepara todas as coisas certinhas apenas para poder terminar logo com isso.

Porém o seu plano de tirar a própria vida não dá certo e ele acaba preso em uma vida que ele não queria mais e parece que tudo que podia piorar, piorou: não tem mais onde morar, tem a ex-esposa que fica cobrando que ele dê coisas ao filho e mais o dono da kombi onde ele caiu de onde ele se jogou na janela cobrando que ele pague o conserto do carro.

Então um antigo estagiário dele resolve ajudar e oferece pra ele um quarto na casa da tia que mora sozinha, assim ele pode ficar lá até se recuperar e poder tirar o gesso da perna e então se reestabelecer na vida.

E desde o princípio, ao chegar lá, Joel não gosta de Glória nenhum pouco e nem de sua vizinha, Aracy, que está sempre lá no apartamento da velha senhora porque “a tv funciona melhor ali”.

Mas, ao contrário do que podem pensar pelo meu pequeno resumo, esse livro não é uma comédia romântica enemies-to-lovers: ele é muito mais um estilo de livro que mostra a vida de forma real, e nos já podemos ver isso logo que a trama também aborda a pandemia de covid e como os três lidam com a situação de ficarem em confinamento.

Esse livro, num todo, é dividido em duas partes que estão marcadas como “parte 1” e “parte 2”, mas poderia muito bem ser chamada de “antes” e “depois” porque as coisas mudam de uma certa forma depois que um certo fato ocorre, e que eu não posso mencionar aqui porque daria spoiler da maior volta do livro.

Joel é um personagem bem complexo. Imagino que por ele ser bem mais velho e por ser daquela geração que não aceita tão bem assim tantas mudanças, as vezes você ama ele e sente muito por tudo que ele passou e as vezes você sente vontade de esganar ele. Tipo um parente mais velho que você sabe que no fundo não é uma má pessoa, mas que ainda carrega da geração que o ensinou alguns preconceitos e frases que te fazem ter vontade de arrancar os cabelos, mas ainda assim você sente aquele carinho por ele.

Eu gostei tanto tanto tanto da Glória. Eu adoro que ela sempre tem uma respostinha na ponta da língua pra qualquer babaquice que Joel jogue na direção dela e Aracy também é bem assim.

O livro foi feito com uma escrita tão leve e divertida que você pega ele pra ler e parece que nem vê as horas passando. Você só quer saber mais sobre os casos que Joel investigou e fez reportagens e sobre a vida de Glória e sobre tudo que eles passaram durante a vida, porque eles carregam bem essa aura de pessoa mais idosa que tudo que quer é um par de ouvidos bem atentos que escutem o que eles tem pra contar (e, cara, a saudade que me deu do meu avô com isso…)

Uma das partes do livro que eu mais amei é a parte super linda e delicada que justifica o título ser “chuva de papel”. Cheguei a ficar com os olhos marejados, porque essa é a verdade: as vezes só o que a gente pode e deve fazer é deixar o passado para trás e nos fixarmos no presente.

Obrigada Companhia das Letras pelo presente que foi poder ler esse livro e muito obrigada Martha Batalha por ter escrito ele. Esse livro vai ficar guardado dentro do meu coração pra sempre.

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Uma excelente continuação do trabalho literário da escritora brasileira Martha Batalha, que consagrou-se com A vida invisível de Eurídice Gusmão.
Essa obra proporciona uma excelente reflexão sobre o sentido da vida, a solidão e a forma como nos relacionamos com o mundo.
Podemos, em adição, mergulhar no universo da carreira jornalística e todas as suas adversidades.
Leitura recomendadíssima!

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Chuva de Papel traz o repórter policial Joel Nascimento, um arquivo vivo das transformações do Rio de Janeiro, que após passar boa parte de sua vida noticiando os acontecimentos da cidade maravilhosa, agora enfrenta dificuldades, familiares, financeiras e o alcoolismo.

Joel, após uma tentativa suicídio, acaba tendo uma reviravolta em sua vida ao ter que morar de favor com a tia de um amigo, a dona Gloria. Uma senhora um tanto peculiar. E ainda sua vizinha Aracy e dois chihuahuas.

“...quando Joel caminha por Copacabana, tem o hábito de olhar para cima avaliando de onde poderia se jogar”.

Tendo o jornalismo como pano de fundo, a história alterna entre o passado e o presente, no qual a sociedade enfrenta os resultados da pandemia da Covid-19.

A convivência dos três personagens, um tanto "forçada", e com atritos, é intensa, repleta de ensinamentos, experiências que transformam a vida e tudo isso dentro de uma linguagem fluída, bem-humorada e por vezes até debochada. O que torna o livro uma leitura deliciosa e apaixonante. Sem falar que os personagens são muito bem construídos.

Gloria é uma personagem inesquecível, uma senhora com uma língua ácida e é com ela que temos a melhores tiradas dentro da história. E que bagagem de vida tem essa mulher!

Outro ponto que quero destacar é o retrato da cidade do Rio de Janeiro ao longo dos tempos, assim como o trabalho jornalístico que se faz presente na história.

"Nas décadas anteriores havia essa tendência do jornalismo cascata, espécie de bisavô das fakes news. Também irresponsável e canalha, só que mais ingênuo e muito menos nocivo. Repórter exagerava para manter o emprego, vender jornal e agradar o patrão."

Essa é uma obra que traz uma experiência única e rica para o leitor, uma leitura maravilhosa que entra para os melhores do ano desde já. Recomendo e muito para quem ainda não leu!

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Recomeçar é uma palavra que bota medo. Ela é imponente. É algo que a gente evita ao máximo porque tem medo do que pode vir depois ao mesmo tempo que tem mais medo ainda do que deixamos para trás. Mas, de alguma forma, recomeçar é uma constante na vida de todo mundo, mesmo quando, no caso de Joel, o recomeço parte de algo que era para ser um ponto final.

Pontos finais nem sempre estão exatamente onde a gente queria que estivessem. Às vezes estão muito antes do que imaginávamos, outras vezes nunca chegam, mas muitas das vezes acabam fazendo com que as sentenças mudem completamente para sempre e se transformem em algo inimaginável.

Martha Batalha pega recomeços e pontos finais e transforma no gigante “Chuva de Papel” com maestria ímpar. É como se os pontos que chegam muito antes do que o previsto e os recomeços que estão acontecendo a todo instante sem realmente querermos deixem de ser imprevistos na vida dos personagens para se tornar exatamente o que deveria ser exatamente quando deveria ser.

É um romance bem humorado quando deve ser, triste quando deve ser e sério quando deve ser. Não há espaços para inconveniências na narrativa da história dessas pessoas.

'Chuva de Papel' é para aqueles que cresceram precisando lidar apenas com o que o contexto em que estavam inseridos era capaz de promover. Para aqueles que cedo desistiram de si em prol da felicidade de quem ama e que se encontraram tarde demais para que houvesse uma mudança efetiva. Para os que recomeçam ao invés de colocar pontos finais e para os que acabam colocando pontos finais muito antes de terminar seus recomeços.

'Chuva de Papel' é a sensação de liberdade após ficar preso no que não é. A sensação de alívio após se livrar de uma pressão que colocaram em cima de você. É o interesse por si mesmo que vem depois d muito tempo tentando se manter interessante apenas para os outros. É se encontrar depois de passar a vida perdido.

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De narrativa fluida, mas pode ser um pouco difícil de encarar devido aos possíveis gatilhos presentes na trama. O que Martha Batalha faz aqui é fascinante, em alguns momentos até lembra a áurea de um sonho, há uma aproximação com o leitor quando a narrativa ,muda para a primeira pessoa; também uma homenagem aos jornalistas e como toda história sobre o rio um pouco de amor.

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"Chuva de Papel’ é o terceiro e mais recente romance da carioca Martha Batalha, autora já conhecida pelo seu primeiro trabalho chamado 'A vida invisível de Eurídice Gusmão', de 2016, que ganhou as telonas com Fernanda Montenegro no elenco. Com o pensamento de que a autora escreve muito do que conhece, mesmo
subconsciente, aqui ela se volta para um tema familiar no sentido profissional de escrita e jornalística.

Em meio a pandemia, a obra traz como protagonista Joel Nascimento, um homem que muito jovem se envolveu com o jornalismo; como aprendiz, descobriu os macetes, jargões e a reportar as matérias policiais interessantes mais para o seu público instigado pela afirmação de mostrar o lado real do Rio de Janeiro. Foram anos escrevendo reportagens sensacionalistas, daquelas conhecidas como cabidela que deixa escorrer sangue pelas páginas. Boêmio, Joel aproveitou o melhor da cidade, casou algumas vezes, mas se encontra num estado decadente na terceira idade: alcoólatra, sem rendimentos financeiros e se escondendo das obrigações de pai, como pagamento de pensão.

Após uma tentativa falhada de suicídio, ele sofre algumas fraturas e precisará residir de favor na casa da tia de seu amigo de redação. Joel que tem suas idiossincrasias, conhece Glória, a dona do lar e que bate de frente com a rabugice do seu novo inquilino. Ela possui o sonho de escrever um livro de memórias, que, aliás, já está em andamento. Os novos dias na casa passam-se com a chegada de Aracy, vizinha e melhor amiga de Glória, uma viúva que adora misticismo e os seus dois cachorros chihuahua.

De forma intercalada, numa narrativa que vai de primeira a terceira pessoa, a autora reconstrói a história de suas personagens num fluxo temporal de idas e voltas. É interessante acompanhar, em tão poucas páginas, a construção dessas histórias de vidas, suas origens e relações familiares que as trouxeram até aqui. Vemos todo o conservadorismo do passado, o papel delegado às mulheres de submissão para atender as demandas do marido em detrimento de seus reais desejos e o momento de ruptura quando há o despertar para si mesma.

A princípio também conhecemos a evolução do jornalismo sensacionalista, os métodos de apuração corruptos de alguns repórteres que interferiam nas cenas dos crimes para fazer vender jornal, o auge e a crise do jornal impresso com a chegada do digital e as demissões por fim dos periódicos. Histórias que se interligam com personalidades reais, como é o caso do Assis Chateaubriand (confira aqui a resenha de sua biografia:http://www.decaranasletras.com/2016/02/resenha-142-chato-o-rei-do-brasil.html) que, apesar do grande nome e seu conglomerado das comunicações, tinha suas atuações antiéticas na profissão.

Este é um livro que aborda temas tabus, principalmente o suicídio que aqui não deu muito certo, também foca muito no luto, histórias de mortes que esses personagens guardam em comum. A filha de Glória, o esposo de Aracy, o pai de Joel ainda na sua frente quando criança... Mas não chega a ser uma obra de sofrimento, pelo contrário, há um tom cômico que desfoca a lamúria. Desses sofrimentos, vemos personagens se aproximando, mesmo que contra suas vontades, mostrando ser possível ir se apegando a outras coisas para seguir em frente, até mesmo quando parece estar tudo perdido, e do fundo do poço achar a história que levará a enxergar motivações suficientes, quem sabe até financeiras, para não desistir.

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