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🚀 Um grupo de pessoas um tanto frustradas com as próprias vidas é enviado a Delmak-O, um novo assentamento num planeta desconhecido. Logo fica evidente que há algo estranho com todas elas e com a missão. O grupo passa a lutar pela sobrevivência e o final é aterrador e surpreendente ao mesmo tempo.
🛐 "O Labirinto da Morte" traz um elemento religioso interessante, e é isso que as sinopses costumam destacar, mas o foco da história é a interação do estranho grupo de pessoas enquanto lutam pela sobrevivência. "O Caso dos Exploradores de Cavernas" vem à mente, mas as semelhanças não duram muito tempo.
💜 Philip K. Dick conta ficção científica de um jeito que me encanta. Seu interesse está no drama humano e a tecnologia é um mero pretexto para tratar de questões complexas e, ao tempo, comuns. Ele não perde tempo desenvolvendo conceitos mirabolantes ou escrevendo technobabble (William Gibson, estou olhando para você), prefere uma prosa clara, construindo um texto acessível e fluido, sem deixar de intrigar e surpreender o leitor.
❗ Recomendo para quem busca uma história curta (o livro tem menos de 300 páginas) e surpreendente.
Quando uma história tem um impacto muito grande sobre você fica até difícil de organizar os pensamentos para falar sobre. E é esse sentimento que estou imersa desde a leitura de "o labirinto da morte", um livro estranho que me fez ter sensações estranhas e que de certa forma cumpriu o seu propósito.
O inicio da leitura é um pouco confuso, acompanhamos alguns personagens se deslocando para um planeta cujas informações são poucas. Eles conseguiram um novo emprego neste projeto de colonização de um planeta inóspito. A viagem só de ida para Delmak-O é uma esperança para eles de uma vida diferente, um escape da rotina que os consomem.
São catorze figuras, cada um com suas singularidades que precisarão aprender a conviver. A atmosfera neste ´planeta é enigmática, o contato com os seus superiores foi perdido e eles estão a mercê de si mesmos e e escravos de seus ideais. Depois de uma morte inexplicável os novos moradores de Delmak-O começam a duvidar do real motivo de estarem ali e o caos é instalado e as coisas que pareciam tão concretas agora se desfazem diante de seus olhos.
A leitura é permeada de simbolismos e reflexões sobre crenças e religião, sem cravar nenhuma verdade absoluta o livro obriga o leitor a pensar sobre diversos ângulos desse assunto. Além disso a sanidade humana é colocada em xeque através das ações dos personagens. A trama nos faz confabular junto a eles teorias sobre esta missão e o planeta onde se encontram. Por vezes a história se igualava a um pesadelo claustrofóbico onde as perguntas não são respondidas.
Foi uma experiência impar que trouxe sentimentos e questionamentos muito profundos, apesar de sua premissa ser relativamente simples (quase de uma história de mistério e crime), os desdobramentos vão multiplicando cada vez mais a complexidade da narrativa tornando-a única e inesquecível.
Falar sobre Philip K. Dick é falar um tanto quanto sobre quem sou e sobre a minha personalidade e gosto em filmes e livros. Quando ainda criança, era apaixonada por ficção científica e vi quase todos filmes disponíveis e imagináveis, e claro que “Alien, o 8° passageiro”, foi um deles. Resumo: fiquei tão apaixonada naquela história que comecei a assistir tudo feito pelo diretor do filme, um certo Ridley Scott, e foi assim que cheguei até um filme chamado “Blade Runner”. Digo com toda certeza do mundo que aquela história sobre replicantes – androides que se parecem tão humanos que são capazes de se passarem por estes – e que só querem terem uma chance de liberdade e escolha me conquistou tanto que pesquisei sobre. E foi aí que descobri que o filme era baseado em um livro de um autor chamado Philip K. Dick. Como boa garota nerd, fui na biblioteca e, infelizmente, não tive acesso aos livros dele a época.
Anos se passaram mas nunca esqueci o nome do autor, e quando entrei na faculdade, comecei a ler tudo que pude e foi escrito por ele. Minha cabeça explodia a cada livro lido porque a ficção científica das tramas me apresentava uma humanidade que talvez não merecesse nada do que tinha alcançado. Por isso que acredito que muito de quem sou foi influenciado por filmes de ficção científica e terror, além de escritores como Dick: a humanidade é sua maior inimiga e seu destino está fadado ao colapso moral, se não há beira da extinção. Sei que posso parece sombria e pessimista demais, mas aqueles que assistiram “Blade Runner” ou leram “Androides sonham com Ovelhas elétricas?”, livro que inspira o filme, entenderão meu ponto. E se você não entendeu, fica comigo nessa resenha que você irá.
Não havia lido “O Labirinto da morte”, mas claro que saiba que agora iria lê-lo porque estava ganhando uma edição capa dura por minha Editora favorita da vida – a Suma. Como a própria sinopse deixa claro, este romance é sombrio, mas não sombrio do tipo slasher e sim do tipo te fazer pensar (e muito): temos um livro quase induzindo o leitor a filosofar sobre poderes celestiais e quem (ou o que) temos acima de nós, a humanidade. Espalhados pelo universo, a raça humana está acostumada a colonizar planetas, e é assim que um grupo bastante diversos de pessoas é enviado para uma pequena colônia em um planeta chamado Delmak-O, justamente um planeta tão distante que parece impossível ter algum tipo de vida inteligente, apesar de ninguém saber o que esperava quando chegaram ao planeta. Já deixo claro que não indico este livro para os que não gostam de relacionar filosofia à ficção científica.
Ao que parece indicar, temos dois protagonistas, os quais seguimos logo no começo da trama: Ben Tallchief e Seth Morley. Sinceramente, não há muita empatia por nenhum dos dois protagonistas a princípio. Os dois parecem ter por propósito subiram dentro da sociedade em que estão, e um deles enviou uma prece no intrincado modo de se pedir aos poderes superiores por algo – basicamente como se pudéssemos enviar nossos pensamentos, preces e pedidos diretamente à uma divindade cósmica através de uma conexão. O que parece ser o começo de um presente dado, vai se tornando em algo cada vez mais tenebroso.
Pausa para mencionar algo de extrema importância: todas aquelas pessoas que foram para Delmak-O, foram em um tipo de nave chamada Nasal: pequena, barata e tão de baixo custo que mal comportava combustível suficiente, sendo naves de apenas uma única viagem – sim, isso mesmo que você leu. A pessoa escolhia e confiava ir para aquele planeta em uma nave que não podia tirá-los de lá. Claro que essa não era nem mesmo remotamente uma boa ideia, o que fica claro com a sensação claustrofóbica e paranoica que o grupo já apresenta ter antes mesmo da chegada de Ben e Seth, que são os últimos a chegarem, completando o grupo. E sim, não estou falando especificamente sobre os personagens porque é claro e óbvio que o enredo traz surpresas e reviravoltas sobre eles.
Obviamente que falando assim, fica claro para você que me lê que não podemos (e muito menos devemos) confiar nos personagens da trama. Se há uma dificuldade na narrativa, é justamente torcer por alguns deles, já como a morte parece inevitável e está no caminho do grupo que começa a tentar, de todas as formas, entrar em contato com a estação supervisora porque claro que perdem contato. Então, colocando em pontos: estão presos em um planeta sem possuírem naves que os tirem de lá, sem instruções sobre o que fazer no lugar, confinados com entre grupo de desconhecidos. A morte começa a se tornar mais e mais presente e nem mesmo na própria estação o grupo está a salvo. Fica claro que tudo começa a deteriorar com mais intensidade a medida que todos se unem para descobrir o que é um prédio estranho que viam naquele lugar isolado e que acreditam não saber por quem o tal prédio foi construído.
Preciso também mencionar outra coisa que foi a principal fonte dos meus pensamentos nesta obra: a presença de uma divindade – ou Deus ou qualquer outro nome que você queira e saiba chamar por. Já estava familiarizada com o conceito de que há um poder superior neste universo, fato que vai se tornando mais e mais presente e duvidoso a medida que o enredo vai se desenrolando, fazendo os personagens pensarem e se questionarem. A presença divina aqui é de conhecimento de todos, é um ato científico, e, como já mencionei acima, suas preces (ou como você deseja chamar também) são enviados basicamente por um programa, como uma mensagem de texto – ou um bom e velho e-mail. Não importa a sua crença, isso não altera o fato de que dentro deste livro, a fé está interligada a ciência, e isso, pra mim, beira o assustador. Só que em uma trama de ficção científica se torna claro que é uma possibilidade, já como o homem tem a necessidade de racionalizar e explicar tudo ao seu redor, inclusive as coisas as quais não requerem uma explicação.
Como já mencionei acima, não indico este livro para todas as pessoas. Se você ama ficção científica e um livro que te fará pensar sobre a fragilidade da vida envolto em um clima de paranoia, escancarando como o ser humano é pueril e destinado a não confiar em seus próprios instintos ou nos outros, digo para ler este livro sem o menor receio. Seja como for, espero que alguém aí fora que já conhece (ou está conhecendo agora) o nome de Philip K. Dick se sinta intrigado a ponto de ler suas obras – morto em1982, PKD já deixou gravado seu nome na história com suas tramas filosóficas, políticas e repletas de momentos que ficam gravados na memória do leitor, com um labirinto de morte ou não.
Eu, como leitora, sou atraída por histórias peculiares, estranhas, fora da caixinha. Labirinto da morte, de Philip K Dick, é um ótimo exemplo desse estilo.Temos aqui um livro de ficção cientifica que começa com uma premissa direta e bem clássica : por conta de um projeto de colonização, catorze desconhecidos chegam ao planeta Delmak-O. Logo se dão conta de que não tem ideia de suas diretivas de trabalho, dos seus papeis no grupo, e descobrem que o ganharam mesmo foi uma viagem só de ida para um planeta muito estranho.
Desconfianças ganham força, os ânimos se exaltam, e mortes ocorrem. Na busca por uma saída viável desse planeta, uma exploração do local deixa claro que há algo muito sinistro acontecendo, e nem Deus pode salva-los.
PKD soube como entregar temas supostamente controversos, como religião, paranoia e saude mental com proposito, em uma trama que tem muitos mistérios e reviravoltas. Sabe aquela bonequinha russa, a matroska? Pois bem, esse livro é como uma, com histórias dentro de historias. Quando os personagens descobrem algo importante, a historia muda. Quando você acha que entendeu o cerne da coisa, você descobre que tem mais uma camada para desvendar.
Isso não significa que seja um livro de dificil leitura - o mais difícil dele, pra mim, foi me importar com os personagens mesmo, que descobri ser intencional para a historia mais pra frente. Embora eu não tenha gostado do fim do livro ( porque eu não curto coisas de espaço, naves, vocês sabem), eu gostei muito do que eu li . A metafisica desse livro é muito interessante, e os questionamentos sobre solidão, paranoia, religião, e humanidade são seus pontos fortes.