Obrigada a Companhia das Letras e a NetGalley por disponibilizar o arc de "Se um viajante numa noite de inverno" em troca de uma resenha honesta.

Esse foi meu primeiro contato com Italo Calvino e entendi porquê esse é o seu livro mais famoso. Apaixonei-me desde o primeiro capítulo, e continuei me apaixonando à medida que a história foi avançando e se tornando mais doida. Eu não preciso dizer que achei o enredo genial e a escrita, maravilhosa. Esse livro é uma verdadeira carta de amor a leitores e à literatura. Como esperado, me identifiquei em muitos momentos com o Leitor e a Leitora, me senti decepcionada com os começos de livros que são interrompidos na melhor parte, e me mantive intrigada o tempo todo pela maneira com a qual a jornada do Leitor em busca desses livros inacabados foi se complicando.
"Se um viajante numa noite de inverno" é um livro único, original, uma matriosca em que Calvino explora os prazeres e as frustrações de ser um leitor, ao mesmo tempo que brinca com os mais diversos gêneros literários, como policial, erótico, apocalíptico, etc. Pude ver a influência e o impacto dele em outras obras contemporâneas (para mim, esse livro e "Casa das folhas" têm a mesma energia, por exemplo). Eu me vejo relendo esse livro várias vezes no futuro, e com isso, Calvino prova o seu próprio argumento: "Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer".

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Minha primeira experiência com o autor! É fácil de ler, difícil de explicar: o protagonista — você — compra "Se um viajante numa noite de inverno", mas o exemplar vem com erro de impressão. A partir daí, começa uma jornada entre manuscritos, traduções, editoras, especialistas, grupos de debate, repressão policial e personagens bizarros. Tudo isso intercalado com os livros incompletos que você vai começando ao longo da aventura.

É inventivo, sarcástico, criativo, metalinguístico, experimental e totalmente diferente de outros romances que li. A brincadeira com a forma, a linguagem e a literatura é um dos pontos altos. As intervenções do narrador para ditar o que você deve fazer ou não na história são sempre divertidas. Adorei.

Acabou de ser relançado em nova edição belíssima pela Comoanhia das Letras, com direito a audiolivro narrado por Antônio Fagundes.