O obscena senhora D

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Pub Date Mar 24 2020 | Archive Date Jul 14 2020

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Description

Ao embaralhar os gêneros em uma prosa densa e radical, A obscena senhora D é uma novela sobre o luto com fartas doses de dramaturgia, filosofia e poesia.

Aos sessenta anos, após a morte do marido, Hillé – a senhora D – percebe que está absolutamente sozinha. Em seu luto, a protagonista decide viver no vão da escada de casa e experimentar o mais profundo isolamento. Num intenso fluxo de consciência, ela se vê às voltas com lembranças do passado ao mesmo tempo que se pergunta sobre o verdadeiro sentido da vida.

Lançado originalmente em 1982, A obscena senhora D é uma das obras mais cultuadas e transgressoras de Hilda Hilst. Incluída em Da prosa, a edição conta com posfácio inédito da professora Eliane Robert Moraes.

Ao embaralhar os gêneros em uma prosa densa e radical, A obscena senhora D é uma novela sobre o luto com fartas doses de dramaturgia, filosofia e poesia.

Aos sessenta anos, após a morte do marido...


Available Editions

ISBN 9788535933291
PRICE

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Featured Reviews

Hilda Hilst é uma das autoras mais viscerais que eu já li na vida e não vou mentir: senti o impacto. Li esse livro à quase duas semanas e tô atordoada até agora.

Em sua prosa extremamente peculiar, a autora escreve sobre uma mulher de luto pela morte do homem que ama, à beira da loucura e em busca de respostas para perguntas complexas demais para serem respondidas.

Hilé, ou “a obscena senhora d” está perdida e sozinha no vão de escada que ela fez de ninho. Louca talvez, ou mais lúcida que nunca, assustando os vizinhos com suas aparições “pouco convencionais” e sempre fazendo aos outros, à Deus e a si mesma questionamentos de ordem filosófica.

“Vi-me afastada do centro de alguma coisa que não sei dar nome, nem por isso irei à sacristia, teófaga incestuosa, isso não, eu Hillé também chamada por Ehud A Senhora D, eu Nada, eu Nome de Ninguém, eu à procura da luz numa cegueira silenciosa, sessenta anos à procura do sentido das coisas”

Sabe quando eu disse que a prosa de Hilda é peculiar? Então, é ela escreve num fluxo de pensamentos. Quem está familiarizado com esse estilo não vai estranhar, mas pra quem lê algo do tipo pela primeira vez, pode ser um incômodo.

Pra começo de conversa texto não distingue a voz da narradora de quaisquer outras vozes presentes na história. Não há aspas ou travessões pra indicar a fala alheia, é tudo um amontoado de ideias, pensamentos e lembranças da Senhora D, dispostos de forma corrida e sem a menor distinção ao longo do texto, o que exige atenção extra do leitor pra entender o que se passa. Também não há continuidade temporal: ela mistura memórias de tempos anteriores com cenas que parecem ter acabado de acontecer e eventos imaginários.

Parece confuso eu sei, mas é extremamente humano e real também. Não há pontuação indicativa de diálogos na sua mente quando você pensa sobre algo, e seu cérebro faz conexões temporalmente absurdas também. O que Hilda faz é colocar isso no papel de forma magistral.

Posso estar enganada, mas acho que tem muito da autora nesse livro. É um texto que seria impossível escrever sem desnudar um pouco a própria alma. A Hillé é uma personagem complexa, cheia de perguntas e de saudades, revoltada com a vida, com Deus e consigo mesma. E por isso ela é tão fascinante.

“Em meio a tantas interrogações, uma certeza inabalável: “loucura é o nome da tua busca”.”

Essa edição da Companhia das Letras trás um posfácio muito enriquecedor, esclarecedor eu diria até. Não me entenda mal, o livro se sustenta sozinho, mas ler o posfácio acrescenta muito à leitura. E por falar em Companhia das Letras, descobri recentemente que a editora tem um podcast chamado Rádio Companhia, cujo o episódio 109 é uma homenagem à Hilda que, se estivesse viva, teria completado noventa anos agora em abril. O episódio trás um pouquinho da história da autora e algumas indicações de leitura muito interessantes. O podcast está disponível no Spotify (e em outros agregadores de podcast) e vale muito à pena pros interessados em conhecer um pouco mais dessa figura.

A Obscena Senhora D é um livro curtíssimo, apenas oitenta páginas na versão impressa, coisa que se lê em uma tarde. Mas recomendo veementemente que você NÃO o faça! É sério, esse não é um livro pra ser lido rapidamente. A prosa de Hilst é crua e nua, "obscenamente lúcida". Ler depressa seria uma heresia. É um livro que requer tempo e cuidado pra ser absorvido.

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