Aproveitei o hype (mais do que merecidíssimo) da Fernanda Torres e não me arrependi. Fernanda é excelente também escrevendo. O livro conta o Fim, mas não só, de 5 homens que compõe um grupo de amigos e um sexto homem que cruzará a história deles. São homens diferentes, mas muito parecidos em diversos aspectos também. Embora tenha a morte como o fio condutor e chamariz da narrativa, aqui fala-se da vida desses homens e é interessante como suas mortes foram, de certa forma, condizentes com a vida que tiveram.
A história começa pelo último que morreu, começa pelo Fim. É uma estrutura narrativa muito interessante: é intercalada entre os cinco personagens principais, mas também ouvimos outras pessoas envolvidas. E começa com a gente já sabendo que da morte desses homens.
Acho um livro difícil de resenhar, por isso incluí algumas citações. Não dá para dizer que você vai gostar desses personagens, mas dá para dizer que você vai gostar de saber sobre eles. Não dá para dizer que você vai gostar do que está sendo dito, os 5 homens são uns canalhas, machistas, misóginos, violentos, mas certamente vai gostar da narrativa da Fernanda. Achei-a muito habilidosa na escrita, capta muito bem o cinismo dos personagens, seus pensamentos podres, seus preconceitos, machismo e preferências, em alguns casos, criminosas.
Destaco ainda alguns pontos que achei interessante:
- Fala do envelhecimento de homens e percebi que conheço mais livros ficcionalizado sobre como o tempo recai sobre as mulheres do que nos homens.
- Os personagens são bem misóginos e machistas, mas toda a construção desses personagens nos mostra como eles, se achando superior, são na verdade patéticos e ridiculamente medíocres.
- É um livro escrito pela Fernanda Torres, mas em nenhum momento parece ela falando. Acho esse aspecto incrível.
- Inegavelmente é uma mulher que escrevendo sobre homens de uma maneira muita mais realista do que os homens escrevem sobre mulheres em seus livros…
- A captação dos momentos finais dos personagens é muito sensível.
Recomendo a leitura.

Citações:
“O casamento é o estado civil mais indicado para homens que, como eu, não gostam de conviver com os outros. Nada mais exaustivo do que administrar encontros e expectativas. Um mau casamento pode ser ótimo para ambas as partes, e o meu foi assim. A Irene abstraiu das tentações e eu também, vivíamos confortavelmente em dois quartos, tudo muito triste e civilizado.”

"Não notei a velhice chegar. É traiçoeira, a danada. Aos trinta, não se aparenta mais quinze, aos quarenta, desaparecem os sinais dos vinte, aos cinquenta, os dos trinta, leva uma década para realizar as perdas".

“Os filhos têm pouco interesse pelo sofrimento dos pais, são ciosos do lugar de vítima, não gostam de abrir mão por ninguém.”
“Rico é muito mais pervertido do que pobre. Rico não tem moral.”

“Se fosse pra viver sóbrio, eu preferia que me desse um tiro ali, na hora, e me despachasse para o inferno. Ou você tem alguma ilusão de que o céu está à espera do seu tão amado pai?”

“O Viagra me deu dez anos de vida útil. É justo. Mais do que justo. Troco os dez que teria pela frente pelos sete que tive pra trás.”

“Ouviu as palavras de Carlos, achou bonito o discurso, mas chocou-se com a naturalidade dos presentes. A morte nada tem de natural. Faltava a revolta, o desamparo, o luto de antigamente. Faltava o morrer de amor.”

A narrativa de estreia de Fernanda Torres traz em "Fim", a história da morte e da vida de cinco amigos.

Justificável pelo título, a narrativa mostra a agonia dos últimos momentos, para depois mostrar em flashbacks os momentos (mal) vividos que levaram a tais desfechos.

Os cinco protagonistas são homens de classe média alta que passaram a vida maltratando as mulheres (que também são descritas de forma igualmente crua). São homens horríveis, alguns mais e outros menos, cada um a sua maneira. Acabaram com os próprios casamentos e com a infância dos filhos. A autora mostra o enfrentamento das consequências do envelhecimento e da decadência, muitas vezes de forma irônica, na vida desses homens machistas e preconceituosos.

Um livro curto, que trata da morte e da vida diretamente, sem preâmbulos, e da forma crua como estas se sucedem e se mesclam.

Narrativa original de Fernanda Torres, o livro traz os momentos finais de cinco amigos como ponto de partida para entender os laços que os unem. Cada um tem características singulares e que conversam diretamente com a cultura carioca principalmente das décadas de 70 em diante. Ao invés de senhores que são marcados pela fragilidade, a narrativa traz vida a cada através dos seus feitos e principalmente mal feitos. O livro é um grande bacanal e que se apropria das consequências de tanta liberdade em relações que pedem responsabilidade.
A escrita e a prosa de Fernanda Torres é uma grande surpresa e felicidade de se ter diante dos olhos.

por motivos pessoais não terminei a leitura em tempo viável mas pretendo tentar ler em outro momento.
Obrigada pela oportunidade.

Fim é como um mergulho profundo nas águas da vida. A narrativa, costurada com maestria, desvenda as trajetórias entrelaçadas de cinco amigos ao longo das décadas. A autora pinta um retrato nostálgico e visceral da juventude efêmera, destacando as alegrias e desafios que moldam as relações. À medida que os personagens envelhecem, somos confrontados com a inevitabilidade do tempo, uma melodia agridoce que ressoa em cada página. Fim não é apenas um livro; é uma jornada emocional que nos faz refletir sobre nossas próprias experiências, amizades e o constante fluxo da existência.

Um ótimo livro sobre as transformações das nossas relações ao longo do tempo. Eu adoro esse tipo de livro. Acompanhamos um grupo de amigos e as mudanças pelas quais eles passam através do tempo. Fernanda Torres toca em muitas questões de forma interessante, original, e também com alguma ironia. Adorei o livro e com certeza lerei mais da autora.

Livro muito bem escrito, talvez com um certo exagero de frases de efeito. A história é interessante, embora eu não tenha me conectado a ela. Os protagonistas são cinco homens de classe média-alta que no fim do século XX vivem boas vidas em Copacabana e fazem pouco das mulheres.
Em torno dos 60% do livro, a construção de capítulos é modificada bruscamente, e creio que tenha sido não intencional, um erro de edição que prejudicou um pouco o ritmo.
Recomendo por ser um bom livro nacional e por ter alguns personagens tridimensionais interessantes. Recentemente, foi ao ar minissérie na Globoplay e certamente darei uma olhada.