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Voz autêntica e muito divertida da literatura brasileira contemporânea. Ansioso por ler mais de Socorro Acioli.
todo cearense tem a vida acompanhada pela presença da religiosidade popular, até mesmo aqueles que dizem não crer. vários são os santinhos na parede, a presença do pequeno altar com pe. cícero, são francisco, preto velho, nossas senhoras. até o ateu é crente e, uma hora ou outra, recorre ao padim ciço.
ler “a cabeça do santo” de socorro acioli após anos realizando viagens até canindé é ver a realidade nas páginas. que clichê, mas o clichê também funciona. os romeiros em suas roupas marrons, os cantos das procissões, o sincretismo, as agruras e a comercialização da fé.
o livro contemporâneo utiliza da realidade da cidadezinha de caridade: o fantástico caso da cabeça de santo antônio apartada do seu corpo. a ficcionalização serve para melhor dizer a realidade. onde é possível e crível uma pessoa ouvir as preces ecoadas dentro da cabeça do santo, de obrar milagres em condições adversas e a corrupção política acontecendo ao fundo.
demorei para conhecer a história de samuel que encantou a todos e, obviamente, eu inclusa. é um livro que dá gosto de ler, com capítulos curtos alternando entre o passado e o presente e uma escrita que sabe brincar com o humor e a profundidade.
Com uma narrativa comovente e engraçada a autora prende a nossa atenção de forma que nos sentimos locais na cidade de Candeia.
O enredo é simples, mas nos entrega uma história empolgante que ganha velocidade a cada capítulo.
E se você curte reviravoltas, temos. Mistério e sobrenatural? Também!
Sendo assim, recomendo muito a leitura desse livro nacional que me conquistou justamente pela simplicidade das personagens.
Me tornei fã da autora.
Existem dois motivos que me fizeram querer ler esse livro tão comentado nos últimos meses.
Primeiramente, fui atraída pela peculiar sinopse, que apesar de deixar claro que a história se passa em uma cidadezinha do Nordeste, poderia muito bem se passar em qualquer canto desse país.
Eu acho que mais da metade do Brasil teve ter uma réplica do Cristo Redentor, então não ficaria surpresa se acaso a cabeça de alguma dessas estátuas caísse o povo não passaria a rezar para ela tal qual o pessoal dessa história aqui...
Outro ponto, é que a editora e a autora não escondem a forte influência de Gabriel García Márquez na criação dessa história, já que ela se originou de uma oficina ministrada por ele.
(pausa dramática pois estou suspirando fortemente de inveja nesse instante)
Sim, a obra tem mesmo esse aspeto tão recorrente nas obras do Gabo, mas para por aí, até porque esse “gênero” é tão presente na literatura latina que acho injusta a comparação.
E sobre a história, o que eu achei, afinal?
Olha, eu estava preparada para algo denso e carregado de drama, e fui surpreendida por uma leitura leve e cheia de humor.
Isso não significa que a história não tenha uma carga emocional, já que lida com temas como abandono e religiosidade, assuntos esses tão presentes no nosso cotidiano (por mais que eu quisesse que não kkkk).
A escrita da autora é muito, muito boa, e novamente, como já me aconteceu em livros curtos de outros autores, eu fiquei bem triste que a história acaba rapidinho.
Eu não senti, necessariamente que faltou algo aqui, já que é tudo muito bem amarradinho pelo tamanho que o livro tem, incluindo aí a motivação de cada personagem para fazer o que faz.
Mas, de novo, ela escreve tão bem, que eu facilmente leria mais 200 páginas dessa história.
3 ⭐
história gostosa e bem nacional, foi uma coisa leve pra passar o tempo e fluiu super rápido.
quero ler mais livros da autora!
“A cabeça do santo”
Socorro Acioli traz uma narrativa de qualidade admirável ao nos contar a trajetória de Samuel até a cidade de Candeia, onde se encontra a estátua e a cabeça da estátua de Santo Antônio.
Através de um realismo mágico e de personagens bem construídos, nos adentramos na história e na cultura dessa cidade abandonada. Samuel, após a morte da mãe, vêm ao encontro do pai e da avó paterna, mas encontra muito mais do que isso.
A estátua e a cabeça de Santo Antônio, que tanta desgraça trouxeram à cidadezinha de Candeia, são revividas. As vozes dentro da cabeça do santo são ouvidas por Samuel. E um canto em particular também é ouvido. A cidade renasce, mas segredos também podem vir à tona.
O passado pode ser desenterrado e as orações tem o poder de reconstrução. “Perdão, amor e coragem” são vividos e revividos. Uma narrativa forte que mostra o que a literatura nacional tem de melhor.