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Anders, um homem branco, acorda certo dia e quase não se reconhece, pois sua pele adquiriu um tom marrom.
A surpresa, o estranhamento, a falta de qualquer explicação lógica.
Na esperança de que aquela mudança fosse passageira ele telefona ao serviço, inventando uma desculpa para faltar, e assim segue enquanto não é pressionado por seu chefe.
Suas primeiras saídas à rua são repletas de preparativos e artifícios para tentar ocultar sua pele, como capuz e luvas.
Mas chega um momento em que ele precisa se expor, contar à sua namorada Oona e ao seu pai.
Não tarda e outros casos vão sendo relatados e noticiados, de pessoas que simplesmente escureceram.
Ao andar pelas ruas, nos cafés, nos mercados, as pessoas não se reconhecem e conceitos sobre as pessoas negras precisam ser revistos, já que agora eles estão se tornando estas pessoas.
É muito interessante como o autor compõe as diversas fases pelas quais as pessoas vão passar, quase como as 5 fases do luto:
Negação,
Raiva,
Barganha,
Depressão e
Aceitação
Se você ainda tem dúvidas sobre o racismo estrutural, tá aqui uma boa oportunidade de acompanhar as sutilezas e a sordidez dos conceitos de superioridade branca, que os malucos ainda seguem por um tempo, mesmo tendo suas peles negras, pois alguns deles, brancos em suas origens, continuam apregoando sua supremacia sobre os "negros de nascença".
Uma bela e melancólica reflexão.
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O último homem branco
Mohsin Hamid
136 p
Companhia das Letras, 2023
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A obra oferece uma premissa intrigante, porém, o livro não aprofunda satisfatoriamente nem os aspectos sociais, nem as relações pessoais e sentimentos existenciais. A escrita fluida do autor Mohsin Hamid não consegue compensar o desenvolvimento morno da trama, deixando a sensação de que a obra poderia ter explorado mais a fundo essa experiência singular ao invés de permanecer na superfície.
Que história impressionante, a narrativa é muito boa e todas as situações nos fazem pensar e repensar sobre a vida de branco que levamos, recomendo muito para todes. É muito sensível, intenso, peculiar, adorei!
Não vou repetir a sinopse, mas basicamente o livro falaria de uma sociedade que um dia passou a mudar de cor e tod@s passaram a ser negros. A escrita do autor não me desagradou e tenho interesse em conhecer outras obras dele, mas esse livro não me agradou. Há algumas reflexões sobre perda e luto (relacionado a morte de pessoas queridas pelos personagens) que são interessantes, mas a proposta do livro era outra. Cheguei ao final da leitura com a sensação de que uma premissa maravilhosa foi desperdiçada.
A sinopse fala que não haveria explicação sobre como a transformação dramática aconteceria (portanto eu esperava isso e para mim isso realmente não seria interessante), mas que se proporia a explorar o impacto que esse fato provoca na sociedade e isso infelizmente também não aconteceu. O livro é lento, os personagens não são carismáticos e não teve nenhum aprofundamento no aspecto social e mesmo o pessoal dessas personagens. Sabemos que estão acontecendo tensões e conflitos na sociedade, mas só sabemos que isso está acontecendo de forma vaga e sem desenvolvimento.
É uma leitura válida, mas não espere um desenvolvimento aprofundado das questões que poderiam ser discutidas a partir de uma sinopse tão boa.
"Certa manhã ao acordar, Anders, um homem branco, descobriu que tinha adquirido uma profunda e inegável tonalidade marrom". Assim começa o primeiro capítulo, um tanto quanto kafkiano, de "O último homem branco". Primeiro, o protagonista entra em negação, depois passa ao desespero e à raiva; não se reconhece no espelho. Ao sair de casa, se depara com olhares esquivos. Algum tempo depois, o fenômeno do escurecimento da pele vai se espalhando e mais gente se torna escura. As tensões sociais vão aumentando (os preconceituosos se mostram em toda a sua violência) e Anders vai adaptando suas relações sociais com o pai, que está gravemente doente, e com Oona, uma espécie de namorada. Apesar da premissa criativa e instigante, o livro se aprofunda pouco, seja no aspecto social, seja nas relações pessoais e sentimentos existenciais. De escrita fluida e desenvolvimento morno, em minha opinião o autor Mohsin Hamid poderia ter levado essa experiência insólita ao limite, e escolheu ficar na superfície.