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Claustrofóbica é como classifico minha experiência lendo É a Ales, do mais novo laureado com o Prêmio Nobel de Literatura, Jon Fosse.

O narrador, em seu ato de repetir as cenas, nos leva a uma angústia, a um aprisionamento inevitável, a uma exaustão psicológica.

Ele não repete por um capricho, repete porque os dias, as cenas, as situações, se repetem.
E se repetem porque é assim que é
Hoje é igual a amanhã
Como foi igual a ontem
Como era igual há 4 gerações, quando Ales, a trisavó de Asle, habitava esta mesma Casa Antiga, que hoje ele habita com Signe.
Asle tem este nome em homenagem a seu tio, homônimo, que faleceu ainda criança.
Esta confusão de nomes, que também se repetem, abala a individualidade dos personagens, que parecem se mesclar e se fundir.

Asle e Signe já viviam há vários anos nesta casa, que sempre foi da família dele, quando ele desaparece durante um de seus passeios de barco pelos fiordes.

Nos próximos 20 anos acompanhamos a rotina de Signe, que permanece à janela da casa, olhando para a escuridão e esperando...
Nesta espera ela vê a si mesma
E vê
Ales...

O autor nos mantém grudadas nas páginas e nos envolve por esta escuridão avassaladora.

Não sei vocês, mas sempre senti um desconforto muito grande em me imaginar vivendo em um ambiente tão isolado, frio, pouco acolhedor.

Eu via fotos de fiordes e achava tão lindos aqueles cursos de água cristalina entre as montanhas.
Me surpreendi quando Signe comenta da profundidade da água. Fui até pesquisar. Em geral são 1.300 metros de profundidade e isto torna tudo mais aterrador.

O livro de Fosse é um pouco assim, como um fiorde, uma paisagem bela, com suas águas plácidas, mas assustadoramente profundo.

Terminei a leitura muito tocada.

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É a Ales
Jon Fosse
112p
Companhia das Letras, 2023
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Laureado com o Nobel, nesse livro, Jon Fosse inova na maneira que seus personagens expressa a linguagem, mas infelizmente deixa a obra com um certo ar de chato, é óbvio que esse movimento é intencional, mas não posso negar que minha experiência de leitura foi comprometida por esse recurso, mesmo que tenha compreendido seu uso.

Foi bom para conhecer o autor e seu modo de escrever, vou tentar ler outras obras dele.

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É a Ales é o primeiro contato que tenho com o ganhador do Nobel, escritor norueguês Jon Fosse.
Neste livro curto e impactante, conhecemos Signe, que vive a espera e o luto pela perda do marido Ales; Ales é descendente da família ocupante da casa isolada que saiu de barco décadas atrás e nunca mais voltou.
A solidão narrada é construída através de repetições e fluxos de consciência, os nomes e as ações são repetidos, o leitor se torna parte da casa isolada que foi habitada por diversas gerações da mesma família. Como Ales é duplamente um nome feminino e masculino, Signe se vê como ancestral do próprio marido, repetindo a mesma solidão, o mesmo luto e a mesma espera nesse ambiente tão inóspito e tão carregado.

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*Obrigada a Companhia das Letras e Netgalley pelo ARC do livro*

Então, o que me chamou atenção de início sobre esse livro foi o fato dele ter ganhado do nobel de literatura. O livro segue inicialmente Signe e Asle, um casal, que parece estar se afastando. A narrativa é continua mas ao mesmo tempo quebrada, os acontecimentos ocorrem todos ao mesmo tempo quase como se existisse um loop envolvendo essa família. Parece quase como se fosse uma eterna provação da Signe se questionando sobre escolhas do passado, ao mesmo tempo que faz a conexão entre o Asle e uma tragédia ocorrida no passado com sua família. Achei interessante, tanto que li super rápido, mas não sei se entendi as nuances do livro e acho que no geral ele não é um livro pra mim.

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Este foi o meu primeiro contato com a obra do autor norueguês vencedor do Nobel da Literatura desse ano. É uma leitura desafiadora, mas ao mesmo tempo instigante. A alternância temporal e da consciência das personagens é feita de maneira bastante dinâmica, funcionando como um quebra-cabeça da solidão e do isolamento humano. Essa temática é muito relevante para nosso contexto cultural, no qual a nossa cabana isolada, cercada pelos fiordes, corresponde ao mundo digital que separa e isola os indivíduos.

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É um livro que fala sobre o luto e as dificuldades de deixar ir, das palavras não ditas. Tudo isso entrelaçado com a memória e a natureza. Inclusive a natureza é um ponto forte na narrativa, os fiordes noruegueses são bastante citados, o que ajuda no cenário de melancolia que a obra pede. Super indico essa leitura!

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"É a Ales" é um livro curto, de apenas 112 páginas, mas impactante, publicado no Brasil pela Companhia das Letras.
O autor norueguês Jon Fosse tem um estilo de escrita diferente e único. Ele sabe conduzir o passado e o presente de maneira que eles se sobrepõem em uma dança de repetições, ecos e paralelos. Neste livro, acompanhamos Signe, em 2002, enquanto ela relembra a morte do marido Asle décadas antes. O marido desapareceu em um dia de tempestade quando saiu para pescar em seu barco e se afogou no fiordes.
A partir disso, temos mudanças de ponto de vista e vemos os ancestrais de Asle que moravam na casa onde o casal mora atualmente, e as tragédias que envolveram outras gerações de sua família. Como uma boneca russa, vemos outras vidas que a natureza tomou, outros tipos de luta e perda, e os mesmos eventos sob perspectivas diferentes. Não só a escrita se repete propositalmente, mas também os nomes dos ancestrais de Asle, como Ales, sua tataravó (que dá nome ao livro), o que incita a pergunta: estamos fadados a repetir tragédias?
A escrita segue o fluxo de consciência e os parágrafos correm pelas páginas sem ponto final, tornando a leitura compulsiva. Da mesma forma que Signe espera o retorno do marido há mais de 20 anos, cercada pelos fantasmas do passado, o leitor também dá voltas e espera para ver onde a história quer chegar, e depois percebe que a jornada pelo luto e pela tragédia dessa família que mora perto do fiordes há séculos é o mais importante, e não a conclusão. "É a Ales" é um vislumbre de um momento na vida e na mente de Signe e Fosse usa isso para mostrar o luto de uma esposa e a mentira de que "o tempo cura todas feridas".
Como falei, é um estilo de escrita experimental muito diferente do que já li, mas acho que quem gosta de Virginia Woolf, José Saramago e Valter Hugo Mãe, pode gostar de Jon Fosse.

Obrigada a Companhia das Letras e ao NetGalley pelo arc de "É a Ales" em troca de uma resenha sincera.

Bookstagram: @narrativasinfinitas

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Uma história simples, em uma narrativa complexa, com várias voltas e repetições que deixam uma sensação tontura e vazio, condizentes com a história.

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Ela pensa, ele pensa...
Eu penso que se não tivesse tanta repetição seria um livro mais orgânico e fluído.
É como estar na cabeça de uma pessoa, observando seus pensamentos, devaneios, reflexões, lembranças e talvez delírios?
É daqueles livros ame ou odeie para a maioria, com certeza. Fiquei com aquela sensação de que poderia ser mais.

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