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Vera Donovan acaba falecendo em um acidente dentro de casa, obviamente que tudo recaí sobre Dolores Claiborne, a pessoa que morava com Vera e cuidou dela por anos. Dolores é chamada até a delegacia para esclarecer os fatos e é nesse cenário de desconfiança e morte que o leitor embarca em uma história sobre relacionamento abusivo, assassinato, abuso físico e culpa.
Dolores dá início a um grande monólogo na sala de interrogatório explicando primeiro porque acha que as pessoas acreditam que ela matou a Vera, depois disso Dolores começa a narrar a única morte que foi responsável.
Dolores é uma mulher sofrida, casou cedo com um rapaz que era muito agressivo (que ela só descobriu após casar). Ele achava que tinha que dar um "corretivo" na esposa para mantê-la na linha, mas um dia ela se cansou disso e revidou a altura. Mas, depois disso, as coisas começaram a piorar aos poucos dentro de casa, só que Dolores não percebe o que seu marido está fazendo até que tem uma conversa com a filha.
Dolores não teve uma vida nada fácil, ela sempre trabalhou desde muito nova e ela está cansada de todas as coisas que tem que carregar em segredo. Durante a leitura, Dolores conta vários detalhes sobre seu casamento e sobre a Vera.
Por não ser um livro que tem divisão de capítulos, foi um pouco difícil me conectar no começo, mas assim que Dolores começou a narrar sua vida matrimonial eu mergulhei de cabeça na história e torci muito para ela se livrar daquele traste.
Com uma história envolvente, interessante e muito cheia de dor, King vem trazendo uma trama de duas mulheres atravessando relacionamentos e problemas com os filhos. Não é uma história com várias reviravoltas nem nada, mas mantém o leitor curioso até o último momento e ainda conseguiu me surpreender após a morte de Vera quando um segredo vem à tona.
- Essa é uma edição de capa dura! O livro está sendo relançado pela Suma e possuí algumas ilustrações no final. A primeira vez que o livro foi publicado no Brasil foi em 1995 sob o título de "Eclipse total".
Tomei uma porrada tão grande lendo este livro que está difícil organizar os pensamentos para saber por onde começar a falar de “Dolores Claiborne“, o novo livro da Biblioteca Stephen King, agora composta por 8 títulos até aqui, todas versões capa dura emborrachada e de um primor que somente a Editora Suma é capaz de oferecer. Esgotado há anos no Brasil e anteriormente com o título de “Eclipse Total“, sempre ouvia falar desse livro, mas vocês conhecem a vida de bookstan: a pilha de livros a serem lidos sempre cresce. E foi assim, enrolando, que estava deixando passar o livro que potencialmente se tornou o meu favorito de um dos meus autores favoritos na vida.
Por muitos anos, “O Cemitério” foi o meu livro favorito de Stephen King – inclusive já o resenhei e vocês podem ler no site – mas este livros, que leva o nome da personagem central, me ganhou de uma forma que somente poderia entender nos dias de hoje, mais velha. Não me entendam errado, não estou falando que jovens mulheres não podem ler este livro, e sim estou falando justamente o contrario: as mulheres precisam ler este livro. É um hino sobre mulheres, sua força e até mesmo como a sororidade se encontra onde menos esperamos, tudo empacotado em um livro diferente, rápido e envolto em um mistério sem nada tão maligno assim, mas com uma pitadinha de sobrenatural porque bem, estamos falando de King. Aliás, falei que não havia nada tão maligno, mas errei porque temos o principal vilão de todos. Sim,o mais cruel e pior vilão de todos. Eles: os humanos.
Todo em primeira pessoa e em formato de monólogo (expecto o livro de recortes no final, com noticias do paradeiro da protagonista, com trechos de reportagens locais), temos as falas de Dolores sendo interrogada da acusação de homicídio da sua empregadora: Vera Donovan. Dolores, já com 65 anos, prestes a fazer 66, avisa que terá de contar mais do que somente os eventos que levaram a morte de Vera: terá de contar sobre sua vida e casamento com Joe St. George, o nascimento dos seus 3 filhos deste casamento, Selena, Joe Jr. e Peter, como se tornou funcionária de Vera, a percepção que tinha dela e da vida abastada da mulher e muito mais. Sim, em alguns momentos, Dolores responde as perguntas feitas pelos Detetives Andy Bissette e Frank Proulx e da estenógrafa Nancy Bannister como recurso de repetir a pergunta como uma dúvida e somente continuar com ela as falas, mas acredito quando afirmo que este livro não tem absolutamente nada de cansativo.
Como pode-se imaginar, vemos tudo na visão de Dolores, que é uma personagem forte e decidida, forjada por uma vida que lhe obrigou a abrir os olhos e tomar as mais ferozes decisões, tudo em nome de seus filhos e de si própria. A trama se passa em 1992, ano de publicação, e claro que a narrativa acontece nesta época temporal, já como ela está sendo interrogada, mas, como Dolores conta sua vida, há diversas outras épocas temporais também relatadas. Me peguei pensando sobre as gerações passadas de mulheres e o que elas enfrentavam em suas famílias, em como o papel de ser mãe mudou por causa de mulheres como Dolores e como o mundo foi tendo sua percepção modificada sobre o que esperar as mulheres. Eu sei, estou falando no geral, mas não tenho como não mencionar as impressões tão profundas deste trama.
E sobre Vera Donovan, você se questiona. Quem é esta mulher que Dolores desprezava, odiava e depois se afeiçoou e terminou aprendendo a amar de um jeito estranhamente completo? Vera era uma socialite do continente que ia a ilha de Little Tall passar os verões com o marido, Michael, com quem tinha 2 filhos, Donald e Helga. Com um gênio terrível, Vera parece ter o dom de afastar toda e qualquer pessoa próxima dela, até mesmo os filhos, que passam a não irem fazer companhia a mãe depois da morte do pai em um acidente.
Começando a trabalhar na casa de veraneio de Vera logo depois do nascimento de sua primeira filha, Delena, e ainda grávida de seu segundo filho, Joe Jr., Dolores se torna a funcionária fixa da mulher, cuidando da grande casa. Ao longo dos anos, muito vai acontecendo, e o eclipse total do sol de 1963 no Estado do Maine é um desses acontecimentos. Claro que sim, claro que a ilha de Little Tall fica no Maine, como sabemos que King sempre faz, ambientando várias de suas tramas do Kingverso no Estado (inclusive, há menções a Derry). E é justamente o eclipse que une a vida de Dolores a de Jessie, a personagem principal de “Jogo Perigoso“, ainda criança e sem menção a seu nome, a única ponta sobrenatural do livro, que não é amplamente explorada nesta trama. Não li (ainda) o outro livro e não sei dizer se nele é mais aprofundado a única parte que foge do natural no livro.
O vilão desta trama? Sem poder explicitar, só falarei no geral: a trama de Dolores não tem absolutamente nada de sobrenatural, mas contém seres humanos tão horrendos e monstruosos que fazem qualquer palhaço vindo do espaço parecer um cachorrinho caído de um caminhão de mudança porque seres humanos assim são reais. Entendo o apelo de King e suas metáforas para o terror, mas quando o autor se propõe a falar e a mostrar a maldade humana mais pura e doentia que há, ele consegue ser mais assustador do que nunca. E é por isso que também alerto para gatilhos neste livro, porque apesar de não haver nenhuma cena explícita, há menções a todos os tipos de violência, tudo contado por Dolores.
Dolores e Vera entraram na minha galeria de grandes personagens femininas que conseguiram deixar sua digital em minha vida como bookstan. Sempre que termino de ler um livro que me impacta tanto, sinto como se parte minha passasse a carregar um segredo que antes não sabia que precisava guardar, mas agora está lá, escondido entre as boas memórias de descobrir aquela trama uma primeira vez. A força das duas personagens me espantou no melhor sentido e embarquei tanto na trama que sequer previ as reviravoltas que há. Quando fechei este livro, só me importava saber como Dolores ficaria – calma, a narrativa entrega, mas não falarei aqui, claro.
E, claro, temos um filme inspirado na trama. Provavelmente influenciado por “Louca Obsessão” (que é inspirado no livro “Misery“), temos Kathy Bates estrelando mais uma adaptação de King, aqui no papel de Dolores, enquanto Judy Parfitt interpreta Vera e Jennifer Jason Leigh interpreta Selena. O filme difere bastante do livro só de ler a sinopse, colocando Selena no centro, enquanto no livro temos Dolores em seu monologo na delegacia, como já falei. O filme está disponível no Prime vídeo.
A edição é linda e ainda temos ilustrações completando a trama, que tem uma nova tradução incrível da também incrível Regiane Winarski. E esta resenha está sendo publicada na semana de um eclipse total – olha as coincidências da vida. Entendo porque este livro tinha o título de “Eclipse Total“, justamente pela trama sombria guiada por um eclipse que trouxe a total escuridão, mas fico feliz que a Editora Suma esteja trazendo de volta o título original por que esta é a história de Dolores, aquela mulher idosa, calejada, forte, boca suja e impaciente, que enfim decidiu compartilhá-la conosco, colocando sua voz nas palavras mais dolorosas e cruéis que poderíamos pensar. E só podemos agradecer.
King, como sempre, não decepciona.
Gostei muito de ler Dolores Claiborne e foi uma experiência diferente, já que nunca tinha lido nenhum livro com um único capítulo.
É uma experiência diferente, mas fez com que me envolvesse mais na história e não consegui largar até terminar.
Um dos melhores livros do King na minha opinião. Fiquei completamente fissurada nessa história. É uma narrativa bem diferente, onde acompanhamos a personagem num interrogatório contando a história da sua vida. No começo é de estranhar porque não existe diálogo e só uma personagem fala o tempo todo, mas aos poucos vamos sendo sugados pra essa história e não dá pra parar. Quem não lê terror pode ler esse a vontade.
King é um autor surpreendente, mais ainda, quando escreve livros curtos. No começo, estranhei que não há capítulos, mas depois você percebe que faz sentido, já que é uma pessoa contando uma história, e bem, quando você um depoimento, é sem pausas, não é mesmo?
A única decepção que tenho é que o resumo promete algo fantástico, e a capa dá essa ideia, mas esse algo simplesmente não existe. Apesar do balde de água fria nesse aspecto, a narrativa e a história em si, me prenderam do começo ao fim.
"Dolores Claiborne" foi uma das melhores leituras que fiz do Stephen King. Ele conseguiu mergulhar profundamente nos recantos sombrios da mente da protagonista enquanto explora temas de segredos, culpa e redenção. Fiquei bem feliz com a republicação deste romance que possui uma narrativa intensa, contada exclusivamente no testemunho de Dolores, uma mulher endurecida pela vida e marcada por tragédias.
King utiliza uma técnica narrativa singular ao apresentar a história inteira como um monólogo confessional de Dolores Claiborne. Este formato imersivo permite ao leitor uma visão direta e inabalável dos eventos da vida de Dolores, sem filtros ou julgamentos externos. A voz forte e intransigente de Dolores é cativante e autêntica, envolvendo o leitor desde as primeiras páginas.
A trama se desenrola em uma pequena ilha na costa do Maine, onde Dolores é suspeita de ter assassinado sua patroa, Vera Donovan, uma mulher rica e dominadora. No entanto, a história de Dolores não se limita a este evento; ela desvenda camadas profundas de sua vida marcada por abuso, sofrimento e segredos sombrios que moldaram sua existência.
King habilmente tece o enredo, alternando entre o presente e o passado de Dolores, revelando aos poucos os detalhes de sua vida turbulenta. À medida que o leitor se aprofunda na narrativa, é impossível não se envolver emocionalmente com a complexidade da personagem principal e com as circunstâncias que a levaram ao seu estado atual.
"Dolores Claiborne" é uma obra-prima do suspense psicológico, onde o verdadeiro horror reside não nos eventos sobrenaturais, mas nas profundezas da psique humana. King mais uma vez demonstra sua habilidade em criar personagens vívidos e realistas, e sua capacidade de explorar os aspectos mais sombrios da condição humana.
Foi um dos livros do King que mais me prendeu, a forma de interrogatório que a personagem conta toda a história é muito boa. E ainda tem uma ligação com outro livro do autor que bem mais pesado. Recomendo muito a leitura!!
Anteriormente publicado como “Eclipse total” e esgotado no Brasil há décadas, Dolores Claiborne é agora parte da Biblioteca King.
Um dos melhores suspenses do autor, Dolores Claiborne narra sua própria vida em um depoimento policial direto e sem pausas ou interferências (não temos acesso às perguntas dos doutores da lei), após a morte da patroa Vera Donovan.
Dolores vai nos envolvendo com a narrativa de abusos domésticos vividos ao lado de Joe St. George, seu marido e pai de seus três filhos. A morte acidental de Joe e as consequências que Dolores carrega na relação com os filhos são temas que se mesclam na relação que mantém com Vera Donovan.
Vera é dona de uma mansão na ilha de Little Tall , no Maine, Seu relacionamento com Dolores supera a relação entre patroa e empregada, apesar do gênio e crueldade característicos de Vera. Uma relação de confidencialidade, de segredos ditos e não ditos, de amizade e de conflitos.
Stephen King consegue mostrar as nuances entre culpa e responsabilidade, amor e ódio, e principalmente, o que é vingança e o que é redenção. Dolores é culpada ou inocente? O eclipse total esconde segredos, e talvez o peso desses segredos fique para sempre.
Novamente Stephen King cria um suspense psicológico incrível, de não deixar seu leitor fiel colocar o livro de lado. Toda a história de Dolores me fisgou desde as primeiras linhas e segui imersa em sua jornada tão intrigante por essas quase 250 páginas.
É uma leitura densa, pesada, cheia de intensidade e que aborda violência e abuso de maneira crua e direta. Não é algo fácil de digerir, mas assim como em Rose Madder, King nos faz superar a angústia e aflição ao nos dar uma personagem forte e batalhadora, a qual acabamos torcendo naturalmente e querendo que ela tenha um final feliz.
Eu amei esse livro! Não sabia nada sobre a história e me surpreendi a cada página. O autor até faz referência a outra de suas obras, ocorrida no mesmo tempo que Dolores viveu e agora também quero conferir essa outra história.
Dolores Claiborne é sobre superar medos, lutar por quem amamos e por nós mesmos. É sobre saber a hora de falar, sobre a hora de calar e sobre a hora de agir.
Eu havia assistido ao filme Eclipse Total, da década de 90, e já conhecia a trama do livro. Mas certamente, a leitura aprofunda muito mais o conhecimento dos personagens, nas nuances das personalidades., um ótimo exemplo da maestria de King. Adorei!
Tem como um livro do Stephen King ser ruim? Não.
Depois de tantos anos, foi incrível reler a história de Dolores Clairbone. Seus pensamentos e motivações e saber mais sobre sua vida!
Eclipse trazendo tudo de volta!
(Eu gostava do nome antigo)
Essa é a história de Dolores Claiborne, sua vida sofrida e duas mortes: uma causada por ela e outra não. E não, isso não é um spoiler.
Contado em forma de depoimento, sem capítulos ou pausas, Dolores conta sua vida e as mortes em que esteve envolvida, suas tristezas, suas pequenas alegrias.
A alegria de ver esse livro ser lançado novamente após anos esgotado é indescritível!