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O livro da Aline Bei é maravilhoso! Super poético, magnifico. Adorei esse livro. Não tinha lido nada dela e me encantei com a escrita dela.
Mais uma vez Aline nos apresenta a uma protagonista feminina cujas emoções, reflexões e cicatrizes nos guiam por sua história. Aqui acompanhamos Júlia, que cresceu em um lar desestruturado e hostil, presenciando as brigas constantes de seus pais. Quando eles enfim resolvem se separar, a jovem se vê numa situação de solidão ainda maior do que a anterior: sua mãe vive em amargura pela separação e destrata a filha, inclusive com agressões físicas e verbais; seu pai encontrou tanto alívio fora do casamento que não faz questão de ser mais presente na vida de Júlia. Em meio a essa sensação de não-pertencimento, vemos os anos passarem e Júlia tentando encontrar seu lugar no mundo – e o modo como ela percorre esse caminho é por meio da escrita.
Assim como ocorre em O Peso do Pássaro Morto, Pequena Coreografia do Adeus tem uma prosa lírica e cheia de sensibilidade. A obra causa uma sensação de impotência porque percebemos quão disfuncional é a relação da família de Júlia e o quanto isso molda a sua estrutura psicológica e emocional. A jovem sente emoções conflitantes, porque ao mesmo tempo que deseja estar perto dos pais e ser aceita por eles, ela obviamente se ressente dos anos de brigas, abandono e abusos emocionais. Júlia tem medo de deixar a mãe para trás, mas seus ombros chegam a descer de alívio quando ela não está presente; ela sente saudades da companhia do pai, mas sente mágoa por saber que ele prefere seguir a vida sozinho, com suas diversas namoradas.
Quando levamos em consideração que acompanhamos os pensamentos de Júlia ainda criança e, posteriormente, quando adulta, percebemos quão profundas podem ser as marcas da infância. Esses primeiros anos muitas vezes são cruciais em moldar a nossa base e, por mais que a gente seja plenamente capaz de traçar nossos próprios caminhos, é impossível simplesmente ignorar algumas dores. Por meio da escrita, que desde pequena fez parte da vida de Júlia, a protagonista encontra um refúgio no qual ela consegue buscar não apenas sua própria identidade, mas também sua cura.
Apesar da ótima escrita de Aline Bei e da sensibilidade da história, confesso pra vocês que Pequena Coreografia do Adeus não causou um impacto tão forte em mim quanto O Peso do Pássaro Morto, por isso sigo tendo o livro de estreia da autora como meu favorito dela até o momento. Entretanto, ainda que não tenha entrado pro hall das melhores leituras, é um livro que sem dúvidas recomendo. O estilo narrativo da autora é criativo e delicado e, por si só, merece ser conferido. Mas, para além disso, a autora aborda temas muito relevantes e que não são facilmente encontrados por aí, como a toxicidade familiar e as dores e cicatrizes causadas por aqueles que deveriam ser os primeiros a nos amar e nos proteger. Vale (muito) a leitura!
Eu comecei a ler Pequena Coreografia do adeus em ebook cedido pela Companhia das Letras através do NetGalley. Mas logo nas primeiras linhas, eu senti que tinha que parar, porque logo senti que precisava do livro físico para ler a história da Júlia,
Pequena coreografia do adeus é o primeiro livro da Aline Bei que li. E não consigo acreditar porque demorei tanto para conhecer a escrita da autora, já que tenho O peso do pássaro morto aqui na estante. Eu realmente estou encantada com o lirismo que a autora consegue dar em uma prosa.
O livro basicamente vai falar sobre relacionamento entre pais e filhos, com uma ênfase maior entre mãe e filha. Aborda a violência doméstica, separação e abuso psicológico.
O livro foi escrito a partir do ponto de vista da Júlia. Aqui temos o que ela pensa, sente, sofre e todas as suas impressões do que está vivendo e também do mundo. Esse envolvimento com o leitor é rápido
Há uma sensação de tristeza, dor e melancolia ao longo da leitura. Sinto muita pena da Júlia. A vontade que dá ao ler o livro e pegar essa menina e colocá-la em um potinho e protegê-la de tanto sofrimento. Dar muito amor e carinho porque o leitor sabe que é a única coisa que essa menina precisa.
A busca para encontrar algo que traga pelo menos uma alegria para essa menina acaba sendo motivo de mais desgosto e insatisfação. Júlia encontra na dança a possibilidade de refúgio para tudo aquilo que sente (ou talvez não sente). Então começa a fazer aulas no balé. Mas o que talvez fosse a solução se tornou um grande sofrimento e a certeza de aquilo não era para ela.
Por conta de sua estrutura o livro acaba sendo de leitura rápida. Mas é preciso dar algumas pausas porque tem partes que são muito difíceis de prosseguir. A autora faz muito uso de recursos gráficos para escrever a história e colocar o leitor nas sensações dos personagens. A gente vai se envolvendo com cada linha lida. Eu acabei marcando diversas passagens do livro que são muito pesadas, duras e que trazem para o leitor a dor que a personagem sente.
Uma coisa que ficou muito na minha cabeça ao longo da leitura foi o pensamento de quantas Júlias existem por aí. Quantas crianças são negligenciadas e carentes de afeto dos pais. É muito doloroso o quanto a Júlia sofre por falta de um lar amoroso e o quanto isso é importante na formação e na vida das pessoas. Me deu uma angústia muito grande sabe. Ninguém merece sofrer desse jeito.
A Pequena Coreografia do Adeus é um livro triste e bonito. Aline Bei conseguiu casar a forma e o conteúdo de um jeito muito delicado que faz o leitor se envolver de forma muito profunda com a história e seus personagens. Recomendo a todos os fãs da autora e também para aqueles que estão atrás de uma boa leitura.
Esse é um trabalho que me parece ainda estar cru, uma leitura com inserção de frases de efeito em meio à desconexões. Por mais interessante que seja o estilo de narrativa que, sem dúvidas, marcou bem mais no primeiro livro da autora, nesse só evidenciou a ausência de uniformidade.
Leitura rápida, edição bonita, mas o que fica são três ou quatro frases grifadas.
Mais uma vez, arrebatada pela escrita de aline, que descreve de forma tão poética as miudezas cotidianas e os sentimentos que disfarçamos e escondemos pra sobreviver.
Comprei "O peso do pássaro morto" recentemente mas acabei começando a ler Aline Bei pelo seu lançamento, "Pequena coreografia do adeus". De qualquer forma, tenho uma nova autora favorita para acompanhar. Escrito em versos, característica dos livros de Aline, essa foi uma leitura muito mais impactante do que imaginei que seria e me tocou muito mais profundamente do que achava ser possível. "Pequena coreografia do adeus" me marcou ao falar sobre relacionamentos familiares difíceis e as marcas que eles nos deixam. Diversas outras questões compõem a história mas esses dois pontos foram os mais me afetaram. Não é possível passar por esses versos e não sentir absolutamente nada, muito pelo contrário. A autora teve a certeza de que sentiríamos tudo, todas as angústias, dores e pequenas alegrias incertas que nossa protagonista sente, sendo levados a confrontar nossas próprias questões, sentimentos e sofrimentos pessoais. Sem dúvida foi uma das melhores leituras que fiz em 2021.
Criada em uma família disfuncional, Júlia Terra vive uma infância marcada por traumas e violências que a fazem querer desaparecer, como uma música que deixa de tocar. Sem conseguir estabelecer laços afetivos nem mesmo com os pais, Júlia é constantemente silenciada e empurrada para a solidão. No entanto, ao iniciar um diário, ela encontra na escrita seu lugar de fala, sua voz, o que alimenta o sonho de se tornar escritora.
O ciclo de abandono começa a se romper quando Júlia, já crescida, passa a trabalhar em um café e deixa a casa da mãe. Ela vai morar em uma pensão que tem uma história de resistência e foi salva por uma mulher, a viúva Argentina. A conexão com o próprio local, sua dona e seus hóspedes mostra à Júlia que, se quiser, ela pode flutuar ou ser qualquer coisa sem pés no chão.
Acompanhar a coreografia do amadurecimento de Júlia é tão emocionante quanto apreciar a dança das palavras de Aline Bei. Em seu novo livro, ela mantém a prosa estruturada em versos, como no “pássaro”, mas aqui ela acrescenta um ingrediente novo: a esperança. A escrita tão próxima e sensível dessa autora-artista provoca em mim uma vastidão de sentimentos, nem todos decifráveis. Obra recomendadíssima!
Eu sempre quis ler Aline Bei, mas nunca parava para lê-la, até que veio "Pequena Coreografia do Adeus". O romance é narrado em prosa, coisa que nunca tinha visto, e é de uma sinceridade absurda.
Aqui, acompanhamos a vida de uma mulher. A sua infância, adolescência e vida adulta. Sonhos, medos e relações familiares, tudo é descrito pela autora de forma impressionante. Devo confessar que as minhas duas partes preferidas foram as que narram a infância e a vida adulta da personagem, por tratar da sua relação com os pais, que se divorciaram quando ela era pequena. A relação dela com a mãe, quando criança, e como Aline Bei fala do poder a relação mãe e filha fica até agora na minha cabeça e acho que vou demorar a esquecer. Vale MUITO a pena!
E mais uma vez Aline Bei arrasa o meu coração todinho.
Escrito de uma forma majestosa (ainda que diferente), completamente poética e dando constantes tapas na minha cara, Pequena Coreografia do Adeus vai trazer três atos da vida de Júlia Terra, cada qual com seu acontecimento marcante.
Um livro que fala muito sobre a nossa história de vida, e como o amor (ou a falta dele) lá de trás nos molda mais do que desejaríamos. Fala de mais coisas, claro, mas pra mim foi isso que se sobressaiu. E talvez pra você seja um livro sobre outra coisa. E essa é a beleza.
Mas embora seja daqueles livros que picotam o coração, tem um tom esperançoso, tem uma luz no fim das linhas.
Amei!
Sinceramente, não sei por onde começar falando sobre este livro porque sequer tenho a pretensão de falar que irei resenhá-lo: a obra é muito, muito maior do que eu seria capaz de colocar em palavras para vocês. É uma felicidade poder ler e falar pra vocês o quão forte um livro é, e me encontro neste lugar agora. Estou ainda em estado de graça de ter lido e conhecido a história de Julia, que começa com ela criança, ainda tentando encontrar seu lugar em um mundo fragmentado: seu pai, Sérgio, e sua mãe, Vera, se separam, deixando a garota com a certeza de que não era desejada realmente por ninguém ou sequer tinha um lugar e espaço na vida de seus pais.
As experiências de Julia vão sendo permeadas por essa sensação de rejeição, de ser incompleta, de precisar colocar para fora todas essas sensações mesmo que não saiba como, e, por isso, ela chega a ser violenta com uma coleguinha, o que lhe acarreta uma grande surra de sua mãe, coisa que parece se repetir mais vezes do que a garota realmente merecia. Privada de sua infância, Julia não entende porque não tem o carinho que tanto procura, sendo muitas vezes lançada em um espiral de carência que a faz aceitar migalhas de atenção de sua mãe e de seu pai.
Nessa altura de minha leitura, eu me lembrava com precisão de algo que vemos muito na faculdade de direito: muitos pais e mãe, ao se separarem, acreditam que estão se separando dos filhos também, o que não poderia estar mais longe da verdade. Julia está exposta, ferida e precisando se agarrar em algo que não tem e não encontra, enquanto sua mãe parece não parar de pensar em sua própria dor de um casamento falido e seu pai não para de se agarrar a sensação de que agora, solteiro, pode enfim aproveitar a vida em sua totalidade, esquecendo que uma criança, no meio de uma situação dessas, carregará consigo as marcas da sensação de se sentir deslocada em sua própria casa, em sua própria família e em sua própria pele.
Julia precisa começar a colocar tudo para fora, toda aquela dor que nem ela mesma entende como sente, e sua saída é começar a escrever um diário. Em sua pouca consciência do que escreve, a pequena começa a se apegar a escrita e a forma como precisa colocar para fora o amor e o ódio que sente pelo pai em um único dia, seja através de um afago do homem até uma negativa a um pedido. Enquanto a mãe fica como uma figura rígida, de mulher que não superou um casamento fracassado e a responsabilidade de criar uma criança, o pai de Julia ficou com o bônus de ser o pai legal, aquele que aparece uma vez por semana para se divertir com a filha, mas que, ainda assim, consegue não ser tudo que ela precisava.
O livro é divido em somente 3 capítulos: Julia, Terra e Escritora, o que foi um grande trocadilho aqui, já como são o nome, sobrenome e a pretensa profissão que a protagonista almeja. Claro que cada parte da narrativa conta uma fase da vida de Julia, e o lirismo está presente em cada parte da narrativa. Não esperem parágrafos demarcados, uma narrativa crescente – não espere um romance em uma forma habitual, por mais que “Pequena Coreografia do Adeus” esteja marcado como um. Há um que de poesia na forma como a autora vai mostrando a jornada de uma garota que vai se tornando adolescente e depois uma jovem mulher neste mundo caótico e fora do lugar.
Já em sua idade adulta, Julia escreve sua dor em um livro que fala justamente sobre o sofrimento de um personagem que está se sentindo só enquanto apanha de um tio feroz, fazendo um paralelo com sua própria dor e criando outro personagem para sua história: o livro que escreve. Ao mesmo tempo, vamos tendo a música bastante presente como uma crescente – tão crescente que a própria autora faz uma playlist para o livro.
Li o livro em uma participação de uma cabine de leitura com a autora, e quero também falar um pouco sobre a Aline Bei porque estou profundamente encantada com esta mulher: vinda do meio artístico, Aline tem uma áurea que entrega tanto de uma pessoa com a sensibilidade aflorada que ela é capaz de te hipnotizar só falando. Algumas pessoas possuem dons e Aline definitivamente é uma dessas pessoas, dotada de uma calma que transborda a tela e as páginas que escreve, mesmo que estas contenham as mais duras frases, constatações e diálogos. Definitivamente é alguém que todos deveriam ler as obras e acompanhar. Eu sei que eu irei.
Já faz alguns dias que li “Pequena Coreografia do Adeus” e ainda me pego pensando em certos trechos e passagens do livro, principalmente no final. Já falei em outras resenhas que muito do que sentimos ao ler um livro vai de encontro as nossas vivências pessoais e também o que estamos enfrentando quando lemos aquele título – mas aqui preciso confessar para vocês que não passei pelo que Julia passou: meus pais não se separaram, eu não senti o abandono da forma como a personagem principal passa, e o que me atingiu nela foi mesmo a forma como Aline Bei escreveu esse livro, a forma como ela tão delicadamente falou sobre a dor de Julia e sobre como ela não se sentia suficiente, a inquietude de uma personagem que queria ser amada e se sentir em casa, mesmo não sentindo que esta existia.
Sinceramente, há muito, muito que eu gostaria de falar sobre este livro, que não pode ser descrito ou resenhado, como comecei falando. Só tenho elogios em toda forma, em toda história, em toda criação da Julia e de sua dor, a forma como ela tenta sabotar sua própria vida e, ainda assim, com tantas dores e cicatrizes, ainda é capaz de encontrar o perdão e a esperança para lhe guiar. Enxergar a dor nas ações dos outros e em suas próprias ações deu a Julia a sensação de que há muito que se olhar para a frente, e é assim que termina o livro: como um leve contato que muito era aguardado por nossa protagonista e também a redenção que o leitor esperava. Foi maravilhoso ler esta jornada intensa e forte que definitivamente irá me acompanhar, se tornando uma das minhas melhores leituras do ano e que me mostrou brilhantemente que há uma pequena coreografia no adeus, mas é a vida que tem o palco inteiro, com espaço para diversos outros atos, até mesmo a grande coreografia do amor.
Aline Bei foi uma descoberta maravilhosa pra mim.
A escrita diferente de tudo que eu estava acostumada e temas impactantes e envolventes. Desde "o peso do pássaro morto" tenho vontade de ler outras obras dela, me sentir de novo sem chão, e esse livro não me decepcionou, quero tudo que ela escrever.
A autora me mostrou que dentro de mim existem gostos desconhecidos, que precisam ser explorados, é muito gratificante pegar livros que estão fora da sua zona de conforto de se descobrir nesse novo lugar. Recomendo a experiência.
Ler uma segunda obra de Aline Bei foi um desafio no sentido de ter o "O peso do pássaro morto" como um favorito da vida, logo, altas expectativas foram criadas e isso é, quase sempre, um problema.
Em seu segundo lançamento, Aline traz uma temática pela qual me interesso muito: a não romantização das relações familiares, principalmente, entre mãe e filha.
Nesse sentido, ela abordou perfeitamente o que se propôs. A leitura é angustiante, triste e real.
Nesta obra, também, Aline trabalhou ainda melhor sua escrita. Essa prosa tão original e ímpar.
A narrativa de Aline parece dançar diante de nossos olhos.
Tive um problema com algumas partes da trama, quando a protagonista escreve em seu diário. Achei um pouco cansativo e desconexo, confesso. Mas, talvez, eu apenas não tenha conseguido alcançar a genialidade dessa autora que eu já amo.
Aline Bei é um fenômeno da literatura contemporânea brasileira. O peso do pássaro morto foi um livro impactante e belo. O sucesso se repete com Pequena coreografia do adeus. A autora trata de temas que são considerados pesados, mas a narrativa flui de uma maneira singular. É impossível parar de ler. O leitor é capturado pela história e pela escrita da autora, mergulhando em suas palavras e nas páginas do livro. Aline Bei é sensacional.
Esse foi o primeiro trabalho que li da Aline, mas me cativou logo de cara, mesmo que em alguns momentos não passei pelas mesmas dores da personagem, compartilhei tudo com ela como se fossemos amigas.
O livro não é muito longo, com 282 páginas, entretanto a leitura é bem rápida e marcante pois é escrita em formato de versos e apenas 3 capítulos.
Logo no inicio somos apresentados a Júlia ainda na infância, vivendo num lar conturbado, com uma mãe dura, que torna-se ainda pior com a separação do marido, a relação em casa piora com esse fato, fazendo Júlia sofrer ainda mãe pela irá da mãe que não consegue aceitar a separação.
Esse é um livro que te tira totalmente da zona de conforto, não somente pela forma como é escrito, mas pela forma como aborda os acontecimentos, vemos a personalidade de Júlia se formar ao longo dos anos, alguém machucada e traumatizada, gerada pelos traumas provindos da convivência com sua mãe e a distância do seu pai.
Júlia passa por muitas situações, algumas dela como processo de aprendizado sobre si mesma, para o que ela não era boa, a dança era um exemplo, apesar de gostar, não tinha "talento" para tal arte, sua relação com a escola, com as amigas. E de certa forma, tudo isso é um reflexo das situações das quais ela vive no dia-a-dia, e esse ponto me faz questionar quais as consequências para a personalidade da criança que cresce sem amor parental e com violência psicológica e física diária.
Há um salto para a vida adulta de Júlia, quando ela consegue um emprego simples e decide finalmente sair da casa da mãe, para tentar ser livre, ter uma liberdade longe daquela mulher da qual guarda mais memorias ruins do que boas da infância, meio perdida sobre qual rumo seguir dali pra frente ela começa a escrever sobre um tio que bate e humilha seu afilhado, fazendo-o remeter a sua própria infância, que de certo modo sofreu e passou pelas mesmas situações das quais descreve para o personagem, teria ela sina de artista?
Compartilhamos da dor ao Júlia perder seu pai no natal, as descobertas sobre si e seu corpo e principalmente sobre a pessoa que ela deseja ser.
Apesar de não viver a situação de separação que Júlia viveu, em diversos momentos me vi questionando sobre as mesmas coisas, sobre quem eu sou e qual caminho trilhar,
Eu amei o livro, está no meu top 5 de livros favoritos do ano, melhor, favoritos da vida. Estou ansiosa para ler novas obras da autora.
Esse foi meu primeiro contato com a escrita da Aline Bei que me tirou o fôlego nas primeiras páginas.
Temas como infância - violência infantil -, maternidade - dinâmica familiar e falta de comunicação -, morte, são explorados na obra, logo, não se engane com a narradora criança/jovem, essa é uma leitura pesada e dolorosa.
O livro é dividido em blocos de tempo, que acompanham a vida de Júlia, uma garota que apesar das adversidades se permite sonhar, escolhe a casa como espaço de resistência e encontra uma poderosa fonte de força nas palavras escritas, por ela e outros.
Aline Bei tem um estilo único de escrita que não cabe dentro de nenhuma caixinha preconcebida, a fluidez de suas palavras saem do papel direto para a imaginação do leitor e no caminho se metamorfoseiam em símbolos e intuições, que se completam para construir a história que a autora quer contar.
Uma das minhas melhores leituras do ano!
Se tiver a oportunidade, experimente seguir a leitura no livro físico ao mesmo tempo que ouve o audiobook narrado pela autora. A experiência é sensacional.
Pequena coreografia do adeus conta a história de Júlia Terra, filha única de uma mãe que não sabe agir além da violência e de um pai que se omite e se ausenta de sua vida após o divórcio. A menina cresce com um peso imenso sobre si e sem ter com quem dividir. Apenas seu diário lhe serve de amigo, para quem conta seus segredos, onde transborda suas emoções e faz seus primeiros exercícios de criatividade e, porque não dizer, de fuga.
Júlia compara constantemente sua vida com a de outras meninas, e sua mãe com as outras mães, projetando nelas uma imagem idealizada do que deseja para si, do que lhe faz tanta falta. Sem abertura para se expressar, aprende a violência como linguagem principal, reiniciando um ciclo difícil de romper e levantando muralhas ao redor de si.
Esse é um livro que, apesar de duro, é poético, muito por causa da escrita de Aline, que compõe sua história em versos e com vários simbolismos e frases impactantes. Ao mesmo tempo que nenhum personagem é bom, pode-se dizer que todos são muito humanos e que não há vilões: há pessoas machucadas e que não conseguem sair das jaulas emocionais e comportamentais em que se veem, gerando grande empatia por parte de quem lê.
Também é uma leitura que questiona aquele padrão de família de comercial de margarina, onde tudo é perfeito e lindo e todos sorriem o tempo todo, sem problemas para se preocuparem. Há famílias e famílias, algumas mais tranquilas, outras mais desajustadas, mas todas existem e merecem atenção e não terem olhares desviados de si. Afinal, de onde vêm as barreiras, os traumas e muitos transtornos em pessoas tão jovens, senão das dores da infância?
E o que fazer quando não se sabe que precisa de ajuda? Aline Bei nos mostra um caminho: a escrita. Muitos de nós tivemos diários na infância, em especial as meninas, que são mais estimuladas a isso. Neles, despejamos nossas dores, expressamos nossos sentimentos, materializamos nossos anseios, formulamos nossos sonhos. E exercitamos o nosso lado criativo. A escrita tem um poder curador, um poder de cicatrização único, difícil de ser explicado, mas fácil de ser sentido. E com Júlia, acompanhamos os primeiros passos de uma espécie de libertação, uma conscientização, que, quem sabe, servirá também para nós.
Pequena coreografia do adeus foi um livro que me envolveu de forma inexplicável e que indico para todos que estiverem dispostos a abrir o coração. A obra está disponível em versão física, digital e em audiobook, narrado pela própria Aline Bei, com sua voz doce e dotada de um magnetismo singular.
Esse foi o meu primeiro contato com a escrita da Aline, e me surpreendi com a facilidade com que ela fisga o leitor em seu enredo.
Narrado ora em formato de poesia, ora em prosa, essa é uma obra sensível do início ao fim.
É quase como se a Aline nos contasse essa história em formato de música, criando uma coreografia com cada palavra e linha.
Os temas foram expostos de forma crua e dura, o que acaba causando um impacto maior no leitor, que se sente acuado, quase podendo sentir as dores e indagações da personagem.
Assim como a Júlia, também cresci em um ambiente familiar conturbado, então sei na pele os impactos que o mesmo traz nessa fase da vida. Os traumas perpetuam, criam marcas que são difíceis de serem apagadas, e o "viver feliz" parece ser algo distante, quase inalcançável.
A frase final desse livro me causou um grande choque, me deixou de queixo caído. Foi uma última palavra simplesmente aterradora.
Pequena coreografia do adeus é uma leitura leve e ao mesmo tempo intensa, que escancara problemas familiares e nos faz refletir sobre a vida e a falta de amor. Pequenos adeus acabam construindo um fim irremissível...
Um pouco decepcionante para meu gosto. Normalmente espero que um romance contado em forma poética tenha uma função mais clara dentro da narrativa, como Daqui para Baixo do Jason reynolds, esta forma só pareceu um capricho para um conto alongado. a expectativa de um romance mais complexo interfere na leitura. dito isso há público para um romance mais alternativo na forma que com certeza vai achar mais interessante
com certeza um dos meus livros favoritos do ano. aline escreve com uma delicadeza absurda e fiquei muito feliz por ter conseguido uma cópia antecipada. recomendo a história para quem gosta de linguagem poética e personagens com uma profundidade que se intensifica mais e mais a cada página.
lindo! obrigado, companhia das letras, pelo privilégio dessa leitura <3
Existe uma beleza muito peculiar em situações difíceis que podem engrandecer alguém.
Esse livro é todo escrito em formato de prosa, algo muito presente nas obras de Aline Bei. As palavras fluem de uma forma tão natural que é difícil não se conectar com a personagem principal e todo seu desenvolvimento.
Aqui conhecemos uma jovem pequena e depois adulta. Escrevi em outro lugar que a sensação que tive é de ter conhecido Júlia em algum universo paralelo. Um lugar onde sequei suas lágrimas e lhe dei um abraço tão apertado a ponto de não resolver seus problemas, mas de acolher e mostrar que estamos aqui.
As conexões humanas podem ser a solução de muitos problemas.
Recomendo esse livro para todo mundo que sofreu alguma perda e depois encontrou algo melhor.
“Se eu pudesse escolher, gostaria de me transformar em uma música, porque além de bonita ela desaparece quando alguém desliga o rádio.”