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A Sociedade da Neve, uma história sobre sobrevivência e companheirismo
🌟🌟🌟🌟🌟 + ❤️
A história do acidente na Cordilheira dos Andes de 72 é algo que espanta e fascina à humanidade desde o ocorrido.
Afinal, como em condições tão inóspitas aqueles jovens conseguiram sobreviver?
A resposta nos é dada pelos próprios sobreviventes, que, em seus relatos emocionantes, deixam claro que o que os salvou foi o companheirismo, a união que formaram em prol da sobrevivência.
Deixaram de lado o ego e as questões do mundo exterior, e focaram em cuidar uns dos outros e em lutar por suas vidas.
A esperança não os permitia desistir, sonhavam com suas casas, com suas famílias. Ficavam imaginando pratos que gostariam de comer. À noite, se abraçavam para não morrer de frio, massageavam os pés uns dos outros para que não gagrenassem.
É incrível como esses jovens se uniram, como juntos eles conseguiram sobreviver àquele inferno.
Pablo Vierci, o autor, estudou com os jovens que estiveram no acidente. Foi a pedido de Nando Parrado, um dos sobreviventes, que ele escreveu esta obra. O livro traz o depoimento de todos os sobreviventes, temos o relato deles sobre o acidente e também descobrimos sobre como foram suas vidas depois do resgate. É maravilhoso ver como todos prosperaram, se casaram, tiveram famílias, fizeram o bem. É interessante como cada sobrevivente tem uma visão sobre o que ocorreu nos Andes e como lidaram com esse trauma nos anos seguintes.
A Sociedade da Neve é um relato do acidente de 72 da Cordilheira dos Andes que marcou para sempre não apenas as pessoas que estavam no voo, suas famílias e amigos, mas toda a humanidade. Com depoimentos de todos os sobreviventes, temos um vislumbre do que aquelas 45 pessoas enfrentaram. Um exemplo de união e perseverança, a história desses jovens e de como, em condições completamente inabitáveis, eles sobreviveram, é até hoje e provavelmente o será mesmo daqui a um século, motivo de fascínio.
Fiquei completamente absorvida por sua trama após assistir ao filme da Netflix, e a experiência de ler o livro que o inspirou foi infinitamente mais enriquecedora. Explorar a história através das perspectivas dos 16 sobreviventes foi uma jornada emocionante e catártica. Em vários momentos, me vi emocionada às lágrimas, imaginando o sofrimento vivido pelo grupo. Diversos aspectos me levaram a ponderar intensamente: a dinâmica do grupo na cordilheira, o desafio de se reintegrar à sociedade convencional, a angústia compartilhada ao relembrar os eventos nos Andes e, sobretudo, a profunda dedicação de cada um em sacrificar-se pelos demais. Esta história nos ensina a valorizar cada aspecto da vida, por menor que seja, ao mesmo tempo em que nos confronta com a inevitabilidade da morte, incitando reflexões profundas sobre o tema.
Nos últimos dias, fomos todos invadidos por notícias ou menções ao filme “A Sociedade da Neve“. Havia decidido não ver o filme porque conhecia a história – vi o filme “Vivos“, quando criança e, sinceramente, havia ficado com aquela história por dias na minha cabeça de tal forma que era o motivo pelo qual não queria ver o novo filme.
A história era baseada em um caso real: em 1972, um time Uruguaiano de Rúgbi fretou um avião para levar a equipe até o Chile, mas, no meio do caminho, o avião com 45 passageiros caiu no meio das Cordilheiras dos Andes, deixando um grupo de sobreviventes no meio do frio excruciante por 72 dias, mas, o “pior”, era que haviam desistido das expedições de busca pelos passageiros e 2 sobreviventes tiveram de fazer uma caminhada de dias, literalmente escalando montanhas congeladas, para tentar conseguirem ajuda. E eles conseguiram. Chegaram até uma fazenda, pediram ajuda e um ainda voltou para resgatar todos outros. Era um milagre, muitos afirmaram por um tempo, afinal, como aquelas pessoas sobreviveram nas montanhas tantos dias? A resposta era brutal: usando os corpos dos que morreram ao longo daqueles dias. Dos 45 que saíram no voo, apenas 16 voltaram. Eu não queria rever essa história, nem ler o livro que inspirou o novo filme. Mas ainda bem que quebrei minha própria resolução e li e assisti – porque é, definitivamente, uma história bem maior do que o fato de os que sobreviveram se alimentaria dos corpos dos mortos: é uma história de sobrevivência, de fé, de resiliência e, principalmente, de força. Muita força.
Comecei lendo o livro porque bem, vocês sabem, bookstan, e fiquei surpresa com a estrutura narrativa. Escrito por Pablo Vierci, jornalista e escritor Uruguaio, o livro contra com uma narração começando com os fatos acontecidos antes do fatídico voo pela equipe de rúgbi Old Christians em seus capítulos ímpares, enquanto nos capítulos pares temos o testemunho dos 16 sobreviventes, uma conversa com o autor transformada em uma espécie de narração de todos fatos com a visão de quem realmente a viveu.
Não há necessidade de tensão na parte do testemunho dos sobreviventes sobre os desfechos e muito menos sobre as privações que o grupo passa porque mesmo sem saber os detalhes (ou lembrar deles, no meu caso) todos entendemos onde aquela jornada os levará. Mas é claro que ler o ponto de vista dos sobreviventes sobre tudo que enfrentaram, desde o acidente e seus relacionamentos com os que faleceram logo na queda (foram 29 sobreviventes e 16 mortos) ao entender a forma como se organizaram na neve para tentarem vislumbrar uma chance de sobrevivência, é algo que muda a forma como vemos tudo que aconteceu. Era quase uma sociedade a parte, com funções específicas, e que foi destroçada por uma grande avalanche quando já estavam lá, ilhados no lugar chamado Vale de Las Lagrimas, que os enterrou por quase 4 dias inteiro na casca do avião, embaixo da neve, levando mais 8 vidas de uma vez, no dia 29 de outubro de 1972. Parece que as provações daquele grupo nunca iria acabar.
A parte narrativa vai de acordo com os fatos justamente porque o escritor teve acesso irrestrito aos sobreviventes, que lhe deram uma total figura do que enfrentaram e como sobreviveram. Alternando os pontos com um narrador onipresente nesta parte, vamos sempre pulando de momentos e até mesmo reações daquelas pessoas que encaram a morte e aprendem mais uns sobre os outros – fica claro que alguns estão no voo fretado porque seria mais barato viajar assim do que em voo de carreira normal, sendo alguns são amigos e até mesmo mãe e irmã de um jogador do time estavam no avião. O momento que o avião cai é desesperador ao ponto do leitor ficar tenso, mesmo sabendo que alguns iriam sobreviver – e outros não. A parte final, o capítulo 33, se encerra com a volta dos apenas 16 sobreviventes a sua vida e transforma o final em uma orquestra agridoce, com a felicidade de estarem de volta e a tristeza de verem as famílias de seus amigos sofrendo pela morte deles, encerrando a parte narrativa de um jeito tão tocante que leva qualquer leitor às lágrimas.
Já a parte que vemos o ponto de vista dos sobreviventes, começa no capítulo 2 com o testemunho de Roberto Canessa e termina no capítulo 32 com Nando Parrado, os dois que fizeram todo o percurso por 10 dias para encontrar ajuda e pedir por resgate. E confesso que me surpreendi em como essas partes são de uma fé arrebatadora: a forma como alguns encontraram de lidar com o que fizeram e o motivo pelo qual aconteceu tudo que aconteceu é impressionante, além de obviamente ser tocante ler a visão deles ao encontrarem novamente suas famílias, namoradas ou ainda como passaram a viver suas vidas. Não há como falar ou escrever o peso emocional que essas pessoas enfrentaram e como o autor conseguiu transcrever as dores que ouviu e viu nelas. É definitivamente um dos livros mais densos e emocionantes que já li na vida. Esta edição é especial de 50 anos – sim, em 2022 completaram 50 anos desse acidente – e conta com fotos tiradas no dia do embarque, fotos no local de resgate e até mesmo uma carta que iniciou as conversas entre o autor e o diretor J.A. Bayona, que se tornou o diretor do filme que falarei a seguir.
A carta mostra o diretor impressionado com o que leu na edição original do livro, e tão impressionado que procurou o autor do livro em 2011. O resto, como vocês podem imaginar, é história: Bayona se envolveu tanto na produção do filme que também assina o roteiro, baseado no livro. Como já falei, já tinha assistido uma adaptação desta história quando criança, mas agora, talvez tomada pelas emoções que o livro me causou, talvez por ser uma adaptação bastante fiel dos acontecimentos como o livro mostra, me emocionei em diversos momentos. A cena da queda do avião é, sem sombras de dúvidas, uma das melhores cenas do tipo que já assisti, sem contar que o elenco consegue passar para quem assiste todo peso e dor que aqueles jovens estão passando – mas há adultos no avião também. Com algumas ressalvas na história em pontos específicos (o piloto do avião, a quantidade de viagens para resgatar os sobreviventes e outros pontos aqui e ali), o filme é realmente uma adaptação potente e consciente da história real que traz, que é tão real que parece irreal.
Temos o elenco comandado por Enzo Vogrincic interpretando Numa Tucatti, um dos principais jovens dentro do avião que foi capaz de lutar pela sobrevivência com uma chama feroz, incentivando e ajudando todos como podia. Destaco ainda Agustín Pardella como Nando e Matias Recalt como Robert, todos se entregando muito aos seus personagens. O filme falha em explicar aquelas outras pessoas no avião logo no começo, mas se você procura um filme com coração e potencial para te fazer sentir, sofrer e torcer por pessoas que fizeram o imaginável para sobreviverem e saíram de uma situação surreal, a dica está dada: o filme está na Netflix.
Se você se questionar sobre o motivo do título tanto só livro quanto de sua adaptação, respondo que isso fica claro quando você pensa sobre: 29 pessoas sobreviveram, no meio de uma geleira, a um acidente de avião, que se partiu ao bater no topo de uma montanha nos Andes. Essas pessoas estavam quebradas, assustadas, feridas, e começaram a se fechar em uma sociedade com suas regras e papéis. Você pode até questionar as decisões que todos tomaram para conseguirem sobreviverem, você não pode questionar a força que tiveram. E isso é algo que somente os participantes da sociedade da neve foram capazes ter.
Conheci essa história com o filme "Vivos"(1993) que conta sobre essa tragédia. Nunca havia me aprofundado sobre o caso. Recebi o ebook da editora e ler sobre o acidente na visão deles foi tão emocionante quanto o filme.
É uma história extremamente emocionante. Quem ler esse livro certamente mudará sua visão sobre a vida. Merece ser lido e muito recomendado.
Na Netflix tem a adaptação recente "A sociedade da neve". Claro que vale muito a pena assistir.
"Nao existe amor maior que dar a vida pelos seus amigos"
"Não tenho o direito de fazer tudo que eu puder pra viver? Quem me negará esse direito?"
"Eles não se sentem heróis. Porque estiveram mortos como nós. E só eles conseguiram retornar "