
Member Reviews

uma excelente obra de autoficção, que se coloca no mesmo nível de autores de autoficção internacional.

Muito bom! O filme e o livro se complementam e achei uma experiência maravilhosa.
Marcelo Tubens Paiva escreve super bem e é super fluido.

Ainda Estou Aqui me despertou um misto de sentimentos. Revolta, por saber que aquilo pelo qual a família Paiva passou, durante a ditadura, outras tantas famílias também passaram. Tantas atrocidades foram cometidas. Tantas vi0lações de direitos humanos. É revoltante e triste.
Eunice, que era uma mulher brilhante, formada em Letras e Direito, que esteve presente no nascimento da nossa atual Constituição e que era engajada em relação ao reconhecimento dos direitos indígenas, no final de sua vida, já não era a mesma Eunice. Pois sua mente perdia uma batalha para o Alzheimer. Esse assunto em específico, me deixou bastante reflexiva e emotiva. Marcelo me levou a refletir sobre o quão efêmera a vida é.
É uma leitura que deveria ser obrigatória. Importantíssima não só para nós, brasileiros, mas enquanto seres humanos. Uma época da nossa história da qual todos deveríamos nos envergonhar, mas que também deve servir de lembrete e como exemplo daquilo que não devemos nos tornar novamente.

Em "Ainda estou aqui", livro cuja adaptação cinematográfica foi recentemente indicada a três Oscar, Marcelo Rubens Paiva traça uma narrativa trágica que cobre um dos períodos mais vergonhosos da história brasileira.
Eunice Paiva, mãe de Marcelo e de mais quatro filhas, era também esposa de Rubens Paiva, torturado, morto e desaparecido durante o regime militar. O autor narra os fatos em círculos não lineares (fato que acaba envolvendo ainda mais o leitor). A narrativa se inicia com Eunice lutando sua última batalha- desta vez contra o Alzheimer- e com o filho registrando as memórias antes que se percam.
Rubens Paiva foi levado de sua casa no Rio de Janeiro, em janeiro de 1971, e nunca mais foi visto, somente informações errôneas e desencontradas foram conseguidas. Eunice chegou a ser detida por 12 dias, levada com a filha de 15 anos, que ficou um dia detida.
Marcelo, na época com 11 anos, mostra toda a luta da mãe, que criou sozinha os cinco filhos e em nenhum momento desistiu de procurar pelo marido. Fez curso de direito e advogou por anos, em causas diversas, somente parada pela intensidade do Alzheimer. A obra mostra a luta e o luto, que nunca pode ser totalmente elaborado e reconhecido. A certidão de óbito de Rubens Paiva foi somente emitida em 1996, vinte e cinco anos após sua morte.
O luto da família Paiva mostra toda as atrocidades da ditadura, toda a agonia das famílias dos desaparecidos políticos. Um livro intenso e triste, porém de leitura necessária.