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Para aqueles que conhecem Stephen King apenas como o mestre do terror, não podem deixar de conferir a Trilogia Bill Hodges e ver como o autor também se sai bem com thriller psicológico. Mr. Mercedes foi um excelente começo para uma série que promete ser maravilhosa.
Mr. Mercedes. Assassino do Mercedes. Foi como a polícia passou a chamar o criminoso que roubou um carro de luxo de uma velha senhora rica e usou o mesmo para atropelar uma centena de pessoas que haviam passado a madrugada numa fila para conseguir um emprego. O resultado deste ato de insanidade foi assassinato em massa e até mesmo o suicídio da tal dona do carro, um Mercedes, é claro.
O detetive responsável pela investigação - Bill Hodges – se aposentou sem prender o bandido e algum tempo depois, justo naquele momento que estava considerando ele mesmo cometer suicídio, recebeu uma carta do Mr. Mercedes o desafiando a pegá-lo. Foi como colocar Duracel no coelhinho e logo Hodges estava com toda a energia e disposição para esta empreitada.
Você sabe desde o começo quem é o assassino e King vai desenvolvendo sua história mantendo o foco da narrativa nele e em Hodges, sem a preocupação de esconder sua identidade e modo de vida. Vamos saber tudo sobre os dois personagens e a vida que levaram até o momento atual. A questão aqui não é descobrir o culpado e sim capturá-lo.
Claro que o leitor está em vantagem em relação a Hodges, pois o detetive não tem esta visão que nós temos e por isso vai ter que juntar pistas e montar armadilhas. O melhor estilo de caçada gato e rato. E ele não decepciona com seu instinto, mesmo que nos deixe a ponto de ter um infarto nos momentos finais com sua teimosia em não chamar a polícia e querer fazer tudo sozinho.
Sozinho, sozinho, não. Hodges conta com a ajuda de seu vizinho Jerome, um garoto que está prestes a entrar na universidade e dono de uma maturidade e inteligência de fazer inveja para muitos adolescentes. E também Holly, a prima da falecida dona do Mercedes, que é uma pessoa sagaz ao extremo, mas com sérios problemas de ansiedade e afins.
Não vou dizer que é uma leitura rápida, é preciso ler com calma e absorver, mas garanto que é prazerosa demais. Se você não é fã do King, com certeza vai virar. É até uma boa oportunidade para quem quer ler algo dele, mas tem medo de historias de terror.
A trama é tensa, isso não nego. O mergulho na mente de um psicopata como o que temos aqui causa arrepios e precisa ter estômago para digerir suas atrocidades. Só que entrar na mente do detetive equilibra a balança e nos faz manter a sanidade intacta. A construção e desenvolvimento dos personagens é ótima. O lado psicológico bem explorado e digno de aplauso. Fascinante! Por conta disso a história tem personalidade, um clima marcante e segue para um desfecho que é precedido por uma contagem regressiva angustiante. Um BOOM!
Caramba! Caramba! CARAMBA! Vai dar tudo errado! Foi assim que fiquei nas últimas cem páginas, que diferente do restante do livro que foi num ritmo mais lento, aqui foi uma corrida contra o tempo. O coração acelerou.
Bill Hodges e seus improváveis parceiros são a sétima maravilha do mundo para investigar um crime. Divertidos, esquisitos, corajosos e inteligentes. Você os adora prontamente e termina a leitura viciada neste trio. King como sempre genial!