Member Reviews

Qual a palavra?
Triste?
Por certo não é...
Então qual?

Um livro que me comoveu profundamente. Perdi minha mãe recentemente e me pego, com frequência, buscando memórias, pistas, de quem foi esta mulher.
Durante a leitura me vi planejando criar uma caixa para deixar de herança para minha filha.

Uma caixa.
O ponto de partida desta estória.

M. sofre de uma doença neurodegenerativa e já se encontra em um processo avançado de demência quando seu filho, G., encontra uma caixa com cartas, fotos, lembranças que ela guardou e que podem conter informações preciosas sobre esta mãe, de quem sabe tão pouco.
Sempre vemos nossos pais sob o nosso ponto de vista, muitas vezes esquecendo que antes de serem pais, eram pessoas com sonhos, desejos, medos, inteiramente seus.

O autor nos guia por estas descobertas desnudando, não apenas este passado fragmentado, mas a construção de algo novo no presente. Uma identidade, talvez.
Sua mãe ainda está viva, mas suas lembranças, não. Cabe a G. dar voz a estas memórias, assim como ela dava voz a seu bebê, quando escrevia no diário do filho como se ele fosse.

A construção narrativa é muito interessante (e diferente da usual). Gabriel Abreu não divide conosco apenas sua escrita e suas considerações, mas também a matéria prima de sua busca. Divide conosco o conteúdo da caixa, fragmentos de cartas, do diário, fotos, bulas de remédios e até seu laudo médico. Divide, ainda, seu processo de escrita do próprio livro.
A forma como o livro se apresenta (e como é escrito, já que a subversão ortográfica nos obriga a reconstruir até mesmo as palavras) nos torna meio cúmplices nesta construção, ou algo como coautores.
Poucas vezes me senti tão "parte" da estória.

O autor é, também, artista visual, e já havia realizado uma instalação com o tema, que culminou, agora, com este seu livro de estreia.
Uma bela estreia que tive a alegria de receber, em parceria, com a @companhiadasletras

Recomendo a leitura.

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Triste não é ao certo a palavra
Gabriel Abreu
208 p
Companhia das Letras, 2023

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Um livro fortemente reflexivo e profundo, que mostra como as emoções podem ser complexas, principalmente envolvendo perdas significativas. O autor usar um recurso interessante que se assemelha a memória para montar o quebra-cabeça narrativo, a obra consegue mesmo sensibilizar o leitor.

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Para mim, esse livro não aconteceu. Li até 50% e não deu mais. Achei chatíssimo.
Não consegui me conectar com a história, com a forma que estava sendo contada, nem nada que foi apresentado até a metade do ebook. Percebi que estava me esforçando demais para tentar gostar do que lia, me relacionar com que estava sendo contado, mas não estava acontecendo. A narrativa precisa suscitar alguma coisa, mas percebi que nem raiva, nem ranço, me causava. Só um imenso nada. Não gosto de abandonar livro curto e nacional, por isso tentei, me esforcei para tentar gostar ou sentir algo, mas não veio nada. Não consegui terminar nem na força do ódio, porque nem ódio suscitou.

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Obrigada NetGalley e Companhia das Letras pela cópia digital deste livro em troca de uma resenha honesta.

Li esse livro em menos de 3 horas, abri o arquivo no Kindle e comecei a ler as primeiras páginas para me familiarizar e quando percebi já tinha avançado 20%.

No geral gostei da história, parece confuso, muda de perspectiva na narração, ora lemos uma história em terceira pessoa, ora cartas, receitas, descrições médicas, ora um filho falando diretamente com a mãe que ele não consegue estabelecer comunicação. É um retrato do processo de tentar conhecer alguém que não tem condições de se apresentar.

Existe um momento na vida em que percebemos que nossos pais são seres humanos. Que a pessoa que nos trouxe ao mundo existiu antes disso.

O autor tenta retratar essa confusão mental, o quebra cabeça que são as memórias que ele tem acesso, mas apesar disso achei que a história como enredo tem algumas pontas soltas. De qualquer forma, é um bom livro de estreia.

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