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Esse livro contou uma história real, sem fantasias e máscaras e deixou um final bem aberto e livre, a liberdade que Júlia tanto almejava em sua vida e eu adorei. Esse livro é rapidinho de ler e trouxe tantas reflexões incríveis que me fez refletir e pensar por horas nos temas abordados. Narrado no ponto de vista de Júlia, vemos o quão ela sofreu quanso adolescente para se adequar e para fazer balé, mesmo que gostasse e achasse que a dança poderia lhe fazer bem, ficou claro que ela estava tentando entrar num molde que não era dela. E o mais legal foi que no futuro ela não percebeu de primeira, mas algo lhe caia bem, algo.lhe motivava mesmo que ela não fosse capaz de perceber, ela tinha um dom, um belissimo dom. E o final deixou em aberto essa questão e achei muito legal, pois mostrou que a vida continua e que caberia apenas a ela decidir o que fazer do futuro e ao meu ver, espero que a vida dela dê uma virada e que ela seja muito feliz, isso que imagino ao terminar a leitura.
Se eu tivesse resumir esse livro em um sentimento seria aquele “alivio” depois de chorar. A angústia continua ali, mas aos poucos a gente vai se sentindo mais leve. O livro dói, é intenso, e quanto mais pensamos sobre ele mais fundo ele vai ficando, e é difícil não mergulhar na dinâmica da narrativa e não se conectar com tudo que está acontecendo mesmo que seja uma realidade distante a escrita permite que essa dor seja sentida.
A PEQUENA COREOGRAFIA DO ADEUS
Júlia é uma menina doce, sensível, cheia de dor e marcada pela separação dos pais. A mãe não sabe lidar com o fato de ter sido deixada, e o pai gostaria de não ter sido casado com ela.
Júlia cresceu em um ambiente com brigas constantes e sem afeto. Após a separação a mãe desconta em Júlia todas as suas frustações, com surras e abandono emocional. Por alguns minutos quando começa a ficar sonolenta, a mãe mostra traços de quem ela poderia ter sido e Júlia tenta se preencher com isso.
O pai a vê em fins de semana, mas a relação é um tanto distante, Júlia não sente que é prioridade em nenhum momento, e se recente, principalmente quando sabe que ele tem alguma mulher em sua vida.
Na escola é uma aluna ótima, tem notas altas, mas após um episódio atípico, ela passa a frequentar o balé como uma atividade extracurricular, mas se encaixar não é fácil.
Júlia narra a própria história, desde a infância, enquanto acompanhamos também seus sonhos para o futuro. A escrita sensível da autora, faz parecer que Júlia foi virada do avesso e exposta ao leitor.
Lidar com a solidão em suas diversas formas é o que Júlia tem tentado fazer desde que teve consciência de sua situação, mas ao longo de sua história ela encontra pessoas que passam a compor essa dança que é a vida, deixando a menos agre.
Em meio a tanta leitura metódica e enrijecida que encontro por aí, ler as linhas de @alinebei que é livre e flexível, sensível sem ser exageradamente dramática, me faz pensar no tipo de escritora que eu gostaria de ser, e no quanto sua arte é um presente para o leitor.
"A pequena coreografia do adeus" é como um café preparado na medida certa, que tem fundo amargo, mas é delicioso e irresistível.
Pequena Coreografia Do Adeus, de Aline Bei.
“Ele poderia pegar um trem rumo à cidade grande. E ser feliz, por que não? Ou tentar, não há problema nisso, tentar é ter alguma esperança e ali não havia nenhuma. Além do mais, além do mais, o que de pior poderia lhe acontecer na cidade que já não lhe acontecia dentro de casa? Ele tinha aprendido a Apanhar, e isso não era pouco, tem gente que não faz ideia de onde guardar o ódio depois de tudo, [...]”
A obra apresenta Julia, filha de um relacionamento fracassado e vivendo os efeitos de uma atmosfera pouco propícia em sua busca por individualidade, por liberdade. Pelo caminho, tenta compreender quem é, o que quer do mundo e qual é o papel do outro nesse processo - além das possibilidades que esses outros carregam consigo.
Minha primeira leitura da autora foi tão pessoal, que encontro dificuldades de apresentar uma opinião imparcial. Não sei se todos temos um pouquinho de Julia ou se minha identificação é de tamanha proximidade que tudo pareceu apresentar o tom da universalidade.
Aqui, conhecemos os relacionamentos que não dão certo e os efeitos tóxicos do apego ao ruim para todos que rodeiam o cenário em questão. Conhecemos, também, o longo trajeto necessário para nos encontrarmos quando o entorno só quer nos engolir em demandas próprias, sem espaço para reconhecermo-nos únicos, independentes. E conhecemos a dura e perfeita liberdade adquirida, a gentileza de onde menos de espera, o conturbado ato de crescer o tempo todo, sem parar, com o fim sempre à espreita. E os fins que são inícios e os inícios que são fins. Tudo isso, apresentado por meio de uma escrita que poderia ser música se já não fosse a própria coreografia - o próprio movimento ritmado, constante e surpreendente que constitui a vida.
https://www.instagram.com/p/CPDy7SrDSJw/?utm_medium=copy_link
Mais um livro lindamente escrito por Aline Bei! Que sorte a nossa! Em uma linguagem muito poética e sensível, ela aborda temas bastante densos como a solidão, o abandono parental, a violência.
Nesse livro, conhecemos Julia, que tem a vida marcada pela falta de afeto e de acolhimento: o pai, uma pessoa apática e que não consegue se vincular a ninguém, abandona a pequena família. A mãe nunca se recupera e passa a descontar sua frustração na menina, com violência física e psicológica. Após anos de invisibilidade em casa e na escola, Julia sai de casa e deixa a mãe, com a qual não conseguia mais viver. Só assim para conseguir desabrochar.
“Nosso jeito de conversar,
diretora, é nos machucando
não por mal, não somos maus
somos tristes e isso é o que fazemos com a nossa
solidão”.
Essa falta de afeto na infância e adolescência, além da violência, tem um grande impacto sobre Julia, que tem grande dificuldade de se relacionar com as pessoas, muitas vezes reage com agressividade a coisas corriqueiras, e demora um pouco para encontrar seu caminho, sua personalidade, sua identidade.
Essa é uma leitura muito fluida, apesar de complexa e triste, assim como O peso do pássaro morto. Aline Bei é uma habilidosa artesã das palavras, e deixa a gente com um nó na garganta. Recomendo muitíssimo!
Alerta de conteúdo: violência doméstica, abandono parental, luto.
"Pequena coreografia do adeus" é uma história sobre Júlia, que vive entre as brigas dos pais e a falta de afeto que tanto a machuca. Ela nunca soube o que é o carinho de mãe ou as palavras acolhedoras de um pai. Nunca soube o que é ser ouvida e compreendida. Da infância à vida adulta, acompanhamos como essa falha estrutura familiar impactou na sua vida, bem como ela observa e reage às pessoas que conhece pelo caminho.
Esse foi meu primeiro contato com a autora, e não sai decepcionado! As palavras de Aline Bei têm um peso, uma força, uma urgência muito próprios. Seu jeito distinguível de contar uma história traz ritmo e complexidade ao que está sentido dito. Gostei também de como ela consegue transcrever sentimentos muito difíceis em poucas palavras.
O audiobook acrescentou à experiência, mas eu recomendaria ouvir com o eBook ou livro físico acompanhando a narração: a história com certeza ganharia muitas outras camadas. A habilidade da própria autora unida à excelente produção do áudio, que tem vários efeitos sonoros, tornou o livro ainda mais interessante.
Em termos técnicos, é uma história que, para mim, merece 5 estrelas. Em termos emocionais, ainda que algumas frases tivessem me pegado desprevenido (Alice Bei, você me deve uma sessão de terapia), não acho que é um livro que vá ressoar tanto comigo no futuro. Por isso, 4 estrelas. Aposto que quem já ama a autora, deve amar esse também.
Agradecimentos especiais à editora por ter me enviado uma cópia do audiobook e ao NetGalley pela cópia do eBook.
Poderíamos nos sentir tão solitários desde a infância e durante grande parte de nossas vidas?
Julia, a protagonista de Pequena coreografia do adeus, cresceu em um ambiente caótico e sem entender por que as coisas aconteciam daquela forma.
Assim como toda criança, Julia cresce com sonhos.
Sonhos que ela não sabe muito bem como alcançar.
Ninguém disse a ela qual caminho poderia seguir e ninguém se mostrou acreditar nela.
Assim como em O peso do pássaro morto, mais uma vez podemos contar com a escrita poética e marcante da autora, o que torna suas histórias tão reais.
Essa é uma leitura fluida e complexa, mesmo com a simplicidade de seus acontecimentos.
Observamos a complexidade do relacionamento familiar e até refletimos sobre ter um ambiente acolhedor, o que nem sempre é uma realidade de todos.
Crescemos e aprendemos que, independente desse acolhimento, precisamos seguir, seja com marcas na pele ou no coração.
Recomendo a leitura!
Mesmo sem conseguir dar cinco estrelas no meu primeiro contato com a Aline Bei, as palavras e a narrativa foi me cativando mais e mais e quando vi havia terminado o livro em uma sentada.
Acompanhei a Júlia desde pequena até o começo da vida adulta. Do convívio com o pai apático e uma mãe violenta que descarregava todas suas frustrações na filha.
Após anos de quase invisível na escola, Júlia floresce quando sai na casa da mãe.
A relação com os pais é marcada por estranheza, mas ela vibra conhecendo outras pessoas.
Júlia é uma alma livre que nasceu na gaiola que jamais lhe compreenderia.
O livro começa estranho e depois quase não consegui dizer adeus de tão entrelaçadas que estavam nossas vidas.
Como definir um livro tão intenso e de escrita leve como este? Aline Bei tem sua maneira peculiar de contar histórias, não só pelo formato, mas também pelos temas. O cotidiano nas mãos de um escritor se torna poesia, e neste caso a poesia é dura, triste e real. Foi uma experiência incrível esta leitura, a história toca em assuntos delicados: relacionamento entre mãe e filha, infância conturbada, estrutura familiar rompida, traumas, busca pessoal pelo seu lugar no mundo... A leitura para mim foi rápida e intensa, comecei sem pretensão e quando me dei conta o livro tinha me absorvido e já me encaminhava para o fim da história. Confesso que queria mais, queria que a história se estendesse pela eternidade, estaria absorta mesmo que o livro tivesse mais de mil páginas.
avisos de conteúdo sensível: divórcio, abandono parental, violência doméstica, morte
"nosso jeito de conversar, diretora, é nos machucando
não por mal, não somos maus
somos tristes e isso é o que fazemos com a nossa solidão.
caminhamos"
Apesar do estrondoso sucesso de 'O Peso do Pássaro Morto', esta foi a minha primeira experiência com a autora e devo dizer: estou muito impressionado! Já tinha alguma noção sobre os pontos delicados que a autora aborda em seus textos, e aqui não é diferente: acompanhamos Júlia, uma garota 'moldada' pelo lar vazio e triste, passando pelo divórcio dos pais, o eventual abandono parental (quando não substituído pela violência), e as cicatrizes mentais que a impede, muitas vezes, de seguir uma vida normal.
Uma poética e melancólica história sobre uma garota que desde cedo foi ensinada a se proteger da dor causada pelos outros. Recomendo muito!
lendo o segundo livro de aline bei, uma ideia se fixou na minha cabeça: as violências podem ser miúdas. na forma de afetos ou diálogos inexistentes, pequenas maldades intencionais. se tais atos - ou ausências - partem de lugares que deveriam ser de acolhimento, deixam como legado traumas muitas vezes irreversíveis
a vida de júlia, protagonista de "pequena coreografia do adeus", é atravessada pela Impossibilidade
na infância, a Impossibilidade de conhecer um lar amoroso ou ter um corpo que obedeça com graça os movimentos do balé
na juventude, a Impossibilidade de se entregar a possíveis amores ou ter um corpo desvinculado ao seio materno lhe devorou
no final das contas, o que mais dói em júlia não é o chinelo na cara arremessado pela mãe, mas a inexistência de vínculos profundos com os pais. ela, que sonha em ser escritora, que desde a adolescência deságua na escrita as próprias dores e desenvolve a capacidade de transpor sua sensibilidade à ficção. ela, que não se permitiu voar pelos ares dos afetos nem quando eles se tornaram uma Possibilidade
"Pequena coreografia do adeus" é, sobretudo, um livro sobre cicatrizes desenhadas por lares tristes, pouco acolhedores, em que pais, mães e filhos não conseguem se guiar pelos caminhos da ternura. nas paredes dessas casas vemos saturno devorando um filho
"nosso jeito de conversar, diretora, é nos machucando
não por mal, não somos maus
somos tristes e isso é o que fazemos com a nossa
solidão.
caminhamos"
Pequena coreografia do adeus- Aline Bei
@companhiadasletras
Nota 8
Uma criança marcada pela violência e pelo abandono. Desde cedo ensinada a se proteger da dor causada pelos outros.
Julia, tem uma mãe desleixada e violenta, por outro lado seu pai é um homem inconsequente, que vive trocando de namoradas, enquanto e relapso com a criação da própria filha.
É triste ver como Julia se sente abandonada, como seus sonhos de vir a ser uma mãe melhor que a sua vão se transformando a medida que a violência vai se instaurando.
Fica claro que a mãe de Júlia a ama, mas elas estão repetindo um ciclo de dor das mulheres daquela família, que desde cedo entenderam que o abandono e a desilusão sempre vão fazer parte de suas histórias.
E triste ver os desencontros dessa família. A forma como o silêncio se instala, tornando a narrativa opressiva.
Até mesmo final e de uma tristeza singular, que nos faz ver que devemos sempre dizer o que sentimos a quem amamos, afinal o tempo passa rapidamente, e quando nos dermos conta, já será tarde demais.
Você já disse eu te amo para sua família hoje?
#solidao #violenciadomestica #separacao #perda #infanciaperdida #companhiadasletras #parceria
"Pequena Coreografia do Adeus" foi meu primeiro contato com a escrita de Aline Bei, e me surpreendeu positivamente.
É uma obra sobre o relacionamento entre pais e filhos, mas também sobre como o relacionamento entre os primeiros afeta os últimos.
O interessante é que o adeus do título pode se referir a muitas coisas ao longo da narrativa: adeus à família, causado pela separação dos pais, ao próprio convívio com o pai, a uma certa ingenuidade infantil, como quando Julia comenta que envelheceu muito cedo, e mais acontecimentos que vamos descobrindo ao longo da leitura.
É realmente como assistir uma dança ao longo da vida, na qual vai se aprendendo a permanecer de pé mesmo em meio a tantas perdas.
Obrigada à Cia das Letras e à NetGalley por disponibilizarem a cópia antecipada desta obra em troca de uma resenha sincera.
No novo livro de Aline Bei, autora de o peso do pássaro morto, acompanhamos Júlia Terra que na primeira parte do livro é ainda uma criança entrando na puberdade. Todo conflito interno e mudanças externas causadas pelos hormônios são ainda mais afetados com uma relação familiar turbulenta. O pai que parece outro quando deixa a mãe a filha. Como que alguém pode ser mais leve com estranhos que com a própria família? é o quê Júlia se pergunta e ela mesma já sabe que os estranhos não são inteiramente estranhos para nós: eles são quem queremos que sejam e quem eles querem ser.
O mesmo não acontece com dona Vera, mãe de Júlia, que parece ser desagradável com todos. Ela é uma personagem complexa: capaz de estraçalhar o quarto de uma menina por ter se chateado com ela e não se importar em dizer que fulana é mais bonita que Júlia, mas que vira outra pessoa quando o sono chega e despe-a da carapaça que veste durante o dia.
Pequena coreografia do adeus rompe com aquela imagem de que a família, apesar de tudo, é unida. Não, aqui os personagens não são bons nem são ruins e por isso mesmo não são neutros, eles são reais. O amor incondicional e de novela que crescemos acreditando que existe na verdade não passa de um almejo, às vezes dos pais, às vezes dos filhos. Mas a vida mostra que não é simples assim e Bei captou bem isso.
Com sua prosa meio teatral meio poética que já conhecemos, a autora me encantou mais uma vez com uma história cheia de cicatrizes e quebras mas ainda assim fluida e prazerosa de encarar, como às vezes é para Júlia alguma daquelas surras que levou.