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Ele fez de novo – sim, estou falando dele, o Rei (eu sei, eu sei, essa piadoca de trocadilho com o nome é muito ruim, mas não resisto!) apresenta mais um livro com 12 contos de todos os mais variados tipos e tamanhos: alguns com poucas páginas, outros com muitas páginas, alguns inéditos, alguns já publicados, alguns aterrorizantes com o sobrenatural, outros mostrando que o ser humano sempre será o pior vilão de todos tempos. Ler contos do reconhecido mestre do Terror é um exercício de literatura, já como quase todos os contos são na dose certa para mexer com sua cabeça. Vou já dizer que não encontrei um único erro na edição nacional que tem a qualidade Suma de ser, com destaque para a tradução de Regiane Winarski, que, como sempre, consegue colocar expressões brasileiras em momentos que há espaço para isso, uma verdadeira Sherlock!

É interessante como alguns anos atrás, muitos reclamavam que King não sabia concluir seus livros, que sempre se enrolava com isso (ele mesmo chegou a brincar com isso uma vez) e entregava finais anticlimáticos. Nunca identifiquei isso e sempre adorei a escrita de King mesmo não sendo a fã que sou atualmente, mas em seus contos, nunca ninguém poderá falar isso porque quase todos contos são exatamente como deveriam ser, e os que não são, são justamente o que deveriam ter mais páginas ainda. Em “Mais Sombrio“, o Rei do terror entrega a sensação de superar (ou não) misturada com luzes (e trevas) presente em todos seres (até os alienígenas) e brinca em diversas ocasiões com a percepção do real e do que o medo é capaz de provocar – basta olhar a capa deste livro, que é a original norte americana. Olhou? Olhe bem! Olhe mais de perto. Vê aquela ilha? Mas você tem certeza de que é uma ilha? Ou será o formato de um…

O livro abre com o conto “Dois fio da mãe talentosos“, que conta a história de Laird Carmody e como ele, do interior do Maine, publicou livros que entraram para as listas de mais vendidos. O título deixa claro que são dois personagens, e o segundo fio da mãe talentoso era o melhor amigo de Laird, Dave “Butch” LaVerdiere, que se tornou famoso e rico com seus desenhos e pinturas. Mas ainda há Mark, filho de Laird, que narra o conto depois da morte do pai e todos desdobramentos do que aconteceu em um verão de 1978 e o que aconteceu ali que mudou a vida do seu pai e do seu tio. Confesso que o que aconteceu foi algo que a princípio não imaginei (o que imaginei, o próprio King brinca no livro, dando uma hipótese que Mark imagina que seria algo que poderia ter acontecido com o pai em noites insones) e que termina de uma forma tão simples e tão apoteótica que fiquei surpresa. É um dos maiores contos em numeros de pagina e em grandiosidade do livro e definitivamente um para se começar muito bem. “O Quinto Passo” é um conto curto de um homem que está lendo um jornal no Central Park quando um estranho se senta ao seu lado e pede ajuda com seu segundo passo do AA. Em recuperação, o estranho precisa completar aquele passo – e mostrar pro leitor que nem sempre devemos ajudar as pessoas.

“Willie Esquisitão” é o conto mais mitológico de todos, deixando ao leitor as hipóteses do que acontece com o garoto que é tão apegado a seu avô postiço que está prestes a morrer. O quarto conto, “O sonho ruim de Danny Coughlin” foi o ponto alto do livro pra mim: um homem comum que um dia sonha onde um corpo está enterrado em um posto de gasolina abandonado e faz a coisa certa, que é falar pra polícia. A mistura de incredulidade e encanto que vive dentro de todos nós com tudo que envolve videntes e esse tipo de fenômeno guiam as ações e decisões dos Detetives e todos ao redor do pobre Danny, personagem falho e carismático em altos níveis, como só um autor hábil como King é capaz de nos entregar. Já o quinto conto, “Finn“, sobre um rapaz azarento que é confundindo com algum criminoso e sequestrado em seu lugar, traz um tom lúdico com seu infeliz protagonista.

“Na estrada da Pousada Slide” traz uma família composta pelo pai, mãe, um casal de filhos crianças e um avô já idoso indo visitar a irmã do avô que está prestes a morrer e se perdendo na estrada do título. É o tipo de conto que lembra a todos que sim, os humanos são os piores seres vivos – e os mais decepcionantes também. Já “Tela Vermelha” me pegou desprevinida com a lembrança a “Invasores de Corpos“, também conhecido como o irmão mais velho maligno de “A Hospedeira” – pelo menos pra mim – e me deixou com muita vontade de saber mais sobre aquele universo com um investigador Wilson entrevistando um homem que simplesmente mata a esposa e depois alega não ser ela. Pelo menos dentro do corpo.

Já “O Especialista em turbulência” não é um conto inédito, já tendo sido público em “Terror a Bordo“, livro que King e Bev Vicent editaram, e se é pra confessar algo, é que este conto não foi meu favorito lá – e nem aqui também. Então chega “Laurie“, o conto sobre como uma cachorrinha salvou a vida de um senhor viúvo é um conto que também já havia sido publicado, mostrando ao leitor como um animal pode salvar a vida de seu tutor de diversas formas.

E eis que chegamos na estrela desta seleção: “Cascavéis” é o conto (grande, por sinal) que continua a história do livro “Cujo“. Para os não familiarizados com a obra de King, “Cujo” é um livro sobre uma mãe e seu filho de 5 anos que ficam presos no carro da família na porta de uma fazenda onde havia uma oficina mecânica com um São Bernardo com raiva os atacando. É um livro claustrofóbico, nervoso e repleto de terror, o mais puro terror para uma mãe tentando salvar a vida do seu filho. O livro ganhou uma versão cinematográfica que não faz jus a seu material de origem (jura?), que também amenizou toda trama. Voltando a “Cascavéis“, o personagem principal é Victor “Vic” Treton, o pai de Tad e marido de Donna, os personagens principais da história antiga, publicada em 1981 e com filme de 1984. E aqui também temos o Kingverso funcionando com bastante vigor.

Quando a narrativa começa, nos encontramos nos tempos atuais, com um Vic cansado de uma vida repleta de saudade e outros sofrimentos que não contarei porque são spoilers. Passados 40 anos da trama de “Cujo“, já em 2020, primeiro ano da pandemia, Vic vai para a ilha de Rattlesnake Key, ficar na casa de seu amigo Greg Ackerman. O lugar parece ser paradisíaco, mas há uma peculiaridade por lá: uma mulher chamada Allie Bell empurra um carrinho para bebês gêmeos pela estrada da ilha, que também leva o mesmo nome. Só que a mulher leva os carrinho vazios, já como seus filhos gêmeos morreram há anos, basicamente na mesma época que os eventos de “Cujo“. Agora se você se perguntar como essas crianças morreram, aí sim, você terá grande parte da trama, que é, sem sombras de dúvidas, assustadora, sombria e muito, muito com assinatura do King, em todos sentidos. Espere saber mais sobre o que aconteceu depois do São Bernardo atacar aquele carro e sentir como se tivesse acontecido com velhos conhecidos, exatamente o efeito que sabemos que o autor queria nos causar. E ah, só mais um ponto: a ilha de Duma Key também é brilhantemente citada aqui (outro livro de King).

“Os Sonhadores” traz um conto rápido sobre o poder dos sonhos – literalmente. E, encerrando, temos um belo exemplo do quão criativa a imaginação de King consegue ser em “O Homem das Respostas“, universo que realmente espero que ele revisite eventualmente porque queremos mais – mas bem, quando não queremos mais do senhor Stephen King, não é mesmo?

Como só mencionei acima, mas falando melhor, o Kingverso aparece em vários contos com menções ao condado de Castle, com direito a Derry, personagens de um conto aparecendo em outro e mais diversas pistas que sabemos que acontecem nos livros. Para encerrar, digo uma frase que King fala nos agradecimentos: Você prefere tudo mais sombrio? Tudo bem. Eu também, e isto me torna o seu irmão de alma.” – está tudo bem gostar de coisas tidas como macabras, ciente que tudo pode ser mais sombrio, do jeitinho que King gosta. Está tudo bem em ter interesse no terror. Você pode sentir o que quiser e, se gostar muito, como eu, pode até se tornar irmão de alma de um dos maiores escritores da atualidade. Bem sombrio, não é?

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Precisei de um tempo após o término da leitura pra pensar no que falar sobre esse livro. Eu amo o King e eu amo os contos que ele escreve. Como em qualquer coletânea essa tem contos muito bons e outros nem tanto, mas ela tem contos maravilhosos (o último acabou comigo).
Mas eu precisei de um tempo porque esse livro deixou um gosto estranho de despedida. A maioria das histórias tinha como personagem principal um homem idoso, pouca coisa mais velhos que o autor. E isso deu um tom às histórias que eu não lembro de ter visto antes (talvez em Fairy tale?).
E essa sensação ficou maior no posfácio onde ele agradece pessoas que não ajudaram ele nessas histórias mas em livros anteriores. Eu até aceito que essa possa ser a última coletânea dele, afinal elas saem com menos frequência e levam tempo até ser publicadas, mas eu espero que a gente ainda tenha o prazer de ler muitos outros livros dele.

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Mais Sombrio, nova coletânea de contos de Stephen King, vem para mostrar o que o rei faz de melhor, bem como toda a versatilidade de temas em apenas um livro.
Os leitores antigos vão se identificar com a presença do Kingverso, com as alusões a diferentes livros e/ou personagens. Já os novos leitores serão brindados com uma variedade de temas que vão do sobrenatural que nos trazem lágrimas aos olhos aos contos de horror mais assustadores que não nos deixam dormir à noite.
O que todos os contos tem em comum é a narrativa fluída e envolvente, muitas vezes versando sobre a natureza do ser humano e do luto. Um dos destaques da coletânea é o conto Cascavéis, que mostra a sequência do livro Cujo. Nele, Vic Trenton é um homem já idoso ainda lidando com seu luto (não recomendado para quem ainda não leu Cujo por conter spoilers do livro). Uma história assustadora e perturbadoramente delicada, como somente King é capaz de construir.
Outro grande (e longo, na verdade uma novela) conto é O Sonho ruim de Danny Coughlin, que já envereda para o romance policial, mas ainda ligado ao sobrenatural. Danny é um cara gente boa que sonha com um assassinato, e vê sua vida mudar totalmente após isso. Envolvente demais.
E temos também contos curtos, aliens e forças estranhas, e “O homem das Respostas” conto que tinha sido arquivado por King no passado e concluído recentemente, para a grande sorte dos leitores. Com certeza um dos melhores da coletânea.
Quando se trata de King, só é possível mesmo escolher alguns contos favoritos, porque todos eles nos tocam e nos fazem refletir de uma forma ou outra.

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King é, definitivamente, um mestre da escrita! Aqui ele mostra seu melhor em contos, e cada um deles suscita uma reflexão sobre diferentes temas (luto, sobrenatural, destino, etc.), e eu sempre me surpreendo como, com destreza, ele aterroriza os seus leitores mostrando como o ser humano é sempre o pior vilão. Seus contos são excelentes, entregam o que se espera de um autor com seu reconhecimento, Recomendo, para degustar e apreciar o melhor de King.

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Juro que eu tento, mas é impossível não amar as obras do mestre.
Sou apaixonada pela escrita dele e nesses 12 contos não foi diferente.
Os contos falam de temas atuais como a pandemia, a COVID .

Como sempre um conto se destaca mais que o outro e meus favoritos foram "O sonho ruim de Dani Coughlin" e " Cascavéis" que é a sequência de "Cujo". Então se você não leu cujo, cuida para não tomar spoiler.

Apenas leiam. Daria pra fazer um post falando de cada conto de tão maravilhosos que são.

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Nessa coletânea de contos, vamos mergulhar em 12 histórias interessantes e dos mais variados tamanhos. Alguns contos são curtinhos, mas são envolventes e chegam a deixar o leitor de boca aberta, outros contos são um pouco mais longos e bem trabalhados, e tem aqueles contos que não importa o tamanho, você sempre quer ler mais sobre eles.

"Cascavéis" foi um dos meus contos preferidos, nele acompanhamos o pai de Tad, ele já está um homem idoso e está atualmente de luto. Então está passando uma temporada na casa de um amigo, é nesse local que ele conhece uma vizinha e as coisas ficam estranhas a ponto de acontecimentos sobrenaturais rondarem o homem. Foi um dos meus contos preferidos, ele se passa depois dos acontecimentos do livro Cujo.

Em "O sonho de Danny Coughlin" o leitor acompanha a vida de um cara muito gente boa, ele sonha com um corpo em um determinado local, então decide ir lá provar que tudo não passa de um sonho, mas ele acaba descobrindo um corpo no local.

Em "O quinto passo" vemos um personagem que está abordando um estranho em um parque, ele está passando pelos passos do AA, e nesse quinto passo ele precisa confessar algo a um estranho. A conversa parece inocente no começo, mas acaba se tornando mais sombria com o passar das páginas. É um conto curtinho e com um final chocante!

Uma menção especial para "Laurie", que um conto sobre superação e novos amores! No último conto encontramos "O homem das respostas", é um conto que não é apenas envolvente, é triste, toca o leitor e talvez alguns acabem ficando emotivos. No geral todos os contos têm uma pegada interessante, talvez você goste mais de alguns do que de outros, mas vendo o quadro geral da leitura esse livro é emocionante!

Os leitores mais antigos vão se sentir abraçados lendo esse livro do autor, vão poder rever alguns personagens e enfrentar o sobrenatural no processo, fora outras coisas, enquanto os novos leitores vão poder conhecer um pouco sobre o autor e além de enfrentar o sobrenatural, vão embarcar em histórias sombrias, histórias reflexivas e emocionantes.

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Além da continuação de "Cujo", "Mais Sombrio" apresenta outros 11 contos, sendo 5 deles inéditos. Alguns são bem curtos, enquanto outros têm mais de 100 páginas. Os contos equilibram o terror sobrenatural e temas humanos, com o luto sendo o mais presente entre eles. Todos os contos são envolventes de alguma forma, tornando a leitura fácil

O Kingverso está inserido em vários momentos do livro, seja com menções diretas como Duma Key e Cujo ou em detalhes aqui e ali. (Eu sei que você também fica procurando referências aos outros livros!!!)

Foi uma leitura prazerosa e fluída. Durante o mês de maio, tive muita dificuldade em continuar qualquer livro que comecei, e Mais Sombrio fez minha vontade de ler voltar de forma intensa. Terminei ainda com uma pequena lista de obras citadas por Stephen King que tentarei ler o mais rápido possível.

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