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This book struck me, slowly, like a silent wave. Although grief is the main thread of the plot, what really marked me was the parallel story between Ivan and Margareth, which talks about ageism in love.

Quando anunciaram o mais novo livro da Sally Rooney todo o mundinho fãs vieram à loucura. Eu, inclusive. “Intermezzo” se diferencia dos seus outros livros porque agora o foco são homens, dois irmãos que estão vivendo (ou seria sobrevivendo?) ao luto após a perda do pai. Como ela, que somente escrevera até então sobre mulheres, faz uma mudança tão repentina desse jeito? Corajosa, no mínimo. Pois é uma mudança que pode não agradar um nicho que vem se formando nas redes literárias: “o das mulheres loucas” que decidiram pegar a coitada e colocá-la nessa denominação ao vender e publicizar seu livro em conteúdos genéricos.
Intermezzo chegou a mim próximo ao final do ano. Ao começar a leitura confesso que fiquei um pouco desanimada com essa guinada tão brusca, porque à la Luana Piovanni “eu não quero entender homem, eu quero que os homens se f*dam, eles que façam terapia para me entender”. Comecei a leitura, lia sempre antes de dormir, então era comum eu acabar adormecendo no meio de frases, cenas e capítulos. E, no início, os dois irmãos, Peter e Ivan, não ajudavam com seus ódios e rancores adormecidos e reprimidos. O início é lento, precisa avançar para engatar na leitura, o que já considero comum aos livros da Rooney. É preciso dar um salto de fé e ela nunca me decepciona.
Quando chega na metade você não consegue mais largar: os relacionamentos, rancores, não-ditos, amores, complicações, memórias, diferenças de classe social e o processo do luto. A narrativa está completa e te fisga ao retratar o mais cru da vida humana. Sally Rooney não escreve floreando com palavras bonitas, ela mostra de maneira mais crua possível a condição da vida de ser efêmera, limitada, diminuta, absurda, incoerente, injusta, singular e rara. Sendo aqui que reside a beleza dela: não tem sentido e se estamos aqui é para amar os seus.
Em um mundo dilacerado pelo capitalismo, consumo desenfreado e o massacre cotidiano dos nossos sonhos, o que permite escapar dessa lógica é o amor. Sally já tinha abordado isso em Belo mundo, onde você está e dá a determinação final em Intermezzo.
Ao final da leitura, está decretado: mais um da Sally Rooney que gostei bastante e, infelizmente (ou felizmente?), me identifiquei. Tanto que cheguei a atrasar uma ida à praia em um dia ensolarado para finalizar o livro (desculpa, amigos!). E, claro, esta situação se completa com o momento da leitura, pois a leitura só é completa quando compartilhada. Ao relatar todos esses pensamentos para uma amiga também fã de carteirinha da irlandesa ela falou: “até gosto que ela esteja largando o nicho de mulheres loucas porque mostra que ela está amadurecendo”. Foi neste exato momento que eu percebi que Intermezzo se tornou maior do que já era para mim. Como também vai envelhecer como um bom vinho.
Porque Intermezzo atesta que Sally Rooney é uma escritora consciente às mazelas do nosso contemporâneo com coragem o suficiente para esmiuçá-las. Mazelas essas que são tão mesquinhas, corriqueiras e fatais que é preciso de um olhar atento para percebê-las. Demonstra a competência da irlandesa de se figurar entre os escritores renomados do nosso tempo, fugindo do nicho de “mulheres loucas” que tentam a todo custo limitá-la. Não é diminuir uma literatura feminina que aborda assuntos femininos, pois Elena Ferrante já abordou isso em As margens e o ditado, pois mulheres escritoras precisam provar sua capacidade literária mais do que qualquer escritor homem meia-boca se não vai ser considerada “literatura de mulherzinha” ou “literatura menor”. Mas porque eu tenho toda a certeza do mundo que a própria Sally Rooney ODIARIA ser limitada e enquadrada em um nicho de “mulheres loucas” porque a sua literatura é mais além disso. A sua escrita é a de um mundo fragmentado, decadente, globalizado e contemporâneo em que existimos. O mundo pós-queda do Muro de Berlim e da invenção do plástico industrial que perdeu toda a sua beleza, sendo apenas uma representação mal performada do que um dia ele já fôra.

Primeiro livro que leio da autora, Intermezzo me tirou da minha zona de conforto pelo gênero e estilo.
O drama familiar gira em torno de dois irmãos, Ivan (22 anos, jogador de xadrez e freelancer) e Peter (32 anos e advogado). Os dois irmãos enfrentam o luto pela morte recente do pai, e não tem um relacionamento sadio entre si. Ao longo do romance, vamos entendendo cada vez mais cada personagem, e acabamos os conhecendo inteiramente. A autora nos mostra o lado bom e (principalmente) o lado ruim de cada um; ou a forma autodepreciativa que cada um tem de si próprio.
Sally Rooney traz também um estilo de narrativa que parece caótico a princípio, com fluxos de consciência e diálogos não pontuados. A narração contribui assim para que possamos conhecer os personagens de forma completa e irrestrita, com acesso aos pensamentos mais íntimos.
Os temas abordados diferem bastante. Além do luto, temos os relacionamentos entre idades diferentes e também depressão. Mas, o mais importante nessa obra , a falta de diálogo e compreensão entre pessoas que costumavam ser tão unidas. E tais temas são narrados de forma intensa e reflexiva.

Duas coisas que eu sempre ouvia sobre Sally Rooney: ela gosta de drama e sua escrita é caótica, e por isso tinha certo receio de ler uma obra dela.
♟️Em relação à escrita "caótica" de Sally, não me incomodou. De início causou estranheza, pois não há sinalizações quanto aos diálogos e pensamentos. Mas uma vez familiarizada, funcionou comigo e acabei gostando dessa característica. Em muitas cenas, quanto mais confuso ou angustiado determinado personagem está, mas caóticos e desordeiros são seus pensamentos. E eu achei isso tão interessante.
Agora vamos ao drama. Ah, querido leitor, e como há drama aqui! E se você gosta de drama familiar, esse livro é perfeito para você.
♟️Na trama, iremos acompanhar dois irmãos, Peter e Ivan. Os dois já foram bastante próximos, mas conforme o tempo foi passando, eles acabaram se afastando. Peter é um advogado de sucesso, tem seus 30 e poucos anos, enquanto Ivan, na casa dos 20, ainda não tem uma profissão bem definida. A única constante em sua vida é o xadrez.
♟️A autora traz à tona mágoas que estavam guardadas há anos entre os irmãos. Os dois mantinham tantos ressentimentos um sobre o outro, e a cada interação vemos a tensão entre eles aumentando e mais mágoas surgindo. Parece uma bola de neve, uma mágoa levou a outra, que abriu outra ferida.
♟️Outra verdade crua que Sally nos mostra em sua narrativa: muitas vezes ferimos as pessoas as quais amamos. Isso faz parte do ser humano. E no caso de Peter e Ivan, todo o ressentimento que eles guardavam um do outro fez com que um abismo se criasse entre eles. Fazendo com que cada vez mais eles se afastassem um do outro.
Além do drama entre os irmãos, também vamos encontrar o drama pessoal de cada um.
♟️O livro não tem grandes reviravoltas, não se trata disso. Intermezzo fala sobre sentimentos e relacionamentos. A autora consegue dar uma magnitude a acontecimentos corriqueiros.
♟A sensação é de que Sally utiliza um microscópio e vai se aproximando cada vez mais, até não sobrar nada do superficial de um personagem, ela o desnuda por inteiro.
Foi uma leitura que me surpreendeu muito e fiquei super curiosa para ler outras obras da autora.

Foi um leitura fora da curva para mim. Me trouxe reflexões e me abriu portas para novos livros. Sai da zona de conforto com o livro e pretendo ler mais e mais livros da autora.

Em Intermezzo, acompanhamos a vida de dois irmãos: o jogador de xadrez Ivan, de 22 anos, e o advogado Peter, de 32 anos. Eles têm pouco em comum, com exceção de uma coisa: ambos estão sofrendo a perda recente do pai, que faleceu de câncer.
No entanto, a morte do pai não é a única dificuldade que eles estão enfrentando. Peter está lidando com depressão há muito tempo e parece estar à beira de um colapso. Ivan, por outro lado, está se sentindo perdido: ele é um fracasso no xadrez, seu trabalho como programador freelancer mal paga as contas e, além de tudo, ele não tem família com quem contar, já que não se dá bem com o irmão mais velho.
Os dois irmãos já têm problemas suficientes, porém outros irão surgir no âmbito romântico: Ivan acabou de conhecer Margaret, uma mulher 15 anos mais velha, e com o passar do tempo eles começam a se envolver. Mas esse amor será suficiente para enfrentar todo o julgamento que a sociedade lançará sobre eles? A diferença de idade, o fato de Margaret ser uma mulher divorciada e com um ex-marido problemático que não a esqueceu, além da cidadezinha do interior onde ela mora - um lugar onde todo mundo está sempre cuidando da vida dos outros. Peter, no entanto, está numa situação ainda mais complexa: ele está mantendo um envolvimento amoroso com duas mulheres: sua ex-noiva, Sylvia, e sua atual ficante/namorada, Naomi.
O que eu mais gosto nos personagens da Sally Rooney é que eles sempre parecem pessoas reais. Ela é capaz de tirar o pior deles - seus medos, seu próprio julgamento, sua vergonha e o que eles estão escondendo, não apenas dos outros, mas de si mesmos.
Os capítulos de Peter são uma montanha-russa. É completamente bizarro assistir sua linha de raciocínio. Só conseguimos enxergar Naomi através das lentes de Peter: o medo do julgamento, o que sua família e colegas pensariam dele namorando uma mulher 10 anos mais nova, o que a própria Naomi pensa dele, tudo isso enquanto ELE julga a si mesmo por se sentir atraído por ela. Além disso, Peter está tão investido em se autossabotar, tão comprometido em provar a si mesmo que seu relacionamento com Naomi está condenado ao fracasso, que ele vê sinais em todos os lugares: se o telefone dela toca, é um sinal de que ela está trocando mensagens com outro homem, se ela pede dinheiro, é um sinal de que ela está com ele apenas para tirar vantagem, e assim por diante.
Em relação ao Ivan: confesso que eu não fiquei muito investida no relacionamento de Ivan com Margaret. Eles eram fofos juntos, mas isso é tudo. Margaret tinha conflitos internos interessantes, mas como ela demora para revelar seu passado para Ivan, a maioria dos capítulos deles acaba sendo morna. Dito isso, Ivan como personagem não me cativou tanto quanto Peter. Na verdade, eles são bem o oposto: Peter se julga tanto quanto julga os outros, enquanto Ivan não faz qualquer tipo de autorreflexão. Vemos Peter se culpando por todo tipo de coisa, até mesmo coisas pelas quais ele não deveria se culpar, enquanto Ivan fazia coisas erradas no passado, ou lidava mal com situações nas quais ele poderia ter lidado melhor, e fingia que não tinha feito nada de errado ou simplesmente tentava minimizar seus erros, passando uma borracha por cima, e isso me irritou bastante.
Dito isso, Intermezzo é um livro marcante que trata de assuntos difíceis e desconfortáveis, muitos dos quais ainda são tabu na nossa sociedade, como relacionamentos amorosos entre pessoas com diferenças de idade, monogamia, relacionamentos abertos, depressão e a própria dificuldade dos homens em expressar seus sentimentos. Mais uma vez Sally Rooney se prova uma autora inteligente, ligada nas questões atuais do nosso mundo e sem medo de colocar o dedo na ferida trazendo assuntos que dividem opiniões.

A escrita da autora e a forma como ela conduz a leitura é bem diferente do que estou acostumada, achei estranho e não sei dizer o quanto eu gostei, acho que um 3!

A @letrasciadas me enviou o novo livro da Sally Rooney antes do lançamento e eu só consegui terminar essa madrugada😉
Eu gosto da escrita dela, me tira da zona de conforto e me faz prestar atenção em tantas formas de expressão que estão aparecendo ou se repetindo. No caso desse livro, senti muito o texto misturado com o fluxo de consciência ( pós Virgínia Woolf).
Sally não escreve sobre acontecimentos, ela escreve sobre sentimentos e a falta de comunicação entre as personagens que ela sempre pontua em seus livros , tão comum nos dias de hoje, apesar de todos os aparatos e a globalização.
O livro fala sobre 2 irmãos, Ivan e Peter com diferença de 10 anos entre eles e no momento estão na faixa de 20 e 30 anos, com muito atrito e no velório do pai.
O mais jovem é xadrezista e o título do livro tem a ver sobre esse termo usado no xadrez, na música.
Não veremos o jogo em si, mas como as personagens são colocadas como peças de xadrez.
O mais velho é advogado.
Logo vão entrando as personagens femininas, a mãe, as namoradas e uma ex que virou muito amiga….
Gostei muito da capa e mais ainda de ter o nome da tradutora na capa, afinal eles são co autores traduzindo as escritas dos autores, que todos sejam assim reverenciados 👏👏👏
Eu sempre recomendo a leitura e principalmente deste, vem me contar o que achou.